domingo, 21 de janeiro de 2007

Algo "com contornos de ainda"...

O poema que se segue é da autoria da Ni e foi deixado como comentário ao meu anterior "post". Pela qualidade (evidente), não podia deixar por publicar.
Algo "com contornos de ainda"... Estranha coisa esta com contornos de ainda que não se vê, mas mais do que toque que se pressente, é presente. Estranha coisa esta com contornos de ainda que não se canta, como grito interdito, mas é dor e alegria crescente. Estranha coisa esta com contornos de ainda que de tanto salgar a alma, suavemente a adoça. Estranha coisa esta com contornos de ainda que da vontade faz silêncio e do coração (parece que) troça. Estranha coisa esta com contornos de ainda que de tanto te negar e de ti se querer libertar, mais a ti se enlaça, em nó cego que não finda. Estranha coisa esta com contornos de ainda nem solar, nem lunar, que sem te ter anula o singular, e que do horizonte não tangível persiste em esperar a tua vinda.
Nina Castro, 18 de Janeiro de 2007

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

1º Aniversário

O Último dos Moicanos completa hoje o seu primeiro ano, por isso, em jeito de comemoração, aqui fica (de novo) o primeiro "post". Estranha coisa esta em forma de assim que não se explica mas que se sente. Estranha coisa esta em forma de assim que não se confessa, mas que ao negar se mente. Estranha coisa esta em forma de assim que de tanto calar a alma, em silêncio a proclama. Estranha coisa esta em forma de assim que do fogo faz suor e do frio fez chama. Estranha coisa esta em forma de assim que de tanto se querer partilhar, se esconde e se intimida ao teu olhar, para se mostrar tão ousada em mim. Estranha coisa esta em forma de assim que me estremece o corpo e embarga a voz. Estranha coisa esta em forma de assim que emudece o meu eu, de tanto pensar, nós. Estranha coisa esta em forma de assim, sem espaço, sem tempo, sem princípio ou fim, que no silêncio do teu não teima em ouvir sim. Apache, Janeiro de 2006

domingo, 14 de janeiro de 2007

"À Noite no Museu", "Borat", "Apocalypto" e, "O Terceiro Passo"

Ilusões e desilusões...
À noite, no museu Uma comédia ligeira, sobre um museu de História Natural, onde à noite, todas as “figuras” expostas ganham vida. Ben Stiller e Robin Williams contracenam nos papéis principais de um filme, apenas sofrível, com um argumento pouco explorado e escassas piadas com graça. Borat: Aprender Cultura da America Para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão Um longo título para uma triste comédia. Borat é um repórter da televisão Cazaque que se desloca aos Estados Unidos para fazer uma reportagem sobre os hábitos dos americanos mas passa o tempo a tentar encontrar a sua nova paixão, Pamela Anderson. Confesso que fui ver o filme porque sabia que tinha sido proibido no Cazaquistão e na Rússia e pensei tratar-se de algo politicamente inconveniente. Pura ilusão, o filme não é uma crítica aos costumes Cazaques pois nada tem a ver com a realidade desse país, é antes, uma sequência de “apanhados” mal conseguidos que pretendem ridicularizar certas peculiaridades da “América” profunda. Borat não é um jornalista, é um trolha (no pior sentido da expressão) com “pseudo-piadas” pacóvias, ordinárias, por vezes cruéis. Um actor medíocre, um argumento inexistente e uma péssima realização fazem deste, um dos piores filmes a que já assisti. Apocalypto Mais um filme com a marca inconfundível de Mel Gibson. Uma visão do lado obscuro da Civilização Maia, nas vésperas da chegada dos espanhóis. Um homem que tenta desesperadamente lutar pela vida, pela família, pela conservação do seu tranquilo modo de vida. Um filme violento que põe a nu o lado animal, predador, cruel, do ser humano, bem como o espectáculo degradante montado pelos líderes para entreter o povo. Não é um filme sobre o que de melhor nos deixaram os Maias, antes, sobre o lado oculto de cada um de nós. Um filme intenso e dramático, de um realismo quase chocante, que peca apenas pela previsibilidade de algumas cenas. Com a devida ressalva aos mais sensíveis, é um filme que vale a pena ver. O Terceiro Passo Realizado por Christopher Nolan (o mesmo de “Batman – O Início”), a acção passa-se na Londres da viragem do século (XIX para XX). Dois jovens mágicos competem pela fama, tentando obsessivamente, cada um deles, descobrir os truques do outro. O argumento é cheio de mistérios e “ilusões”, ficando (sempre) algo por explicar. Entre a ousadia, o desejo e a ambição, fundindo o espectáculo com a ciência, dois homens vão trilhando caminhos paralelos, competindo muito para lá dos limites do tolerável, num “jogo” perigoso, enganador, fatal. Um elenco de luxo: Hugh Jackman (o Wolverine de “X-Men”), Christian Bale (o Batman de “Batman – O Início”), Michael Caine, Scarlett Johansson e David Bowie, entre outros menos conhecidos; um argumento envolvente e complexo e uma excelente realização contribuem no seu conjunto para um filme intenso, sobre um mundo fascinante, no limiar da confiança, da fé, da ciência e da vida! Um filme onde houve a coragem para abordar (pela primeira vez), ainda que de forma ligeira, a vida e obra de um dos maiores génios de todos os tempos, Nikola Tesla.
(Espero que de futuro alguém seja politicamente incorrecto o suficiente para retomar e aprofundar este tema. Será?) Na minha modesta opinião, este é o melhor filme actualmente em exibição.
Apache, Janeiro de 2007

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

À portuguesa...

O Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias declarou inválida a cobrança de IVA sobre o Imposto Automóvel (IA), na Dinamarca… Por cá, o governo pretende manter a cobrança de IVA sobre o IA, assim como a cobrança de IVA sobre o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP). Aliás, o governo português acha que cobra tão poucos impostos que através da Portaria nº 30-A/2007, de 5 de Janeiro, que entrou hoje em vigor, agravou o ISP para os seguintes valores (em euros/litro): gasóleo - 0,36441; gasolina 95 - 0,58295 e gasolina 98 - 0,62. Se tivermos em conta os preços praticados pela Galp (que detém 60% do mercado e pratica os preços mais elevados) o estado acumula de impostos (em euros/litro): no gasóleo - 0,543; na gasolina 95 - 0,80 e na gasolina 98 - 0,85. Se não existissem impostos, a gasolina 95, seria paga aos amigos de Ali Babá (vulgo Galp), a 45 cêntimos, a gasolina 98, a 47 e o gasóleo a 48.
Apache, Janeiro de 2007

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Os canibais são uma espécie em vias de extinção… Os Americanos comeram mais um.

30 de Dezembro de 2006 um dia igual a tantos outros no Iraque…
Nasceu a 28 de Abril de 1937 uma aldeia próxima de Tikrit, 170 quilómetros a Norte de Bagdad. O pai era um camponês pobre que morreu antes dele nascer. A infância foi marcada pelos maus tratos do padrasto, facto que motivou a que aos 10 anos tenha partido para Bagdad para viver com um tio. Aos 18 anos filiou-se no Partido Baas, aderindo aos seus ideais laicos e nacionalistas. Nesse ano tentou entrar para a Academia Militar mas por falta de habilitações foi-lhe recusada a candidatura. Torna-se conhecido, quando lidera, a mando do Baas, um comando de 10 homens, encarregado de assassinar o primeiro-ministro Abdel Karim Qassem (o general que em 1958 derrubara a monarquia). O atentado falhou, Saddam foi ferido a tiro numa perna mas conseguiu fugir para Damasco (na Síria), onde regressa à escola. Muda-se depois para o Cairo (no Egipto), concluindo uma licenciatura em Direito, na universidade local. Quando regressa a Bagdad já o Baas está instalado no poder. Saddam é um homem duro, por vezes cruel que não hesita na eliminação física dois inimigos. Terá sido essa característica que lhe valeu uma ascensão meteórica no seio do partido. Aos 42 anos chega finalmente à chefia do estado. Aos poucos vai-se afastando da ideologia do Baas, criando o culto da personalidade, espalhando cartazes com a sua imagem por todo o país. A sua crueldade (ficou célebre o episódio em que, em pleno Conselho de Ministros assassinou o Ministro da Saúde com um tiro na cabeça), alternada com momentos de súbita compaixão (como aquele em que fazia a ronda a uma prisão e ao encontrar um homem com um ar miserável, deu ordens para que lhe dessem roupas decentes, algum dinheiro e o libertassem), era o seu “cartão-de-visita”. Com as sistemáticas tentativas de assassinato de que foi alvo, tanto por parte da oposição interna como por parte da CIA tornou-se desconfiado e obsessivo, quase paranóico, ao ponto de não dormir duas noites seguidas no mesmo sítio. Rodeou-se então, de membros da sua tribo e da família em detrimento dos dirigentes partidários. Em 1980, numa altura em que o Iraque era uma economia em ascensão e o país apresentava os mais altos índices de desenvolvimento da região, Saddam, com a bênção dos E.U.A. e o apoio Soviético, envolveu o país numa guerra com o vizinho Irão. Em 1988, sem que se tenha encontrado um vencedor claro, Khomeini (o presidente iraniano) vê-se obrigado a aceitar um cessar-fogo. No terreno, terão ficado mais de 200 mil mortos do lado iraquiano e 700 mil do lado iraniano. No mesmo ano, uma revolta dos curdos no norte do país é esmagada em poucas horas através de um bombardeamento com armas químicas compradas aos Estados Unidos e já antes utilizadas por sugestão americana na guerra com o Irão. O Iraque era agora um país com uma economia devastada e uma dívida externa de 25 mil milhões de dólares. Mas a ambição de Saddam em fazer renascer no Iraque a Grande Babilónia, leva-o a invadir o Kuwait em 1990 que é anexado quase sem resistência. Com o final da guerra com o Irão, a posição americana face a Saddam muda radicalmente e após esta anexação do Kuwait o Iraque passa a ser visto como inimigo pela administração de Bush (pai). Em 1991 uma coligação internacional liderada pelos americanos expulsa os iraquianos do Kuwait e limita, através de uma resolução da ONU, a movimentação das suas tropas, a uma pequena faixa no centro do país, além de lhe impor um embargo económico desumano. O Iraque de Saddam caía em desgraça e de potência regional, transforma-se em colónia servil da ONU. A 20 de Março de 2003, sob o falso pretexto de que Saddam possuía armas de destruição maciça americanos e britânicos, com a colaboração de vários países vizinhos, bombardeiam e mais tarde invadem e ocupam o Iraque. O que se passou a partir daqui é sobejamente (des)conhecido de todos. As “verdades” cinematográficas que os “media” ocidentais tem construído deixam cada vez mais perguntas… Questões como: Porque é que durante a guerra a larga maioria do exército iraquiano, nomeadamente as principais divisões da Guarda Republicana, não combateu;
Onde estão os milhares de tanques e as dezenas de aviões que Saddam possuía à data da invasão (comprovadas pelas paradas militares) e que não foram usados (nem destruídos);
Porque é que nunca mais se ouviu falar das centenas de quilómetros de túneis à prova de bomba, que os jugoslavos haviam construído e, porque não foram eles usados para protecção dos principais dirigentes, durante o conflito;
Onde estão os vários sósias de Saddam;
Que é feito dos 5 mil homens da sua guarda pessoal que desapareceram misteriosamente;
Porque é que o número "oficial" de baixas sofrido pelas forças invasoras é muito menor que o apresentado nos relatórios dos Serviços secretos russos;
Que droga tinha sido administrada ao alegado Saddam quando foi capturado e que diligências foram feitas para punir o autor. Continuam sem resposta, tal como muitas outras… Alegadamente, dos familiares mais próximos de Saddam, restam apenas as três filhas e as duas mulheres, todas a viver no estrangeiro. A 30 de Dezembro de 2006, com a bênção de George W. Bush foram assassinados: Saddam Hussein, Presidente da República; Awad Ahmed al Bandar Presidente do Tribunal Revolucionário, Burzan Ibrahim (meio-irmão de Saddam), Chefe dos Serviços Secretos e outras 77 pessoas anónimas (estas, despachadas pela Al-Qaeda, a empresa de limpezas contratada pela família Bush), outras 230 ficaram gravemente feridas. Um dia como muitos outros… No terreno, após mais de dois anos e meio de ocupação, nem melhoria das condições de vida, nem liberdade, nem democracia, apenas um enorme circo montado e mais de cem mil mortos civis. Em terra de ditadores nunca ninguém tinha descido tão baixo…
Apache, Janeiro de 2006

