segunda-feira, 7 de junho de 2010

“Apagada e vil tristeza”

Nos tempos de Scolari fartava, a conversa mole e saloia do dito cujo, a publicidade enjoativa à Galp, o ‘pseudopatriotismo’ das bandeirinhas que pareciam portuguesas mas eram fabricadas na China com a heráldica trocada, amarrotadas e rotas, a mostrarem o desleixo em que há muito caiu o orgulho nacional. O futebol praticado era fraquinho, mas as arbitragens controladas à distância lá nos iam dando vitórias de Pirro e esperança de, mais cedo ou mais tarde, os nossos jogadores se exibirem de forma a justificarem, vá lá, 20% do que ganham, e nos fazerem esquecer, ainda que momentaneamente, o descalabro moral, educativo e social em que mergulharam o país. Ainda que tarde, chegou a hora do brasileiro ir sambar para outro lado e, aquele senhor que de tão patético até podia ser ministro, que dizem que preside à Federação Portuguesa de Futebol, lá conseguiu enxergar um treinador português para a selecção. Mas… ó musa do etanol que o Gilberto inspiras, como permitiste que ele contratasse o Fernando Nobre dos treinadores de futebol? Isto não é uma selecção, é uma ONG patrocinada pelas baronesas do BES. Temos piqueniques bimbos a encherem o Parque Eduardo VII e a grelha de programação das, ainda mais bimbas, televisões. Temos cornetas (perdão, vuvuzelas) terceiro-mundistas a fazerem um cagaçal descomunal, dando um ar de arruaça a umas centenas de alienados desprovidos de massa encefálica. Mesmo sem o brasileiro aos comandos, temos quase tantos brasileiros na selecção, como a própria selecção do Brasil – infelizmente os gajos escolheram primeiro. Temos jogadores (sem ofensa) com tantas tatuagens como um destruidor de milho transgénico, ou uma qualquer Gaga da música internacional. Por falar em música, temos um hino fantástico para a selecção, desse estilo musical tão português que dá pelo nome de… hip hop, interpretado por uma banda que, não sendo portuguesa porque o destino assim não quis, podia muito bem ter nascido na Porcalhota, que tal não beliscaria a excelência do lixo que produz e que a indústria musical tanto se esforça por premiar. Depois das tormentas por que passámos naquele grupo de apuramento que de tão difícil, sublimou o nosso heroísmo, e dos jogos de preparação onde o espírito de sacrifício e de empenho dos jogadores tanto se tem evidenciado, ansiamos sofregamente pelo inicio do Mundial. Aliás, as pitas do Secundário já nem conseguem estudar para os exames, desesperam por ver as peles de Dragão de Komodo dos nossos jogadores, enquanto os putos encolerizam se não desfrutam dos seus famosos penteados, modelo de bairro-de-lata. Até eu começo a ter dificuldade em repartir o tédio entre os discursos do Carlos Nobre, perdão, do Fernando Queiroz e os da Peixeira de Santos. Venha de lá esse Mundial, e os mergulhinhos abichanados do Ronaldo, que a rapaziada já não consegue aguentar mais, o vómito.
Apache, Junho de 2010

sábado, 5 de junho de 2010

“Hannah Montana: um estudo”

“Esperava-se que a passagem de Miley Cyrus por Portugal estimulasse uma reflexão profunda acerca do fenómeno Hannah Montana. Tal não sucedeu. Não houve um único colunista português que tenha dedicado cinco minutos a pensar na menina de 16 anos que todos os pais de crianças pré-adolescentes desejam que contraia uma amigdalite que a impeça de cantar até 2025. Pois bem, esse silêncio acaba hoje. Hannah Montana é uma série televisiva cuja protagonista leva uma vida normal durante o dia e, à noite, em segredo, veste uma roupa provocante e sai de casa para ir trabalhar. Esqueci-me de dizer que se trata de uma série infantil. E que a protagonista trabalha à noite como cantora. Os leitores que já se tinham precipitado para o canal Disney devem sentir-se fortemente envergonhados e procurar tratamento. A série conta a história de Miley Stewart, uma adolescente normal e pacata frequentadora da escola que tem, no entanto, uma identidade secreta: depois das aulas, beneficiando de um astuto disfarce que consiste numa cabeleira loira, encanta o mundo inteiro como Hannah Montana, uma estrela pop de indumentária galdéria. Ou seja, durante o dia é uma vulgar rapariga, durante a noite é uma rapariga vulgar. Miley Cyrus, a actriz que faz de Miley Stweart e Hannah Montana, acaba de dar, no Rock in Rio, um concerto que, nos primeiros cinco minutos, foi o mais concorrido do festival. O concerto começou às 22h00 e, às 22h05, 70% da plateia já tinha ido para casa fazer ó-ó, pois estava com soninho. Mas Miley bateu, ainda assim, o recorde de assistência, deixando para trás, por exemplo, Elton John. Ambos os artistas vestem lantejoulas, mas o público distingue claramente aquele que prefere. Mas o mais interessante em Hannah Montana talvez seja o modo como a série contribui para um mundo mais moderno e mais tolerante. Hannah Montana é uma referência e uma inspiração para pais travestis de todo o mundo. "Vês, Pedrinho? O papá é como a Hannah Montana: à noite põe uma peruca loira e passa a ser outra pessoa. Não é decadente, é fofinho. Não é estranho, é Disney." Talvez seja este o fascínio de Hannah Montana: uma estrela que sabe encantar as crianças mas também consegue ser entusiasmar o mundo do transformismo. Não há muitos artistas que se possam gabar do mesmo. E, aqui para nós, ainda bem.”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão”, desta semana

