segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fotografias famosas, manipuladas - Turista no World Trade Center

Vários avanços tecnológicos conseguidos nos últimos 150 anos mudaram radicalmente o nosso mundo. Um deles, foi a invenção da máquina fotográfica. Não é em vão que passados tantos anos do surgimento das primeiras imagens, inicialmente estáticas e depois animadas, ainda hoje usamos a máxima – “uma imagem vale mais que mil palavras”. A popularidade das imagens foi tão evidente desde o seu aparecimento que cedo se percebeu da importância da sua manipulação. No início esta estava reservada a especialistas, mas hoje em dia com o fácil acesso a software próprio para o efeito, qualquer entusiasta da imagem consegue melhores ou piores manipulações. No entanto, as mais famosas imagens manipuladas são quase obras de arte, possíveis de obter, apenas por alguns. Começo este tema com uma imagem que circula por mail, que alegadamente teria sido encontrada numa câmara achada nos destroços do World Trade Center. A imagem tornou-se famosa por ganhar o concurso “Best 9/11 Photoshopped Picture”.

É evidente a inclusão do avião numa imagem de um dos muitos turistas que diariamente visitavam o terraço da Torre Sul do complexo. Mas para quem não reparou na manipulação, deixo três evidências. 1- O primeiro ataque deu-se na Torre Norte, portanto, tendo a foto sido obtida no terraço da Torre Sul deveria ser visível o fumo oriundo da outra torre. 2- Um avião (ou qualquer outro objecto) a deslocar-se a uma velocidade de mais de 800 km/h não é captado de forma tão nítida por uma câmara fotográfica vulgar. 3- Era impossível uma pose tão tranquila por parte do visitante, com o ruído ensurdecedor do avião (o som é mais rápido que um “Boeing”) sendo também impossível uma foto não tremida, com a vibração do prédio, provocada pelo arrasto aerodinâmico do “jacto” já tão próximo do edifício.

Apache, Junho de 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Obama, "O Profeta"

“I am absolutely certain that generations from now, we will be able to look back and tell our children that this was the moment when we began to provide care for the sick and good jobs to the jobless; this was the moment when the rise of the oceans began to slow and our planet began to heal.”
Barack Obama - Saint Paul (Minnesota), após a sua vitória nas eleições primárias do Partido Democrata.
Não me espanta que alguém consiga dizer isto em público sem se rir. Não me surpreende que uma comunicação social sem escrúpulos tenha reproduzido as palavras do dito cujo como se elas fossem providas de conteúdo. Não me admira que essa enorme massa de gente anónima, analfabeta e nanocéfala, que orbita em torno deste circo eleitoral americano o tenha aplaudido histericamente. O que (ainda) me choca é que ele não tenha sido imediatamente internado para uma cura de desintoxicação.
Apache, Junho de 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Para ler e pensar…

“A observação de relações causa-efeito fornece a primeira estrutura explicativa deste universo. Se largarmos a pedra da mão, ela cai. Mas em relação a muitos fenómenos não descortinamos a causa do efeito observado; então, a humanidade descobriu algo importante: o Período! O dia segue-se à noite, as cheias dos rios repetem-se anualmente, as posições dos astros nos céus repetem-se com períodos diferentes para os diferentes astros errantes. Todo o Universo parecia determinado por períodos. Conhecer o Universo seria então uma questão de determinar os seus períodos. Que se mediam com o grande relógio da antiguidade, o único relógio de grandes períodos, a posição dos astros no céu. A Astrologia não nasce na crença de que os astros determinam as características dos humanos e os acontecimentos das suas vidas, mas na crença de que ambos obedecem a períodos, medidos pelas posições relativas dos astros. Mas começou-se a verificar que conhecer os períodos não é suficiente. Eis que a Matemática surge com um novo recurso: a Equação! Estabelecer a equação que satisfaz os dados das observações permitiria determinar as novas ocorrências. Nascem então os modelos matemáticos. A relação causa-efeito passa a um papel secundário. O paradigma dos modelos matemáticos é o modelo de Ptolomeu – um modelo matemático dos dados das observações. Este era um modelo poderoso. A precisão dos seus resultados suplantava o modelo de Copérnico. Não era evidentemente um modelo «lógico», não estava construído sobre relações causa-efeito, isso nada interessa aos matemáticos, cuja "alta capacidade de abstracção os liberta dessa necessidade própria das mentes simples". Só têm uma limitação os modelos matemáticos. O modelo de Ptolomeu durou 15 séculos mas, se dependesse apenas dos matemáticos, poderia durar 150 séculos. Porque um modelo matemático é um mero exercício de ajustar equações a dados tal e qual eles são obtidos pela observação. Como não se preocupa com relações causa-efeito, não pode dar o salto que vai do modelo de Ptolomeu para o de Copérnico. Poderemos pensar que não tem de ser assim, se a Matemática se preocupasse em encontrar o modelo com o número mínimo de parâmetros, já poderia dar esse salto. Mas que metodologia pode guiar o matemático nessa procura? Os modelos matemáticos são úteis, como o de Ptolomeu o foi; permitem alcançar resultados para além do que as relações causa-efeito que conhecemos num dado momento permitem; mas temos de perceber a sua grande limitação e estar conscientes de que apenas modelos fenomenológicos, ou seja, completamente determinado por relações causa-efeito, nos permitem previsões com segurança elevada. O problema é que é muito mais difícil estabelecer um modelo fenomenológico, como o de Newton, do que um modelo matemático, como o Ptolomeu. Embora o modelo fenomenológico seja muito mais simples – na realidade, este é um modelo “que até pode ser explicado às crianças”, pois estas podem compreender as relações causa-efeito. Mas a linha de investigação que pode levar a eles é que não deve ser abandonada, como tem sido, devido à crença cega nas capacidades dos modelos matemáticos. O facilitismo de recorrer aos modelos matemáticos tem vindo a alastrar a todos os ramos do conhecimento. Por exemplo, uma Economia baseada em modelos matemáticos poderá ser óptima para descrever o passado, mas inútil para prever o futuro. E para orientar a decisão. Tem, por isso, razão o Papa quando fala das limitações da Ciência. Porque a Ciência cada vez se reduz mais à matemática e há instrumentos mais poderosos de obter Conhecimento. O Big Bang é um modelo matemático. Desenhado para se ajustar às observações. Mas, hélas, tal como no modelo de Ptolomeu, estas dependem do observador! E dar esse salto é impossível para um modelo matemático. O Big Bang também durará 15 séculos?
“Alf” – Autor dos blogues de Ciência: “Outra Margem” e “Outra Física” [com links na coluna do lado]

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Eles comem tudo… (3)

