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terça-feira, 23 de novembro de 2010

‘Boys’ da estupidificação maciça

“A verdadeira revolução na educação"
“Se bem se lembram, em tempos de Maria de Lurdes Rodrigues [MLR], foi em especial Vital Moreira, mas não só, que falou muito numa verdadeira revolução que estaria a assolar a Educação em Portugal. Se por revolução entendermos um processo de demolição, sem que se perceba se o edifício a construir não é bem mais atroz do que o anterior, talvez ele tivesse razão. Só que MLR foi-se embora e houve quem dissesse que as suas reformas (ou revolução) estavam comprometidas e que tudo ia regredir para o que havia antes, que o Governo tinha cedido aos tenebrosos interesses dos conservadores e atávicos professores (visão partilhada por muita gente, com destaque para o MST [Miguel Sousa Tavares] mas não só…). O que não repararam é que permaneceram em posições estratégicas alguns dos vultos que, ainda mais do que MLR que durante muito tempo foi testa-de-ferro e só a meio do trajecto se começou a sentir imbuída de aura, de forma mais consistente corporizavam uma investida inédita contra um modelo de Escola que consideram conservadora, elitista e selectiva, para além de partilharem imensos preconceitos contra os professores, fruto de personalidades com especificidades que me vou coibir de caracterizar para não entrar em terreno traumático. Fiquemos assim: são pessoas que da classe docente têm uma visão muito marcada e distorcida pelos seus percursos pessoais, ao longo dos quais se instalou um desdém imenso pelo trabalho dos professores, a quem desejam cortar toda a autonomia e torná-los meros executores das suas brilhantes teorias de gabinete, recolhidas em leituras muito na moda nos anos 50, 60 e 70, com estertores nos anos 80 lá fora, mas que cá foram chegando com o atraso habitual de uma ou duas décadas. A dupla mais óbvia desta tendência no aparelho de Estado é aquela que eu designaria por Capucha-Lemos connection [Refere-se a Luís Capucha, o actual responsável máximo pela Agência Nacional para a Qualificação e a Valter Lemos, Secretário de Estado da Educação, no anterior governo de Sócrates e actual Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional] e que, fugindo à esfera mais restrita da tutela da Educação, conseguiu, com um pé dentro e outro fora do ME, criar um feudo com um poder imenso que se prepara para continuar, verdadeiramente, a revolucionar os percursos escolares dos portugueses, construindo sucesso a todo o custo, mesmo que seja cilindrando tudo o que se lhes oponha. Apesar de não cumpridas as metas certificadoras das Novas Oportunidades [NO], Capucha & Lemos decidiram que os desempregados, se querem continuar a receber o cada vez mais curto e escasso subsídio, devem inscrever-se obrigatoriamente nas NO e serem formandos, fazer um portefólio e contar a sua história de vida, para ganharem uma certificação, para engordar estatísticas e ao mesmo tempo auxiliarem ao estender do poder da ANQ em matéria de Educação/Formação. O que se está a passar é a contaminação completa do Ensino Secundário pelo espírito NO, depois do Básico ter sido modelado à imagem das teorias do direito ao sucesso que Lemos debitou desde o início dos anos 90, na altura a partir do IIE [Instituto de Inovação Educacional] e que Capucha abraçou como sendo o mecanismo ideal para um teórico nivelamento social, que nega ser pela bitola baixa, que nenhum estudo comprova ter funcionado como fomentador de qualquer mobilidade socioprofissional. Mas tudo está a pleno vapor. Aos milhões de pretendidos certificados, juntam-se agora mais umas centenas de milhar de novos formandos, recrutados de forma compulsiva nos centros do IEFP [Instituto do Emprego e Formação Profissional]. A isto vão chamando um processo inédito de qualificação da população portuguesa. Perante isto, o ME [Ministério da Educação] parece uma simples Secretaria de Estado sem qualquer capacidade comparável aos domínios de Luís Capucha, o homem que anuncia que os professores têm demasiadas horas de redução e que isso não pode continuar, como se fosse ele o califa em vez da califa. Embora o negue, a aliança com Lemos é objectiva e evidente. Ambos querem transformar o sistema educativo público numa imensa rede de certificação, com 110% de sucesso garantido à nascença. Movendo-se numa pouco discreta sombra, num claro-escuro que não oculta a vaidade e presunção, a Capucha-Lemos connection constitui-se como o verdadeiro soviete revolucionário da Educação Nacional. Temei… porque esta é uma forma de terror educacional… em tons rosa…”
Paulo Guinote, professor, editor do blogue “A educação do meu umbigo”

sábado, 6 de novembro de 2010

Como disse?

