quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Eduquês", "Sociologuês" ou incapacidade cognitiva? (3)

Chegámos a um ponto de situação tal, em relação à qualidade dos exames nacionais, que penso ser necessário exigirmos que os enunciados contenham os nomes dos autores. É que ao colocarmos os nossos filhos na escola, temos expectativas de que lhes seja ensinado algo que os possa preparar minimamente para o futuro. Está assim implícito um contrato entre a escola e os encarregados de educação de prestação de serviço educativo por parte desta. Sendo notório que o Ministério da Educação, através do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) (e não só) se demite cada vez mais dessa função, é importante sabermos a quem vamos acusar de burla. Ilustrando esta afirmação, atente-se no enunciado da já famosa questão 3 do Exame Nacional do 9º ano, da disciplina de Matemática… “Numa sala de cinema, a primeira fila tem 23 cadeiras. A segunda fila tem menos 3 cadeiras do que a primeira fila. A terceira fila tem menos 3 cadeiras do que a segunda e assim, sucessivamente, até à última fila, que tem 8 cadeiras. Quantas filas de cadeiras tem a sala de cinema? Explica como chegaste à resposta.” Há 30 anos atrás um aluno da primeira classe resolveria facilmente uma questão destas.
Mas o que ridiculariza ainda mais esta questão é que, mesmo que o aluno não apresente a resposta correcta (6 filas, contendo, respectivamente 23, 20, 17, 14, 11 e 8 cadeiras) poderá, ainda assim, obter 60% da cotação da pergunta (de acordo com os critérios de correcção) se escrever “alguns números possíveis de cadeiras para as filas”; por sua vez, se responder 5 filas (em vez das 6) tem direito a 80% da cotação.
Comentando os exames deste ano, a dona Lurdes disse que “o nível de complexidade de uma prova tem técnicas, não é uma questão de opinião, é uma questão de validação técnica, com recurso a técnicas estatísticas…” Portanto se acham que a senhora pensa que somos todos estúpidos, lembrem-se que podem não haver técnicas estatísticas que o demonstrem. Se, pelo contrário, estão a pensar chamar nomes feios à senhora, saibam que a utilização do termo “senhora” é, neste contexto, uma questão meramente técnica.
Apache, Junho de 2008

terça-feira, 24 de junho de 2008

"Eduquês", "Sociologuês" ou incapacidade cognitiva? (2)

"Confirma-se a tendência já patente no exame nacional do 9ºano da semana passada, em propor exercícios que correspondem aos primeiros exemplos usados para introduzir as noções. Por outro lado, no que diz respeito ao capítulo da trigonometria, apenas aparece numa questão um limite notável elementar, envolvendo a função seno, o que fica muito aquém do indicado e exigido no programa do décimo segundo ano. A questão 3 do Grupo II, poderia ser abordada numa aula do nono ano e resolvida por considerações de simples bom senso. A questão 5 do Grupo II pouco ou nada avalia em termos matemáticos. Testa apenas a destreza no uso da calculadora. O grau de dificuldade deste exame é inferior ao do ano passado. O padrão utilizado pelo G.A.V.E. para avaliar o desempenho dos alunos não permite distinguir aqueles que efectivamente trabalham dos que pouco trabalham, e não ajuda os professores a incentivarem os alunos a aprofundar os seus conhecimentos."
Comentário da Sociedade Portuguesa de Matemática ao exame nacional (1ª fase) do 12º ano.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Eduquês", "Sociologuês" ou incapacidade cognitiva?

«Encontrámos [no grupo II] dois termos da Terminologia Linguística do Ensino Básico e Secundário [“frase subordinada relativa” e “verbo auxiliar modal”], que como se sabe não está em vigor. (…) O ponto de partida para uma reflexão que é proposta aos alunos é um texto do Padre António Vieira, que não faz parte do programa do 12.º ano. (…) Há uma pergunta sobre “Os Lusíadas” [a 2 do grupo I] cuja formulação não é clara.»
Comentário da Associação de Professores de Português, ao exame nacional (1ª fase) do 12º ano.
"Na generalidade, a prova é mais acessível e mais fácil do que nos anos anteriores. Algumas questões poderiam ser resolvidas por alunos do 2º ciclo."
Comentário da Associação de Professores de Matemática, ao exame nacional (1ª fase) do 9º ano.
“O nível geral da prova é demasiadamente elementar. (…) Aos alunos no ano terminal do Ensino Básico, ou seja, no final da escolaridade obrigatória, deveria exigir-se outro tipo de dificuldade. (…) A questão 1 resolve-se contando pelos dedos. A 3 é facilmente resolvida por alunos do 1º Ciclo. A 6, que envolve percentagens é tão simples que um aluno do 2º Ciclo deveria ser capaz de resolver. (…) As matérias específicas do 9º ano constituem apenas 22 dos 100 pontos. (…) Em todos os casos os conceitos avaliados são simples e testados com exemplos demasiado elementares.”
Comentário da Sociedade Portuguesa de Matemática ao exame nacional (1ª fase) do 9º ano.
“Todas as perguntas se ficam por questões extremamente elementares. Persiste-se no fornecimento de um formulário de eficácia muito duvidosa, sobretudo porque pode levar o aluno a classificar de fórmula algo que é um conceito. Persiste-se também em questões que pouco ou nada exigem de conhecimentos prévios em Química. Exigem apenas que o aluno saiba ler (nem precisa sequer de ter grandes competências a nível da interpretação) um texto (caso da questão 1.2), ou os eixos de um gráfico (caso da questão 2.2.1).”
Comentário da Sociedade Portuguesa de Química ao exame nacional (1ª fase) de Física e Química A do 11º ano.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

“A derrota do federalismo político europeu”