Há dias ficou-se a saber que dois milhões de portugueses vivem com menos de 10 euros por dia, ou melhor, viviam. É que um tal de José Sousa esclareceu no parlamento que os dados se referiam a 2004. Ficámos então muito mais descansados, de 2004 para cá talvez algum deles já tenha arranjado emprego como jardineiro de um dos vencedores do Euromilhões. Poucos dias antes, havíamos tido conhecimento dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2008, da Galp, onde a “crise” que se vive no sector petrolífero é bem patente. Recorde-se que o seu presidente, Manuel Ferreira de Oliveira, disse que a subida dos preços do petróleo é uma “realidade preocupante, mas contra a qual nada há a fazer”. A Galp apresentou lucros (líquidos) de 13,86 € por segundo. A crise tem destas coisas. E para terem uma ideia da globalidade da dita "crise", tantas vezes repetida pelos nossos “governantes” e pela comunicação social, fiquem a saber que a Exxon Mobil, apresentou no ano de 2007 lucros jamais alcançados por qualquer outra empresa de 1300 dólares (835,96 €, ao câmbio de 29/05/2008) por segundo (algo semelhante aos lucros da Galp num minuto).
Apache, Maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Os “novos” delírios dos inquilinos da “5 de Outubro”

«O ciclo único, a pedagogia única e o poder único»
«As 125 páginas do relatório apresentado ao CNE (Conselho Nacional de Educação) sobre o estudo relativo à educação das crianças dos 0 aos 12 anos foram escritas por académicos ilustres. Constituem por isso uma leitura estimulante, a muitos títulos. Mas no âmbito desta coluna, apenas fará sentido tratar a proposta mais polémica que dele emana, a eventual fusão dos 1º e 2º ciclos do ensino básico, fugindo, quanto possível, da complexidade dos estritos registos académicos e considerando, também quanto possível, as percepções mais comuns dos que estão no terreno. No relatório refere-se um “contraste violento e repentino entre o regime de monodocência do 1º ciclo e o regime de pluridocência do 2º ciclo” e sugere-se que a fusão dos dois obstaria a “transições bruscas”, inconvenientes para as crianças. Coerentemente, propõem-se um professor único para os dois ciclos, ainda que eventualmente coadjuvado por outros (dois ou três professores na mesma sala, ao mesmo tempo, a dar matérias diferentes, numa animada e pós moderna balbúrdia pedagógica). Ora sucede, como é público e conhecido, que um professor generalista, concebido para leccionar até ao 6º ano da escolaridade básica, já está a ser formado, infelizmente, na sequência do Decreto-Lei nº 43/2007, de 2 de Fevereiro. Termos em que este estudo veio mesmo a calhar: valida pela voz autorizada de académicos conceituados a temeridade do Governo. Quanto à natureza brusca da passagem do 1º para o 2º ciclo e aos implícitos inconvenientes que daí resultam, procurei e não encontrei no estudo fundamentação suficiente. Outrossim, o que as estatísticas mostram é que o insucesso escolar é bem mais significativo na transição do 2º para o 3º ciclo. Com efeito, os resultados globalmente obtidos pelos alunos do 5º ano (o da transição brusca) são bem melhores que os conseguidos no 7º ano (altura em que os alunos já estão adaptados ao regime de pluridocência). Mas, mais que isso, teremos todos dificuldade em aceitar este cansativo fado dos traumas das criancinhas. Numa sociedade em que o paradigma imposto, quase como condição de sobrevivência, é o de estarmos preparados para nos adaptarmos e mudarmos constantemente, receamos que aos 9 ou 10 anos de idade, a passagem do regime de classe para o regime de disciplinas autónomas traumatize as crianças? E a deslocação bruta, forçada, de crianças de 6 anos do seu ambiente habitual para escolas distantes e grandes, por jornadas de autêntico “trabalho” infantil que superam em duração o legalmente permitido aos trabalhadores adultos, com dezenas de quilómetros andados para lá e para cá, deixará incólumes corpos e espíritos das indefesas criaturas? Quando a alegada monodocência do 1º ciclo é, aliás, falsa, dado que na maioria das escolas as crianças já têm vários professores, para além do nuclear (educação física, expressões e inglês)? A verdadeira consequência, a importante, em minha opinião, reside num novo decréscimo do conhecimento que tal sistema originará para as crianças. Um só professor a ensinar Português, Matemática, História; Geografia, Ciências da Natureza e o que mais se verá? O peso da especulação pedagógica em detrimento das tradicionais áreas do conhecimento tem conduzido as crianças portuguesas por tristes veredas de infantilização. O proposto será uma boa achega para a promoção desse pernicioso percurso e para mais uma drástica redução do número de professores em actividade, com a natural e consequente redução significativa dos custos da provisão do ensino básico a que o Estado está obrigado. Õ cinismo com que o Ministério da Educação reagiu à proposta, dizendo que é prematura a fusão do 1º com o 2º ciclo do ensino básico, é confrangedor, sendo certo que não há muito tempo propôs, ele próprio, isso mesmo e lançou, em conformidade, a já referida formação de professores para os dois ciclos, em regime de monodocência. Mas sob o manto diáfano desta mal disfarçada inocência está o ardiloso avanço, com a necessária preparação da opinião pública, de mais uma investida para poupar cobres, em pura lógica imediatista. Que se lixem as crianças e a Lei de Bases que claramente proíbe a fusão! A maioria absoluta, o desastre de Bolonha e, agora, o CNE são música celestial para os ouvidos dos absolutistas que se sentam na 5 de Outubro.»
Santana Castilho – Professor do Ensino Superior

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Porque aumenta (tanto) o petróleo?

Há quem afirme que os continuados aumentos do preço do crude nos mercados internacionais se deve à guerra no Iraque. É uma guerra que já dura há vários anos, aparentemente sem fim à vista e ao que parece, para continuar, já que tanto o candidato Republicano à Casa Branca, John McCain, como o mais que provável candidato Democrata, BaracK Obama, já deixaram bem claro que tão cedo não farão regressar as tropas a casa. Estamos portanto numa situação relativamente estável, que não afecta significativamente o mercado, que (neste aspecto) reage negativamente a incertezas. Há também quem afirme que os preços reflectem a escassez (futura) do bem. Muitos estão convencidos, que já foi atingido (ou sê-lo-á brevemente) o “pico petrolífero” [vejam a título de exemplo um estudo realizado nos Estados Unidos, disponível na Wikipédia]. Ou seja, que a maioria dos países produtores já ultrapassou o seu máximo de produção, encontrando-se agora na curva descendente, até ao esgotamento do mesmo. Recordo-me que quando era aluno do liceu, vários manuais escolares apresentavam previsões do esgotamento do petróleo em 30 anos. Entretanto, passados 20 anos, continuam a tentar “vender-nos” a teoria do esgotamento do petróleo, dentro de 30 a 40 anos. Fazer uma estimativa deste tipo, implicaria saber (com alguma exactidão) qual a quantidade total de petróleo extraível, disponível no planeta. Honestamente, não creio que alguém faça a mínima ideia. Não vejo sequer grande interesse dos fabricantes de motores a combustão (desde os automóveis, à maquinaria pesada agrícola e industrial, passando por barcos, aviões, etc.) em mudar a sua tecnologia a breve prazo. O petróleo que hoje se vende nos mercados será entregue e consumido daqui a 6 meses, 1 ano, ou mais, daí que, o que influencia os preços de hoje, sejam fundamentalmente as perspectivas de procura “amanhã”. E essas perspectivas dificilmente poderiam ser melhores. A economia chinesa e indiana, os dois mais populosos países do mundo (quase 30% da população mundial) está a crescer continuadamente nos últimos anos, consequentemente, tanto a indústria como os particulares irão consumir cada vez mais petróleo (principal fonte de energia da indústria). Além disto, o investimento das petrolíferas na propaganda ao alegado “aquecimento global” começa a dar os frutos. A implantação em muitos países, de aerogeradores (construídos essencialmente em aço e alumínio) é um manancial de lucros para as indústrias mineiras e de transformação, ambas consumidoras de gigantescas quantidades de petróleo. O apelo sistemático à produção de bio-combustíveis aumenta também, significativamente, o consumo de petróleo, tanto na maquinaria agrícola, como nas indústrias químicas que sintetizam o produto final. Em resumo, sem querer excluir outros possíveis (mas a meu ver, pequenos) contributos, o preço do petróleo sobe desmesuradamente, porque os especuladores apostam no (mais que) previsível aumento do consumo nos tempos mais próximos.
Apache, Maio de 2008

domingo, 25 de maio de 2008

Foi você que pediu... um avião da CIA?

