segunda-feira, 29 de junho de 2009

Temos a escola que a maioria quer?!

“As provas de avaliação sempre suscitaram a repulsa dos pedagogos “modernos”. O argumento era o de que semelhantes testes não reflectem o que os alunos realmente sabem. Os exames nacionais aplicados pelo corrente Ministério da Educação demonstram que os pedagogos “modernos” tinham razão: as notas aproximam-se da excelência e os alunos não sabem nada. Isto sucede porque cada ano os exames se vão adequando ao QI de Forrest Gump. Por enquanto a subida nas respectivas médias só eleva as crianças indígenas a lugares honrosos nas tabelas comparativas internacionais. Mas quando o exame de Matemática do 12.º ano se resumir a pintar com guache o algarismo 8, não duvido que o topo das tabelas será nosso. Parece bom? Se calhar é bom. É certo que, aqui ou ali, duas dúzias de líricos protestam as quebras nos padrões de exigência e avisam que o Estado está a fabricar idiotas. E depois? Não compete ao Estado democrático formar génios: compete-lhe, como prometia a Declaração de Independência americana, criar condições para a felicidade das pessoas. E as pessoas, pelo menos no que toca ao ensino, estão felizes. O ministério congratula-se com o brilharete estatístico. As crianças também andam contentes e, embora exibam dificuldades em se exprimir numa língua existente, surgem nos “telejornais” a considerar “bué da fácil” os testes de Português. E a CONFAP, uma coisa que diz confederar as associações de pais, aplaude, ressalvando que os exames ainda são um nadinha exigentes e que, em vez de se ocupar com trivialidades, a escola tem de investir na “componente de apoio à família”, leia-se armazenar por tempo indefinido os meninos que os progenitores não aturam. A experiência própria junto dos pais (não confederados) que conheço, confirma a tendência. Com excepções, a maioria aceita com jovialidade que no final da “primária” (ignoro a designação actual), a descendência não consiga identificar o País num mapa ou demore meia hora a ler um rótulo de Nestum. Suponho que, no final do “secundário”, a descontracção face a estes ligeiros óbices permaneça igual. A única função que a generalidade dos pais exige à escola é a de ama-seca, capaz de lhe devolver os petizes ao fim do dia em perfeita saúde e, o que não custa, com um boletim escolar limpo de reprovações, castigos e demais maçadas. O pormenor de os cérebros dos petizes continuarem limpos de instrução não perturba milhões de envolvidos. E porque deverá perturbar um punhado de observadores distantes? Numa perspectiva racional, de facto não há motivo para que a escola preste serviços não requisitados pela sociedade em que se insere. Se quase ninguém o deseja, o ensino tradicional perdeu a razão de ser, e por isso até estranhei ver o eng. Sócrates, na entrevista à SIC, todo orgulhoso por oferecer às crianças “competências informáticas” e fluência em Inglês. Logo a seguir, porém, lembrei-me que a informática corresponde aos joguinhos do Magalhães e que o Inglês é provavelmente técnico. A notável carreira do eng. Sócrates mostra que não é preciso muito mais.”
Alberto Gonçalves, na “Sábado” da passada quinta-feira (25/06/2009)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pois é! Mas isso não interessa nada a certos "artistas".

"Afirmar que o dióxido de carbono antropogénico é responsável pelo aquecimento do clima da Terra é cientificamente insuportável." [Tradução minha]
Patrick Frank, doutorado em Química pela Universidade de Stanford (Califórnia), Maio de 2008

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Politica à portuguesa

“A política converteu-se numa vasta associação de intriga, em que os sócios combinam dividir-se em diversos grupos, cuja missão é impelirem-se e repelirem-se sucessivamente uns aos outros, até que a cada um deles chegue o mais frequentemente que for possível a vez de entrar e sair do governo. Nos pequenos períodos que decorrem entre a chegada e a partida de cada ministério o grupo respectivo renova-se, depondo alguns dos seus membros nos cargos públicos que vagaram e recrutando novos adeptos candidatos aos lugares que vierem a vagar. É este trabalho de assimilação e desassimilação dos partidos, que constitui a vida orgânica do que se chama a politica portuguesa.
(…)
A opinião pública, marasmada pela indiferença, desabitua-se de pensar e perde o justo critério por que se julgam os homens e os factos.”
Ramalho Ortigão, “As Farpas”, 15 de Setembro de 1877

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Teixeira dos Santos, o cómico

O Estado privatizou o BPN mas não injectou dinheiro nele, a Caixa Geral de Depósitos, sim! Será que sou eu o principal accionista da Caixa?
Serão os sistemas de supervisão capazes de detectar situações de fraude deliberadamente montadas para as autoridades descobrirem?
Apache, Junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quantos são? Quantos são?

