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domingo, 10 de outubro de 2010

A maravilha certificadora queima milhões em publicidade

Há sensivelmente um ano, tinha alertado para o facto de a Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) criada para promover, coordenar e acompanhar a implementação do Programa Novas Oportunidades estar a gastar rios de dinheiro em publicidade. Agora, volvido mais um ano, e quando os governantes insistem em propagar a alegada crise e cortam a torto e a direito naquilo que na sua debilidade de discernimento são os privilégios da classe média, não é demais lembrar que em pouco mais de dois anos, a ANQ queimou mais de 13,6 milhões de euros (quase todos) em publicidade [Fonte: base de dados de ajustes directos] a uma iniciativa que pouco mais é que a passagem de certificados de competências a quem tem conhecimentos quase nulos na generalidade das matérias académicas.
Apache, Outubro de 2010

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

“O mistério dos 400 milhões de euros desaparecidos”

“Tornou-se um falso dado adquirido na coreografia retórica em torno do défice, do aumento da despesa pública e daqueles a quem é útil apontar o dedo como causa da desgraça fabricada por incompetente governação. Embora o valor possa ter tido origem na máquina comunicacional do governo, rapidamente foi adoptado como bom por ‘experts’ da oposição para fazer passar a mensagem: o acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos de professores foi desastroso para as finanças públicas porque acarretou um encargo adicional de 400 milhões de euros. A falsidade é de tal maneira evidente, e desmontá-la é tão óbvio, que é trágico como consegue continuar a ser reproduzida, desde gente que demonstra a sua incapacidade técnica ou então a sua extrema credulidade, isto para não falar em outros casos que já raiam o foro do delírio patológico. Comecemos pelos números. De acordo com os números mais recentes, existirão cerca de 115 000 professores nos quadros do ME. Segundo quem diz que sabe, o acordo feito em Janeiro (atenção que o acordo foi para o ECD, nem sequer foi directamente sobre o modelo de avaliação, sendo que a estrutura da carreira impede progressões automáticas em dois níveis) teria implicado o tal encargo suplementar de 400 milhões de euros. Não vou prender-me sequer com a demonstração, ao nível micro, da falsidade da alegada progressão automática de todos os docentes. Vou apenas pela tentativa de desmontagem dos números. Mesmo que todos os professores tivessem progredido em função do acordo - o que já de si é totalmente falso -, cada professor teria direito a receber mais 3500 euros este ano, o que implicaria um acréscimo bruto de 250 euros mensais. Consultando qualquer tabela salarial percebe-se que a maioria das transições acontece abaixo dos 200 euros e algumas rondam apenas os 100 euros ilíquidos. Logo, gostaria de saber que contas foram feitas, pois a generalidade dos professores que subiram de escalão o fez por ter completado mais do que o tempo suficiente para transitar e outros que ainda nem progrediram, sendo que isso já estava previsto no OE para 2010. Mas há ainda a cronologia. E essa ainda é mais gritante na forma como desmente o que é afirmado. O acordo ME/sindicatos foi assinado em Janeiro de 2010. Quando PS e PSD acordaram o pacote de austeridade em Maio já se sabia qual o efeito desse acordo, que directamente era quase irrelevante, pois, como referi atrás, as progressões em virtude da avaliação de 2007-09 já estavam previstas no OE e as decorrentes da apreciação curricular intermédia são uma minoria. Logo, qualquer derrapagem entre Maio e Setembro não pode ser assacada a qualquer acordo com os professores, mas a uma de duas hipóteses principais: mistificação voluntária dos números em Maio ou pura incompetência técnica da equipa das Finanças. É como a história dos submarinos... já se sabe há muito o que custam. Qualquer derrapagem da despesa pública desde Maio, cuja origem o Governo não desvenda, não pode de modo algum ser atirada para as costas largas dos professores, por ser absolutamente inverosímil. Que o Governo, o maior partido da oposição e a miríade de opinadores e especialistas-satélite se prestem a repetir essa falsidade em público é uma absoluta vergonha. O que está em causa é que desde final de 2009, quando o PSD apoiou o Governo na não suspensão do modelo de avaliação, as progressões suspensas desde 2005 tinham de ser desbloqueadas para os professores avaliados e em condições há muito para progredir. E isso é anterior a qualquer acordo. Era bom que todos, sindicatos incluídos, o declarassem, a bem da verdade dos factos.”
Paulo Guinote, Professor do 2.º CEB, Doutorado em História da Educação, no “Público” da passada terça-feira