(Imagem retirada do Blogue «We Have Kaos In The Garden», "linkado" na coluna da direita)
O Ministério dos Transportes enviou, na passada semana, à Assembleia da República, uma lista de 56 voos da CIA, de e para Guantánamo, que passaram em território nacional, entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007. O Governo diz desconhecer o que era transportado naqueles aviões.
Sócrates desconhece as Leis que o seu governo cria (recorde-se o ridículo episódio do fumo a bordo do avião fretado para a visita à Venezuela). Desconhece o que transportam os aviões que escalam o país (antes até jurava que eles não existiam). Será que desconhece que é Primeiro-Ministro? Isso explicaria muita coisa…
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mais valia estar calado

Al Gore continua a sua carreira de mentiroso profissional acusando o “aquecimento global” de tudo e mais alguma coisa. Desta vez (a 6 de Maio, passado) foi numa entrevista à rádio pública dos Estados Unidos (NPR) que (o mesmo artista que em finais dos anos oitenta disse na Argentina que as lebres e as ovelhas estavam a cegar por causa do “buraco do ozono”), o dito senhor (sem ofensas) culpou o “aquecimento global” pelo furacão Nargis que quatro dias antes havia devastado Myanmar com trágicas perdas humanas. Se Gore tivesse um palminho de testa, antes de vir a público debitar as baboseiras que lhe ocorrem, ou que lhe são sussurradas pelos engraçadinhos do cartel petrolífero (e não só), consultava primeiro os dados disponíveis. Mas a inteligência de Al Gore deve ser proporcional à sua honestidade, portanto não dá para mais. Por vezes, nem mesmo o companheiro das aldrabices (que diz que é uma espécie de cientista), James Hansen, do GISS (da NASA) consegue manipular suficientemente os dados para lhe salvar a pele. A imagem seguinte mostra a variação das temperaturas medidas por satélite, na baixa troposfera, entre Janeiro de 2007 e Abril de 2008. O zero do eixo vertical representa o valor médio das temperaturas desde que há satélites. A verde estão as temperaturas globais, medidas sobre terra e mar, a azul as medidas sobre os oceanos e a vermelho, as medidas sobre os oceanos nas zonas entre os trópicos.

Apache, Maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

O preço dos combustíveis...

A real dimensão do escândalo
Já tinha feito referência (em “post’s” anteriores) à ridícula justificação dos brutais aumentos dos preços dos combustíveis, em Portugal, com o aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, uma vez que este é pago em dólares, moeda que nos últimos anos tem tido uma acentuada desvalorização face ao euro. No entanto, como todos sabemos, uma coisa é o preço a que o petróleo é vendido nos mercados internacionais, outra bem diferente, é o real custo da sua exploração e refinação. E, se comparar-mos o preço de venda dos combustíveis, em Portugal, com uma estimativa (seguramente por excesso) dos seus custos de produção, o escândalo que constitui os lucros do Estado e das petrolíferas, assume proporções astronómicas. Tomemos como exemplo, a Venezuela, um dos países que apresenta os combustíveis mais baratos em todo o mundo e o nono maior produtor mundial de petróleo. No passado dia 13 de Maio, um jornalista português constatou que, bem no centro de Caracas, a gasolina sem chumbo custava 0,091 bolívares por litro, numa bomba da (americana) Texaco. Ouvindo o responsável pelo posto de abastecimento, este confessava que os tempos eram maus para o negócio, pois a Texaco comprava os combustíveis à PDVSA (a petrolífera do estado venezuelano), ganhando apenas 0,02 bolívares em cada litro de gasolina vendido). Significa isto, que a PDVSA vende (pelo menos à Texaco) a gasolina a 0,071 bolívares. Admitindo que a petrolífera estatal tem um lucro (no mínimo) idêntico, ao da empresa dos Estados Unidos, então o preço de produção da gasolina é de 0,051 bolívares por litro, o que à cotação de hoje, equivale a 0,0153 € (3$00 na antiga moeda nacional). Depois é “só” transportá-la para Portugal, aplicar-lhe a margem de lucro, somar-lhe os impostos nacionais e vendê-la a (preços de hoje nas bombas da Galp) 1,474 € (295$50 na antiga moeda), ou seja 96 vezes mais cara. Por outras palavras… Em cada litro de gasolina vendida hoje, em Portugal, o Estado arrecadou em impostos 86,5 cêntimos e as petrolíferas lucraram (depois de subtraídos os custos de prospecção, extracção, refinação e transporte) mais de 60 cêntimos. É costume dizer-se que para o negócio, é preciso ter jeito, eu diria antes, que é preciso ter lata, muita lata…
Apache, Maio de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

Spooortig!!! (2)

Depois de um desempenho no campeonato cheio de soluços e, daquela exibição insonsa na final da Taça da Liga, conseguimos acabar a época como começamos, a ganhar. Foi a 15ª Taça de Portugal conquistada pelo Sporting, em 67 edições da prova.
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Avaliação Fatal…