Dos resultados das eleições para o Parlamento Europeu, realizadas no passado domingo (7 de Junho), além da óbvia insatisfação de muitos, com o partido do vendedor de portáteis que veste Armani, evidenciou-se (uma vez mais) a abstenção, que de acordo com os dados oficiais (1:20 de 12/06/2009, quando faltam apurar apenas 10 consulados) se cifrou em 63,15%. Na página da Direcção Geral da Administração Interna (onde se publicam os resultados) pode ver-se o número total de eleitores inscritos em Portugal, 9 491 592. Consultando o portal do Instituto Nacional de Estatística (INE) verificamos que o número de residentes em território nacional é de 10 617 575, dos quais 1 628 852 têm menos de 15 anos de idade. Ora como sabem, em Portugal, para se poder votar tem de se ter mais de 18 anos e estar inscrito no recenseamento eleitoral. Na mesma página do INE lemos que há 1 236 004 residentes, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, pelo que, os que têm entre 15 e 18 anos serão sensivelmente 30% destes, ou seja, 370 801. Noutra página do referido portal, o INE informa-nos que os estrangeiros residentes em Portugal são 401 602. Ora, se a todos os residentes em território nacional subtrairmos os cidadãos estrangeiros e os portugueses com idade inferior a 18 anos, chegamos a 8 216 320 eleitores, em contraste com os já citados 9 491 592 constantes nos cadernos eleitorais. Dir-me-ão que deverão haver portugueses inscritos em território nacional que já não residem cá. Provavelmente haverá, mas dificilmente serão em número superior, aos que, tendo já completado dezoito anos, ainda não constam dos cadernos eleitorais. Em conclusão, ou o INE não tem a menor ideia de quantos somos, ou os cadernos eleitorais contêm mais de um milhão, duzentos e setenta e cinco mil, eleitores fantasma (um número superior ao dos votantes no partido vencedor).
Apache, Junho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sondagens e indignações

Anda meio mundo indignado com os resultados das sondagens. Das cinco elaboradas na semana que antecedeu o acto eleitoral para o parlamento europeu, quatro davam a vitória ao PS, tendo todas elas falhado por excesso, as previsões de votos no partido no Governo. Por sua vez, todas elas previram uma votação no CDS-PP bem abaixo dos resultados obtidos nas urnas. Paulo Portas (líder do CDS-PP), talvez o mais indignado de todos, vai fazer queixinhas ao Presidente da República. Confesso que não percebo a ideia. Saberá Portas que Cavaco Silva foi professor de Economia, não de Estatística, muito menos de Sociologia? Não seria melhor, o CDS encomendar uma sondagem e se não gostar do resultado apresentar queixa na DECO (defesa do consumidor)? Mas a indignação do CDS-PP vai mais longe e o partido promete apresentar um projecto de lei que impeça a divulgação de sondagens durante a campanha eleitoral. Pedro Mota Soares, porta-voz da comissão política do partido afirmou que “as sondagens estão a desvirtuar o sistema democrático e político em Portugal”. Acho que há aqui algum exagero, há muitos anos a esta parte que a democracia se tem revelado como a arte de manipulação da opinião pública e, os estudos estatísticos cedo se mostraram parte importante dessa manipulação. Salvo honrosas excepções, quem encomenda um estudo (por vezes de forma evidente, outras um pouco mais dissimulada) encomenda determinadas conclusões do mesmo. As sondagens são estudos de opinião idênticos a muitos outros. Ninguém paga e autoriza a publicação de uma sondagem que lhe seja manifestamente desfavorável. Aliás, são conhecidas as simpatias políticas da maior parte dos responsáveis pelas empresas de sondagens. Quanto à ideia de antecipar a divulgação das sondagens para antes da campanha, não me parece de grande utilidade. Quanto mais longe das eleições se efectuarem as sondagens, maior será a manipulação das mesmas, porque os seus autores mais facilmente se desculparão com a mudança de opinião do eleitorado no decurso da campanha. Se as sondagens não fossem politicamente manipuláveis, para que se encomendariam cinco, a outras tantas empresas, em tão curto intervalo de tempo?
Apache, Junho de 2009

domingo, 7 de junho de 2009

O novo paradigma da educação

[ Cliquem na imagem para ampliar]
Apache, Junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sporting de novo Vice-Campeão Europeu

O Sporting sagrou-se, no passado fim-de-semana (30 e 31 de Maio) Vice-Campeão Europeu de Atletismo em Pista (em masculinos). A prova disputou-se em Castellon (Espanha), tendo os leões, vencido 6 das 20 provas em causa. No total de pontos obtidos nessas 20 disciplinas, o Sporting ficou apenas a um ponto do Campeão Europeu, o Luch de Moscovo, para muitos, o melhor clube do mundo, na actualidade. Fosse, pela coincidência da prova com a final da Taça de Portugal em futebol, por o atletismo não envolver as verbas milionárias do “desporto-rei”, ou por há muito tempo a esta parte nos termos habituado a ver o Sporting no topo do atletismo mundial, o que é certo é que, uma vez mais, o facto de um clube português ser o 2º melhor da Europa não teve da parte da comunicação social portuguesa o destaque que o feito merecia. Na mesma prova, mas em femininos, o Sporting classificou-se num honroso 4º lugar.
Apache, Junho de 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Com compaixão...