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O execrado

“Fora a gente sem nome que fez do PS um modo de vida, não há ninguém na política ou no jornalismo que se atreva a justificar o primeiro-ministro, José Sócrates. Não me lembro - excepto em ditadura - de nenhum homem público tão profundamente execrado. O desprezo e a hostilidade variam de tom e pretexto, mas Sócrates conseguiu unir Portugal inteiro contra ele. E não só por causa do PEC III, que infalivelmente nos levará à miséria (embora isso também conte). O que o cidadão comum detesta é a pessoa: a pessoa que ele exibe no Parlamento e no país. (...)”
Vasco Pulido Valente, no “Público” de ontem

domingo, 3 de outubro de 2010

Mais um seguidor do inimputável rosa

Depois de Sócrates ter anunciado (através do PEC III) mais um roubo às classes média e baixa, com ênfase nos funcionários públicos, o actual presidente da CIP, António Saraiva, ex-trabalhador da Lisnave e ex-sindicalista da UGT, aproveitou para mostrar de que é feito um oportunista sem escrúpulos, dizendo que em relação ao privado, "nalguns sectores de actividade expostos à concorrência internacional, deveriam produzir-se alguns cortes salariais". Claro que de gente com duas caras (como o feijão frade) se espera quase tudo, o que por vezes surge inesperadamente é esta distinta lata de vir a público, com o ar mais inimputável deste mundo, defender o incumprimento do Código do Trabalho.
Apache, Outubro de 2010

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Taras e manias (3)

Ernâni Lopes, ex-ministro das finanças, acha que a solução para a crise que ele e os amigos ajudaram a forjar, passa por reduzir em 15 a 20% os ordenados da função pública. Esta é a mesma ave-rara que em 2005 defendeu a redução de um terço dos funcionários públicos, no 3º país com menos funcionários públicos da União Europeia. É curioso que pela cabecinha dos nossos actuais e antigos dirigentes políticos, a redução da despesa não passe por cortar nos brinquedos caros (e absolutamente desnecessários) dos governantes, como o TGV ou o Novo Aeroporto de Lisboa, não passe sequer por reduzir o número e os vencimentos obscenos dos “fraquinhos no discernimento” (Rui Pedro, Zeinal, Mexia e outros) que o Governo coloca à frente de empresas com capitais parcialmente públicos, sanguessugas maiores do regime. É igualmente curioso que não se lembre de reduzir as despesas do Estado fiscalizando quem parasita em torno dos subsídios sem deles ter efectiva necessidade; que não se lembrem de parar com os milhões esbanjados em fetiches como o Plano Tecnológico e as obras da Parque Escolar (em muitos casos, desnecessárias). É ainda curioso que (quase) ninguém se lembre de pôr fim aos subsídios escandalosos às energias (ditas) alternativas (como a solar, a eólica ou a maré-motriz) várias vezes mais caras que as energias convencionais e que sobrevivem apenas graças ao milhões que o Estado lá enterra. É em suma curioso que pela cabecinha dos sem-escrúpulos que nos conduziram à actual situação financeira não passe a redução do número de fogueiras de vaidades onde é imolado o dinheiro dos contribuintes, antes se perpetue a obsessão com os parcos vencimentos dos funcionários públicos. O povo costuma dizer que cada maluco tem a sua mania, mas as taras obsessivo-compulsivas e persecutórias de actuais e ex-governantes vem adquirindo contornos que cada vez se tornam menos suportáveis.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dom Cavacus…

Susana Salvador, do Diário de Notícias, andou a fazer contas ao custo de algumas chefias de estado e chegou a alguns valores interessantes: a casa real espanhola teve (em 2009) um orçamento anual de 8,9 milhões de euros; a casa real sueca custou (em 2006) 5,13 milhões de euros; a presidência da república portuguesa tem (para 2010) um orçamento de 20,7 milhões de euros. Consta que o Bolo-rei está muito caro, em Belém.
Apache, Junho de 2009

sábado, 15 de maio de 2010

A recessão sou eu!