O INA (Instituto Nacional de Administração) está a levar a cabo uma série de seminários sobre avaliação de desempenho do pessoal docente. Os destinatários são essencialmente os membros dos Conselhos Executivos, e os Coordenadores responsáveis pela avaliação dos professores. O formador é o senhor Jorge Fatal Nogueira, licenciado em Engenharia de Sistemas Decisionais, pós graduado em Marketing, MBA… [Calma, não comecem já a rir…., o resto do currículo está no “site” do INA.] As turmas têm 25 alunos, a acção decorre em dois dias (num total de 16 horas e custa 200 euros. [Também não valem palavrões… são só 312,5 € por hora e provavelmente não é só para o senhor Fatal, que eventualmente até paga impostos…] Dois destes seminários já decorreram, um (nos passados dias 9 e 10), no Agrupamento de Escolas Ferrer Correia e outro (nos dias 12 e 13), nas instalações do INA em Oeiras. Mas não vale a pena ficarem tristes por não terem participado, pois a dose “fatal” repetir-se-á a 22 e 23 do corrente, no Agrupamento de Escolas Martins de Freitas (Coimbra) e ainda em mais 9 outras datas (disponíveis também no “site” do INA). Para quem ainda assim não consiga arranjar vaga [ou não queira atirar 200 € para o chapéu do artista], porque não quero que os colegas fiquem privados das competências que este seminário certamente vos forneceria [espero que não estejam a rir outra vez…], deixo aqui a “ferramenta” (termo usado pelo próprio) Fatal, composta por 96 condutas [algumas são repetidas, devem ter peso duplo…] sobre as quais, supostamente, incidiria a nossa avaliação… "CONDUTAS 1. É pontual. 2. Disponibiliza-se para actividades que ultrapassam obrigações horárias/profissionais. 3. Cumpre prazos. 4. Quando trabalha em equipa é um elemento participativo e não conflituoso. 5. Zela e preserva material/equipamento escolar. 6. Proporciona ambiente calmo, propício à aprendizagem. 7. Numa reunião tem uma atitude de colaboração e de entreajuda. 8. Manifesta opinião própria e construtiva relativamente a assuntos debatidos. 9. Não gera mau ambiente no local de trabalho. 10. Evita banalidades e perda de tempo. 11. É receptivo à mudança. 12. Dá sugestões / tem opiniões críticas para melhoria de serviços. 13. Faz formação de acordo com o projecto educativo da escola. 14. Faz formação na sua área específica. 15. Disponibiliza-se para apoiar os alunos após as horas lectivas, sempre que considere necessário. 16. Regista e avalia o cumprimento das actividades planificadas. 17. Estabelece planos de acção para corrigir desvios. 18. Apoia o desenvolvimento de métodos de aprendizagem / estudo. 19. Estabelece e faz respeitar regras de convivência, colaboração e respeito. 20. Aplica os critérios de avaliação aprovados pelos órgãos competentes. 21. Cumpre o horário - substitui parâmetros de assiduidade. 22. Mantém a calma perante uma situação de tensão com alunos, professores ou pais. 23. Mantém limpo e arrumado o local de trabalho. 24. Oferece-se para ajudar em outras áreas que não a sua quando é necessário. 25. Predispõe-se para ajudar as pessoas aquando da necessidade de urgência no serviço
26. Conhece o PE da escola, a missão e a visão da escola. 27. Utiliza correctamente os equipamentos. 28. Verifica o estado dos equipamentos antes e depois da sua utilização. 29. Zela pelo cumprimento do regulamento interno da escola. 30. É educado e cordial com todos os elementos da comunidade escolar. 31. Perante uma situação determinada, apresenta diferentes alternativas como solução. 32. Comunica por escrito ao conselho executivo sugestões a implementar (por ex: com base na análise de melhores práticas de outras escolas ou organizações) que ajudam a garantir um serviço de mais qualidade. 33. Mantém a confidencialidade e discrição perante determinadas situações. 34. Recolhe diferentes opiniões ou sugestões procurando criar sinergias com os seus colegas com a mesma função. 35. Colabora / age no sentido de proporcionar um bom clima de escola. 36. Resolve situações de conflito sem ter que solicitar ajuda extra. 37. Assiste a aulas de colegas sempre que considera útil. 38. Permite que outros colegas assistam a aulas suas. 39. Actua de forma rápida e eficaz, de acordo com critérios predefinidos, dentro das acções previstas nos processos de trabalho em que está envolvido. 40. Age com assertividade e discernimento, encontrando as soluções mais pertinentes para cada situação, apresentando-as ao respectivo responsável hierárquico. 41. Analisa problemas e toma decisões relativas a rotinas de trabalho, não necessitando de apoio superior. 42. Avalia sistematicamente os resultados que se propõe atingir e reformula as actividades para atingir os resultados de forma mais eficaz. 43. Cumpre prazos. 44. Transmite a sua opinião de forma racional e controlada. 45. É receptivo à mudança e envolve os seus pares para melhorar a sua área, a dos outros e a escola no seu todo, não se opondo às questões. 46. Quando é chamado a desenvolver outras actividades, encara sempre a situação de uma forma positiva, predispondo-se para actuar. 47. Revela empenho no desenvolvimento das tarefas, realizando-as antecipadamente. 48. Toma decisões e assume a responsabilidade não jogando a culpa dos problemas para cima de outros. 49. Sugere soluções inovadoras, antecipando a ocorrência de problemas. 50. Gere com eficiência todos os meios existentes na escola. 51. Procura todas as oportunidades de formação de forma a alargar conhecimentos específicos relativos à área da sua intervenção. 52. Propõe actividades com vista à modernização e desenvolvimento da comunidade onde se integra (extravasando os limites da escola). 53. Supera as expectativas do grupo com contribuições activas de desenvolvimento, motivando estes a seguir o exemplo, oferecendo ajuda e dando opiniões construtivas (não havendo rejeições das suas contribuições). 54. Assiste a eventos desenvolvidos por qualquer tipo de entidade. 55. Está ao corrente de situações e dificuldades de outras escolas desenvolvendo soluções na escola como prevenção. 56. Perante uma dificuldade na escola conversa com outros colegas que possam partilhar situações similares e sugere determinadas acções. 57. Traz à escola pessoas de assuntos de interesse partilhando experiências. 58. Desenvolve planos de acção para a implementação de melhores práticas pesquisadas e adequadas à escola. 59. Fomenta o networking interno e externo através de comunicações e actividades.60. Analisa continuamente as tendências dos outros e procura implementar as melhores práticas para encontrar as melhores soluções. 61. Aplica a formação recebida nas tarefas que lhe são atribuídas. 62. Aproveita ideias de outras áreas ou de organizações semelhantes e adapta-as à sua. 63. Avalia sistematicamente os resultados que se propõe atingir e reformula as tarefas, no sentido da melhoria, ou seja, faz alterações ao previsto, para atingir os resultados de forma mais eficaz. 64. Consegue sinergias com outras áreas da organização no sentido de facilitar ou agilizar o serviço. 65. Identifica situações que fogem do padrão do controle previsto e apresenta soluções ao Coordenador no sentido de evitar possíveis problemas. 66. Organiza e coordena actividades consideradas por outras áreas como melhores práticas e incorpora-as com vista à superação dos resultados previamente estabelecidos, apresentando propostas ao Coordenador para superação de objectivos através de um plano de acção. 67. Orienta e planeia acções com uma visão partilhada que potencia a missão e os valores da organização. 68. Partilha técnicas, ferramentas e conhecimentos dentro da organização. 69. Partilha técnicas, ferramentas e conhecimentos fora da organização, por exemplo fazendo apresentações em congressos, palestras, etc. 70. Partilha técnicas, ideias e recursos melhorando o trabalho em equipa através de aconselhamentos aos seus colaboradores. 71. Predispõe-se para ajudar as pessoas aquando da necessidade de urgência no serviço. 72. Procura todas as oportunidades de formação de forma a alargar conhecimentos específicos relativos à área da sua intervenção. 73. Sempre que verifica alguma anomalia mesmo que não seja da sua área sugere soluções simples mas concretas. 74. Contribui para a mudança planeando melhores práticas e tomando iniciativas, com base em projectos de autonomia e liderança, medindo o grau de satisfação de pelo menos 75% dos seus colaboradores através de pesquisas de satisfação rápidas. 75. Apresenta por escrito propostas de soluções novas de problemas fora da sua área de trabalho e de actuação. 76. Cria acções novas e motivadoras para a manutenção da disciplina na sala. 77. Cria e implementa novas formas e metodologias que favorecem a participação dos alunos na realização da aula. 78. Cria ferramentas de controle da sua actividade ou de outros dentro da organização que sejam simples mas resolvam os problemas de acompanhamento. 79. Cria instrumentos que proporcionam auto avaliação dos alunos com rigor e objectividade. 80. Cria novos métodos de estudo para os alunos, demonstrando a sua eficácia. 81. Cria novos sistemas ou metodologias nas turmas que estimulam o processo de ensino-aprendizagem. 82. Cria processos e critérios de avaliação e partilha com os avaliados, obtendo consenso e validação. 83. Desenvolve recursos inovadores para a realização de actividades lectivas. 84. É capaz de desenhar condutas observáveis dos colegas avaliados de forma simples e objectiva. 85. Envolve-se em projectos comunitários inovadores por iniciativa própria. 86. Estabelece mecanismos novos de seguimento ou acompanhamentos da implementação dos planos de melhoria negociados com os avaliados. 87. Executa um projecto de liderança inovador e consegue implementar ideias revolucionárias e estratégicas, envolve as pessoas nesses projectos não deixando de fora ninguém. 88. Inova com ideias jamais testadas em algum lado e prova que a organização poderá beneficiar disso. 89. O professor cria e implementa processos claros e reconhecidos pelos alunos para facilitar a sua disponibilidade e apoio aos mesmos. 90. Preocupa-se no desenho e implementação de novas ideias criadas por ele que ajudem a escola na redução do abandono escolar. 91. Propõe novas actividades com vista à modernização e desenvolvimento da comunidade onde se integra. 92. Quando apresenta os problemas apresenta também hipóteses de várias soluções criadas por ele, devidamente estudadas e analisadas e dá a sua opinião de como o problema pode ser resolvido da melhor forma. 93. Sugere novas estratégias para a resolução de problemas. 94. Sugere novos critérios que permitam fazer uma análise da planificação e estratégias de ensino para a adaptação ao desenvolvimento das actividades lectivas. 95. Sugere soluções inovadoras, antecipando a ocorrência de problemas. 96. Utiliza os resultados da avaliação dos alunos como base para criar novas formas de actividade lectiva que permitam desenvolver com eficácia e competência as atitudes dos alunos.” A responsabilidade pela má construção frásica, nomeadamente pelos erros de concordância é do autor das mesmas. [Pronto, basicamente é isto. Deu para rir na mesma e pouparam 200 euros...] P.S. Não andem por aí a mostrar a “ferramenta” do senhor, consta que é confidencial ;)
Apache, Maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alguém me explica? (2)