Noutros acampamentos…
«Os irlandeses votaram (…) contra a ratificação do Tratado de Lisboa.
Alguns dos motivos para a vitória do "Não" na Irlanda: O receio da revogação europeia da proibição do aborto e da eutanásia na Irlanda (apesar dos defensores do Sim terem lembrado que o Tratado de Lisboa não põe em causa o Protocolo 17 do Tratado de Maastricht relativo ao artigo 40.3.3 da Constituição Irlandesa sobre a proibição do aborto (mas não o repete...) e da conferência de bispos irlandeses terem emitido, em 29-5-2008, uma Reflexão Pastoral "Fostering a Community of Values" que, de certo modo, apoia o Tratado, os defensores do Não reprovaram a falta de clareza do mesmo nessa questão e temiam os avanços federais das instituições e principalmente da jurisprudência do TJCE sobre esta matéria); O receio da perda de soberania fiscal (eliminando a vantagem económica dos baixos impostos sobre as empresas); A desconfiança de uma política externa supranacional (e receio da perda de neutralidade); A oposição ao Estado Social socialista - e, para outros, a oposição ao neoliberalismo laboral. Na Europa, os líderes da política furtiva afligem-se com o resultado. E maldizem os 109 964 eleitores irlandeses que votaram "Não", em vez de ficarem em casa, ou uma metade-mais-um deles que se enganou no voto que deveria ser "Sim". José Sócrates, que tinha prometido referendar o tratado e não cumpriu, vê agora dissipado parte do ganho "fundamental" que previa nele para a sua "carreira". Não foi, portanto, a abstenção que fez perder na Irlanda o "Sim ao Tratado de Lisboa". Foi o voto do povo. E o voto do povo, mesmo para os democratas representativos que desprezam o eleitor durante os seus mandatos, é incontornável. Não poderá, portanto, fazer-se um segundo referendo daqui a meses: tem de fazer-se um novo Tratado, consentindo aos Estados - e não só à Irlanda... - a possibilidade de não aplicar determinadas decisões políticas ou, mesmo, determinadas políticas. Percebe-se bem que o voto "Não" seria repetido noutros países, se fosse consentido ao povo o direito de o sufragar, como diz o Ruy Caldas do "Classe Política". Essa impressão é que constitui o maior revés da votação irlandesa.(…)Creio que o voto contra irlandês manifesta a censura popular perante uma constituição programática europeia, mal disfarçada da versão anterior, e o projecto de federalismo europeu imperial. Aprendemos - aprenderam todos os que estudaram Ciência Política e Direito Constitucional! - que uma constituição não deve defender um programa político, uma ideologia, porque como lei fundamental que é tem de ser consensual, para que possa ser aceite, integrada, promovida e jurada por todos.Esta constituição/tratado, que pretende entronizar o deus Atheos das elites e omitir a herança e convicção popular, baseia-se no totalitarismo do politicamente correcto que exclui a liberdade nacional de outras formas de pensamento e decisão. Porque se imiscui no terreno ideológico, no plano da economia e dos costumes, agrada a uns e desagrada a outros. Para reduzir a oposição, torna-se uma mistura que passa a desagradar a quase todos. Assim, passa a ser atacada no plano económico por ser demasiado socialista (na regulação) ou demasiado neoliberal (no trabalho); e no plano dos costumes, por ser demasiado ateia ou demasiado liberal. E, acima de tudo, a preponderância das grandes potências sobre os demais povos. (…)»
António Balbino Caldeira no blogue “Do Portugal Profundo” [Link na coluna do lado]
Um texto que vale a pena ler na íntegra!
Apache, Junho de 2008

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Futebolisticamente incorrecto

Considerando que: Não tenho conta no BES e irritam-me solenemente os seus anúncios publicitários que parecem ter sido escritos por alguém tão inteligente como a Senhora Ministra da Educação; Não abasteço na GALP. Desagrada-me a ideia de um vendedor de combustíveis colocar os clientes a empurrar autocarros; Não sou propriamente um cliente… Modelo; Nunca assisti a nenhuma missa patrocinada pela Caixa Geral de Depósitos; Apesar de gostar de desporto não costumo praticar boxe com sérvios; O Petit é um excelente distribuidor de fruta, a quem falta apenas uma banca no Mercado da Ribeira, o Raul Meireles e o Jorge Ribeiro talvez consigam “ponta” na selecção de Pinheiro da Cruz e o Nuno Gomes tem futuro garantido no McDonald´s. Mas acima de tudo, considerando que sou português e gosto de futebol, porque raio haveria eu de apoiar esta selecção?
Apache, Junho de 2008

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Valter Lemos e a "stand up comedy"

No passado dia 7 (de Junho) realizou-se em Lisboa um encontro internacional sobre educação especial, que reuniu cerca de 1700 especialistas, a maioria dos quais, professores do ensino especial. Logo no início da sua intervenção, o Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, do alto da sua vaga prosápia sai-se com esta frase – “Em 2013 teremos em Portugal uma verdadeira escola inclusiva”. A plateia reage com uma gargalhada geral. À saída do encontro, instado pelos jornalistas a comentar o episódio, Valter Lemos não deixa os seus dotes por garganta alheia e dispara mais bazófia – “É a incredulidade normal de um país que se habituou a não ser consistente nas opções e a não perseguir de forma consistente os objectivos.” Acrescentando ainda: - “A incredulidade não é preocupante desde que os professores trabalhem.” Que pena estes comentários já não terem sido ouvidos pelos participantes no encontro. Perdeu-se assim mais uma boa gargalhada. Quando o governo de Sócrates cair de maduro, Valter Lemos tem futuro garantido… na stand-up comedy!
Apache, Junho de 2008

terça-feira, 10 de junho de 2008

O “Aquecimento Global” continua de férias

[Cliquem na imagem para ampliar]
O gráfico da figura acima foi construído com os dados fornecidos pelo satélite da Universidade do Alabama e mostra que à semelhança do que aconteceu em Portugal, o passado mês de Maio foi, na generalidade do planeta, bastante frio. O gráfico apresenta a variação de temperatura da baixa troposfera em relação à média dos últimos 29 anos (representada pelo zero da escala). O último mês foi o mais frio desde Abril de 1997 e o Maio mais frio desde 1992. A temperatura do planeta apresenta-se quase 0,2 ºC abaixo da média. Está na altura de deixar uma pergunta inconveniente aos inventores da antropogenia do aquecimento global – Não acham que antes de continuar a discussão sobre a culpabilidade das nossas emissões de dióxido de carbono no aquecimento do planeta é melhor arranjarem primeiro uma forma de o planeta aquecer? É que ao preço a que está o petróleo, o pobre vai congelar no próximo Inverno.
Apache, Junho de 2008