Guilherme da Fonseca, ex-conselheiro do Tribunal Constitucional e antigo dirigente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, citado pelo jornal Público, de hoje, terá afirmado que não há inconstitucionalidade na redução salarial dos funcionários públicos, isso só aconteceria se a medida pusesse em causa a sobrevivência das pessoas. Quero acreditar que o senhor juiz-conselheiro está de boa saúde mental e foi mal citado pelo jornal Público, pois caso o não tivesse sido, teria de sugerir ao Senhor Teixeira que o senhor Guilherme passasse a receber do Estado apenas o valor equivalente à pensão mínima de sobrevivência, afinal é de sobrevivência que estamos a falar. Ou não?
Apache, Novembro de 2010

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A importância de se chamar… Calisto?

«“Se abrissem a cantina da Assembleia da República à noite, eu ia lá jantar. Eu e muitos outros deputados da província. Quase não temos dinheiro para comer.” Foi com esta pungente imagem de representantes da nação a mendigar uma malga de sopa que o deputado Ricardo Gonçalves chamou a atenção para o flagelo da pobreza que grassa entre os deputados, que “são de longe os mais atingidos na carteira” pelos cortes salariais da função pública. Só faltou confessar que às vezes tem de dormir numa paragem de autocarro, coberto de jornais. O que explicaria a falta de fluência e informação. Compreende-se que uma pessoa não goste de ler o cobertor que vai usar à noite. É inegável que os deputados vivem com dificuldades. E não é de agora. Por exemplo, quando há tempos protestaram contra a proibição de desdobramento de um bilhete de 1.ª classe em dois de classe económica, já era pelos apertos económicos que enfrentavam. Queriam o desdobramento não para viajarem acompanhados, mas para poderem comer duas refeições no avião. O que um esfomeado não faz por comida... Há deputados que aproveitam as viagens para se abastecerem de pacotinhos de ‘cacauetes’. São os “esquilos de São Bento”, que armazenam frutos secos para os meses de Inverno. Esta carestia que afecta os deputados tem sido fonte de mal-entendidos. Sempre que um deles dorme uma sesta no plenário e o apodamos de madraço, é possível que ele dormite não por preguiça, mas por fraqueza. Não é inacção, é inanição. Há quantos dias não comerá uma refeição decente? O que explica porque é que o almoço anual de homenagem a Pinto da Costa é sempre muito concorrido: não é falta de vergonha na cara, é falta de açúcar no sangue. Por isso quero gabar aqui a honestidade de Ricardo Gonçalves. Podia recorrer a expedientes, como o seu colega Ricardo Rodrigues, que anda no gamanço, mas não lhe conheço um único episódio de furto. Aliás, não lhe conheço quase nada, admito. Só tinha ouvido falar dele quando Maria José Nogueira Pinto lhe chamou “palhaço”, por causa de uns apartes que fazia durante as intervenções de outros deputados. Informação que agora sei incompleta, claro. Palhaço, sim, mas pobre. O palhaço pobre é, de todos os elementos que compõem uma trupe, um dos meus favoritos. Mais simpático do que o fanfarrão e extremamente pálido palhaço rico, só perde em predilecção para o urso que anda num monociclo. Na altura do incidente, lembro-me de ter ficado a pensar na razão da animosidade entre Ricardo Gonçalves e Nogueira Pinto. Agora, percebo. Nogueira Pinto tinha sido provedora da Santa Casa da Misericórdia e num momento de penúria de Gonçalves deve ter-lhe recusado caridade. Seja como for, Ricardo Gonçalves chamou a atenção para a vida difícil que os deputados "da província" enfrentam na capital. Um problema antigo, que mereceu a reflexão de Camilo Castelo Branco no romance A Queda de Um Anjo. Ali descreve como Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado da Agra de Freimas, eleito deputado às cortes, vem de Miranda para se desgraçar em Lisboa. O que acontece ao apaixonar-se por mulheres mais sofisticadas do que a sua mulher e prima Teodora Barbuda de Figueiroa. Ricardo Gonçalves é só mais um da longa lista de deputados rústicos arruinados pelos seus órgãos vitais. Calisto Elói foi traído pelo coração, Ricardo Gonçalves subjugado pelo estômago. O primeiro perdia-se pela curva de um pezinho de donzela, o segundo por um prato de pezinhos de coentrada. Se Camilo fosse vivo, talvez escrevesse uma sequela, dedicada à larica de Ricardo Gonçalves. Chamar-se-ia “A Queda de Um Papo d’ Anjo”. Mas o mais provável é que não tivesse interesse.»
José Diogo Quintela, no suplemento “Pública” do jornal “Público”, de ontem