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

"Estes Natais sinistros..."

"Já ninguém se recorda de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas, tantos fogos de artifício, tantas grinaldas coloridas, tantos perus inocentes degolados e tantas angústias de dinheiro pelos gastos que ultrapassam a nossa real possibilidade, que me pergunto, se a alguém resta um instante para perceber que tamanho alvoroço é para celebrar o aniversário de uma criança que nasceu há 2000 anos numa miserável estrebaria, a pouca distância do local onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei David. Novecentos e cinquenta e quatro milhões de cristãos crêem que essa criança é Deus encarnado, mas muitos celebram-no como se na realidade não o cressem. Celebram-no além disso muitos milhões que nele nunca creram, mas agrada-lhes a farra e ainda muitos outros que estão dispostos a virar o mundo do avesso para que ninguém continue a acreditar nele. Seria interessante averiguar quantos deles crêem também, do fundo da sua alma, que o Natal de agora é uma festa abominável, mas não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso mas social.
O mais grave de tudo é o desastre cultural que estes Natais pervertidos estão a causar na América Latina. Antes, quando só tínhamos costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Deus era maior que a vaca, as casinhas empoleiradas nas colinas eram menores que a virgem; mas ninguém dava atenção a estes anacronismos: a paisagem de Belém era completada com um comboio de corda, com um pato de pelúcia, maior do que um leão, nadando no espelho de uma sala; ou com um agente de trânsito a dirigir um rebanho de ovelhas numa esquina de Jerusalém. Acima de tudo punha-se uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e, um raio de seda amarela, para indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era bem mais feio, mas parecia-se connosco, sendo portanto melhor do que tantos quadros primitivos mal copiados do aduaneiro Rousseau.
A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como sucede, com toda a razão, em Espanha – e sim pelo menino Deus. Nós, crianças, deitávamo-nos mais cedo para que as prendas não demorassem, e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos. Eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém em minha casa decidiu que já era tempo de revelar-me a verdade. Foi uma desilusão, não só porque eu acreditava mesmo que era o menino Deus que trazia os brinquedos, mas também porque queria continuar a acreditar. Aliás, seguindo a lógica de um adulto, pensei então que os outros mistérios católicos também eram inventados pelos pais para entreter as crianças, e fiquei-me no limbo. Naquele dia – como diziam os mestres jesuítas na escola primária – perdi a inocência, pois descobri que nem sequer as crianças eram trazidas de Paris pelas cegonhas, o que é algo que, ainda assim, gostaria de continuar a acreditar para pensar mais no amor e menos na pílula.
Tudo isto mudou nos últimos trinta anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é ao mesmo tempo uma devastadora agressão cultural. O Deus menino foi destronado pelo “Santa Claus” dos “gringos” e dos ingleses, que é o mesmo Pai Natal dos franceses, de quem todos conhecemos demasiado. Chegou-nos com tudo: desde o trenó puxado por renas, ao abeto carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve. Na realidade, este usurpador com nariz de taberneiro não é outro senão o bom São Nicolau, um santo a quem quero muito, por ser da devoção do meu avô coronel, mas que nada tem a ver com o Natal, e muito menos com a "Bela Noite" tropical da América Latina. Segundo a lenda nórdica, São Nicolau ressuscitou várias crianças em idade escolar, que um urso havia despedaçado na neve e, por isso, proclamaram-no patrono das crianças. Mas a sua festa celebra-se a 6 de Dezembro e não a 25. A lenda tornou-se institucional nas províncias germânicas do Norte em finais do século XVIII, conjuntamente com a árvore dos brinquedos, e há pouco mais de cem anos, o costume estendeu-se à Grã-Bretanha e à França. A seguir passou para os Estados Unidos, e estes exportaram-no para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético ao qual muito poucos se atrevem a escapar. Contudo, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram consigo: esses postais de natal indigentes, esses cordões de luzinhas de cores, esses sininhos de vidro, esses penduricalhos nas janelas e nas varandas, essas canções de atrasados mentais que são os cânticos traduzidos do inglês; e outra tanta estupidez gloriosa para a qual não valia sequer a pena ter inventado a electricidade.
Tudo isto, em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que se enganam na porta à procura de sítio para desaguar, ou a perseguir a esposa de outro enquanto este dorme na sala. Mentira: não é uma noite de paz e amor, antes o contrário. É a ocasião solene de toda aquela gente que não queremos. A oportunidade providencial de cumprir os adiados compromissos indesejáveis: o convite ao pobre cego que mais ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há quinze anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a mostrar em público. É a alegria por decreto, o carinho por lástima, o momento de presentear porque nos presenteiam, e de chorar em público sem ter de dar explicações. É a hora dos convidados beberem tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho de banana. Não é raro, antes sucede amiúde, a festa terminar aos tiros. Também não será raro, que as crianças – ao verem tantas atrocidades – acabem por acreditar que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas sim nos Estados Unidos."
(escrito na Noite de Natal de 2006 por Gabriel García Márquez)
Uma visão diferente de um Natal longínquo e talvez tão próximo.
[Tradução minha] Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Eu é que sou o índio…