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fotografias famosas, manipuladas - Turista no World Trade Center

Vários avanços tecnológicos conseguidos nos últimos 150 anos mudaram radicalmente o nosso mundo. Um deles, foi a invenção da máquina fotográfica. Não é em vão que passados tantos anos do surgimento das primeiras imagens, inicialmente estáticas e depois animadas, ainda hoje usamos a máxima – “uma imagem vale mais que mil palavras”. A popularidade das imagens foi tão evidente desde o seu aparecimento que cedo se percebeu da importância da sua manipulação. No início esta estava reservada a especialistas, mas hoje em dia com o fácil acesso a software próprio para o efeito, qualquer entusiasta da imagem consegue melhores ou piores manipulações. No entanto, as mais famosas imagens manipuladas são quase obras de arte, possíveis de obter, apenas por alguns. Começo este tema com uma imagem que circula por mail, que alegadamente teria sido encontrada numa câmara achada nos destroços do World Trade Center. A imagem tornou-se famosa por ganhar o concurso “Best 9/11 Photoshopped Picture”.

É evidente a inclusão do avião numa imagem de um dos muitos turistas que diariamente visitavam o terraço da Torre Sul do complexo. Mas para quem não reparou na manipulação, deixo três evidências. 1- O primeiro ataque deu-se na Torre Norte, portanto, tendo a foto sido obtida no terraço da Torre Sul deveria ser visível o fumo oriundo da outra torre. 2- Um avião (ou qualquer outro objecto) a deslocar-se a uma velocidade de mais de 800 km/h não é captado de forma tão nítida por uma câmara fotográfica vulgar. 3- Era impossível uma pose tão tranquila por parte do visitante, com o ruído ensurdecedor do avião (o som é mais rápido que um “Boeing”) sendo também impossível uma foto não tremida, com a vibração do prédio, provocada pelo arrasto aerodinâmico do “jacto” já tão próximo do edifício.

Apache, Junho de 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Obama, "O Profeta"

“I am absolutely certain that generations from now, we will be able to look back and tell our children that this was the moment when we began to provide care for the sick and good jobs to the jobless; this was the moment when the rise of the oceans began to slow and our planet began to heal.”
Barack Obama - Saint Paul (Minnesota), após a sua vitória nas eleições primárias do Partido Democrata.
Não me espanta que alguém consiga dizer isto em público sem se rir. Não me surpreende que uma comunicação social sem escrúpulos tenha reproduzido as palavras do dito cujo como se elas fossem providas de conteúdo. Não me admira que essa enorme massa de gente anónima, analfabeta e nanocéfala, que orbita em torno deste circo eleitoral americano o tenha aplaudido histericamente. O que (ainda) me choca é que ele não tenha sido imediatamente internado para uma cura de desintoxicação.
Apache, Junho de 2008

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Para ler e pensar…

“A observação de relações causa-efeito fornece a primeira estrutura explicativa deste universo. Se largarmos a pedra da mão, ela cai. Mas em relação a muitos fenómenos não descortinamos a causa do efeito observado; então, a humanidade descobriu algo importante: o Período! O dia segue-se à noite, as cheias dos rios repetem-se anualmente, as posições dos astros nos céus repetem-se com períodos diferentes para os diferentes astros errantes. Todo o Universo parecia determinado por períodos. Conhecer o Universo seria então uma questão de determinar os seus períodos. Que se mediam com o grande relógio da antiguidade, o único relógio de grandes períodos, a posição dos astros no céu. A Astrologia não nasce na crença de que os astros determinam as características dos humanos e os acontecimentos das suas vidas, mas na crença de que ambos obedecem a períodos, medidos pelas posições relativas dos astros. Mas começou-se a verificar que conhecer os períodos não é suficiente. Eis que a Matemática surge com um novo recurso: a Equação! Estabelecer a equação que satisfaz os dados das observações permitiria determinar as novas ocorrências. Nascem então os modelos matemáticos. A relação causa-efeito passa a um papel secundário. O paradigma dos modelos matemáticos é o modelo de Ptolomeu – um modelo matemático dos dados das observações. Este era um modelo poderoso. A precisão dos seus resultados suplantava o modelo de Copérnico. Não era evidentemente um modelo «lógico», não estava construído sobre relações causa-efeito, isso nada interessa aos matemáticos, cuja "alta capacidade de abstracção os liberta dessa necessidade própria das mentes simples". Só têm uma limitação os modelos matemáticos. O modelo de Ptolomeu durou 15 séculos mas, se dependesse apenas dos matemáticos, poderia durar 150 séculos. Porque um modelo matemático é um mero exercício de ajustar equações a dados tal e qual eles são obtidos pela observação. Como não se preocupa com relações causa-efeito, não pode dar o salto que vai do modelo de Ptolomeu para o de Copérnico. Poderemos pensar que não tem de ser assim, se a Matemática se preocupasse em encontrar o modelo com o número mínimo de parâmetros, já poderia dar esse salto. Mas que metodologia pode guiar o matemático nessa procura? Os modelos matemáticos são úteis, como o de Ptolomeu o foi; permitem alcançar resultados para além do que as relações causa-efeito que conhecemos num dado momento permitem; mas temos de perceber a sua grande limitação e estar conscientes de que apenas modelos fenomenológicos, ou seja, completamente determinado por relações causa-efeito, nos permitem previsões com segurança elevada. O problema é que é muito mais difícil estabelecer um modelo fenomenológico, como o de Newton, do que um modelo matemático, como o Ptolomeu. Embora o modelo fenomenológico seja muito mais simples – na realidade, este é um modelo “que até pode ser explicado às crianças”, pois estas podem compreender as relações causa-efeito. Mas a linha de investigação que pode levar a eles é que não deve ser abandonada, como tem sido, devido à crença cega nas capacidades dos modelos matemáticos. O facilitismo de recorrer aos modelos matemáticos tem vindo a alastrar a todos os ramos do conhecimento. Por exemplo, uma Economia baseada em modelos matemáticos poderá ser óptima para descrever o passado, mas inútil para prever o futuro. E para orientar a decisão. Tem, por isso, razão o Papa quando fala das limitações da Ciência. Porque a Ciência cada vez se reduz mais à matemática e há instrumentos mais poderosos de obter Conhecimento. O Big Bang é um modelo matemático. Desenhado para se ajustar às observações. Mas, hélas, tal como no modelo de Ptolomeu, estas dependem do observador! E dar esse salto é impossível para um modelo matemático. O Big Bang também durará 15 séculos?
“Alf” – Autor dos blogues de Ciência: “Outra Margem” e “Outra Física” [com links na coluna do lado]