No “Expresso” de hoje lê-se que o “medo da recessão obrigou Sócrates a alterar acordo.” A notícia refere-se ao facto de Sócrates não ter aumentado o IRC às PME´s, pelo menos àquelas cuja facturação não exceda os dois milhões de euros por ano. O título da notícia não deixa, no entanto, de ser manhoso, isto porque dá a ideia de que as medidas agora tomadas pelo Governo, com a bênção do “fraquinho no discernimento” que lidera o PSD são necessárias para impedir a recessão, quando na realidade elas são fundamentais para manter viva a chama da recessão. Julgo que o título mais correcto seria: medo da perda de medo da recessão obrigou Sócrates a tomar medidas que conduzam a essa mesma recessão. Senão vejamos, a recessão caracteriza-se por uma: redução dos salários, redução do consumo, redução da produção, redução do crescimento económico. Ora, no último trimestre, o PIB, segundo números provisórios, divulgados esta semana pelo INE, subiu 1%, significando que a recessão técnica (dois trimestres seguidos de decréscimo do PIB) estava (para já) afastada. Ao aperceber-se disso, o Governo (com a cumplicidade do maior partido da oposição) decide aumentar o imposto sobre o trabalho (IRS) e sobre o consumo (IVA). Com menos dinheiro disponível para comprar e produtos mais caros, o consumo reduz-se e o excedente faz diminuir a produção. Considerando ainda o aumento do IRC, a tendência será a das empresas despedirem mais trabalhadores e o crescimento económico cair a pique. Em termos mitológicos estamos a assistir à criação artificial (por imposição legal) do papão recessão. Em termos práticos, apenas a mais uma tentativa de destruição da já débil economia nacional.
Apache, Maio de 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

“O PEC peca por parco”

"É irónico que os problemas económicos possam ser responsáveis pelas maiores desigualdades sociais mas que a economia, enquanto ciência, seja tão igualitária. Alguns dos maiores especialistas em economia previram tanto como eu o aparecimento da crise. A economia tem essa característica fascinante: por muito que alguém se dedique a estudá-la, aparentemente continua a ser um leigo. Um grande administrador tem tanta dificuldade em evitar a calamitosa falência de um banco como um merceeiro versado apenas em contas de somar. Por isso, é com a consciência invulgarmente tranquila que me dedico à análise económica: na pior das hipóteses, os meus comentários farão tão pouco sentido como os de um professor de economia. Quando o governo propôs o Programa de Estabilidade e Crescimento, a minha primeira impressão foi a de que o PEC tinha um E a mais. Duvido de que a nossa economia precise da ajuda de um programa para estabilizar, uma vez que se encontra estável (no sentido em que um paciente em estado comatoso se mantém estável) há muitos anos. As críticas de alguma oposição parecem-me ainda menos pertinentes. É falso que o Programa de Estabilidade e Crescimento obrigue uma parte significativa dos portugueses a apertar o cinto. E é falso sobretudo na medida em que aquilo que os portugueses têm à cintura já não é um cinto há algum tempo: é um garrote. O que vai ser preciso apertar agora é o garrote. O grande raciocínio que sustenta a actual estratégia económica é importado da caça: o importante é não afugentar. Não convém taxar os lucros dos bancos e das grandes empresas para não afugentar o investimento. É desaconselhável taxar as transacções da bolsa para não afugentar o capital. Quem sobra? Os trabalhadores - que, além de serem muitos, são gente que não se deixa afugentar, porque precisa mesmo do emprego. Um trabalhador por conta de outrem trabalha, na verdade, por conta de dois, digamos, outrens: por conta do empregador e por conta do Estado. São os trabalhadores, e não as empresas e os bancos, os grandes "criadores de riqueza". Criam a riqueza dos patrões e a do Estado, que depois toma essa parte da riqueza e a devolve às empresas e aos bancos, sob a forma de nacionalização do que der prejuízo e privatização do que der lucro. Nota-se muito que estou a assobiar a Internacional enquanto escrevo isto? A política fiscal é igualmente clara: as pessoas que ganham menos do que eu pagam menos impostos do que eu; a generalidade das que ganham mais também paga menos impostos do que eu. O governo alega que irá aumentar a taxa de impostos a quem ganha mais de 150 mil euros por ano, o que seria uma excelente medida, mas não é exactamente verdadeiro. O governo vai aumentar a taxa de impostos a quem declara mais de 150 mil euros por ano, o que é ligeiramente diferente. Não há assim tantos contribuintes nessas condições. Resta a consolação de constatar que o congelamento dos salários dos funcionários públicos não é uma medida assim tão áspera. Os salários, a bem dizer, têm estado no frigorífico. Não vão propriamente sofrer um choque térmico."
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” do passado dia 11