domingo, 10 de outubro de 2010

A maravilha certificadora queima milhões em publicidade

Há sensivelmente um ano, tinha alertado para o facto de a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) criada para promover, coordenar e acompanhar a implementação do Programa Novas Oportunidades estar a gastar rios de dinheiro em publicidade. Agora, volvido mais um ano, e quando os governantes insistem em propagar a alegada crise e cortam a torto e a direito naquilo que na sua debilidade de discernimento são os privilégios da classe média, não é demais lembrar que em pouco mais de dois anos, a ANQ queimou mais de 13,6 milhões de euros (quase todos) em publicidade [Fonte: base de dados de ajustes directos] a uma iniciativa que pouco mais é que a passagem de certificados de competências a quem tem conhecimentos quase nulos na generalidade das matérias académicas.
Apache, Outubro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Acabou o Ensino Recorrente

A máquina destruidora em que o ME se transformou parece imparável
«“O Ministério da Educação determinou que não vão ser abertas novas turmas para os alunos que iam entrar para o ensino recorrente. Este modelo de aulas à noite que existia para adultos desde a década de 1980 não resistiu à concorrência das Novas Oportunidades e da Educação e Formação para Adultos”. Destinava-se esta espécie de ensino a ser frequentado nos turnos da noite por trabalhadores diurnos na satisfação de um percurso sério com igual frequência em número de anos lectivos e cumprimento programático idênticos aos do ensino realizado antes do pôr do Sol. Bem sei que as Novas Oportunidades não davam acesso directo ao ensino superior, mas logo surgiram as salvíficas provas de Acesso ao Ensino Superior para maiores de 23 anos que mandaram às urtigas o sério e exigente exame ad hoc em que o autodidactismo não era havido como prova de uma ignorância por conta própria, como escreveu o poeta brasileiro Mário Quintana. Cumpria-se, assim, o destino de um país em que não basta para o ego o desempenho de elevados cargos ao serviço da nação ou de “senador”. Havia que emoldurá-lo, quanto mais não seja, com o pergaminho de uma antiga licenciatura obtida em universidades privadas que foram obrigadas a encerrar por terem as suas rotativas a passar diplomas sem qualquer valor facial e que em pouco tempo lançariam o sistema do já fragilizado ensino superior para a bancarrota de um irremediável e total descrédito. Embora seja uso dizer-se que a história se não repete, não resisto em transcrever uma carta escrita por Ramalho Ortigão, no século dezanove, ao então Ministro do Rei, sobre o ensino secundário à época: “O estado em que se encontra em Portugal a instrução secundária leva-me a dirigir a Vossa Excelência o seguinte aviso: se a instrução secundária não for imediatamente reformada, este ramo do ensino público acabará dentro de poucos anos”. Sem curar da qualidade do ensino anterior ao ensino superior, temo que, tal como no tempo da Ramalhal figura, o caminho esteja aberto para a destruição do ensino secundário, um dos baluartes de um ensino que tem sabido resistir, até agora, a todas as tentativas de o fazer cair no descrédito de um ensino sem qualidade, sem exigência, sem reprovações que o torne em quantidade triste vanguardista dos dados comparativos da OCDE relativamente a outros países. Não é verdade que, na tradução de "abyssus abyssum invocat" , o abismo chama o abismo?»
Rui Baptista