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dom Cavacus…

Susana Salvador, do Diário de Notícias, andou a fazer contas ao custo de algumas chefias de estado e chegou a alguns valores interessantes: a casa real espanhola teve (em 2009) um orçamento anual de 8,9 milhões de euros; a casa real sueca custou (em 2006) 5,13 milhões de euros; a presidência da república portuguesa tem (para 2010) um orçamento de 20,7 milhões de euros. Consta que o Bolo-rei está muito caro, em Belém.
Apache, Junho de 2009

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Mais uma aventura… para a colecção

“No exacto dia em que se anunciaram "cortes" na educação em nome da austeridade e em que uma comissão de inquérito concluiu que as encomendas do Magalhães foram ilegalmente atribuídas à empresa que o embrulha e vende, a Dra. Isabel Alçada tirou as devidas ilações e agiu em conformidade: garantiu a encomenda de mais computadores à JP Sá Couto e prometeu o Magalhães aos alunos dos primeiros anos lectivos em Setembro próximo, no máximo. No dia seguinte, ainda procurei nos jornais um desmentido ou uma errata. Nada. A errata somos nós.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” da passada sexta-feira

domingo, 30 de maio de 2010

O “Socratismo” e o Efeito Borboleta

“Há ainda quem acredite que o socratismo é a consequência aleatória do bater de asas de uma borboleta na China e não o resultado de um planeamento e execução sistemáticos e firmes do exercício cruel do poder...”
António Balbino Caldeira, do blogue “Do Portugal Profundo”

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Desigualdades

“Se um cavalheiro anónimo barricar a entrada de um estabelecimento comercial, é provável que acabe nas páginas dos jornais devotadas ao crime ou aos distúrbios psiquiátricos (secção que os jornais normalmente não têm mas que, nos dias de hoje, deviam ter). Se um bando de cavalheiros da Greenpeace fizer exactamente o mesmo, acaba nas páginas da ecologia.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias”, de ontem (25 de Maio)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Blá, blá, blá… (2)

Diz Mourinho: “Até tenho vergonha de ganhar o que ganho, com esta crise”. Não vejo o que o impede de pegar em 50% do seu ordenado e oferecê-lo a instituições de beneficência, ou melhor ainda, de investir o seu dinheiro na criação de emprego. A menos que Mourinho seja, apenas, mais um demagogo envergonhado.
Apache, Maio de 2010

domingo, 16 de maio de 2010

A responsabilidade dos irresponsáveis

“Hoje, [refere-se ao passado dia 11 de Março] mais uma vez, o ministro Teixeira dos Santos ousou utilizar a palavra "responsabilidade" perante o Parlamento e em referência a um partido da oposição. Sem que ninguém se escandalizasse. Sem que ninguém o chamasse à ordem. Se Teixeira dos Santos falou em nome do Partido Socialista, enganou-se: os partidos da oposição não respondem perante o partido do governo, mas sim perante os eleitores. Como o partido do governo, de resto. Se falou em nome do governo, também se enganou: não é o Parlamento que é responsável perante o governo, mas sim o governo perante o Parlamento. É espantoso que um órgão de soberania declare expressamente, poucos dias depois de tomar posse, que se reserva o direito de violar a seu bel-prazer os termos do mandato que o Soberano lhe conferiu. É espantoso ouvi-lo declarar que não presta contas a quem as deve porque tem que as prestar a quem as não deve: à Comissão Europeia, ao FMI, ao BCE, aos mercados, às agências de notação financeira, ao diabo a quatro. É espantoso que peça responsabilidade à oposição no preciso momento em que ele próprio se declara irresponsável. É espantoso que um governo não entenda que ao descartar a sua responsabilidade perante os eleitores está a abdicar da legitimidade que estes lhe conferiram. É espantoso. É lamentável. É vergonhoso. E é, isto sim, irresponsabilidade a sério.”
José Luís Sarmento, do blogue “As minhas leituras”

sábado, 15 de maio de 2010

A recessão sou eu!