terça-feira, 9 de março de 2010

Era para escolher?

Citando a “Lusa”, o “Diário de Notícias” de ontem informa que os prejuízos causados recentemente pelo mau tempo (que ascendem a mil e quinhentos milhões de euros) quase davam para pagar a terceira ponte sobre o Tejo, orçada (segundo a notícia) em mil e setecentos milhões de euros. Muitos argumentos se poderiam esgrimir sobre a utilidade e os custos dessa infra-estrutura, mas não é esta a discussão que nos propõem. O que nos apresentam é algo diferente, com o qual os mais distraídos nem sonhavam: a possibilidade de optarmos por um temporal ou uma ponte nova. Ok, para a próxima já sei o que escolher. E a velhota do 3º esquerdo, com quem me cruzei à hora do almoço, também. Manda dizer que está disposta a trocar a próxima chuvada por dois pares de cuecas novas e uma peúgas mais quentinhas.
Apache, Março de 2010

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Olívia costureira versus Olívia patroa

Não sei se ainda recordam a célebre rábula interpretada por Ivone Silva. Mas sei que a paródia à pequena empresária e sindicalista (quem diz empresária diz governante) se tem transformado, por artes mágicas da política à portuguesa, em sucessivos casos reais. Seguem (apenas) alguns dos casos mais mediáticos… Há 4 anos, uma das ex-fundadoras do Sindicato de professores do Norte (SPN), a educadora de infância Margarida Moreira era nomeada Directora Regional de Educação do Norte, tendo o seu mandato (que terminou com o de Maria de Lurdes Rodrigues) ficado célebre (entre outras idiotices) pelos textos dos seus despachos. O Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, um dos braços direitos de Lurdes Rodrigues, foi dirigente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SneSup). A actual Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Maria Helena André, foi dirigente sindical, tendo ocupado o cargo de Secretária-Geral Adjunta da Confederação Europeia de Sindicatos. No entanto, o caso mais obtuso é provavelmente o de António Saraiva, que no passado dia 7 foi eleito Presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP). Natural de Ervidel, uma pequena aldeia alentejana, António Saraiva arranjou emprego na Lisnave (nos anos setenta) tendo-se destacado na liderança da Comissão de Trabalhadores da empresa, de onde viria a sair para estudar engenharia mecânica no Instituto Superior Técnico. Curso que nunca completaria. Em 1987 regressou à empresa, agora como director comercial. Pouco tempo depois ingressou na Metalúrgica Luso-Italiana (conhecida sobretudo pela sua marca de torneiras Zenite) tendo-se tornado rapidamente administrador-delegado. Dez anos após a chegada à empresa, António Saraiva já era o seu único proprietário. Pouco tempo depois de se ter assumido como empresário liderou a Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins, de Portugal, que lhe abriu as portas para a direcção da CIP. Desde 2002 ocupava o cargo de vice-presidente desta confederação. Agora, com o término de mandato de Francisco Van Zeller, António Saraiva foi eleito em lista única, por consensual proposta da direcção, para o cargo de “patrão dos patrões” do qual tomará posse no próximo dia 21. P.S. A quem pretender recordar o “sketch” acima mencionado, Olívia costureira/Olívia patroa (com recomendação de especial cuidado com todos os feijões-frades deste país) deixo o vídeo do dito.