A partir de Março de 2007, os índios “Seminole” da Florida, serão donos dos “Hard Rock Café” e da maior colecção de objectos ligados à história do “Rock and Roll”. A única tribo índia americana que nunca fez a paz com o governo federal, comprou a multinacional aos actuais proprietários britânicos, por 770 milhões de euros. Ao todo, são 124 cafés, quatro hotéis, dois casinos e uma sala de espectáculos, espalhados por mais de quarenta países, incluindo Portugal. Os “Seminole” são pouco mais de três mil e tal como a maioria das tribos índias dos Estados Unidos, vivem actualmente confinados a uma reserva. Tal como as outras populações nativas têm a principal fonte de receitas nas milionárias concessões de exploração de casinos. Com a compra dos “Hard Rock Café”, os “Seminole” prevêem que o volume dos seus negócios cresça 480 milhões de dólares, por ano.
Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Fechado para cansaço do pessoal

Por motivos profissionais não tenho actualizado o blog, voltarei a fazê-lo no início da próxima semana. Obrigado pela visita!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Política à Portuguesa...

Um tal José Esteves, veio há dias, em entrevista à revista “Focus” dizer que fez “a bomba que foi colocada no avião que caiu em Camarate”. Na sua versão dos acontecimentos, havia sido combinada com Adelino Amaro da Costa, uma simulação de atentado a Soares Carneiro, com o objectivo de provocar um volte face nas eleições que decorreriam daí a dois dias. Mas alguém alterou a bomba provocando o desastre fatal. Acrescenta que foram os americanos que aumentaram a potência do engenho, fazendo descontrolar e cair o avião, matando os seus sete ocupantes. Em causa estaria a denúncia que Sá Carneiro e Amaro da Costa iriam apresentar na ONU de uma cabala que visava a eleição de Ronald Reagan. Segundo disse, quando o avião recolhesse o trem seria puxado um fio, fazendo com que um tudo contendo ácido sulfúrico caísse sobre uma mistura de clorato de potássio e açúcar, provocando o incêndio que assustaria Soares Carneiro, o suposto passageiro que afinal não viajou. Mas… Se o Amaro da Costa sabia de tudo, porque não se aconselhou com alguém da sua segurança? Ninguém sabia que o clorato de potássio é um explosivo usado em pirotecnia? Para fazer muita fumaça, o açúcar e o ácido sulfúrico chegavam perfeitamente. Alteraram a bomba?... Deve ter sido um “troca tintas” qualquer que misturou ácido nítrico ao ácido sulfúrico, depois a Snu passou na farmácia e comprou glicerina para pôr nas frieiras só que com os solavancos do avião, deixou-a cair em cima do pacote… do açúcar e… Nem o Eanes nem o Reagan perderam as eleições…
“C´um catano!!!”
Apache, Dezembro de 2006

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Ao desafio...