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) anunciou anteontem que a produção mundial de arroz, deste ano, deverá bater todos os recordes, cifrando-se em 666 milhões de toneladas, mais 2,3% que no ano passado. Enquanto que o consumo deverá crescer cerca de 0,5%, atingindo (segundo os meus cálculos) algo próximo dos 380 milhões de toneladas. Este ano de 2008 ficará assim marcado por um aumento do excedente mundial de arroz. Pergunta inconveniente… Porque raio, os preços do arroz nos mercados mundiais, subiram 76% nos quatro primeiros meses deste ano? Pelo visto, a “lei da oferta e da procura” vale tanto para os especuladores, como as leis da Física para os “ecologistas”…
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O que é o efeito de estufa?

Antes de mais, alerto os hipotéticos leitores para o facto de o texto que se segue não corroborar a versão política da expressão “efeito de estufa”, a qual poderá ser encontrada em qualquer manual escolar de Física e Química A do 10º ano, bem como em inúmeras páginas da Internet.
Encontram facilmente a resposta à pergunta acima, se eu vos der um exemplo. A Lua, que gira em volta da Terra, a cerca de 384 000 km de nós, está aproximadamente à mesma distância do Sol que o nosso planeta, por isso, recebe dele aproximadamente a mesma quantidade de energia por unidade de área, que a Terra. Seria então de esperar que tivesse idênticas temperaturas. Mas não tem. A temperatura mínima registada na Terra foi de -89,2 ºC e a máxima de 58,1 ºC, enquanto no nosso satélite natural já foram medidas temperaturas mínimas de -233 ºC (durante a noite) e 123 ºC (durante o dia). Motivo para esta discrepância – a Lua (quase) não tem atmosfera! Conclusão, o efeito de estufa é causado pela atmosfera, logo, gases com efeito de estufa são todos os gases que compõem a atmosfera! A expressão efeito de estufa é manifestamente infeliz, a “ciência” é pródiga nesta péssima escolha de termos. O que se passa numa estufa é o que se passa no nosso carro quando fica estacionado ao sol. A luz solar atravessa o vidro e parte dela é absorvida pelos gases que estão no habitáculo, aquecendo-os. Como estes gases não podem contactar com a atmosfera exterior (o sistema é fechado), não trocam calor com estes, mantendo-se mais quentes. Diz-se que uma estufa impede a convecção, isto é, a troca de energia na forma de calor, através de correntes de gases. (a convecção também ocorre nos líquidos.) As trocas de energia entre o ar dentro do carro e o exterior fazem-se essencialmente por radiação. No interior, é absorvida fundamentalmente radiação visível e infravermelha (também alguma ultravioleta) proveniente do Sol e é emitida radiação infravermelha (a menos energética das três) pelo ar interior, por isso, este aquece. O que é que isto tem a ver com a atmosfera terrestre (ar livre)? Praticamente nada. De toda a radiação enviada pelo Sol, para a Terra, parte é reflectida pela atmosfera e pela superfície do planeta (cerca de 30%; a que se chama albedo), a restante é absorvida por ambas (atmosfera e superfície). Contrariamente ao ar aprisionado dentro do carro, a atmosfera terrestre facilita a convecção. Os gases mais quentes (menos densos) sobem deixando “espaço” disponível, que os mais frios (mais densos) ocupam. Criam-se assim, correntes de ar a diferentes temperaturas (as correntes de convecção), que constituem um dos mecanismos que rege o clima. Assim, a atmosfera funciona como um regulador do clima, absorve parte da energia solar (radiação) que distribui para as zonas mais frias (por convecção), não deixando criar grandes amplitudes térmicas. Além disso, devolve ainda, do lado noite, parte dessa energia para o espaço (por radiação) e cede à superfície (quando esta está mais fria) uma pequena parte (por condução). Podemos dizer que é a atmosfera a causa das alterações climáticas. Na Lua, não há estações do ano, e o clima é idêntico todos os dias, um calor infernal no lado dia e um frio insuportável no lado noite. Mais de 350 ºC graus de diferença entre o dia e a noite.
Apache, Maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Uma Mulher com tomates…