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Eles comem tudo… (3)

Há dias ficou-se a saber que dois milhões de portugueses vivem com menos de 10 euros por dia, ou melhor, viviam. É que um tal de José Sousa esclareceu no parlamento que os dados se referiam a 2004. Ficámos então muito mais descansados, de 2004 para cá talvez algum deles já tenha arranjado emprego como jardineiro de um dos vencedores do Euromilhões. Poucos dias antes, havíamos tido conhecimento dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2008, da Galp, onde a “crise” que se vive no sector petrolífero é bem patente. Recorde-se que o seu presidente, Manuel Ferreira de Oliveira, disse que a subida dos preços do petróleo é uma “realidade preocupante, mas contra a qual nada há a fazer”. A Galp apresentou lucros (líquidos) de 13,86 € por segundo. A crise tem destas coisas. E para terem uma ideia da globalidade da dita "crise", tantas vezes repetida pelos nossos “governantes” e pela comunicação social, fiquem a saber que a Exxon Mobil, apresentou no ano de 2007 lucros jamais alcançados por qualquer outra empresa de 1300 dólares (835,96 €, ao câmbio de 29/05/2008) por segundo (algo semelhante aos lucros da Galp num minuto).
Apache, Maio de 2008

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Os “novos” delírios dos inquilinos da “5 de Outubro”

«O ciclo único, a pedagogia única e o poder único»
«As 125 páginas do relatório apresentado ao CNE (Conselho Nacional de Educação) sobre o estudo relativo à educação das crianças dos 0 aos 12 anos foram escritas por académicos ilustres. Constituem por isso uma leitura estimulante, a muitos títulos. Mas no âmbito desta coluna, apenas fará sentido tratar a proposta mais polémica que dele emana, a eventual fusão dos 1º e 2º ciclos do ensino básico, fugindo, quanto possível, da complexidade dos estritos registos académicos e considerando, também quanto possível, as percepções mais comuns dos que estão no terreno. No relatório refere-se um “contraste violento e repentino entre o regime de monodocência do 1º ciclo e o regime de pluridocência do 2º ciclo” e sugere-se que a fusão dos dois obstaria a “transições bruscas”, inconvenientes para as crianças. Coerentemente, propõem-se um professor único para os dois ciclos, ainda que eventualmente coadjuvado por outros (dois ou três professores na mesma sala, ao mesmo tempo, a dar matérias diferentes, numa animada e pós moderna balbúrdia pedagógica). Ora sucede, como é público e conhecido, que um professor generalista, concebido para leccionar até ao 6º ano da escolaridade básica, já está a ser formado, infelizmente, na sequência do Decreto-Lei nº 43/2007, de 2 de Fevereiro. Termos em que este estudo veio mesmo a calhar: valida pela voz autorizada de académicos conceituados a temeridade do Governo. Quanto à natureza brusca da passagem do 1º para o 2º ciclo e aos implícitos inconvenientes que daí resultam, procurei e não encontrei no estudo fundamentação suficiente. Outrossim, o que as estatísticas mostram é que o insucesso escolar é bem mais significativo na transição do 2º para o 3º ciclo. Com efeito, os resultados globalmente obtidos pelos alunos do 5º ano (o da transição brusca) são bem melhores que os conseguidos no 7º ano (altura em que os alunos já estão adaptados ao regime de pluridocência). Mas, mais que isso, teremos todos dificuldade em aceitar este cansativo fado dos traumas das criancinhas. Numa sociedade em que o paradigma imposto, quase como condição de sobrevivência, é o de estarmos preparados para nos adaptarmos e mudarmos constantemente, receamos que aos 9 ou 10 anos de idade, a passagem do regime de classe para o regime de disciplinas autónomas traumatize as crianças? E a deslocação bruta, forçada, de crianças de 6 anos do seu ambiente habitual para escolas distantes e grandes, por jornadas de autêntico “trabalho” infantil que superam em duração o legalmente permitido aos trabalhadores adultos, com dezenas de quilómetros andados para lá e para cá, deixará incólumes corpos e espíritos das indefesas criaturas? Quando a alegada monodocência do 1º ciclo é, aliás, falsa, dado que na maioria das escolas as crianças já têm vários professores, para além do nuclear (educação física, expressões e inglês)? A verdadeira consequência, a importante, em minha opinião, reside num novo decréscimo do conhecimento que tal sistema originará para as crianças. Um só professor a ensinar Português, Matemática, História; Geografia, Ciências da Natureza e o que mais se verá? O peso da especulação pedagógica em detrimento das tradicionais áreas do conhecimento tem conduzido as crianças portuguesas por tristes veredas de infantilização. O proposto será uma boa achega para a promoção desse pernicioso percurso e para mais uma drástica redução do número de professores em actividade, com a natural e consequente redução significativa dos custos da provisão do ensino básico a que o Estado está obrigado. Õ cinismo com que o Ministério da Educação reagiu à proposta, dizendo que é prematura a fusão do 1º com o 2º ciclo do ensino básico, é confrangedor, sendo certo que não há muito tempo propôs, ele próprio, isso mesmo e lançou, em conformidade, a já referida formação de professores para os dois ciclos, em regime de monodocência. Mas sob o manto diáfano desta mal disfarçada inocência está o ardiloso avanço, com a necessária preparação da opinião pública, de mais uma investida para poupar cobres, em pura lógica imediatista. Que se lixem as crianças e a Lei de Bases que claramente proíbe a fusão! A maioria absoluta, o desastre de Bolonha e, agora, o CNE são música celestial para os ouvidos dos absolutistas que se sentam na 5 de Outubro.»
Santana Castilho – Professor do Ensino Superior

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Porque aumenta (tanto) o petróleo?