Em resposta ao desafio da Morgana...
1 - ALTURA: 1,85 m (para mais informações sobre medidas é favor fazer o pedido depois de indicar as suas...)
2 - QUE SAPATOS ESTÁS A USAR? Agora? Só peúgas (para dar ar às pantufas...)
3 - MEDO? Talvez da solidão?!
4 - OBJECTIVOS A ALCANÇAR: Ser feliz.
5 - FRASE QUE MAIS USAS NO MESSENGER? Não vou muitas vezes ao messenger, talvez "Olá, tudo bem?"
6 - MELHOR PARTE DO CORPO? Espero que seja a de dentro que a de fora não me parece grande coisa.
7 - PALAVRÕES? Muitos, quando jogo futebol, fora isso, raramente.
8 - LADO DA CAMA? O de cima, definitivamente. Em baixo não tenho cobertores.
9 - TOMAS BANHO TODOS OS DIAS? Pelo menos uma vez!
10 - GOSTAS DE TOALHAS QUENTES? Disseste toalhas ou mulheres? Nunca experimentei toalhas quentes, acho que ía detestar...
11 - URSINHOS DE PELÚCIA? Até aos 11 ou 12 anos, depois de fazer a cama punha um urso sentado nela, agora é roupa suja que às vezes fica por lá. (Os ursos acho que estão todos entre São Bento e o Terreiro do Paço.)
12 - ACREDITAS EM TI MESMO? Tem dias...
13 - DÁS-TE BEM COM OS TEUS PAIS? Também tem dias...
14 - GOSTAS DE TEMPESTADES? Detesto! A não ser que esteja bastante calor, aí tolero-as.
15 - DESPORTO? Se gosto? Muito! Se pratico? Menos do que preciso. De momento jogo futsal, futebol e futebol de praia, no total 3 ou 4 vezes por semana.
16 - PASSATEMPOS E HOBBIES? Além do futebol e de ir para a praia, conversar com os amigos, ir ao cinema e ouvir música...
17 - FOBIAS E MANIAS? Se excluirmos a mania de responder a este tipo de inquéritos, não me lembro de nenhuma.
18 - QUANTAS VEZES O TEU NOME JÁ APARECEU NOS JORNAIS? Em jornais regionais, algumas, talvez uma dúzia delas. Em jornais nacionais, acho que nenhuma.
19 - CICATRIZES NO CORPO? Agora está frio para andar à procura delas, sei lá, na barriga, num dedo da mão, num joelho, num braço, num sobrolho, no queixo, várias nas canelas e talvez mais alguma que agora não me lembro...
20- DE QUE TE ARREPENDES DE TER FEITO? Só me arrependo de coisas que não faço.
21 - COR FAVORITA? Azul!
22 - UM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVESTES E GOSTAVAS DE IR? Tantos! Todas as praias onde não estive e algumas grandes cidades, como Barcelona, Paris, Rio de Janeiro, Praga, Moscovo, Buenos Aires, Sidney, etc.
23 - MANHÃS OU NOITES? Tardes e noites!
24 - O QUE TENS NOS BOLSOS? Quando estou em casa, nada (é o caso). Fora dela, as chaves do carro.
25 - QUE FARIAS SE FOSSES PRIMEIRO-MINISTRO? Tanta coisa que certamente não me deixariam ficar por lá muito tempo...
26 - SE GANHASSES O EUROMILHÕES QUE FARIAS AO DINHEIRO? Comprava uma casa com piscina, junto à praia, investia e ajudava os amigos. Mas não é fácil ganhar porque raramente jogo.
27 - SE TE CAÍSSE NAS MÃOS A LÂMPADA DE ALADINO O QUE FARIAS? QUE DESEJOS PEDIRIAS? A descoberta da cura para todas as doenças. Mais inteligência para os humanos. São três? Pode ser uma gaja boa e inteligente... Eh, eh, esta é dificil até para o génio da lâmpada...
28 - SE O MUNDO ACABASSE HOJE ÀS 23h59m QUE FARIAS ATÉ LÁ? Ainda bem que ainda faltam umas 23 horas... Mandava uns quantos à frente, não era nada justo irem todos ao mesmo tempo!
29 - SE TIVESSES UM FILHO SEM SABER COMO, SEM RAZÃO NENHUMA, QUE FARIAS? Perguntava à mãe como é que tinha arranjado a matéria prima, sem eu saber... É suposto desafiar alguém? Pode ser a Redonda e o Lusitana Paixão!
Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 28 de novembro de 2006

As “verdades” do desgoverno do Zé…

Alguém devia lembrar os papagaios do costume que uma mentira repetida muitas vezes continua a ser uma mentira. Nos últimos meses tem-se repetido vezes sem conta que Portugal tem funcionários públicos a mais, há mesmo um “estudo” realizado por um cábula qualquer, daqueles a quem faltam competência ao nível do cálculo matemático, que concluiu pela necessidade de redução do número de funcionários públicos em 200 mil. Para que não restem dúvidas, aqui ficam os números do EUROSTAT…

Percentagem de funcionários públicos em comparação com a população activa Suécia – 33,3% Dinamarca – 30,4% Bélgica – 28,8% Reúno Unido – 27,4% Finlândia 26,4% Holanda – 25,9% França – 24,6% Alemanha – 24,0% Hungria – 22,0% Eslováquia – 21,4% Áustria – 20,9% Grécia – 20,6% Irlanda – 20,6% Polónia – 19,8% Itália – 19,2% República Checa – 19,2% Portugal - 17,9%

Actualmente, Portugal é o 3º país da UE com menor número de funcionários públicos. Se o número actual, cerca de 752 mil fosse reduzido em 200 mil, estes passariam a ser 13,1% dos activos. O país da União Europeia com menor percentagem é o Luxemburgo com 16%.