Apache, Janeiro de 2010

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Ursos"

Ainda que se trate de um artigo recente, já vários blogues o replicaram. No entanto, pela coragem do autor (não só pelas afirmações, ‘per se’ relevantes, mas também pela assunção pública da dependência profissional dos subsídios estatais) bem como da direcção do jornal (que autorizou a publicação), entendo não ser demais deixar, também aqui, a versão integral do artigo que o Investigador Universitário, Fernando Gabriel, publicou no “Diário Económico” da passada quarta-feira. “Ao longo das próximas semanas é possível que o número de ursos nos telejornais seja francamente superior à média. Serão provavelmente ursos polares, acompanhados por uma colecção de ameaças apocalípticas: extinção de espécies, desaparecimento de neve nos glaciares e nos cumes das montanhas, secas, inundações. Tudo, claro, a acontecer a um ritmo "muito mais rápido do que se supunha" e tudo por causa do aquecimento global. Aproxima-se a cimeira de Copenhaga e o derradeiro esforço de propaganda do gigantesco ‘lobby' ambientalista está em marcha. O objectivo é forçar os governantes ocidentais a comprometerem-se com um conjunto de medidas cujos efeitos previsíveis são uma catástrofe económica auto-infligida sem precedente histórico. Para cooperarem com a demência ambientalista, países como a China e a Índia exigem cerca de 300 mil milhões de dólares por ano, um montante equivalente a 1% do PIB das economias mais desenvolvidas. Em cima deste suborno de proporções épicas ainda há que pagar o "preço" da cooperação africana - 267 mil milhões de dólares ano, e das economias sul-americanas - mais umas modestas centenas de milhares de milhões. Um estudo do instituto Open Society calculou que as políticas ambientais da UE implicariam um custo total anual de 102 mil milhões de dólares até 2020. O custo do programa americano de direitos de emissão de poluição em apreciação no Senado equivale a um imposto anual mínimo de 1600 dólares por família americana e mesmo que obtivesse a redução prevista nas emissões americanas de CO2 teria um impacte nas emissões globais inferior a 4% e portanto um efeito negligenciável. Imperturbáveis pelo abismo económico à frente dos pés, os puritanos ecológicos seguem firmes na convicção de que o martírio é o caminho para a salvação - a reconversão "sustentável" da economia ocidental, que trará consigo mel, morangos e milhões de novos empregos. Obama já prometeu 5 milhões de empregos "verdes", mas em matéria de delírio ambientalista, Zapatero há muito que saiu disparado das ‘boxes' e o exemplo espanhol é elucidativo: desde 2000, cada emprego subsidiado nos sectores ditos ambientais implicou a perda de 2,2 empregos nos restantes sectores da economia. O novo livro de Christopher Booker, The Real Global Warming Disaster (Londres, 2009) faz a crónica da longa caminhada que trouxe o ocidente até este ponto de suicídio económico. É uma história de receios apocalípticos, com origem no Clube de Roma, onde a ideia de utilização do "ambientalismo" como um instrumento para a criação de um governo mundial começou a ganhar forma. É uma história de abastardamento e politização da ciência através de um sistema de incentivos financeiros tragicamente errado; de manipulações, mentiras, e silenciamentos em nome de um "consenso" falso e falsificado, que é e será mantido porque gerou uma enorme massa crítica de interesses financeiros, intelectuais e políticos que dele dependem. A imposição desta teleologia milenarista não é só indesejável: é imoral e necessita de ser contrariada por todos os meios.”
Apache, Novembro de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O défice público ascende a 6,7% do PIB