Há quem afirme que os continuados aumentos do preço do crude nos mercados internacionais se deve à guerra no Iraque. É uma guerra que já dura há vários anos, aparentemente sem fim à vista e ao que parece, para continuar, já que tanto o candidato Republicano à Casa Branca, John McCain, como o mais que provável candidato Democrata, BaracK Obama, já deixaram bem claro que tão cedo não farão regressar as tropas a casa. Estamos portanto numa situação relativamente estável, que não afecta significativamente o mercado, que (neste aspecto) reage negativamente a incertezas. Há também quem afirme que os preços reflectem a escassez (futura) do bem. Muitos estão convencidos, que já foi atingido (ou sê-lo-á brevemente) o “pico petrolífero” [vejam a título de exemplo um estudo realizado nos Estados Unidos, disponível na Wikipédia]. Ou seja, que a maioria dos países produtores já ultrapassou o seu máximo de produção, encontrando-se agora na curva descendente, até ao esgotamento do mesmo. Recordo-me que quando era aluno do liceu, vários manuais escolares apresentavam previsões do esgotamento do petróleo em 30 anos. Entretanto, passados 20 anos, continuam a tentar “vender-nos” a teoria do esgotamento do petróleo, dentro de 30 a 40 anos. Fazer uma estimativa deste tipo, implicaria saber (com alguma exactidão) qual a quantidade total de petróleo extraível, disponível no planeta. Honestamente, não creio que alguém faça a mínima ideia. Não vejo sequer grande interesse dos fabricantes de motores a combustão (desde os automóveis, à maquinaria pesada agrícola e industrial, passando por barcos, aviões, etc.) em mudar a sua tecnologia a breve prazo. O petróleo que hoje se vende nos mercados será entregue e consumido daqui a 6 meses, 1 ano, ou mais, daí que, o que influencia os preços de hoje, sejam fundamentalmente as perspectivas de procura “amanhã”. E essas perspectivas dificilmente poderiam ser melhores. A economia chinesa e indiana, os dois mais populosos países do mundo (quase 30% da população mundial) está a crescer continuadamente nos últimos anos, consequentemente, tanto a indústria como os particulares irão consumir cada vez mais petróleo (principal fonte de energia da indústria). Além disto, o investimento das petrolíferas na propaganda ao alegado “aquecimento global” começa a dar os frutos. A implantação em muitos países, de aerogeradores (construídos essencialmente em aço e alumínio) é um manancial de lucros para as indústrias mineiras e de transformação, ambas consumidoras de gigantescas quantidades de petróleo. O apelo sistemático à produção de bio-combustíveis aumenta também, significativamente, o consumo de petróleo, tanto na maquinaria agrícola, como nas indústrias químicas que sintetizam o produto final. Em resumo, sem querer excluir outros possíveis (mas a meu ver, pequenos) contributos, o preço do petróleo sobe desmesuradamente, porque os especuladores apostam no (mais que) previsível aumento do consumo nos tempos mais próximos.
Apache, Maio de 2008

domingo, 25 de maio de 2008

Foi você que pediu... um avião da CIA?

(Imagem retirada do Blogue «We Have Kaos In The Garden», "linkado" na coluna da direita)
O Ministério dos Transportes enviou, na passada semana, à Assembleia da República, uma lista de 56 voos da CIA, de e para Guantánamo, que passaram em território nacional, entre Julho de 2005 e Dezembro de 2007. O Governo diz desconhecer o que era transportado naqueles aviões.
Sócrates desconhece as Leis que o seu governo cria (recorde-se o ridículo episódio do fumo a bordo do avião fretado para a visita à Venezuela). Desconhece o que transportam os aviões que escalam o país (antes até jurava que eles não existiam). Será que desconhece que é Primeiro-Ministro? Isso explicaria muita coisa…
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Mais valia estar calado

Al Gore continua a sua carreira de mentiroso profissional acusando o “aquecimento global” de tudo e mais alguma coisa. Desta vez (a 6 de Maio, passado) foi numa entrevista à rádio pública dos Estados Unidos (NPR) que (o mesmo artista que em finais dos anos oitenta disse na Argentina que as lebres e as ovelhas estavam a cegar por causa do “buraco do ozono”), o dito senhor (sem ofensas) culpou o “aquecimento global” pelo furacão Nargis que quatro dias antes havia devastado Myanmar com trágicas perdas humanas. Se Gore tivesse um palminho de testa, antes de vir a público debitar as baboseiras que lhe ocorrem, ou que lhe são sussurradas pelos engraçadinhos do cartel petrolífero (e não só), consultava primeiro os dados disponíveis. Mas a inteligência de Al Gore deve ser proporcional à sua honestidade, portanto não dá para mais. Por vezes, nem mesmo o companheiro das aldrabices (que diz que é uma espécie de cientista), James Hansen, do GISS (da NASA) consegue manipular suficientemente os dados para lhe salvar a pele. A imagem seguinte mostra a variação das temperaturas medidas por satélite, na baixa troposfera, entre Janeiro de 2007 e Abril de 2008. O zero do eixo vertical representa o valor médio das temperaturas desde que há satélites. A verde estão as temperaturas globais, medidas sobre terra e mar, a azul as medidas sobre os oceanos e a vermelho, as medidas sobre os oceanos nas zonas entre os trópicos.

Apache, Maio de 2008

terça-feira, 20 de maio de 2008

O preço dos combustíveis...