Apache, Novembro de 2006

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

A propósito de conspirações…

“Parece claro que existe um plano conducente à supressão de Portugal do conjunto dos Estados soberanos europeus. Pobres em recursos naturais e confinados a uma linha junto ao mar, com um único vizinho terrestre muito maior, foi ao mar que cedo fomos procurar meios que viabilizassem e assegurassem a nossa sobrevivência. Encerrado esse ciclo de quinhentos anos, tornava-se necessário que a república que nos calhou em "sorte" apontasse ou viabilizasse soluções alternativas. Em lugar de um novo desígnio, meteram-nos na União Europeia, com o inerente cortejo de subsídios, que apenas serviram para exibir algumas ostentações de novo-riquismo saloio. Enquanto outros países investiram na educação, por cá a aposta parece ter sido na total falta dela, com especial incidência no Português e na História, dois importantes factores de identidade, que apresentam hoje danos irreparáveis, pois parece difícil para as novas gerações passarem informação que nunca receberam. Supunha-se ser função do Estado assegurar, com as receitas cobradas, os serviços públicos mínimos que, por menos rentáveis, não são prestados pelas empresas privadas, que permitissem dar a toda a população o direito à saúde, ao ensino, à justiça e à cultura, em todo o território. Com a prevalência de critérios economicistas sobre o interesse do povo, o que vemos é o Estado a encerrar tudo o que não é rentável, contribuindo para agravar inexoravelmente a trágica desertificação de zonas de já difícil fixação, por ausência de vias de comunicação e de actividades geradoras de emprego. Porque as zonas mais sacrificadas ficam próximas da fronteira, eis que os terrenos agrícolas são comprados por espanhóis, com mais apoios do seu país e as mães da raia são forçadas a ter os seus filhos no país vizinho. Com impostos insuportavelmente mais elevados e salários muito inferiores, até o consumo de combustível, porque mais barato, contribui para o PIB do país vizinho. As nossas obras públicas, como o TGV, estão na sua grande maioria, condicionadas pelos interesses espanhóis. Enquanto isso, grandes empresas e bancos vão passando, através da bolsa e sem ruído para as suas mãos, boa parte do capital das (poucas) competitivas empresas nacionais, bem como os nossos melhores quadros técnicos, parte deles a trabalharem para grandes empresas espanholas. As nossas indústrias, sem adequada e prévia preparação, vão soçobrando à competição asiática originada pela globalização, da qual não temos dimensão nem recursos para tirarmos partido. Na cultura, os escritores portugueses recebem prémios Cervantes ou Príncipe das Astúrias, aprende-se castelhano no Instituto Cervantes, lê-se na "Hola" todo o social dos vizinhos, enquanto eles promovem visitas da sua Família Real às suas e nossas antigas possessões ultramarinas, instalam os seus institutos culturais e as suas empresas, enfim, fazem pela vida… A dúvida é se os senhores guardiães da república são apenas ceguinhos, estão distraídos ou são cúmplices. Venha o diabo e escolha!”
Extraído de um texto intitulado “Cegueira ou cumplicidade” escrito por Dom Vasco Teles da Gama para o “Diário Digital”

terça-feira, 14 de novembro de 2006

"Externalização"

“Alguém sabe o que significa a palavra externalização? Trata-se de uma palavra que não vem em nenhum dicionário, mas que se pode encontrar no Diário da República…”
A pergunta foi colocada na Sic Notícias, no passado dia 9/11/2006, pelo jornalista Mário Crespo e, ao que parece continua sem resposta. Entretanto o Google apresenta 47 400 páginas com a palavra. Seria interessante saber quem ganha com tão rápida propagação do disparate.
Cheira-me a nova versão da Terminologia Linguistica para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), ou pivete similar!
Apache, Novembro de 2006

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Ai a matemática, a matemática…

Cumpriu-se hoje o primeiro de dois dias de greve da Função Pública. É habitual, os números da adesão à greve, apresentados pelos sindicatos e pelo governo serem divergentes, mas hoje, de tão extremada, essa divergência tornou-se hilariante. Os sindicatos falam de uma adesão da ordem dos 80%, enquanto o governo contrapõe uns míseros 11,74%. Apetece-me pedir aos nossos governantes que sejam um pouquinho exagerados e admitam que a adesão foi de cerca de 12%. É que assim têm ambos razão. Sim, sim, ambos têm razão em relação aos números, 12 = 80. Para os mais cépticos aqui vai a demonstração matemática…
(Talvez seja melhor irem buscar uma calculadora, antes de continuarem a ler…)
-960 = -960. Certo? E -960 = 144-1104. Mas também é verdade que -960 = 6400-7360. Concordam?
Ora em matemática, duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si, portanto: 144 - 1104 = 6400 - 7360 Decompondo estes números em factores, ficamos com: 12*12 – 2*12*46 = 80*80 – 2*80*46 (* é o sinal de multiplicação) Ainda estão a acompanhar?! A cada lado da equação vamos agora somar 2116. Porquê? Porque me apetece! Temos então: 12*12 – 2*12*46 + 2116 = 80*80 – 2*80*46 + 2116 Agora reparem que 2116 = 46*46 Então podemos escrever: 12*12 – 2*12*46 + 46*46 = 80*80 -2*80*46 + 46*46 Em cada lado da equação temos agora o quadrado de uma diferença. Lembram-se? (a-b)^2 = a^2 – 2*a*b + b^2 (^2 significa ao quadrado) Então: (12 - 46)^2 = (80 - 46)^2 Eliminando os quadrados em ambos os lados da equação, ficamos com… 12 - 46 = 80 - 46 E passando o 46 para o lado esquerdo, obtemos: 12 – 46 + 46 = 80, ou seja: 12 = 80 Será que acabo de ganhar um cargo no governo ou no sindicato? Humm... Acho que “eles” não lêem este blog!... P.S. Com um raciocínio semelhante (ligeiramente falacioso) acho que consigo demonstrar que quaisquer números inteiros são iguais. Eh, eh... Agora vou tomar as gotas!
Apache, Novembro de 2006

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Fim do 1º Episódio...