Carta aberta ao Primeiro-Ministro
“Como sabe, uma carta aberta é uma figura retórica. Usamo-la para dizer publicamente coisas que reputamos de interesse geral e para as quais queremos mobilizar os outros. É este o meu fito. Claro. Dispensando mantos negros de campanhas da mesma cor. A assinatura vai no fim. Responsabiliza e o senhor sabe quem se lhe dirige. Quer acredite, quer não, começo por lhe confessar que tenho, repetidas vezes, verdadeira compaixão de si e da vida que construiu ao longo dos últimos anos. Não se pode sentir bem, mesmo que se julgue um salvador. Porque, objectivamente, o país que resulta da sua governação está pior do que o país que tomou e porque são muitos os que o têm por carrasco das suas existências. É, por exemplo, o caso do grupo profissional a que pertenço, os professores. A ministra e os secretários de Estado que o senhor descobriu infernizaram um sistema de ensino que já não precisava de ajuda para ser medíocre. Mas foram longe no cumprimento da missão que lhes determinou. Tornaram-no um caos. A responsabilidade, primeira e última, de tudo quanto aqui disse à sua dilecta ajudante, no meu último artigo, é sua. Sua, senhor primeiro-ministro! O senhor tem vindo perseverantemente a destruir a credibilidade da escola pública, a hipotecar o futuro da juventude e, com ela, do país. Se aplicar a si próprio a ligeireza ‘taylorista’ da avaliação do desempenho que impôs aos outros, estritamente assente em resultados, só pode concluir que falhou e não merece a renovação do contrato. Três exemplos, entre tantos: o senhor conseguiu a maior taxa de desemprego de sempre e uma dívida externa como nunca se viu na nossa história; sufocou-nos com a obsessão dos 3 por cento para, afinal, terminar a legislatura com um défice nunca antes atingido. O senhor, no partido e fora dele, rodeou-se de iluminados fanáticos que lhe têm feito crer que as suas posições - melhor dizendo, imposições - são as únicas razoáveis, ainda que diametralmente opostas às da maioria a quem se destinam. E não me venha com o discurso da legitimidade que conquistou nas urnas. Começou a perdê-la no dia seguinte, quando deixou de cumprir o que prometeu aos que em si votaram. Umas vezes de modo sub-reptício, outras de forma desavergonhada, fui assistindo à coacção social para aceitar ideias denominadas de progressistas, que não são mais que retrocessos civilizacionais. Falo da escola a tempo inteiro. Falo daquilo a que chamou escola inclusiva. Falo do desmembramento do Sistema Nacional de Saúde. Falo do desastre da Justiça e da produção legislativa pré-ordenada para fins diferentes dos do interesse colectivo. Falo do incentivo à bufaria e da continuada tentativa de domar a imprensa livre. Falo do TGV, do fim dos concursos públicos e dos ajustes directos, das derrapagens escandalosas de preços e dos favorecimentos mais que duvidosos. Falo do esbatimento desapropriado e inaceitável das fronteiras entre o Estado e o PS. Os funcionários públicos, em geral, e os professores, em particular, foram apresentados à população como os responsáveis pelos males do país. O senhor pulverizou carreiras em nome de uma modernização que ninguém vê. Tornou tudo precário. Deitou borda fora gente experiente e competente para acabar contratando em ‘outsourcing’ depois. O último ajuste directo foi feito com Freitas do Amaral, por 72.000 euros, para rever a lei das fundações. Naturalmente que não está em causa a competência do professor. Em causa está o princípio. Em causa está a memória, que ainda não se apagou, de outro contrato para colectar, por mais do triplo daquele valor, imagine-se, uma legislação que qualquer secretaria-geral dominava e utilizava no dia-a-dia. Entrámos em campanha eleitoral. Três eleições seguidas, arrastadas, com os mesmos que nos trouxeram à encruzilhada a dizerem que têm as soluções para o país, sem que ninguém peça desculpa por ter sido protagonista dos mesmíssimos erros que aponta aos adversários. Entre eles, o senhor sobressai pela falta de credibilidade. Pelo que acabo de referir, a título paradigmático, mais pela falta de cabal e atempado esclarecimento de tanta trapalhada em que tem sido envolvido. Queria que a rectidão do seu carácter não fosse com frequência objecto de dúvida. Gostaria que, olhos nos olhos da argumentação política, substituísse o absurdo e a mentira manipuladora do receituário definitivo. Mas como quer, por exemplo, que o cidadão comum tome a sério o combate apressado ao enriquecimento ilícito, simulado na mesma casa que se abriu, sem pudor político nem vergonha cívica, quase por unanimidade, ao deboche do financiamento partidário? Ou que seja generoso quando o vê, lá fora, ridiculamente exposto a falar em castelhano que não domina, ou a promover computadores manhosos numa cimeira internacional? Reconhecem-lhe dons oratórios. Discordo. O senhor é tão-só um pugilista da frase previamente fabricada (para o observador atento são significativos os seus erros discursivos: diz perdão, faz ‘rewind’ e carrega no ‘forward’ para prosseguir sem pestanejar). O seu vício para reduzir a argumentação ao pugilato verbal é irrecuperável, mesmo que a tarefa seja entregue à equipa de Obama que, dizem, vai contratar. Tenho para mim que o que mais o aproxima desse político é o tom da pele. Imagine como vejo grande a distância que vos separa e difícil a tarefa daqueles técnicos de comunicação. Sejam quais forem os resultados, o senhor já perdeu. Porque resignou um povo a viver explorado, sem esperança e sem alegria.”
Santana Castilho, Professor do ensino superior [no “Público” de 27 de Maio de 2009]

