terça-feira, 29 de novembro de 2011

Filhos e enteados

Os funcionários públicos que aufiram vencimentos ilíquidos acima dos mil (e cem) Euros não vão perder os subsídios de férias e de Natal?
Despacho 15296/2011 – Publicado no DR, 2ª série, de 11 de Novembro
“Nos termos e ao abrigo do artigo 11.º do Decreto -Lei n.º 262/88, de 23 de Julho, nomeio o mestre João Pedro Martins Santos, do Centro de Estudos Fiscais, para exercer funções de assessoria no meu Gabinete, em regime de comissão de serviço, através do acordo de cedência de interesse público, auferindo como remuneração mensal, pelo serviço de origem, a que lhe é devida em razão da categoria que detém, acrescida de dois mil euros por mês, diferença essa a suportar pelo orçamento do meu Gabinete, com direito à percepção dos subsídios de férias e de Natal. O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Setembro de 2011. 9 de Setembro de 2011. — O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo de Faria Lince Núncio.”
Apache, Novembro de 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Dívida Pública na União Europeia (3)

Em valor absoluto
País
1 Alemanha 1,81×1012
2 Itália 1,56×1012
3 França 1,30×1012
4 Reino Unido 1,22×1012
5 Espanha 6,06×1011
6 Grécia 3,34×1011
7 Holanda 3,13×1011
8 Bélgica 2,92×1011
9 Polónia 2,81×1011
10 Áustria 1,77×1011
11 Portugal 1,69×1011
12 Irlanda 1,20×1011
13 Hungria 1,11×1011
14 Suécia 1,04×1011
15 Rep. Checa 7,49×1010
16 Finlândia 6,63×1010
17 Dinamarca 6,49×1010
18 Roménia 6,33×1010
19 Eslováquia 3,63×1010
20 Lituânia 1,61×1010
21 Eslovénia 1,38×1010
22 Bulgária 1,15×1010
23 Letónia 1,07×1010
24 Chipre 1,04×1010
25 Luxemburgo 5,96×109
26 Malta 5,20×109
27 Estónia 1,20×109
Total da UE 8,77×1012
P.S. Os valores apresentados foram calculados usando as estimativas da CIA correspondentes à Dívida Pública em dólares, convertidos para euros à taxa de câmbio do Banco de Portugal de 18 de Novembro de 2011.
A laranja, os países da União Europeia que aderiram ao Euro.
Apache, Novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Dívida Pública na União Europeia (2)

Per Capita
País
1 Grécia 31 074
2 Bélgica 28 037
3 Irlanda 25 758
4 Itália 25 506
5 Alemanha 22 168
6 Áustria 21 517
7 França 19 934
8 Reino Unido 19 427
9 Holanda 18 557
10 Portugal 15 725
11 Espanha 12 962
12 Malta 12 732
13 Finlândia 11 993
14 Luxemburgo 11 847
15 Dinamarca 11 741
16 Suécia 11 412
17 Hungria 11 109
18 Chipre 9 269
19 Rep. Checa 7 347
20 Polónia 7 298
21 Eslovénia 6 876
22 Eslováquia 6 628
23 Letónia 4 855
24 Lituânia 4 563
25 Roménia 2 889
26 Bulgária 1 628
27 Estónia 936
P.S. Os valores apresentados foram calculados usando as estimativas da CIA correspondentes à população e à Dívida Pública em dólares, convertidos para euros à taxa de câmbio do Banco de Portugal de 18 de Novembro de 2011.
A laranja, os países da União Europeia que aderiram ao Euro.

P.S. 2 – Por lapso meu a Dívida Pública, per capita, da Lituânia aparecia nesta tabela com um valor dez vezes superior ao real, o que fazia com que este país liderasse o ranking da União Europeia. Corrigi o valor às 23:52 de 24 de Novembro de 2011.