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e dois dos seus colaboradores mais próximos, o ex-presidente do Tribunal Revolucionário Iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe dos Serviços Secretos, foram condenados à morte por enforcamento, por crimes de guerra, neste domingo, pelo Circo a que dão o nome de Tribunal Superior Penal do Iraque. Na página de abertura do Portal “Sapo” foi colocada a votação, a pergunta “Concorda com a aplicação da Pena de Morte”, não neste caso particular, mas em termos genéricos, pelo menos foi assim que a entendi. Pasmem-se os resultados… Dos quase 17 mil votos registados, 49% afirmou “Sim”! Eu sei que neste tipo de sondagens, alguém sem mais nada para fazer pode efectuar múltiplas votações, por isso estes resultados têm um valor relativo, ainda assim, apetece-me, mais uma vez, citar Albert Einstein: “Só conheço duas coisas infinitas, o Universo e a estupidez humana e, quanto à primeira, não tenho a certeza!”
Apache, Novembro de 2006

Finalmente de acordo...

Na conferência de imprensa, no final da XVI Cimeira Ibero Americana, o Sr. José Sousa afirmou que “em matéria de visão humanista e respeito pelo Direitos Humanos, não encontro melhor exemplo do que os Estados Unidos.” Finalmente encontro um assunto em que eu e o Sr. Sousa estamos de acordo, basta pensarmos em Guantánamo ou Abu Ghraib e de facto não restam dúvidas: em matéria de direitos humanos os Estados Unidos são um exemplo a não seguir, claro!

Apache, Novembro de 2006

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O Choque... (tecnológico)

Há alguns dias atrás, o Correio da Manhã noticiava que no Orçamento do Estado para 2006 está prevista uma verba de 219 090 Euros para despesas de telemóvel do gabinete do Sr. Primeiro Ministro.
Tentando justificar o injustificável, um responsável governamental que o jornal não identifica terá argumentado o seguinte… “O telemóvel é um instrumento de trabalho fundamental para o primeiro-ministro, ele está sempre em contacto com o seu gabinete e com os próprios ministros. Logo que há alguma coisa, liga directamente para os ministros, durante a semana ou ao fim-de-semana.” Muito bem, proponho então, agora, que façamos um pequeno exercício, recorrendo a uma vulgar calculadora. Ora, o Sr. José Sousa está sempre em contacto com os membros do seu governo. Sempre, excepto quando está a dormir ou com a boca cheia (de comida, claro!). Portanto, admitindo que o Sr. Sousa dorme 8 horas por dia e precisa de uma hora para se alimentar, restam-lhe 15 horas, que multiplicadas por 60 minutos e por 365 dias do ano (que o Sr. José é dedicado e nas férias também trabalha), dá 350 400 minutos. Partindo do pressuposto que o Sr. PM tem um tarifário banal nos telemóveis do seu gabinete, (porque os há mais baratos) tipo, Pack PME da Vodafone, a 0,14 cêntimos por minuto para todas as redes, então o Sr. José Silva gasta num ano, 45 990 Euros. Resta então para os restantes membros do seu gabinete a verba de 219 090 – 45 990 = 173 100 Euros. Acontece que os funcionários públicos do gabinete do Sr. Primeiro Ministro trabalham no máximo 224 dias por ano, descontados os fins-de-semana, os feriados e os dias de férias, o que multiplicado por 7 horas de trabalho diário, com 60 minutos cada, dá 94 080 minutos de trabalho por ano. Os 173 100 euros disponíveis para telemóvel a 0,14 cêntimos por minuto, permitem falar 1 236 428 minutos e 34 segundos, como cada funcionário trabalha 94 080 minutos por ano, esta verba corresponde a 13 funcionários. (E ainda ficamos com 1 874,40 Euros para umas chamaditas de valor acrescentado… para ligar para aquela prima afastada que é Checa.)
Resumindo, o Sr. (continuemos a chamar-lhe, apesar de outros nomes nos povoarem o espírito) José Sousa quer convencer-nos que além de falar ao telemóvel durante 15 horas por dia, 365 dias por ano, no seu gabinete existem permanentemente 13 funcionários cuja única tarefa atribuída é falarem ao telemóvel, ininterruptamente, desde o primeiro ao último minuto do dia de trabalho, todos os dias do ano…
P.S. Alguém me sabe dizer qual é a verba prevista no Orçamento do Estado para 2006, para o gabinete do Sr. Primeiro Ministro, para pastilhas contra a rouquidão?
Apache, Novembro de 2006

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Talvez, assim...