A real dimensão do escândalo
Já tinha feito referência (em “post’s” anteriores) à ridícula justificação dos brutais aumentos dos preços dos combustíveis, em Portugal, com o aumento do preço do petróleo nos mercados internacionais, uma vez que este é pago em dólares, moeda que nos últimos anos tem tido uma acentuada desvalorização face ao euro. No entanto, como todos sabemos, uma coisa é o preço a que o petróleo é vendido nos mercados internacionais, outra bem diferente, é o real custo da sua exploração e refinação. E, se comparar-mos o preço de venda dos combustíveis, em Portugal, com uma estimativa (seguramente por excesso) dos seus custos de produção, o escândalo que constitui os lucros do Estado e das petrolíferas, assume proporções astronómicas. Tomemos como exemplo, a Venezuela, um dos países que apresenta os combustíveis mais baratos em todo o mundo e o nono maior produtor mundial de petróleo. No passado dia 13 de Maio, um jornalista português constatou que, bem no centro de Caracas, a gasolina sem chumbo custava 0,091 bolívares por litro, numa bomba da (americana) Texaco. Ouvindo o responsável pelo posto de abastecimento, este confessava que os tempos eram maus para o negócio, pois a Texaco comprava os combustíveis à PDVSA (a petrolífera do estado venezuelano), ganhando apenas 0,02 bolívares em cada litro de gasolina vendido). Significa isto, que a PDVSA vende (pelo menos à Texaco) a gasolina a 0,071 bolívares. Admitindo que a petrolífera estatal tem um lucro (no mínimo) idêntico, ao da empresa dos Estados Unidos, então o preço de produção da gasolina é de 0,051 bolívares por litro, o que à cotação de hoje, equivale a 0,0153 € (3$00 na antiga moeda nacional). Depois é “só” transportá-la para Portugal, aplicar-lhe a margem de lucro, somar-lhe os impostos nacionais e vendê-la a (preços de hoje nas bombas da Galp) 1,474 € (295$50 na antiga moeda), ou seja 96 vezes mais cara. Por outras palavras… Em cada litro de gasolina vendida hoje, em Portugal, o Estado arrecadou em impostos 86,5 cêntimos e as petrolíferas lucraram (depois de subtraídos os custos de prospecção, extracção, refinação e transporte) mais de 60 cêntimos. É costume dizer-se que para o negócio, é preciso ter jeito, eu diria antes, que é preciso ter lata, muita lata…
Apache, Maio de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

Spooortig!!! (2)

Depois de um desempenho no campeonato cheio de soluços e, daquela exibição insonsa na final da Taça da Liga, conseguimos acabar a época como começamos, a ganhar. Foi a 15ª Taça de Portugal conquistada pelo Sporting, em 67 edições da prova.
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Avaliação Fatal…