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Taras e manias (2)

O jornal “i”, na sua edição de ontem, dava conta de uma polémica gerada em torno da aquisição, por parte de algumas escolas, de um “kit” a ser usado nas aulas de Educação Sexual.
“O assunto promete criar polémica, uma vez que o modelo pedagógico e o material educativo é, na maioria das escolas, fornecido pela Associação para o Planeamento da Família (APF). (…) Duarte Vilar, é o primeiro a assumir que o material didáctico da associação tem sido um dos principais recursos das escolas públicas e que, desde Setembro de 2009, foram vendidos mais de 1300 kits” Belo negócio para a APF. Estaremos perante mais uma JP Sá Couto?
“(…) Mais de 70% das escolas públicas já encomendaram ou estão a encomendar os kits de Educação Sexual à APF.” Onde terão arranjado o dinheiro para adquirir este lixo?
“Questões como as da masturbação (…) são respondidas através de exemplos práticos." Exemplos práticos? Com a Bruninha de Mirandela? Rasura-se já o comentário anterior.
“Duarte Villar reconhece que a APF tem sido a principal entidade formadora dos professores, em Portugal.” Cá está, as fotos para a Playboy integravam-se, provavelmente, no plano de formação da APF.
“(…) Mas esclarece que os conteúdos dos materiais didácticos e das acções de formação estão orientados «numa lógica de conhecimento científico e de diversidade moral». Julgamentos de valor não existem, esclarece o responsável; o que existe são valores promovidos na Constituição portuguesa, como a igualdade de direitos de homens e mulheres ou questões «consensuais» na sociedade portuguesa.” Ah… se há consenso e a ciência subscreve, ficamos muito mais descansados, Duarte Gore Villar.
Apache, Junho de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Blá, blá, blá… (2)

Diz Mourinho: “Até tenho vergonha de ganhar o que ganho, com esta crise”. Não vejo o que o impede de pegar em 50% do seu ordenado e oferecê-lo a instituições de beneficência, ou melhor ainda, de investir o seu dinheiro na criação de emprego. A menos que Mourinho seja, apenas, mais um demagogo envergonhado.
Apache, Maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

A responsabilidade dos irresponsáveis

“Hoje, [refere-se ao passado dia 11 de Março] mais uma vez, o ministro Teixeira dos Santos ousou utilizar a palavra "responsabilidade" perante o Parlamento e em referência a um partido da oposição. Sem que ninguém se escandalizasse. Sem que ninguém o chamasse à ordem. Se Teixeira dos Santos falou em nome do Partido Socialista, enganou-se: os partidos da oposição não respondem perante o partido do governo, mas sim perante os eleitores. Como o partido do governo, de resto. Se falou em nome do governo, também se enganou: não é o Parlamento que é responsável perante o governo, mas sim o governo perante o Parlamento. É espantoso que um órgão de soberania declare expressamente, poucos dias depois de tomar posse, que se reserva o direito de violar a seu bel-prazer os termos do mandato que o Soberano lhe conferiu. É espantoso ouvi-lo declarar que não presta contas a quem as deve porque tem que as prestar a quem as não deve: à Comissão Europeia, ao FMI, ao BCE, aos mercados, às agências de notação financeira, ao diabo a quatro. É espantoso que peça responsabilidade à oposição no preciso momento em que ele próprio se declara irresponsável. É espantoso que um governo não entenda que ao descartar a sua responsabilidade perante os eleitores está a abdicar da legitimidade que estes lhe conferiram. É espantoso. É lamentável. É vergonhoso. E é, isto sim, irresponsabilidade a sério.”
José Luís Sarmento, do blogue “As minhas leituras”

sábado, 15 de maio de 2010

A recessão sou eu!