Apache, Novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

A Dívida Pública na União Europeia (1)

Em percentagem do Produto Interno Bruto
País % PIB
1 Grécia 142,7
2 Itália 119,1
3 Bélgica 100,7
4 Irlanda 94,9
5 Portugal 93
6 Alemanha 83,4
7 França 82,4
8 Hungria 80,2
9 Reino Unido 76,1
10 Áustria 72,3
11 Malta 67,8
12 Holanda 62,7
13 Chipre 60,8
14 Espanha 60,1
15 Polónia 52,8
16 Finlândia 48,4
17 Letónia 44,7
18 Dinamarca 43,7
19 Eslováquia 41
20 Suécia 39,7
21 Rep. Checa 38,9
22 Lituânia 38,7
23 Roménia 33,8
24 Eslovénia 33
25 Luxemburgo 19,7
26 Bulgária 16,2
27 Estónia 6,6
P.S. Os valores da Dívida Pública apresentados correspondem a estimativas da CIA, referentes ao final de 2010, sobre a totalidade dos empréstimos contraídos pelos governos centrais em nome dos respectivos Estados (não incluem dívidas das administrações locais nem de empresas públicas ou de capital misto (público e privado)).
A laranja, os países da União Europeia que aderiram ao Euro.
Apache, Novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Uns têm outros não

No átrio do Tribunal de Aveiro, onde está a ser ouvido no âmbito do processo “Face Oculta”, Armando Vara é “pegado de cara” por um anónimo com a “coragem dos simples”.

Claro que todos preferíamos que cenas destas se não passassem nos átrios dos tribunais lusos, mas para isso era preciso que gentinha como Armando Vara fosse corrida da política. Claro que, juridicamente falando, Armando Vara goza (como qualquer cidadão) da presunção de inocência, neste ou em qualquer outro caso, até transição em julgado de sentença condenatória, mas em termos políticos há muito que Vara se incluiu, voluntariamente, num grupo de largas centenas de políticos que nas últimas décadas substituíram a máxima da causa política de “servir o povo” por “servir-se do povo”, todos eles, cedo ou tarde, serão politicamente sentenciados pela “vox populi”. E enquanto sujeitinhos como Vara fizerem da política a porca que Bordalo Pinheiro imortalizou, cidadãos como o do vídeo são colírio para os olhos do povo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A “socratização” do país (2)

«"Há um limite para os sacrifícios que se podem exigir aos portugueses."
Pedro Passos Coelho, 23 de Março de 2011
"E eu vou descobrir qual é."
Pedro Passos Coelho, 17 de Outubro de 2011
Ufa! Que sorte. Portugal livrou-se de um primeiro-ministro que dava o dito por não dito, faltava às promessas e impunha sucessivas medidas de austeridade, cada uma mais dura que a anterior. É bom olhar para trás, recordar esses tempos longínquos e suspirar de alívio. Para o substituir, os portugueses escolheram um primeiro-ministro que dá o dito por não dito, falta às promessas e impõe sucessivas medidas de austeridade, cada uma mais dura que a anterior. Trata-se de um conceito de governação tão diferente que, por vezes, parece que estamos a viver num país novo. Quem vive em democracia tem de estar preparado para estas mudanças radicais. Sócrates usava, normalmente, gravatas de tom azul, enquanto Passos Coelho prefere os verdes e os ocres. No entanto, depois de um período de adaptação, os portugueses habituaram-se rapidamente à principal mudança política das duas legislaturas. Em abono da verdade, deve dizer-se que o povo português, embora seja dado a escolhas muito diferentes, de eleição para eleição, tem uma notável capacidade de se adaptar à nova conjuntura política. Repare-se, a título de exemplo, no que acontece com o estilo de Vítor Gaspar, e no modo como os portugueses o aceitaram sem pestanejar - até porque se torna bem difícil pestanejar quando se ouve o ministro das Finanças. Vítor Gaspar tem, como é óbvio, aptidões em várias áreas do saber, embora nenhuma delas seja, ao que parece, a economia ou as finanças. Trata-se de um homem evidentemente versado em hipnotismo e encantamento de serpentes. Cinco minutos a ouvir Vítor Gaspar e o contribuinte começa a sentir-se com sono, muito sono. É nessa altura que percebe que a carteira começa a sair-lhe do bolso, ao som da voz encantatória do ministro. Seduzida pelo magnetismo animal de Gaspar, a carteira abandona o nosso bolso e dança até ao Ministério das Finanças, onde deposita os subsídios de férias e de Natal. Depois, regressa à nossa algibeira, para reabastecer. Gaspar, o encantador de carteiras, já demonstrou ter capacidade para fazer este truque todos os anos. Mas o povo, sempre pérfido, prepara-lhe uma partida cruel: a tendência maldosa do trabalhador português para o desemprego e o trabalho precário levará a que, em breve, não sobre quase ninguém a beneficiar de 13º mês. Lá terá o governo de nos levar o décimo segundo.»
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” da passada semana