O INA (Instituto Nacional de Administração) está a levar a cabo uma série de seminários sobre avaliação de desempenho do pessoal docente. Os destinatários são essencialmente os membros dos Conselhos Executivos, e os Coordenadores responsáveis pela avaliação dos professores. O formador é o senhor Jorge Fatal Nogueira, licenciado em Engenharia de Sistemas Decisionais, pós graduado em Marketing, MBA… [Calma, não comecem já a rir…., o resto do currículo está no “site” do INA.] As turmas têm 25 alunos, a acção decorre em dois dias (num total de 16 horas e custa 200 euros. [Também não valem palavrões… são só 312,5 € por hora e provavelmente não é só para o senhor Fatal, que eventualmente até paga impostos…] Dois destes seminários já decorreram, um (nos passados dias 9 e 10), no Agrupamento de Escolas Ferrer Correia e outro (nos dias 12 e 13), nas instalações do INA em Oeiras. Mas não vale a pena ficarem tristes por não terem participado, pois a dose “fatal” repetir-se-á a 22 e 23 do corrente, no Agrupamento de Escolas Martins de Freitas (Coimbra) e ainda em mais 9 outras datas (disponíveis também no “site” do INA). Para quem ainda assim não consiga arranjar vaga [ou não queira atirar 200 € para o chapéu do artista], porque não quero que os colegas fiquem privados das competências que este seminário certamente vos forneceria [espero que não estejam a rir outra vez…], deixo aqui a “ferramenta” (termo usado pelo próprio) Fatal, composta por 96 condutas [algumas são repetidas, devem ter peso duplo…] sobre as quais, supostamente, incidiria a nossa avaliação… "CONDUTAS 1. É pontual. 2. Disponibiliza-se para actividades que ultrapassam obrigações horárias/profissionais. 3. Cumpre prazos. 4. Quando trabalha em equipa é um elemento participativo e não conflituoso. 5. Zela e preserva material/equipamento escolar. 6. Proporciona ambiente calmo, propício à aprendizagem. 7. Numa reunião tem uma atitude de colaboração e de entreajuda. 8. Manifesta opinião própria e construtiva relativamente a assuntos debatidos. 9. Não gera mau ambiente no local de trabalho. 10. Evita banalidades e perda de tempo. 11. É receptivo à mudança. 12. Dá sugestões / tem opiniões críticas para melhoria de serviços. 13. Faz formação de acordo com o projecto educativo da escola. 14. Faz formação na sua área específica. 15. Disponibiliza-se para apoiar os alunos após as horas lectivas, sempre que considere necessário. 16. Regista e avalia o cumprimento das actividades planificadas. 17. Estabelece planos de acção para corrigir desvios. 18. Apoia o desenvolvimento de métodos de aprendizagem / estudo. 19. Estabelece e faz respeitar regras de convivência, colaboração e respeito. 20. Aplica os critérios de avaliação aprovados pelos órgãos competentes. 21. Cumpre o horário - substitui parâmetros de assiduidade. 22. Mantém a calma perante uma situação de tensão com alunos, professores ou pais. 23. Mantém limpo e arrumado o local de trabalho. 24. Oferece-se para ajudar em outras áreas que não a sua quando é necessário. 25. Predispõe-se para ajudar as pessoas aquando da necessidade de urgência no serviço
26. Conhece o PE da escola, a missão e a visão da escola. 27. Utiliza correctamente os equipamentos. 28. Verifica o estado dos equipamentos antes e depois da sua utilização. 29. Zela pelo cumprimento do regulamento interno da escola. 30. É educado e cordial com todos os elementos da comunidade escolar. 31. Perante uma situação determinada, apresenta diferentes alternativas como solução. 32. Comunica por escrito ao conselho executivo sugestões a implementar (por ex: com base na análise de melhores práticas de outras escolas ou organizações) que ajudam a garantir um serviço de mais qualidade. 33. Mantém a confidencialidade e discrição perante determinadas situações. 34. Recolhe diferentes opiniões ou sugestões procurando criar sinergias com os seus colegas com a mesma função. 35. Colabora / age no sentido de proporcionar um bom clima de escola. 36. Resolve situações de conflito sem ter que solicitar ajuda extra. 37. Assiste a aulas de colegas sempre que considera útil. 38. Permite que outros colegas assistam a aulas suas. 39. Actua de forma rápida e eficaz, de acordo com critérios predefinidos, dentro das acções previstas nos processos de trabalho em que está envolvido. 40. Age com assertividade e discernimento, encontrando as soluções mais pertinentes para cada situação, apresentando-as ao respectivo responsável hierárquico. 41. Analisa problemas e toma decisões relativas a rotinas de trabalho, não necessitando de apoio superior. 42. Avalia sistematicamente os resultados que se propõe atingir e reformula as actividades para atingir os resultados de forma mais eficaz. 43. Cumpre prazos. 44. Transmite a sua opinião de forma racional e controlada. 45. É receptivo à mudança e envolve os seus pares para melhorar a sua área, a dos outros e a escola no seu todo, não se opondo às questões. 46. Quando é chamado a desenvolver outras actividades, encara sempre a situação de uma forma positiva, predispondo-se para actuar. 47. Revela empenho no desenvolvimento das tarefas, realizando-as antecipadamente. 48. Toma decisões e assume a responsabilidade não jogando a culpa dos problemas para cima de outros. 49. Sugere soluções inovadoras, antecipando a ocorrência de problemas. 50. Gere com eficiência todos os meios existentes na escola. 51. Procura todas as oportunidades de formação de forma a alargar conhecimentos específicos relativos à área da sua intervenção. 52. Propõe actividades com vista à modernização e desenvolvimento da comunidade onde se integra (extravasando os limites da escola). 53. Supera as expectativas do grupo com contribuições activas de desenvolvimento, motivando estes a seguir o exemplo, oferecendo ajuda e dando opiniões construtivas (não havendo rejeições das suas contribuições). 54. Assiste a eventos desenvolvidos por qualquer tipo de entidade. 55. Está ao corrente de situações e dificuldades de outras escolas desenvolvendo soluções na escola como prevenção. 56. Perante uma dificuldade na escola conversa com outros colegas que possam partilhar situações similares e sugere determinadas acções. 57. Traz à escola pessoas de assuntos de interesse partilhando experiências. 58. Desenvolve planos de acção para a implementação de melhores práticas pesquisadas e adequadas à escola. 59. Fomenta o networking interno e externo através de comunicações e actividades.60. Analisa continuamente as tendências dos outros e procura implementar as melhores práticas para encontrar as melhores soluções. 61. Aplica a formação recebida nas tarefas que lhe são atribuídas. 62. Aproveita ideias de outras áreas ou de organizações semelhantes e adapta-as à sua. 63. Avalia sistematicamente os resultados que se propõe atingir e reformula as tarefas, no sentido da melhoria, ou seja, faz alterações ao previsto, para atingir os resultados de forma mais eficaz. 64. Consegue sinergias com outras áreas da organização no sentido de facilitar ou agilizar o serviço. 65. Identifica situações que fogem do padrão do controle previsto e apresenta soluções ao Coordenador no sentido de evitar possíveis problemas. 66. Organiza e coordena actividades consideradas por outras áreas como melhores práticas e incorpora-as com vista à superação dos resultados previamente estabelecidos, apresentando propostas ao Coordenador para superação de objectivos através de um plano de acção. 67. Orienta e planeia acções com uma visão partilhada que potencia a missão e os valores da organização. 68. Partilha técnicas, ferramentas e conhecimentos dentro da organização. 69. Partilha técnicas, ferramentas e conhecimentos fora da organização, por exemplo fazendo apresentações em congressos, palestras, etc. 70. Partilha técnicas, ideias e recursos melhorando o trabalho em equipa através de aconselhamentos aos seus colaboradores. 71. Predispõe-se para ajudar as pessoas aquando da necessidade de urgência no serviço. 72. Procura todas as oportunidades de formação de forma a alargar conhecimentos específicos relativos à área da sua intervenção. 73. Sempre que verifica alguma anomalia mesmo que não seja da sua área sugere soluções simples mas concretas. 74. Contribui para a mudança planeando melhores práticas e tomando iniciativas, com base em projectos de autonomia e liderança, medindo o grau de satisfação de pelo menos 75% dos seus colaboradores através de pesquisas de satisfação rápidas. 75. Apresenta por escrito propostas de soluções novas de problemas fora da sua área de trabalho e de actuação. 76. Cria acções novas e motivadoras para a manutenção da disciplina na sala. 77. Cria e implementa novas formas e metodologias que favorecem a participação dos alunos na realização da aula. 78. Cria ferramentas de controle da sua actividade ou de outros dentro da organização que sejam simples mas resolvam os problemas de acompanhamento. 79. Cria instrumentos que proporcionam auto avaliação dos alunos com rigor e objectividade. 80. Cria novos métodos de estudo para os alunos, demonstrando a sua eficácia. 81. Cria novos sistemas ou metodologias nas turmas que estimulam o processo de ensino-aprendizagem. 82. Cria processos e critérios de avaliação e partilha com os avaliados, obtendo consenso e validação. 83. Desenvolve recursos inovadores para a realização de actividades lectivas. 84. É capaz de desenhar condutas observáveis dos colegas avaliados de forma simples e objectiva. 85. Envolve-se em projectos comunitários inovadores por iniciativa própria. 86. Estabelece mecanismos novos de seguimento ou acompanhamentos da implementação dos planos de melhoria negociados com os avaliados. 87. Executa um projecto de liderança inovador e consegue implementar ideias revolucionárias e estratégicas, envolve as pessoas nesses projectos não deixando de fora ninguém. 88. Inova com ideias jamais testadas em algum lado e prova que a organização poderá beneficiar disso. 89. O professor cria e implementa processos claros e reconhecidos pelos alunos para facilitar a sua disponibilidade e apoio aos mesmos. 90. Preocupa-se no desenho e implementação de novas ideias criadas por ele que ajudem a escola na redução do abandono escolar. 91. Propõe novas actividades com vista à modernização e desenvolvimento da comunidade onde se integra. 92. Quando apresenta os problemas apresenta também hipóteses de várias soluções criadas por ele, devidamente estudadas e analisadas e dá a sua opinião de como o problema pode ser resolvido da melhor forma. 93. Sugere novas estratégias para a resolução de problemas. 94. Sugere novos critérios que permitam fazer uma análise da planificação e estratégias de ensino para a adaptação ao desenvolvimento das actividades lectivas. 95. Sugere soluções inovadoras, antecipando a ocorrência de problemas. 96. Utiliza os resultados da avaliação dos alunos como base para criar novas formas de actividade lectiva que permitam desenvolver com eficácia e competência as atitudes dos alunos.” A responsabilidade pela má construção frásica, nomeadamente pelos erros de concordância é do autor das mesmas. [Pronto, basicamente é isto. Deu para rir na mesma e pouparam 200 euros...] P.S. Não andem por aí a mostrar a “ferramenta” do senhor, consta que é confidencial ;)
Apache, Maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Alguém me explica? (2)