O “Correio da Manhã”, do passado dia 22 de Setembro, anunciava que o défice público se situa "neste momento" em 8 712 milhões de euros (e agrava-se a cada dia que passa em 36 milhões de euros). Tal valor, corresponde a 6,7% do PIB. [Os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (Julho de 2008 a Junho de 2009) apontam o valor do Produto Interno Bruto Nacional para os 129,3 mil milhões de euros.] Não sei se se recordam, mas em 2005 (ano em que o senhor “inginheiro” chegou a Primeiro-Ministro) Bruxelas validou um défice nacional de 6% do PIB. Pelo que, 4 anos depois, após o fecho de escolas e maternidades, o congelamento de salários da função pública, o aumento de impostos e, vários outros mimos, sistematicamente justificados pela necessidade de combater o défice, o melhor que este governo conseguiu fazer foi agravá-lo em 0,7%. Vamos ter calma que eles talvez ainda consigam… fazer pior.
Apache, Outubro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Há jornalistas e jornalistas… (obviamente!)

Em texto anterior, tinha criticado o silêncio cúmplice da Ordem dos Médicos, que contrariamente aos seus homólogos espanhóis, permitem que governantes e comunicação social propaguem um alarmismo absolutamente injustificável em torno do vírus H1N1 (agora, vulgarmente designado de gripe A). Também a ausência de espírito crítico (nesta como noutras matérias) por parte da generalidade da comunicação social, tem sido por mim lamentada. É, por isso, de elementar justiça, destacar a excelente reportagem que a TVI apresentou no “Jornal Nacional” do passado dia 7, que levanta parte do véu alarmista que esconde importantes interesses económicos. Valorize-se também as declarações (honestas, ainda que muito defensivas) do Dr. Fernando Maltês, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral. Já agora, aproveito para agradecer ao Diogo, do blogue “Um homem das cidades” o ‘post’ que permitiu o surripio deste vídeo.

Apache, Setembro de 2009

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Estará o PS a trabalhar para a maioria absoluta… do PSD?

No último debate parlamentar antes das férias, Manuel Pinho, à hora, Ministro da Economia dirigia-se aos deputados nos moldes que a imagem documenta. Portugal, a mais velha nação da Europa e historicamente uma das mais prestigiadas nações do mundo, não pode continuar a dar-se ao luxo de ter, há vários anos a esta parte, nos mais altos cargos da nação, gentinha sem competência, sem educação, sem cultura e sem o mínimo sentido de estado. Se os principais partidos políticos querem reocupar alguma credibilidade junto da opinião pública, além de uma imperiosa alteração de políticas, têm de parar de arregimentar nas suas fileiras a borra da nossa sociedade.
Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Teixeira dos Santos, o cómico

O Estado privatizou o BPN mas não injectou dinheiro nele, a Caixa Geral de Depósitos, sim! Será que sou eu o principal accionista da Caixa?
Serão os sistemas de supervisão capazes de detectar situações de fraude deliberadamente montadas para as autoridades descobrirem?
Apache, Junho de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

O caixeiro-viajante (2)

O “Público” da passada quarta-feira noticiou que nos primeiros três meses de 2009, a JP Sá Couto (a empresa que monta e distribui o portátil “Magalhães”) vendeu 212 mil computadores portáteis, o que equivale a mais 206 mil que em igual período do ano anterior. Estes números correspondem a uma aumento de vendas de mais de 3 300%. Quem pensava que Sócrates era a personificação do olhar das Górgonas, desengane-se, porque ele encontrou finalmente a sua vocação, é seguramente um dos caixeiros-viajantes mais bem sucedidos do momento. O mamífero até é capaz de vender frigoríficos a esquimós.
Apache, Maio de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