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O manual dos aberrantes

António Barreto, a propósito do “Manual de Aplicadores” que o Ministério da Educação (ME) decidiu editar, há alguns anos, destinado a ser lido nas salas de aula aquando da realização das provas de aferição do 4º e 6º ano de escolaridade, aproveita para fazer um balanço deste último ano de Lurdes Rodrigues à frente do ME, escrevendo assim no “Público” de ontem: «A publicação, pelo Ministério da Educação, do “Manual de Aplicadores” não passou despercebida. Vários comentadores se referiram já a essa tão insigne peça de gestão escolar e de fino sentido pedagógico. Trata-se de um compêndio de regras que os professores devem aplicar nas salas onde se desenrolam as provas de aferição de Português e Matemática. Mais preciso e pormenorizado do que o manual de instruções de uma máquina de lavar a roupa. Mais rígidos do que o regimento de disciplina militar, estes manuais não são novidade. Podem consultar-se os dos últimos quatro anos. São essencialmente iguais e revelam a mesma paranóia controladora: a pretensão de regulamentar minuciosamente o que se diz e faz na sala durante as provas. Alguns exemplos denotam a qualidade deste manual: “Não procure decorar as instruções ou interpretá-las, mas antes lê-las exactamente como lhe são apresentadas ao longo deste Manual”. “Continue a leitura em voz alta: Passo agora a ler os cuidados a terem ao longo da prova. (...) Estou a ser claro(a)? Querem fazer alguma pergunta?”. “Leia em voz alta: Agora vou distribuir as provas. Deixem as provas com as capas para baixo, até que eu diga que as voltem”. “Leia em voz alta: A primeira parte da prova termina quando encontrarem uma página a dizer PÁRA AQUI! Quando chegarem a esta página, não podem voltar a folha; durante a segunda parte, não podem responder a perguntas a que não responderam na primeira parte. Querem perguntar alguma coisa? Fui claro(a)?”. Além destas preciosas recomendações, há dezenas de observações repetidas sobre os apara-lápis, as canetas, o papel de rascunho, as janelas e as portas da sala. Tal como um GPS (“Saia na saída”), o Manual do Aplicador não esquece de recomendar ao professor que leia em voz alta: “Escrevam o vosso nome no espaço dedicado ao nome”. Finalmente: “Mande sair os alunos, lendo em voz alta: Podem sair. Obrigado(a) pela vossa colaboração”! A leitura destes manuais não deixa espaço para muitas conclusões. Talvez só duas. A primeira: os professores são atrasados mentais e incompetentes. Por isso deve o esclarecido ministério prever todos os passos, escrever o guião do que se diz, reduzir a zero quaisquer iniciativas dos professores, normalizar os procedimentos e evitar que profissionais tão incapazes tenham ideias. A segunda: a linha geral do ministério, a sua política e a sua estratégia estão inteiras e explícitas nestes manuais. Trata os professores como se fossem imaturos e aldrabões. Pretende reduzi-los a agentes automáticos. Não admite a autonomia. Abomina a iniciativa e a responsabilidade. Cria um clima de suspeição. Obriga os professores a comportarem-se como “robots”. A ser verdadeira a primeira hipótese, não se percebe por que razão aquelas pessoas são professores. Deveriam exercer outras profissões. Mesmo com cinco, dez ou vinte anos de experiência, estes professores são pessoas de baixa moral, de reduzidas capacidades intelectuais e de nula aptidão profissional. O ministério, que os contratou, é responsável por uma selecção desastrada. Não tem desculpa. Se a segunda for verdade, o ministério revela a sua real natureza. Tem uma concepção centralizadora e dirigista da educação e da sociedade. Entende sem hesitação gerir directamente milhares de escolas. Considera os professores imbecis e simulados. Pretende que os professores sejam funcionários obedientes e destituídos de personalidade. Está disposto a tudo para estabelecer uma norma burocrática, mais ou menos “taylorista”, mais ou menos militarizada, que dite os comportamentos dos docentes. O ano lectivo chega ao fim. Ouvem gritos e suspiros. Do lado, do ministério, festeja-se a “vitória”. Parece que, segundo Walter Lemos, 75 