No “Expresso” de hoje lê-se que o “medo da recessão obrigou Sócrates a alterar acordo.” A notícia refere-se ao facto de Sócrates não ter aumentado o IRC às PME´s, pelo menos àquelas cuja facturação não exceda os dois milhões de euros por ano. O título da notícia não deixa, no entanto, de ser manhoso, isto porque dá a ideia de que as medidas agora tomadas pelo Governo, com a bênção do “fraquinho no discernimento” que lidera o PSD são necessárias para impedir a recessão, quando na realidade elas são fundamentais para manter viva a chama da recessão. Julgo que o título mais correcto seria: medo da perda de medo da recessão obrigou Sócrates a tomar medidas que conduzam a essa mesma recessão. Senão vejamos, a recessão caracteriza-se por uma: redução dos salários, redução do consumo, redução da produção, redução do crescimento económico. Ora, no último trimestre, o PIB, segundo números provisórios, divulgados esta semana pelo INE, subiu 1%, significando que a recessão técnica (dois trimestres seguidos de decréscimo do PIB) estava (para já) afastada. Ao aperceber-se disso, o Governo (com a cumplicidade do maior partido da oposição) decide aumentar o imposto sobre o trabalho (IRS) e sobre o consumo (IVA). Com menos dinheiro disponível para comprar e produtos mais caros, o consumo reduz-se e o excedente faz diminuir a produção. Considerando ainda o aumento do IRC, a tendência será a das empresas despedirem mais trabalhadores e o crescimento económico cair a pique. Em termos mitológicos estamos a assistir à criação artificial (por imposição legal) do papão recessão. Em termos práticos, apenas a mais uma tentativa de destruição da já débil economia nacional.
Apache, Maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

À deriva

“O primeiro-ministro anunciou no final de Conselho de Ministros de hoje as novas medidas para redução do défice do Estado, onde se cria uma taxa adicional de IRS de um a 1,5 por cento, e de IRC de 2,5 por cento, para as empresas com lucros acima de dois milhões de euros.” Não aumento os impostos. Aumento os impostos. Não aumento os impostos. Reduzo os impostos. Não aumento os impostos. Aumentos os impostos. Incoerente, eu? Não. Simplesmente um mentiroso, à deriva.
Apache, Maio de 2010

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar? (2)

“A PT sempre apostou na portugalidade. Sempre apostou na portugalização dos conteúdos.” [Zeinal Bava, administrador-executivo da Portugal Telecom perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.] Constata-se (ao ver e ouvir, este e o vídeo do texto anterior) que a PT nunca apostou no fornecimento atempado das gotas… e o que se vê e ouve é este… “frituére”.

Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar?

Há dias, Francisco Louça dizia que o ex-administrador da Portugal Telecom (PT), Rui Pedro Soares, ganhava 8 vezes mais que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Muita gente deve ter ficado chocada com tal injustiça, afinal, quando Obama abre a torneira da parvoíce parece não ficar aquém do nosso “fraquinho no discernimento”. De facto, não se entende, Obama costuma gozar com 300 milhões de americanos, enquanto que o mais bem pago sócio do Futebol Clube do Porto, se fica por pouco mais de dez milhões e meio de portugueses, ainda que, com a insolência (é certo) de o fazer, por via indirecta, na cara dos deputados da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República. Mesmo assim, e admitindo que um Português valha por uns dez americanos, não me parece que se justifique a discrepância. Para quem ainda não viu, fica o vídeo de parte da intervenção de Rui Pedro Soares.

Apache, Abril de 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

A “reencarnação” de Valter Lemos

Falando à TSF, no final duma audição na Comissão de Educação da Assembleia da República, a Ministra da Educação afirmou que a nova proposta de Estatuto do Aluno, que o Governo se prepara para apresentar ao Parlamento, “não inclui a reprovação por faltas”. O que na prática significa que o Governo que há alguns meses aprovou a extensão da escolaridade obrigatória até aos 18 anos, propõe agora a eliminação do dever de frequência. Maria Isabel Vilar acrescentou ainda que a escola deverá impedir “que o aluno repetidamente falte”, o que pode ser conseguido deixando-o ao final da tarde amarrado à mesa da sala de aula ou indo buscá-lo a casa na manhã seguinte (com disse ontem, no Prós e Contras, ser prática habitual no agrupamento que dirige, a hilariante directora do Agrupamento de Escolas de Almodôvar). Há poucos dias a responsável máxima pelo sector educativo havia prometido que o novo Estatuto passaria a diferenciar as faltas justificadas das injustificadas, o que, de facto, já acontece no actual (veja-se o n.º 1 do artigo 19.º) tal como se verificava no anterior; tendo também prometido um reforço do poder dos directores, no sentido de virem a poder suspender preventivamente um aluno alvo de procedimento disciplinar, o que também está previsto tanto no actual (n.º 1 do artigo 47.º) como no anterior diploma. Cada vez que a Senhora Ministra da Educação abre a boca para a comunicação social, o anedotário nacional fica mais rico. Parabéns, senhora ministra.
Apache, Março de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os “camaradas papagaio”…