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) anunciou anteontem que a produção mundial de arroz, deste ano, deverá bater todos os recordes, cifrando-se em 666 milhões de toneladas, mais 2,3% que no ano passado. Enquanto que o consumo deverá crescer cerca de 0,5%, atingindo (segundo os meus cálculos) algo próximo dos 380 milhões de toneladas. Este ano de 2008 ficará assim marcado por um aumento do excedente mundial de arroz. Pergunta inconveniente… Porque raio, os preços do arroz nos mercados mundiais, subiram 76% nos quatro primeiros meses deste ano? Pelo visto, a “lei da oferta e da procura” vale tanto para os especuladores, como as leis da Física para os “ecologistas”…
Apache, Maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

O que é o efeito de estufa?

Antes de mais, alerto os hipotéticos leitores para o facto de o texto que se segue não corroborar a versão política da expressão “efeito de estufa”, a qual poderá ser encontrada em qualquer manual escolar de Física e Química A do 10º ano, bem como em inúmeras páginas da Internet.
Encontram facilmente a resposta à pergunta acima, se eu vos der um exemplo. A Lua, que gira em volta da Terra, a cerca de 384 000 km de nós, está aproximadamente à mesma distância do Sol que o nosso planeta, por isso, recebe dele aproximadamente a mesma quantidade de energia por unidade de área, que a Terra. Seria então de esperar que tivesse idênticas temperaturas. Mas não tem. A temperatura mínima registada na Terra foi de -89,2 ºC e a máxima de 58,1 ºC, enquanto no nosso satélite natural já foram medidas temperaturas mínimas de -233 ºC (durante a noite) e 123 ºC (durante o dia). Motivo para esta discrepância – a Lua (quase) não tem atmosfera! Conclusão, o efeito de estufa é causado pela atmosfera, logo, gases com efeito de estufa são todos os gases que compõem a atmosfera! A expressão efeito de estufa é manifestamente infeliz, a “ciência” é pródiga nesta péssima escolha de termos. O que se passa numa estufa é o que se passa no nosso carro quando fica estacionado ao sol. A luz solar atravessa o vidro e parte dela é absorvida pelos gases que estão no habitáculo, aquecendo-os. Como estes gases não podem contactar com a atmosfera exterior (o sistema é fechado), não trocam calor com estes, mantendo-se mais quentes. Diz-se que uma estufa impede a convecção, isto é, a troca de energia na forma de calor, através de correntes de gases. (a convecção também ocorre nos líquidos.) As trocas de energia entre o ar dentro do carro e o exterior fazem-se essencialmente por radiação. No interior, é absorvida fundamentalmente radiação visível e infravermelha (também alguma ultravioleta) proveniente do Sol e é emitida radiação infravermelha (a menos energética das três) pelo ar interior, por isso, este aquece. O que é que isto tem a ver com a atmosfera terrestre (ar livre)? Praticamente nada. De toda a radiação enviada pelo Sol, para a Terra, parte é reflectida pela atmosfera e pela superfície do planeta (cerca de 30%; a que se chama albedo), a restante é absorvida por ambas (atmosfera e superfície). Contrariamente ao ar aprisionado dentro do carro, a atmosfera terrestre facilita a convecção. Os gases mais quentes (menos densos) sobem deixando “espaço” disponível, que os mais frios (mais densos) ocupam. Criam-se assim, correntes de ar a diferentes temperaturas (as correntes de convecção), que constituem um dos mecanismos que rege o clima. Assim, a atmosfera funciona como um regulador do clima, absorve parte da energia solar (radiação) que distribui para as zonas mais frias (por convecção), não deixando criar grandes amplitudes térmicas. Além disso, devolve ainda, do lado noite, parte dessa energia para o espaço (por radiação) e cede à superfície (quando esta está mais fria) uma pequena parte (por condução). Podemos dizer que é a atmosfera a causa das alterações climáticas. Na Lua, não há estações do ano, e o clima é idêntico todos os dias, um calor infernal no lado dia e um frio insuportável no lado noite. Mais de 350 ºC graus de diferença entre o dia e a noite.
Apache, Maio de 2008