por cento dos professores cumpriram as directivas sobre a avaliação. Outras fontes oficiais dizem que foram 57. Ainda pelas bandas da 5 de Outubro, comemora-se o grande “êxito”: as notas em Matemática e Português nunca foram tão boas. Do lado dos professores, celebra-se também a “vitória”. Nunca se viram manifestações tão grandes. Nunca a mobilização dos professores foi tão impressionante como este ano. Cá fora, na vida e na sociedade, perguntamo-nos: “vitória” de quem? Sobre quê? Contra quem? Esta ideia de que a educação está em guerra e há lugar para vitórias entristece e desmoraliza. Chegou-se a um ponto em que já quase não interessa saber quem tem razão. Todos têm uma parte e todos têm falta de alguma. A situação criada é a de um desastre ecológico. Serão precisos anos ou décadas para reparar os estragos. Só uma nova geração poderá sentir-se em paz consigo, com os outros e com as escolas. Olhemos para as imagens na televisão e nos jornais. Visitemos algumas escolas. Ouçamos os professores. Conversemos com os pais. Falemos com os estudantes. Toda a gente está cansada. A ministra e os dirigentes do ministério também. Os responsáveis governamentais já só têm uma ideia em mente: persistir, mesmo que seja no erro, e esperar sofridamente pelas eleições. Os professores procuram soluções para a desmoralização. Uns pedem a reforma ou tentam mudar de profissão. Outros solicitam transferência para novas escolas, na esperança de que uma mudança qualquer engane a angústia. Há muitos professores para quem o início de um dia de aulas é um momento de pura ansiedade. Foram milhares de horas perdidas em reuniões. Quilómetros de caminho para as manifestações. Dias passados a preencher formulários absurdos. Foram semanas ocupadas a ler directivas e despachos redigidos por déspotas loucos. Pais inquietos, mas sem meios de intervenção, lêem todos os dias notícias sobre as escolas transformadas em terrenos de batalha. Há alunos que ameaçam ou agridem os professores. E há docentes que batem em alunos. Como existem estudantes que gravam ou fotografam as aulas para poderem denunciar o que lá se passa. O ministério fez tudo o que podia para virar a opinião pública contra os professores. Os administradores regionais de educação não distinguem as suas funções das dos informadores. As autarquias deixaram de se preocupar com as escolas dos seus munícipes porque são impotentes: não sabem e não têm meios. Todos estão exaustos. Todos sentem que o ano foi em grande parte perdido. Pior: todos sabem que a escola está, hoje, pior do que há um ano.» Quanto às orientações emanadas deste “Manual de Aplicadores”, são tão ridículas que penso que a maioria dos colegas do 1º e do 2º ciclo que vigiaram provas de aferição tiveram o bom senso de o não ler. As instruções (formais) necessárias à realização das provas poderiam (e deveriam) ter sido dadas de modo semelhante às instruções de exame, evitando que os professores fizessem, em frente dos alunos, figuras de atrasados mentais. Ademais, a ter-se por obrigatória a leitura (em voz alta) do manual que não contém orientações programáticas nem curriculares, tal constitui negação do direito (dos docentes) plasmado na alínea c) do nº 2 do artigo 5º e, no nº 1 do artigo 35º do Estatuto da Carreira Docente, no que à participação no processo educativo diz respeito. Ora tal interpretação (ofensiva de direitos legalmente protegidos) não pode ter-se por verdadeira, pois, tal como sabemos, “a lei é para cumprir”. (Lurdes Rodrigues dixit). Quanto à actuação da Senhora Ministra nestes últimos dias, mais não foi que a continuação da sua acção anterior. Maria de Lurdes Rodrigues tem o dom de destruir tudo à sua passagem, não que o que houvesse antes fosse algo de bom, porque Ana Benavente (enquanto Secretária de Estado) e David Justino (o anterior ministro) já haviam promovido verdadeiros ataques cirúrgicos à qualidade do sistema de ensino, mas esta senhora ficará na história não como mera réplica mas como onda principal do terramoto que nos últimos anos se tem abatido sobre as faculdades da escola pública.
Apache, Maio de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