Maria Leonor Duarte, professora do 1º Ciclo e Vice-Presidente do Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão, apresentou nestes moldes o seu pedido de demissão, ao Presidente da Assembleia do Agrupamento.
“Vai para três anos que, culminando um processo democrático amplamente participado, tomou posse este Conselho Executivo. Assumimos, então, o compromisso de 'cumprir com lealdade' as funções que nos eram confiadas, funções que decorriam de um quadro legislativo bem diverso do actual. Neste exercício, democratizámos as relações inter-pares, gerámos expectativas e esperanças, fomentámos a iniciativa e a criatividade, quisemos aprofundar a relação pedagógica, libertando os professores de tarefas menores, para benefício dos alunos. Respeitando as pessoas e dignificando a Escola.Porém, as regras mudaram a meio do jogo. É agora bem diferente enquadramento legal que regula a nossa acção. Uma incontinência legislativa inexplicável minou e desvirtuou os compromissos que assumíramos: não nos propusemos asfixiar os professores em tarefas burocráticas sem sentido, alheias ao objecto da sua missão; não nos propusemos fragilizar o estatuto dos profissionais da educação; não nos propusemos submergir os docentes em relatórios, planos, projectos, registos, sem que daí resultassem vantagens ou benefícios para os alunos; nem nos propusemos liquidar o espaço de participação democrática na escola.Com a actual publicação do Dec. Lei nº 75/2008 suprime-se tudo o que de dinâmico, criativo e participado existia na gestão das escolas. A opção por um órgão unipessoal – o director, a sua selecção num colégio eleitoral restrito, as nomeações dos responsáveis pelos cargos de gestão intermédia pelo director, são medidas que não têm em conta os princípios de uma gestão assente na separação de poderes entre os vários órgãos. Este diploma potencia riscos de autocracia e não reconhece o primado da pedagogia e do científico face ao administrativo. Encerra uma lógica economicista e empresarial adversa à verdadeira missão da escola. Não valoriza nem reconhece a diversidade de opiniões e a consequente construção de consensos como motores privilegiados da mudança e da promoção de uma escola de qualidade. Não permite que a instituição escolar se constitua como um espaço privilegiado de experiências de cidadania.Em suma, passados 34 anos sobre o 25 de Abril, o modelo democrático de gestão chegou ao fim. E aos órgãos democraticamente eleitos, convertidos em comissão liquidatária, é 'encomendada' a tarefa de, negando a sua própria natureza, abrirem caminho a um ciclo de autoridade não sufragada, de centralismo, e até de governamentalização da vida das escolas.Por considerar que o novo modelo de gestão atenta contra valores e princípios que sempre defendi, e por não querer associar-me à sua implementação, eu, Maria Leonor Caldeira Duarte, apresento o pedido de demissão do cargo de Vice-presidente do Conselho Executivo do Agrupamento Vertical de Escolas de Azeitão. Com os melhores cumprimentos
Azeitão, 28 de Abril de 2008” O texto “fala” por muitos de nós, fica por isso um curto comentário em jeito de agradecimento… “Em tempos de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!”
Apache, Maio de 2008

domingo, 4 de maio de 2008

Foi você que pediu… um canudo?

A palhaçada do “Novas Oportunidades” chegou ao ensino superior. “A Universidade do Algarve, através da Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais, da Faculdade de Economia e da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo confere o grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe e ministra o ciclo de estudos a ele conducente. O grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe é conferido nas seguintes áreas de especialização: Gestão; Manutenção.” Publicado em Diário da República, 2ª série — Nº 51 — 12 de Março de 2008.
Mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe?!
O que é que se vai seguir? Uma pós-graduação em coloração de madeixas? Uma tese de doutoramento que estabeleça uma relação de causa/efeito entre o comportamento social das formigas após o Maio de 68 e a actual taxa de juro de referência do Branco Central Europeu?
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cabeça de chumbo

No “Público” da passada quarta-feira lia-se na primeira página que, de acordo com um relatório da OCDE, os “chumbos no básico e secundário custaram 600 milhões de euros”. A senhora ministra, numa das muitas frases que suscitam dúvidas quanto às suas capacidades intelectuais, havia afirmado que chumbar alunos é facilitismo. Devo lembrar a senhora ministra que este é um problema de fácil resolução, basta estender a todos os anos de escolaridade o que vigora actualmente no 1º ano, expresso no artigo 55º do Despacho Normativo nº 1/2005 de 5 de Janeiro – “No 1º ano de escolaridade não há lugar a retenção”. Poupar-se-iam assim, não só, os 600 milhões gastos com as retenções mas também os milhões gastos com os exames nacionais, que neste contexto seriam desnecessários. Economizar-se-ia ainda, nas dezenas de papéis que cada professor preenche em cada momento de avaliação, com relatórios, planos e justificações de evidências. Um verdadeiro manancial (extra) de euros para os bolsos sem fundo dos oportunistas da política. Dois outros estudos, nunca realizados, assumem, neste contexto, particular pertinência… Por um lado, quanto custam ao país, as milhares de aprovações e certificações de competências que os alunos que transitam de ano (ou concluem cursos) efectivamente nunca adquiriram? E por outro, quanto custa ao país a manutenção de gentinha desta espécie, há tantos anos, à frente dos principais órgãos de governo?
Apache, Maio de 2008

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A falta de “Visão”

A última edição da revista “Visão” coloca o Primeiro-Ministro britânico, Gordon Brown, no lugar mais baixo da tabela de “mais e menos” da semana, devido à manifestação de professores contra as suas políticas educativas, que juntou nas ruas de Londres cerca de 10 000 professores. Curiosamente, esta mesma revista, colocou Maria de Lurdes Rodrigues a meio da escala, quando à pouco mais de um mês, uma manifestação por razões semelhantes, juntou nas ruas de Lisboa 100 000 docentes. Comparando a realidade portuguesa com a inglesa, significa que em Portugal, a manifestação teve 60 vezes mais participantes e a “visão” atribui-lhe metade da importância. Diz que é uma espécie de jornalismo…
Apache, Maio de 2008

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Contos Proibidos (3)