Há quem pense que a “cassete” é propriedade exclusiva da esquerda. Santa Ingenuidade. A “cassete” é típica da generalidade dos angariadores de adeptos (seja de causas políticas, religiosas, etc.) e dos vendedores (sejam eles de bens, de serviços, ou de ideias). Os camaradas papagaio (reprodutores incansáveis da “cassete”) mais mediáticos são, na sua maioria, políticos e comentadores políticos que ocupam a totalidade do espectro partidário, mas também abundam nas ciências sociais (principalmente na economia) e, pasme-se começam a proliferar que nem cogumelos nas ciências exactas. Têm uma característica comum, são (como diria a outra) “fraquinhos no discernimento” mas, apesar disso, ou talvez por isso, são muito úteis aos interesses instalados. O José Luís Sarmento, autor do blogue “As minhas leituras” traça (pela transcrição da “cassete” do “rigor salarial”) um fidelíssimo retrato de um “camarada papagaio”. “Se há perigo de inflação, é preciso conter os salários. Se há perigo de deflação, é preciso conter os salários. Se a crise é económica, é preciso conter os salários. Se a crise é financeira, é preciso conter os salários. Se não estamos em crise, é preciso aproveitar para melhorar a competitividade - e portanto conter os salários. Se o défice das contas do Estado está alto, é preciso conter os salários. Se o défice das contas do Estado está baixo, é preciso não entrar em euforia - e conter os salários, claro está. Se o desemprego está alto, é preciso encorajar as empresas a empregar mais gente - o que só se consegue contendo os salários. Se o desemprego está baixo, os salários tendem a subir - e portanto contê-los é mais necessário que nunca. Finalmente percebi. Não vale a pena perguntar em que circunstâncias é que os salários podem aumentar: a resposta politicamente responsável e tecnicamente rigorosa é que não podem aumentar em circunstâncias nenhumas.”
Apache, Fevereiro de 2009

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Quero uma licenciatura em marketing pelo instituto português da coisa!

“Eu não sei quem é esse tal Rui Pedro Soares, o boy sem cv que aos 32 anos foi alçado a administrador-executivo da PT pelo Estado, a ganhar escandalosamente mais num ano do que o meu marido ganhou em toda a vida, ao longo de 40 anos como servidor do Estado nos mais altos escalões. Socialista encartado, dizem. Será, nunca dei por ele, que eu saiba nunca sequer me cruzei com ele. Fraquinho no descernimento [julgo que pretendia escrever discernimento, uma vez que, numa versão anterior do texto escreveu “atrasado mental” onde se lê agora “fraquinho no descernimento”] é, de certeza. Porque se não quis encalacrar os socialistas, foi exactamente isso que logrou ao accionar uma providência cautelar para impedir a saída do jornal SOL com mais escutas das suas ruminações telefónicas, justamente numa semana em que os socialistas procuraram desmentir quem clamava contra a falta de liberdade da imprensa. E se investiu para abafar o jornal, a criatura também não percebeu que, ao contrário, projectava ainda mais longe a radiação solar. Com bóis [numa primeira versão do texto, em vez da palavra “bóis” estava escrito “ruminantes”] destes, para que servem ao PS os boys?”
Ana Gomes, Eurodeputada socialista, ontem, no blogue “Causa Nossa
Para quem não está a par da “estória”, Rui Pedro Barroso Soares é o licenciado em Gestão de Marketing pelo Instituto Português de Administração de Marketing e ex-candidato à liderança da Juventude Socialista, que desde 2006, por proposta da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Espírito Santo, exerce o cargo de administrador executivo da ‘holding’ do Grupo PT, auferindo o módico salário de 1373 contos por dia (2,5 milhões de euros por ano). Rui Pedro, um dos envolvidos nas escutas do processo “Face Oculta” tentou, através de uma providência cautelar (aceite pelo tribunal) impedir que a edição de hoje do “Sol” publicasse escutas envolvendo o seu nome, tendo mesmo, ao que consta, solicitado ao tribunal que fossem apreendidos todos os exemplares do jornal.
Apache, Fevereiro de 2009