Do episódio de Espinho…

Tenho assistido com alguma incredulidade aos comentários que muitos professores têm feito, sobre a notícia que abriu há dias o “Jornal da Noite” da SIC. Falo da célebre gravação de parte de uma aula da disciplina de História, por duas alunas de uma turma do 7º ano de escolaridade (do Agrupamento de Escolas Sá Couto, em Espinho), instigadas pelas respectivas mães. É habitual neste tipo de assuntos, que a opinião pública, ávida de romances de cordel, tome partido da acusação, principalmente (como aparentemente parecia ser o caso) quando adolescentes são confrontados com uma conversa sobre sexo, numa aula de História. A tendência para o julgamento imediato, sem possibilidade de defesa dos acusados é o predilecto dos indivíduos de baixa formação. Mas (pasme-se) neste caso, chegou de onde menos se esperava, de muitos outros professores... Pergunto se as “virgens ofendidas” com o discurso (excessivamente irritado e por vezes grosseiro da docente), o estão pelo facto de a professora ter falado de sexo após ostensiva provocação dos alunos, ou pelo facto de conservadoramente ter criticado a promiscuidade sexual de alguns alunos da turma e a falta de educação que (pelo menos) uma encarregada de educação lhe havia mostrado? Será que, se em vez de criticar as práticas das alunas, a professora tivesse distribuído preservativos e pílulas do dia seguinte, numa antecipação aos ditames da professorinha (chefe) da “5 de Outubro” a SIC abriria com essa notícia o seu “Jornal da Noite” e as “virgens” calariam a ofensa?
Alguns (alegados) factos com comentários telegráficos: A professora condenou algumas práticas sexuais das alunas - Devia tê-lo feito em particular (com as alunas em causa) evitando expor a toda a turma, informações privilegiadas sobre a intimidade de algumas; A professora exagerou no volume de voz - Estava tão irritada com a insistência dos alunos no tema (sexo) que nem se apercebeu que o silêncio deles (absolutamente invulgar numa aula de 7º ano, ainda para mais numa turma mal comportada) denunciava algo premeditado; A professora falou de orgias - Referia-se aos Romanos (nomeadamente durante a governação de Nero), tema enquadrado no programa do 7º ano, de História; A professora lembra aos alunos que é ela quem corrige os testes - Constatação de um facto que descontextualizado como está (devido aos constantes cortes (feitos pela SIC) à sequência da gravação) é susceptível de poder ser interpretada como uma ameaça de penalização aos alunos; A Presidente do Conselho Executivo (PCE) instaurou Processo Disciplinar à docente - Atitude adequada ao apuramento da verdade dos factos; A PCE ou a Directora Regional de Educação do Norte (as notícias são contraditórias) suspendeu a professora - De acordo com o disposto no actual Estatuto Disciplinar (Lei nº 58/2008, de 9 de Setembro), parece-me uma atitude excessivamente precipitada, no entanto, desconhecendo a fundamentação do acto (que se encontra em segredo de justiça) fica o benefício da dúvida; As alunas (menores de idade) gravaram a aula sem autorização (sequer conhecimento) da professora - Sem prejuízo de outros factos que lhes possam ser imputados, incumpriram os deveres previstos nas alíneas e), g), i), o) e q) do artigo 15º do Estatuto do Aluno (Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro) e provavelmente mais alguns previstos no Regulamento Interno do Agrupamento; As mães das alunas, não só instigaram a gravação e (ao que parece) ajudaram a preparar as interrogações à professora, como a enviaram à SIC - (A provar-se) Instigaram e fizeram a apologia do crime previsto no artigo 199º do Código Penal, cometendo assim os crimes previstos nos artigos 297º e 298º do mesmo.
Não querendo alongar-me nos comentários até que se conclua o processo disciplinar em curso, deixo apenas mais uma questão: Em que escola (de que país) leccionam os colegas que criticaram (e por vezes ofenderam grosseira) cega e descontextualizadamente (muitos sem ouvirem a manipulada gravação), em vários blogues de professores, o comportamento da professora sem, com proporcional indignação, condenarem a atitude reprovável das alunas e, mais ainda, dos respectivos encarregados de educação?
Apache, Maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

E você, já definiu os seus objectivos para o ano transacto?

De acordo com uma notícia difundida ontem pelo Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, no Agrupamento de Escolas de Santo Onofre (onde no passado dia 2 de Abril, o Director Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo, violando o disposto nos artigos 61º, 62º e 63º do Decreto-Lei nº 75/2008, de 22 de Abril, destituiu o Conselho Executivo democraticamente eleito) a Comissão Administrativa Provisória (entretanto nomeada pela direcção regional) prolongou até às 17 horas de ontem (21 de Maio, a menos de um mês do final do ano lectivo) o prazo para apresentação de objectivos individuais, para o ano lectivo de 2008-2009, dos docentes daquele agrupamento. É certo que (opinião minha) os objectivos individuais de nada valem, aliás, esta terminologia foi introduzida na avaliação de professores pelo Decreto Regulamentar nº 2/2008, acrescentando (em clara violação do artigo 112º da Constituição da República Portuguesa) normas ao disposto no Estatuto da Carreira Docente. Não é a sua utilidade que está aqui em causa, antes, o ridículo da apresentação de objectivos para uma dada acção, não anteriormente ou na fase inicial da mesma mas quando ela se aproxima do termo. Maria de Lurdes Rodrigues (a tal senhora ministra que se orgulha de ter sido anarca; especialmente dotada para a tarefa de aposição de selos em sobrescritos) e os seus gestores escolares predilectos prometem reformar as velhas noções de lógica. Tal como em Nárnia se abrem as portas do velhinho guarda-fato e um mundo mágico se revela, este Ministério da Educação vai-nos abrindo as portas do hospício expondo toda uma nova realidade demencial.
Apache, Maio de 2009