Se escutasses no vento as palavras que não te direi... Se bebesses no meu rosto as lágrimas que ainda não chorei... Saberias de mim, aquilo que nem eu sei... Sonharias para mim, os sonhos que em sonhos te dei!...
Escrito para o "Limite de compreensão" da Morgana - Apache, Outubro de 2006

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Auto-entrevista

O Ministério da Educação pagou a divulgação, no passado dia 14, nas páginas centrais de alguns jornais, sob a forma de publicidade, de uma "auto-entrevista" sobre o Estatuto da Carreira Docente que terá custado milhares de euros ao erário público. Este tipo de propaganda é: 1. Ilegítimo, na medida em que se gastam milhares de euros dos contribuintes para propaganda política, enquanto se cortam verbas às escolas e se suprimem direitos, tempo de serviço e expectativas salariais aos docentes, alegadamente por razões de contenção orçamental. Além disso, é inaceitável que o Governo gaste dinheiro em espaços publicitários para divulgar textos que se enquadram, apenas, na mais vil campanha alguma vez movida em Portugal contra os docentes portugueses. 2. Enganoso, porque os alegados esclarecimentos, prestados sob a forma de respostas, estão eivados de demagogia, de mentiras e de omissões graves. É mentira, por exemplo, que os docentes progridam na carreira pelo mero passar do tempo; também não é verdade que a transição da actual carreira para a que é proposta não se traduzisse em perdas salariais que atingiriam as centenas de milhares de euros; omite-se, por exemplo, que um docente, se adoecer dez dias num ano perderá dois anos de carreira. Mas estas são apenas três de entre as muitas fugas à verdade que constam no texto publicitário do Ministério da Educação. No entanto, este anúncio que os contribuintes terão de pagar à Ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, acaba por ter a virtude de confirmar que: o ME não olha a meios para atingir os seus objectivos; nas questões essenciais, o ME não se moveu, um mínimo que fosse, desde o início do processo de revisão; o ME continua a tentar impor uma carreira com duas categorias; vagas para acesso aos escalões de topo, que deixariam a esmagadora maioria dos docentes a meio da carreira, independentemente do seu mérito; quotas para a atribuição das classificações mais elevadas, que seriam a negação do próprio regime de avaliação do desempenho; um exame, sem qualquer sentido pedagógico, para ingresso na carreira; menções qualitativas positivas que se traduziriam em perdas de anos de serviço; entre outras propostas manifestamente negativas. Perante esta publicidade, a Plataforma Sindical de Professores manifesta o seu mais veemente repúdio por esta iniciativa de propaganda e exige do Governo que torne públicos os seus custos para que os contribuintes saibam qual o destino que é dado aos seus impostos. Repudiam, ainda, a tentativa de enganar e manipular a opinião pública, pois, ao contrário do que afirma no seu texto, o ME não pretende valorizar o trabalho dos professores, mas, apenas, poupar dinheiro à sua custa. Contra a mentira, contra a difamação, contra a desonestidade negocial, Greve Nacional nos dias 17 e 18 de Outubro.
Assinado pela totalidade das organizações sindicais representativas da classe docente… (FENPROF, FNE, SPLIU, SNPL, SEPLEU, FENEI, ASPL, PRÓ-ORDEM, FEPECI, SIPPEB, SIPE, USPROF, SINPROFE, SNPES)

domingo, 8 de outubro de 2006

Imaginem...

Foi recentemente divulgado um "estudo" da OCDE intitulado "Education at a Glance 2006" com vários dados estatísticos referentes à educação, nos países que fazem parte da organização. Os dados estão disponíveis em www.ocde.org e referem-se aos anos de 2003 e 2004. Agora começa o vosso exercício de "pura" imaginação... Imaginem que Portugal ocupa o último lugar em nº de anos em que os alunos frequentam a escola... Imaginem também que para a comunicação social, este assunto não é relevante... Imaginem que em Portugal se gastam em média 4 875 Euros por aluno, por ano, o que representa o 23º lugar entre os países analisados... Imaginem que o governo, fortemente preocupado com o estado da educação e os baixos níveis de literacia dos nossos cidadãos pretende (apesar disso) reduzir significativamente os gastos com a educação nos próximos anos, tal como afirmou ontem o primeiro-ministro... Imaginem uma vez mais que para a comunicação social, este assunto também não é relevante... Imaginem que há, no entanto no sector da educação, algo deveras importante para a comunicação social portuguesa, com honras de destaque nos principais jornais... Passo a citar a "Lusa"... "Os professores portugueses são dos que menos recebem no início da profissão, mas integram o grupo dos mais bem pagos quando atingem o topo da carreira segundo um estudo da OCDE." O relatório tem dezenas de páginas que no seu conjunto traçam uma imagem negra da educação em Portugal e o interesse reduz-se a uma mísera tabela. Aqui fica então parte dessa tabela...

Talvez tenham notado alguma diferença entre o que se escreve na imprensa e o que se lê no "estudo" da OCDE?! E porque este é um assunto que “a tantos” apaixona, imaginem ainda que alguém pega numa tabela de vencimentos ilíquidos dos professores do quadro (de 2004, ano a que reportam os dados) e multiplica o valor por 14 (nº de meses de vencimento) convertendo o resultado obtido (em Euros) para US dólares (à taxa de câmbio de 1 Euro = 1,25 dólares). Chega então aos seguintes valores…

“Ligeiramente” diferentes dos apresentados pela OCDE. Para o exercício ficar completo, imaginem agora que nada disto é imaginação, porque factos são factos, por mais que alguns se esforcem por os distorcer!

Apache, Outubro de 2006