A crise a que a crise chegou (3)

No passado dia 30 de Janeiro, a Chevron anunciou que os lucros de 2008 foram 28% mais elevados que em 2007, ascendendo a 23,93 mil milhões de dólares. No mesmo dia a holandesa Shell, no balanço de 2008, apresentava lucros de 31,37 mil milhões de dólares, a que corresponde um aumento de 14% face ao ano transacto. Ainda nesse dia, a Exxon Mobil apresentava também o seu relatório e contas, referente a 2008, declarando que batera o seu próprio recorde de empresa mais lucrativa do mundo, com ganhos líquidos de 45,22 mil milhões de dólares (11,4% acima de 2007). A 3 de Fevereiro coube à BP apresentar as contas de 2008. Do relatório anual destacam-se dois factos: o primeiro, o aumento de 39% nos lucros, que ascenderam a 25,59 mil milhões de dólares; o segundo, o despedimento (em 2008) de 3 mil trabalhadores, que justificam com a crise económica global, prevendo que em 2009 sejam obrigados a despedir (pelo menos) mais 5 mil funcionários. Em conjunto, estas 4 empresas lucraram, à taxa de hoje, 98,63 mil milhões de euros. A crise segue dentro de momentos, numa televisão perto de si.
Apache, Março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

A crise a que a crise chegou (2)

Porque o prometido é devido, aqui ficam os nomes de duas empresas afectadas pela crise petrolífera, económica, ambiental, internacional, etc. e tal... Foram quebras colossais nos preços do petróleo, investimentos hercúleos em energias renováveis para salvação do planeta e muitas mais tormentas. Não fosse a excelência dos seus gestores e hoje lamentaríamos os resultados. No entanto, há por aí umas más-línguas a dizer que estes lucros se devem à monopolização do mercado, à especulação de preços, aos subsídios do governo, etc. Ok, o preço do petróleo, em euros, atingiu mínimos históricos e os combustíveis em Portugal (na sua quase totalidade produzidos nas refinarias da Galp) permanecem dos mais altos da Europa mas é para as pessoas dosearem o consumo reduzindo as emissões de dióxido de carbono. Sim, a EDP pagou 18,9% de IRS em vez dos 25% do comum mortal, mas foi um incentivo ao investimento em energias alternativas. Pois, é verdade que eles cobraram a electricidade 16,4% acima da média europeia e o gás 41,2% acima, mas reafirmo que há que pensar na salvação do planeta e desincentivar o consumo excessivo. Claro que o número de trabalhadores foi reduzido, dos 13 097 (em 2007) passou-se para 12 245 (em 2008), mas isso deveu-se ao facto de se ter optado por dar a estes trabalhadores a possibilidade de procurarem um emprego mais bem remunerado noutra empresa, que os gestores da EDP querem o melhor para os seus funcionários. Deixemo-nos de maledicências e orgulhemo-nos então, destas duas empresas do sector energético que tanto nos honram com estes lucros (conjuntos) simpáticos, de quase 3 mil euros por minuto.
Apache, Março de 2009

sábado, 7 de março de 2009

A crise a que a crise chegou

A crise parece ser como o Sol, quando nasce é para todos, mas só alguns apanham escaldões. A tabela abaixo mostra os lucros (no ano transacto) dos cinco maiores bancos portugueses. À excepção do Santander Totta, cujos lucros aumentaram ligeiramente (1,5%) face a 2007, todos os outros viram os seus ganhos cair significativamente comparativamente ao ano anterior. No seu conjunto, as quedas ascendem a 40%. Contudo, não vale a pena ficarem com esse ar sisudo e triste, amanhã coloco aqui os nomes de duas empresas portuguesas (ou quase) que conseguiram resultados melhores que no ano anterior. Quanto à banca, não se preocupem muito, pois pode, se necessitar, socorrer-se das garantias do estado para superar estas dificuldades, evidenciadas pelos lucros miserabilistas destas cinco instituições de crédito, que em 2008 não foram além dos cinquenta e quatro euros e oitenta e sete cêntimos… por segundo!