domingo, 17 de maio de 2009

Interpretação alternativa (?) da teoria da pressão

A propósito das alegadas pressões sobre os magistrados que investigam o mediático caso “Freeport”, o jornalista Joaquim Letria escreve com refinado humor… (ou talvez não?!) “Em Portugal já não se pode ser amigo do seu amigo. É o que demonstra o rumor dum estranho caso de alegadas pressões sobre magistrados. Vamos supor que há um magistrado que se vira para colegas e, imaginemos, lhes diz, à boca pequena: «Oh pá, vocês tramam-se!». E insiste: «Resolvam lá isto como os gajos querem, senão dizem adeus à carreira!». E recomenda: «Olha o trabalho da tua mulher que vai para o galheiro, se não mandas arquivar esta porcaria». E recorda: «Tinhas uma vida tão bonita diante de ti e deitas tudo para o lixo por causa dessa tua mania de seres sério!» E sublinha: «Olha que eu conheço estes gajos de ginjeira!» E suplica: «Tenham cuidado, que estes fulanos não são para brincadeiras!». E, desesperado, recorda: «Olhem que ainda falta vir aí o Ninja de Shaolin!» Então, isto são pressões?! Em Portugal já é proibido preocupar-nos com aqueles a quem queremos bem?! Já não se pode ser bom colega, amigo do seu amigo?! Francamente! São pobres e mal agradecidos!” - Joaquim Letria no "24 Horas" da passada sexta-feira
Apache, Maio de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

O caixeiro-viajante (2)

O “Público” da passada quarta-feira noticiou que nos primeiros três meses de 2009, a JP Sá Couto (a empresa que monta e distribui o portátil “Magalhães”) vendeu 212 mil computadores portáteis, o que equivale a mais 206 mil que em igual período do ano anterior. Estes números correspondem a uma aumento de vendas de mais de 3 300%. Quem pensava que Sócrates era a personificação do olhar das Górgonas, desengane-se, porque ele encontrou finalmente a sua vocação, é seguramente um dos caixeiros-viajantes mais bem sucedidos do momento. O mamífero até é capaz de vender frigoríficos a esquimós.
Apache, Maio de 2009

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Do valor relativo das teorias, em ciência

Numa época em muitos encaram as teorias científicas como verdades absolutas, quando nem as mais antigas Leis aspiram subir a tal patamar, é bom lembrar uma frase célebre: “Cem experiências científicas [que a confirmem] não provam que a minha teoria está correcta, mas uma [que a contrarie] é suficiente para provar que está errada.” Albert Einstein [Tradução minha]
Apache, Maio de 2009

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O Ministério da Certificação