domingo, 25 de outubro de 2009

E se a ignorância não legislasse?

A comentadora Maria referiu, e bem, no texto abaixo publicado, que a Portaria n.º 1226/2009, de 12 de Outubro, é extensiva aos Primatas, sem qualquer exclusão. Assim é, de facto. Lê-se na referida portaria que “é proibida a detenção de espécimes vivos”, excepto se devidamente autorizados pelo ICNB (Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade). A lista de espécimes proibidos inclui todas as espécies de primatas, [1.2 do anexo I] ordem na qual nos incluímos.
Ficam portanto, as autoridades competentes, alertadas para o facto de, desde o passado dia 13 do corrente mês de Outubro de 2009, por Portaria dos senhores Ministros do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, ser proibida, em território nacional, a detenção de humanos vivos, bem como a reprodução dos actualmente em cativeiro.
Apache, Outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A aldeia dos zelotas

Através da Portaria n.º 1226/2009, de 12 de Outubro, o Governo, proibiu a aquisição de uma série de espécies de animais, ditos selvagens, bem como a reprodução dos actualmente detidos pelos seus legítimos proprietários. É longa, a lista de animais, cuja posse é agora proibida, estendendo-se, por exemplo, dos felinos aos cetáceos, ou das avestruzes às tartarugas. Segundo se lê no texto da ridícula Portaria, “a aprovação destas medidas de proibição ou condicionamento da detenção de espécimes vivos de determinadas espécies prende-se, no essencial, com motivos relacionados com a conservação dessas espécies, com o bem-estar e a saúde desses exemplares e com a garantia da segurança, do bem-estar e da comodidade dos cidadãos em função da perigosidade, efectiva ou potencial, inerente aos espécimes de algumas espécies utilizadas como animais de companhia”. Ou seja, as pessoas escolhem para “animais de companhia” animais “potencialmente ou efectivamente perigosos” e o Governo, através de alguns dos seus iluminados membros, no caso, os Ministros do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, e da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, vem a terreiro protegê-los, enquanto em simultâneo, proibindo a sua reprodução, zela pela preservação das espécies em causa. Na prática, a portaria em causa, teria (se alguém a levasse a sério) como principal consequência “cultural popular”, o fim, a médio prazo, da utilização dos animais no circo. E como efeito social, a lenta mas persistente tendência castradora dum Estado com cada vez mais tiques totalitários. Mas sobre isto, escreveu o sociólogo Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada sexta-feira: “Infelizmente, a lei que a prazo acabará com os animais selvagens nos circos não promete acabar com os animais teoricamente racionais que a inventaram. O presidente do Instituto da Conservação da Natureza, entidade irónica num país em que a natureza é periodicamente arrasada por construtores e incendiários, justifica a medida com a saúde pública e a segurança. Ignoro quantos milhares de pessoas os macacos do “Chen” e os tigres do “Cardinali” mataram até hoje. Porém, estimo em milhões as vítimas desta senha reguladora que aos poucos procura, e aos poucos vai conseguindo, censurar-nos a comida, o tabaco, o álcool, o sedentarismo, o automóvel, o jogos, os noticiários críticos do Governo e, em suma, tudo o que ainda distingue o homem civilizado da bicharada, selvagem ou outra. Às vezes penso se os pequenos zelotas da padronização foram escolhidos para cargos públicos por serem assim ou ficaram assim depois de alcançar os cargos. A psiquiatria explicará. Para já, suspeito da primeira hipótese: além do Estado, não faltam na "sociedade civil" sujeitinhos sempre dispostos a apoiar ou instigar medidas repressivas. Veja-se, no caso dos animais, as associações do ramo. Conheço algumas e, salvo excepções dignas, nunca lhes notei a menor preocupação com o bem-estar dos bichos. Em compensação, aflige-os imenso que alguém os possa ter, gostar deles e ser retribuído. Os macacos e os tigres circenses são evidentemente um pretexto. Ou um início. A insignificância que dirige uma Associação Animal apareceu a avisar que a nova lei não basta: é urgente abolir todas as criaturas não humanas do circo. Entre parêntesis, diga-se que seria preferível abolir o dito: notoriamente, para ver palhaços não é necessário comprar bilhete e entrar numa tenda. Fora de parêntesis, sabe-se como estas coisas começam e tenho um palpite sobre como podem acabar. Nem aprecio circos, mas é possível que tarde ou cedo o Estado e os parasitas que lhe habitam as franjas estendam o instinto totalitário à privacidade dos lares. No meu, onde convivo babado com quatro rafeiros adoráveis, não lhes prometo uma recepção simpática: se se quer de facto proteger as espécies, aconselho a não deixar a dos pequenos zelotas à solta.”
Apache, Outubro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ANQ – Por cada milhão queimado, um analfabeto certificado!

A Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) foi criada para promover, coordenar e acompanhar a implementação do programa “Novas Oportunidades”. Em apenas um ano, a ANQ, Instituto Público tutelado pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e pelo Ministério da Educação, “torrou” mais de 8 milhões e 700 mil euros, em ajustes directos, a maior parte dos quais (cerca de sete milhões e meio), em acções de marketing e publicidade (tais como: criação de filmes publicitários; impressão de folhetos, produção de pastas, sacos etc.; concepção desenvolvimento e tradução do ‘site’; participação em eventos…). Note-se que a verba mencionada, não inclui (obviamente) os elevados gastos com: os vencimentos dos funcionários da agência; os formadores; as despesas de funcionamento, quer dos serviços centrais do instituto, quer dos Centros Novas Oportunidades; etc. A título de exemplo do esbanjamento incontrolado de dinheiros públicos, veja-se a encomenda ao ex-ministro da educação, Roberto Carneiro (da Universidade Católica), de uma avaliação externa do “Novas Oportunidades”, que custou 297 900 euros (60 mil contos). Quase simultaneamente a outro (encomendado à ESE de Coimbra) sobre o impacto do aumento das qualificações dos adultos no sucesso escolar das crianças, no valor de 199 500 euros (40 mil contos). [Para confirmar todas as verbas gastas pela ANQ em ajustes directos, basta entrar na base de dados dos ajustes directos, digitar o NIF da entidade adjudicante – 508208327 – e clicar em pesquisar.] Com a iniciativa, “Novas Oportunidades”, sem acrescentar conhecimentos significativos aos formados, o estado gasta anualmente largas centenas de milhões de euros, para passar certificados de habilitações, a quem, na generalidade, não possui conhecimentos ou competências que o justifiquem minimamente.
Apache, Setembro de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009

O alter-ego do “inginheiro”

Carolina Patrocínio, a jovem modelo e apresentadora da SIC, é a mandatária do PS para a juventude. Há dias, num programa da RTP que o vídeo abaixo documenta, disse: “Odeio perder. Prefiro fazer batota, a perder. Gosto de dar nas vistas (no bom sentido). Gosto que reparem. Gosto de ser notada, não gosto de passar despercebida.” E mais adiante: “Odeio os caroços das frutas. Só como cerejas quando a minha empregada tira os caroços para mim. Não como fruta se tiver que descascar. E uvas sem grainha.” São afirmações, ainda que ridículas, desvalorizáveis pela "infantilidade" dos 22 anos da Carolina e pelos mimos que a família (abastada) não parece ter sabido dosear. O que é curioso nesta “estória” é que, com declarações deste tipo, Carolina Patrocínio passa de si, a imagem que temos do “artista” de Vilar de Maçada. Acidentalmente, ou não, o “inginheiro” acaba de descobrir o seu alter-ego.

Apache, Agosto de 2009