Apache, Março de 2009

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A Enron e a máquina por trás de Quioto

“Um dos advogados da Enron (gigante americana do sector da electricidade, gás natural e comunicações que faliu fraudulentamente em finais de 2001), Christopher Horner, publicou recentemente um livro (Red Hot Lies) onde revela detalhes sórdidos sobre o assunto. Christopher foi contratado para director de relações com o governo. Tinha como missão pôr de pé um tratado internacional contra o aquecimento climático. Aos primeiros contactos com especialistas, começou a aperceber-se e fê-lo notar aos seus superiores, que um plano dessa natureza tinha um suporte científico muito débil, que esse plano já tinha despertado o interesse de outros grandes grupos financeiros, mineiros e petrolíferos e, que o negócio lhe parecia assemelhar-se muito com a “Lei Seca” dos anos 20 e com os chorudos lucros dos contrabandistas de álcool. Disseram-lhe que não foi contratado para emitir opinião mas para trabalhar na encomenda. A Enron era a proprietária e a operadora de uma rede de gasodutos e pretendia com este tratado eliminar a concorrência das empresas extractoras de carvão. Tudo se baseava num sistema de créditos e penalizações sobre as emissões anuais de dióxido de carbono. A Enron estaria no centro do comércio de direitos e certificados de emissão. Para isso recrutou, como primeiro consultor, James Hansen do GISS, da NASA. Tinha sido este astrónomo quem impulsionara a fobia do aquecimento global em 1988, com o seu discurso vago mas grandiloquente perante o congresso americano. Amiúde, Hansen repete declarações apocalípticas sobre o aquecimento global, principalmente depois de ter falsificado os valores obtidos pelos satélites, que nos últimos 10 anos indicaram um arrefecimento do planeta. O segundo recrutado foi Al Gore que deveria (como bom actor) encarregar-se de difundir o alarmismo. Os filantropos da Enron não olharam a meios para comprar a boa vontade de outros políticos e fazedores de opinião. Só em apoios a grupos ecologistas, para venderem a ideia, foram pagos, no final dos anos 90, cerca de 1,5 milhões de dólares. A invenção prometia chorudos dividendos. Confiante na sua estratégia, após a assinatura do Protocolo de Quioto, a Enron comprou à General Electric, a GE Wind, que era na altura a maior eólica do mundo e, conjuntamente com a BP-Amoco tornou-se proprietária das maiores centrais solares. Em 2000, a Enron (que empregava 21 mil pessoas) facturou 101 mil milhões de dólares. Mas o lobby do carvão e alguns senadores com importantes negócios deram-se conta da gigantesca marosca, tendo a Enron perdido o negócio dos certificados de emissão. Em 2001, envolta em monumentais dívidas, a Enron declarou-se falida, arrastando consigo a consultora Arthur Andersen, a empresa de auditoria que tinha ajudado a esconder as dívidas. Mas, uma ideia genial como a do negócio dos certificados de emissão de dióxido de carbono não podia morrer. Ela, além de permitir turismo pago com o dinheiro dos contribuintes, a alegados peritos (e a inúmeros políticos e homens de negócios) entre o Rio de Janeiro, Quioto, Buenos Aires, Bali, Poznan e o mais que futuramente se verá, permite sobretudo arrecadar enormes fortunas a uns quantos oportunistas, cujo único mérito (e há que o reconhecer) foi impor a políticos, banqueiros e, imagine-se professores, um arrazoado de colossais asneiras de que se rirão as futuras gerações. Esperemos que o arrefecimento que se tem feito sentir, permita aos nossos governantes canalizar o nosso dinheiro para algo mais útil que encher os bolsos a mercenários de certificados de aparente boa conduta.” [Tradução minha]
Pierre Lutgen, Doutorado em Química
Luxemburgo, 11 de Dezembro de 2008