Em jeito de balanço à actuação da pior ministra da educação, simultânea ao mais vil governo de Portugal, Santana Castilho, com a frontalidade que o caracteriza, escreve assim a Maria de Lurdes Rodrigues…
Carta aberta à Ministra da Educação
"Senhora ministra:
Dentro de poucos meses partirá para um exílio dourado. Obviamente que partirá, seja qual for o resultado das eleições. É tempo de lhe dizer, com frontalidade, e antes que o ruído da campanha apague o meu grito de revolta, como a considero responsável por quatro anos de Educação queimada. Este qualificativo metafórico ganhará realismo à medida que aqui for invocando os falhanços mais censuráveis, alguns apenas, dos muitos que fazem de si, politicamente, uma predadora do futuro da escola pública. Se se sentir injustiçada, tenha a coragem de marcar o contraditório, cara a cara, onde e quando quiser, perante professores, alunos, pais e demais cidadãos votantes. Por uma vez, sairia do ciclo propagandístico em que sempre se moveu.
A senhora ministra falhou estrondosamente com o sistema de avaliação do desempenho dos professores, a vertente mais mediática da enormidade a que chamou estatuto de carreira. A sua intenção não foi, nunca, como lhe competia, dignificar o exercício de uma profissão estratégica para o desenvolvimento do país. A senhora anda há um ano a confundir classificação do desempenho com avaliação do desempenho e demonstrou ignorar o que de mais sério existe na produção teórica sobre a matéria. Permitiu e alimentou mentiras inomináveis sobre o problema. O saldo é claro e incontestável: da própria aberração técnica que os seus especialistas pariram nada resta. Terá os professores classificados com bom, pelo menos, exactamente o que criticava quando começou a sua cruzada, ridiculamente fundamentalista. A que preço? Coisa difícil de quantificar. Mas os cacos são visíveis e vão demorar anos a reunir: o maior êxodo de todos os tempos de profissionais altamente qualificados; a maior fraude de que há memória quando machadou com critérios de vergonha carreiras de uma vida; o retorno à filosofia de que o trabalho é obrigação de escravos. Não tem vergonha desta coroa? Não tem vergonha de vexar uma classe com a obrigação de entregar objectivos individuais no fim do ano, como se ele estivesse a começar? Acha sério mascarar de rigor a farsa que promoveu?
A senhora ministra falhou quando fez aprovar um modelo de gestão de escolas, castrador e centralizador. Não repito o que então aqui escrevi. Ainda os directores estão a chegar aos postos de obediência e já os factos me dão razão. Invoco o caso do Agrupamento de Santo Onofre, onde gestores competentes e legalmente providos foram vergonhosamente substituídos; lembro-lhe a história canalha de Fafe, prenúncio caricato de onde nos levará a municipalização e a entrega da gestão aos arrivistas partidários; confronto-a com o silêncio cúmplice sobre a suspensão arbitrária de um professor em Tavira, porque o filho do autarca se magoou numa actividade escolar, sem qualquer culpa do docente. Dá-se conta que não tem qualquer autoridade moral para falar de autonomia das escolas?
A senhora ministra falhou quando promoveu a escola que não ensina. Mostre ao país, a senhora que tanto ama as estatísticas, quanto tempo se leva hoje para fazer, de uma só tirada, os 7.º, 8.º e 9.º anos e, depois, os 10.º, 11.º e 12.º. E sustente, perante quem conhece, a pantomina que se desenvolveu à volta do politicamente correcto conceito de escola inclusiva, para lá manter, a qualquer preço, em ridículas formações pseudoprofissionais, os que antes sujavam as estatísticas que a senhora oportunistamente branqueou. Ouse vir discutir publicamente a demagogia de prolongar até aos 18 anos a obrigatoriedade de frequentar a escola, no contexto do país real e quando estamos ainda tão longe de cumprir o actual período compulsivo, duas décadas volvidas sobre o respectivo anúncio. Do mesmo passo, esclareça (ainda que aqui a responsabilidade seja partilhada) que diferenças existem entre o anterior exame ‘ad hoc’ e o pós-moderno "mais de 23", para entrar na universidade. Compreendo, portanto, que no pastel kafkiano a que chamou estatuto de carreira não se encontre o vocábulo ensinar. Lá nisso, reconheço, foi coerente. Só lhe faltou mudar o nome à casa onde pontifica. Devia chamar-se agora, com propriedade, Ministério da Certificação e das Novas Oportunidades. Não tem remorsos?
A senhora ministra falhou rotundamente quando promoveu um estatuto do aluno que não ajuda a lidar com a indisciplina generalizada; quando deu aos alunos o sinal de que podem passar sem pôr os pés nas aulas e, pasme-se, manifestou a vontade de proibir as reprovações, segundo a senhora, coisa retrógrada. A senhora ministra falhou quando defendeu uma sociedade onde os pais não têm tempo para estar com os filhos. A senhora ministra falhou quando permitiu, repetidas vezes, que crianças fossem usadas em actividades de mera propaganda política. A senhora ministra falhou quando encomendou e pagou a peso de ouro trabalhos que não foram executados, para além de serem de utilidade mais que duvidosa. Voltou a falhar quando deslocou para os tribunais o local de interlocução com os seus parceiros sociais, consciente de que o Direito nem sempre tem que ver com a Justiça. Falhou também quando baniu clássicos da nossa literatura e permitiu a redução da Filosofia. Falhou ainda quando manipulou estatisticamente os resultados escolares e exibiu os que não se verificaram. Falhou igualmente quando votou ao abandono crianças deficientes e professores nas vascas da morte. Falhou, por fim, quando se deixou implicar no logro do falso relatório da OCDE e no deslumbramento saloio do Magalhães.
Por tudo isto e muito mais que aqui não cabe, a senhora é, em minha opinião, uma ministra falhada. Parte sem que eu por si nutra qualquer espécie de respeito político ou intelectual. Santana Castilho, Professor do ensino superior" [no “Público” de hoje.]
Apache, Maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Abril de 2009 (em Portugal) foi o mais frio dos últimos 23 anos

Em comunicado publicado no seu ‘site’, datado de 6 de Maio, o Instituto de Meteorologia anunciou que no passado mês de Abril, a média das temperaturas mínimas registadas em Portugal Continental foi de 6,6 ºC. Este valor é 1,5 ºC mais baixo que a média de 1971-2000 e corresponde ao valor mais baixo, registado no continente, num mês de Abril, desde 1986 (que é o valor mais baixo de sempre). Descontando o ano de 1986, para encontrarmos um Abril tão frio, temos de recuar a 1932. Também a média das temperaturas máximas do passado mês se situou abaixo (neste caso 0,6 ºC) da média de referência, 1971-2000. Note-se que não considero particularmente relevantes estes, ou quaisquer outros valores de temperatura, oficialmente divulgados, uma vez que nunca vêm acompanhados das respectivas margens de erro, não tendo assim relevância científica. Recordo que, naquele que muitos consideram ser o ano mais quente das últimas décadas, 1998, foi feita uma enorme publicitação das temperaturas oficiais, que se situaram (a nível global) cerca de 0,7 ºC acima da média, sem nunca se ter referido que a margem de erro dos termómetros onde foram lidas era, no mínimo (também em termos médios) de 2 ºC. [Mas disto falarei futuramente.] Numa época em que muitos fãs do aquecimento global antropogénico tomam conta das mais altas instituições meteorológicas (e não só), não deixa de ser louvável a divulgação destes dados, que mostram que raramente o mundo real coincide com as previsões dos modelos computorizados, programados para fornecer os valores que dão jeito ao poder político e económico estabelecido.
Apache, Maio de 2009