25 de Abril… Os dias seguintes
“Os militares, como afirma o próprio Otelo, tinham então como meta «a restauração do prestígio das Forças Armadas» e não são aparentes quaisquer indícios de que, por detrás do Movimento das Forças Armadas, existisse um plano politicamente concertado e ideologicamente fundamentado. Spínola era um anticomunista convicto e, no fundo, considerava-se um patriota com a missão de restabelecer em Portugal uma democracia mais ou menos liberal e manter a possível unidade do «império colonial» em moldes que os Movimentos de Libertação pudessem aceitar. (…) A Junta de Salvação Nacional dificilmente poderia, no dia 25 de Abril, ser considerada de esquerda e muito menos associada ao Partido Comunista. Quaisquer extrapolações posteriores só se compreendem para justificar a incapacidade, quer da direita, quer da esquerda democrática, para então fazer compreender aos homens do MFA as vantagens e superioridade da via democrática. O general Spínola que, enquanto presidente da Junta de Salvação Nacional, seria nomeado Presidente da República, Silvério Marques, Pinheiro de Azevedo, Galvão de Melo, Diogo Neto, Costa Gomes eram todos homens de direita; por outro lado, pouco se conhecia a respeito da personalidade de Rosa Coutinho, apesar de bem visto pelos americanos após um curso que frequentara naquele país. Costa Gomes, que posteriormente viria a ser aliciado para o campo comunista, atingindo mesmo o mais baixo grau de subserviência ao dar cobertura às actividades da estratégia soviética através do Conselho Mundial da Paz, era inicialmente parte do establishment ocidental, tendo mesmo sido ele o primeiro a propor o general Spínola para presidente da Junta. O primeiro-ministro escolhido em segunda mão para chefiar o Primeiro Governo Provisório, Prof. Adelino da Palma Carlos, era um republicano «maçom», de pendor mais conservador que liberal. Os membros do Primeiro Governo Provisório eram igualmente, na sua grande maioria, liberais e conservadores nomeados com base nas propostas e recomendações dos chefes partidários, com excepção de Raul Rego e Firmino Miguel. (…) Dados os sentimentos anticomunistas do general Spínola, dada a sua amplamente demonstrada ignorância política e o facto de se saber que Mário Soares teria dito ao general que se Cunhal não entrasse ele também não entrava para o Governo, parece evidente que a decisão foi influenciada decisivamente pelos socialistas. (…) O mundo inteiro recebera o anúncio do 25 de Abril com grande regozijo e quem dava garantias e tranquilizava os governos aliados de Portugal na NATO era exactamente o general Spínola e não o socialista Mário Soares, co-signatário de um «inquietante» acordo de governo com o Partido Comunista. (…) O Partido Socialista achava o seu secretário-geral fundamental para organizar um partido que a 25 de Abril não existia «de facto» e que, como se veria alguns meses depois, ia sendo entregue» ao PCP no seu 1º Congresso. (…) Algo semelhante me dissera em tempos Olof Palme que tivera vários contactos com Otelo Saraiva de Carvalho por quem nutria grande simpatia. Contou-me, durante um momento de boa disposição no centro de formação do movimento sindical sueco, em Bommersvik, que Otelo lhe dissera durante a sua primeira visita a Portugal, em Outubro de 1974, que antes do 25 de Abril sempre considerara a social-democracia demasiado à esquerda. Era opinião do malogrado primeiro-ministro da Suécia, que Otelo e os capitães de Abril que ele tivera oportunidade de conhecer, não passavam de militares inicialmente bem-intencionados e politicamente «analfabetos», que o PCP habilmente conseguira, com apoio da comunicação social, transformar em «estrelas». (…) Mário Soares chegara a Portugal sob a influência do contrato político acordado com o PC em Paris em 1973 e, pior do que isso, perfeitamente convencido de que o PS estava predestinado a um papel subalterno em relação aos comunistas. (…) Embora surpreendidos com o golpe, a satisfação com a queda do regime de Marcello Caetano foi unânime em todo o mundo e nenhuma dificuldade existiria para o reconhecimento do novo Governo. Aliás, antes mesmo de Mário Soares iniciar, a 2 de Maio de 1974, o seu périplo com a finalidade de alegadamente obter reconhecimento e apoio para o novo regime, já se tornara mais que evidente que a nomeação de Spínola para Presidente da República, a declaração do MFA e a composição da Junta de Salvação Nacional eram mais do que indícios suficientes para tranquilizar os aliados tradicionais de Portugal. O que já lhes era mais difícil de aceitar - isso sim - era a inclusão de Álvaro Cunhal e de dirigentes comunistas no governo. E não se pense que as objecções a tal precedente num país da NATO, eram só dos EUA. Os socialistas presentes em governos europeus de países da NATO, como os da Grã-Bretanha, Alemanha, Noruega e Dinamarca demonstraram igual perplexidade! É portanto neste contexto que se devem compreender as manobras e o círculo vicioso de contra-informação e decepção em redor da nomeação de Mário Soares para ministro dos Negócios Estrangeiros. (…) Apesar da fama e prestígio que adquirira, essencialmente derivados das suas reconhecidas qualidades militares e, posteriormente, pela coragem de enfrentar Marcello Caetano, Spínola não tinha condições políticas para ser Chefe de Estado. E nenhum dos seus conselheiros foi capaz de o demover da ideia de incluir o PCP no governo. Que Mário Soares o tivesse feito compreende-se, dado o ainda fresco programa de acção comum e a subalternidade a que o PS parecia disposto a submeter-se. Agora que Freitas do Amaral também o tenha aconselhado nesse sentido é deveras surpreendente e mostra, de facto, as grandes responsabilidades que a direita teve no avanço comunista em Portugal. Num acto demonstrativo de grande versatilidade da direita portuguesa o ex-procurador à Câmara Corporativa e, então, conselheiro de Estado da «Revolução», lembraria Spínola de que já De Gaulle tinha incluído comunistas no governo francês «a seguir à vitória dos aliados na Segunda Grande Guerra». Mas, o conselho de Freitas do Amaral nem sequer se pode comparar à situação em Portugal após o 25 de Abril. É que os Aliados saíram vitoriosos de uma Guerra devastadora contra o nazismo e contra o fascismo graças à sua tardia aliança com a União Soviética de Estaline e, em França, os comunistas tiveram um papel decisivo na Resistência e no apoio ao general De Gaulle para Presidente da República. Em Portugal a «resistência» comunista, se bem que meritória, não foi decisiva para a queda do regime que, segundo o próprio Freitas do Amaral, não era um regime fascista e a designação de Spínola não seria influenciada pelo Partido Comunista. (…) Por esta altura, o tesoureiro do partido era um dos fundadores presentes em Bad Munstereifel. Carlos Carvalho, que usava como método de contabilidade a acumulação de papelinhos soltos, onde ia depositando números e com os quais passava recibos. Método aliás legado aos seus sucessores. Diplomatas e delegações estrangeiras eram recebidas nos corredores e nas escadas.”
Rui Mateus em “Contos Proibidos – Memórias de um PS desconhecido, 1996”

domingo, 27 de abril de 2008

Velhas "notícias” sobre Alterações Climáticas

O medo das catástrofes climáticas é tão velho como a humanidade. Com a evolução do conhecimento científico, esse medo tendia a diminuir, mas eis que surgiu a comunicação social de massas…
24 de Fevereiro de 1895 – New York Times – “Geólogos pensam que o mundo vai congelar de novo”. 7 de Outubro de 1912 – New York Times – “O professor Schmidt avisa-nos que vem aí uma nova Idade do Gelo”; - Los Angeles Times – “A quinta idade do gelo vem a caminho. A raça humana terá de lutar contra o frio, pela sobrevivência”. 9 de Agosto de 1923 – Chicago Tribune – “Cientista diz que o gelo do Árctico vai cobrir o Canadá”. 10 de Agosto de 1923 – Washington Post – “Vem aí uma nova Idade do Gelo”. 6 de Abril de 1924 – Los Angeles Times – “ Se isto for verdade, deveremos considerar que estamos a entrar noutra Idade do Gelo”. 11 de Março de 1929 - Los Angeles Times – “A maioria dos geólogos pensa que o mundo está a ficar mais quente e que irá continuar a aquecer”. 15 de Maio de 1932 - New York Times – “A cobertura de gelo dos Pólos está a derreter”. 6 de Novembro de 1939 – Chicago Daily Tribune – “Chicago lidera uma lista de milhares de cidades à volta do mundo, que têm sido afectadas por uma estranha tendência de aquecimento do clima, verificada nas últimas duas décadas”. 10 de Agosto de 1952 – New York Times – “Aprendemos que o mundo tem vindo a aquecer no último meio século”. 8 de Janeiro de 1954 – World Report – “Os invernos estão a ficar temperados e os verões secos. Os glaciares retrocedem e os desertos avançam”. 20 de Fevereiro de 1969 - New York Times – “A cobertura de gelo do Árctico está minúscula. O oceano, junto ao Pólo Norte tornar-se-á mar aberto dentro de uma ou duas décadas”. 15 de Novembro de 1969 – Science News – Saber durante quanto tempo mais vai continuar este arrefecimento é um dos maiores desafios da civilização”. 11 de Janeiro de 1970 - Washington Post – “Invernos mais frios no alvorecer da Nova Idade do Gelo”. 29 de Dezembro de 1974 - New York Times – “As actuais alterações climáticas resultarão em mortes em massa e provavelmente em anarquia e violência”. 28 de Abril de 1975 – Newsweek – “O mundo arrefece. A escassez de alimentos como resultado das alterações climáticas, pode começar brevemente, talvez dentro de dez anos. No centro da questão está o acentuado arrefecimento da Terra”. 21 de Maio de 1975 – New York Times - Um dos mais severos arrefecimentos de sempre torna-se inevitável”. 12 de Janeiro de 1976 - New York Times – “O frio já matou centenas de milhar de pessoas nos países pobres”. 22 de Agosto de 1981 - New York Times – “Está previsto um aquecimento global de uma magnitude sem precedentes”. 18 de Janeiro de 2006 - Washington Post – “O aumento das temperaturas altera literalmente os fundamentos da vida no planeta”. 26 de Março de 2006 – Time – “O gelo dos Pólos derrete cada vez mais depressa (…) A Terra está a ser devastada pela seca (…) A subida do nível do mar está a afundar as populações costeiras (…) Quaisquer que sejam as análises, a Terra está no ponto de viragem. O clima está a implodir e o responsável é o aquecimento global.” Percebem agora porque é que o Al Gore começou a jogar múltiplas e diz que podemos vir a morrer congelados por causa do aquecimento global? Se aquecer, ele tem razão, se arrefecer também, é a fórmula do sucesso garantido, ou a arte da aldrabice, a que alguns chamam política e outros, negócio. Nada de novo, aqui, “debaixo” do Sol.
Apache, Abril de 2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dona Lurdes, ao "Correio da Manhã" (2)

CM - Não havia também algum medo dos professores de fazerem participações disciplinares dos alunos? Das consequências que lhes podiam cair em cima? MLR - Isso pode existir. Já me têm feito referências a essa possibilidade. Mas voltamos de novo ao ponto da organização funcionar. O professor até pode ter receio ou até pode ter medo. Admito. Não é saudável, mas admito. Apache - Medo? Ainda a semana passada fui instrutor de um Processo disciplinar com 17 participações e essa turma tem mais de 60. Imaginem que os professores perdiam o medo de fazer participações disciplinares… (…) Uma das críticas que se faz é ao facilitismo instalado na escola pública. Não há exigência, não há trabalho. Que a escola devia chumbar quem não sabe e não trabalha? Concorda com isto? Sabe que há muitas contradições nesse discurso. E no nosso sistema há muitas contradições. Porque, em minha opinião, a repetência ou o chumbo é o elemento mais facilitista do sistema educativo. Bem, se o discurso do facilitismo tem contradições, esta argumentação tem o quê?
Eis-nos irremediavelmente à deriva, num universo paralelo… Mais facilista? Como? É a coisa mais fácil. O aluno está com dificuldades, fica ali num cantinho da sala e no final do ano repete. Isso é o que há de mais facilitista no nosso sistema. E são muitos e pratica-se com demasiada frequência. Hum… Talvez o problema esteja precisamente no facto de as salas terem cantos, uma sala redonda ajudava certamente na compreensão desta lógica da batata. Com muita frequência? Sim. Eu tenho um estudo do PISA (Programme for International Student Assessment) com coisas muito interessantes. Este estudo procura comparar os resultados dos países do Sul que têm todos estes fenómenos da repetência e como a repetência não ajuda a melhorar os resultados escolares. Ah, pois… Se os alunos passarem todos, os resultados escolares são melhores. Raciocinio muito elaborado... Não ficam a saber mais? Não. O princípio é este: não sabes, ficas mais um ano para repetires toda a matéria que deste para ficares a saber. E o que acontece é que a segunda parte desta premissa não se verifica. Ele chumba, fica para repetir, repete mas não aprende. Pelo contrário. Desaprende. Donde se conclui que o melhor é os alunos não irem à escola, evitam “desaprendizagens”… Fica pior? Fica pior. E por isso é que eu digo que é facilitista porque é a maneira de deixar os alunos entregues a si mesmo. É uma contradição do nosso sistema. Que é considerar que a exigência se mede pelo número dos que repetem. Nós temos inúmeros alunos a repetir muito mais do que a média de todos os países da Europa ou mesmo da OCDE. Somos o País em que há mais repetências. Este estudo vinha no fundo do pacote das bolachas… Mais chumbos? Somos o País em que há mais chumbos. E por aí o nosso sistema não seria facilitista, seria exigente, mas na realidade é facilitista porque essa repetência não serve para aumentar o rigor e a exigência de trabalho com esses alunos. Ficam numa espécie de limbo que depois prejudicam muitíssimo os nossos resultados como se pode ver no estudo do PISA. Numa espécie de limbo, está a ficar esta entrevista, algures entre a falta de vergonha e a incapacidade de encadeamento lógico das ideias. Prejudicam como? Se considerarmos na amostra os alunos que não repetem, os alunos que estão no ciclo adequado à sua idade têm valores iguais à média dos países da OCDE. Até produzimos mais excelência. Isto é, os nossos alunos do 7 º ano muito bons são melhores do que os muito bons dos outros países. Mas depois temos o peso dos que chumbam, dos que ficam retidos, que puxam os nossos resultados médios para baixo. Cá está… O sistema é facilitista, mas produzimos mais excelência... “Mas depois temos o peso dos que chumbam”… Hum… Não será o chumbo dos que pesam? Ficam para trás? Vão repetindo, ficam para trás e pesam nos resultados globais muito negativamente porque a repetência, de facto, na minha opinião, é facilitista porque não é um meio de os obrigar a estudar a mais e a aprender. Daí que se um aluno que não faz a ponta de um corno, passar, sente-se imediatamente obrigado a estudar, até porque sabe a partida que se o não fizer, para castigo, passa de novo. A entrevista prosseguiu no mesmo tom. Faz-se uma afirmação populista e seguidamente fundamenta-se o seu contrário. Continuar a publicar esta entrevista podia prejudicar gravemente a saúde metal de hipotéticos leitores, daí, ter optado por interrompê-la aqui. Se quiserem arriscar (à vossa responsabilidade), ela encontra-se aqui. Esperem… Se acham que estou a exagerar ao prevenir-vos, reparem no estado lastimável em que ficou o jornalista (António Ribeiro Ferreira), que escreveu assim no final… “Maria de Lurdes Rodrigues não pára, muitas vezes nem para almoçar. A semana que passou foi uma delas. Praticamente sem tempo para almoçar. E a mulher dura, necessariamente com muito mau feitio para suportar os ataques duríssimos de sindicatos e da generalidade dos partidos da Oposição, é uma senhora adorável que pergunta ao jornalista se pode ir comendo umas bolachas durante a entrevista. Uma mulher determinada, inteligente, que percebe bem as razões que levam os professores para a rua. Nunca, em trinta anos, alguém lhes impôs princípios que são hoje universais.” Depois não digam que não avisei…
Apache, Abril de 2008