No “Expresso” de hoje lê-se que o “medo da recessão obrigou Sócrates a alterar acordo.” A notícia refere-se ao facto de Sócrates não ter aumentado o IRC às PME´s, pelo menos àquelas cuja facturação não exceda os dois milhões de euros por ano. O título da notícia não deixa, no entanto, de ser manhoso, isto porque dá a ideia de que as medidas agora tomadas pelo Governo, com a bênção do “fraquinho no discernimento” que lidera o PSD são necessárias para impedir a recessão, quando na realidade elas são fundamentais para manter viva a chama da recessão. Julgo que o título mais correcto seria: medo da perda de medo da recessão obrigou Sócrates a tomar medidas que conduzam a essa mesma recessão. Senão vejamos, a recessão caracteriza-se por uma: redução dos salários, redução do consumo, redução da produção, redução do crescimento económico. Ora, no último trimestre, o PIB, segundo números provisórios, divulgados esta semana pelo INE, subiu 1%, significando que a recessão técnica (dois trimestres seguidos de decréscimo do PIB) estava (para já) afastada. Ao aperceber-se disso, o Governo (com a cumplicidade do maior partido da oposição) decide aumentar o imposto sobre o trabalho (IRS) e sobre o consumo (IVA). Com menos dinheiro disponível para comprar e produtos mais caros, o consumo reduz-se e o excedente faz diminuir a produção. Considerando ainda o aumento do IRC, a tendência será a das empresas despedirem mais trabalhadores e o crescimento económico cair a pique. Em termos mitológicos estamos a assistir à criação artificial (por imposição legal) do papão recessão. Em termos práticos, apenas a mais uma tentativa de destruição da já débil economia nacional.
Apache, Maio de 2010

quinta-feira, 13 de maio de 2010

À deriva

“O primeiro-ministro anunciou no final de Conselho de Ministros de hoje as novas medidas para redução do défice do Estado, onde se cria uma taxa adicional de IRS de um a 1,5 por cento, e de IRC de 2,5 por cento, para as empresas com lucros acima de dois milhões de euros.” Não aumento os impostos. Aumento os impostos. Não aumento os impostos. Reduzo os impostos. Não aumento os impostos. Aumentos os impostos. Incoerente, eu? Não. Simplesmente um mentiroso, à deriva.
Apache, Maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Burros há muitos...

"Há tantos burros mandando em homens com inteligência, que as vezes fico pensando se a burrice será ciência." Ruy Barbosa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Devido ao “aquecimento global”, o nível do mar pode subir 5 cm nos próximos mil anos

De acordo com um estudo publicado na semana passada, na Geophysical Research Letters, uma equipa de cientistas liderados por Andrew Shepherd da Universidade de Leeds (Reino Unido) concluiu que devido ao derretimento dos gelos flutuantes do Árctico e do Antárctico, o nível do mar pode subir 49 micrómetros por ano (sensivelmente, a espessura de um cabelo). O Princípio de Arquimedes permite concluir que a água resultante da fusão do gelo marinho ocupará o espaço deixado pelo gelo, não resultando daí qualquer alteração de volume. Mas a equipa liderada por Shepherd diz que não é bem assim, pois a água do mar é mais quente que o gelo e mais densa, devido ao sal, garantindo que a observação dos dados dos satélites e o uso de uma simulação de computador permitiram-lhe concluir pela subida do nível do mar, em 49 micrómetros por ano. Shepherd parece desconhecer três coisas importantes: a primeira é que os satélites não mostram (actualmente) uma diminuição do gelo marinho, como comprova a imagem de satélite abaixo, que mostra o gelo do árctico (ontem), sensivelmente no valor médio (representado pela linha preta);

[Clique na imagem para ampliar]

A segunda é que se a água do mar não fosse mais quente que o gelo este não derreteria (estariam ambos em equilíbrio térmico), no entanto, em volta do gelo, a água não será significativamente mais quente que ele e a máxima densidade (a que corresponde o menor volume para a mesma massa) da água é a 4 ºC, pelo que, se depois do gelo derretido, a água do local não ficar a temperatura superior a 4 ºC não há nenhum aumento de volume; A terceira é que as águas de superfície são menos salinas que as de profundidade, e próximo dos pólos, precisamente devido às grandes quantidades de gelo que derrete todas as Primaveras e Verões são praticamente doces. De qualquer forma, é interessante constatar-se que Al Gore começou a prever (há uma década) uma subida do nível do mar, de 6 metros, nos próximos cem anos, pelo que, o meio centímetro agora previsto por este estudo (4,9 centímetros, em mil anos), só pode ser encarado com um sorriso.

Apache, Maio de 2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

“Este país não é para corruptos”

“(…) Que Portugal é um país livre de corrupção sabe toda a gente que tenha lido a notícia da absolvição de Domingos Névoa. O tribunal deu como provado que o arguido tinha oferecido 200 mil euros para que um titular de cargo político lhe fizesse um favor, mas absolveu-o por considerar que o político não tinha os poderes necessários para responder ao pedido. Ou seja, foi oferecido um suborno, mas a um destinatário inadequado. E, para o tribunal, quem tenta corromper a pessoa errada não é corrupto - é só parvo. A sentença, infelizmente, não esclarece se o raciocínio é válido para outros crimes: se, por exemplo, quem tenta assassinar a pessoa errada não é assassino, mas apenas incompetente; ou se quem tenta assaltar o banco errado não é ladrão, mas sim distraído. Neste último caso a prática de irregularidades é extraordinariamente difícil, uma vez que mesmo quem assalta o banco certo só é ladrão se não for administrador. O hipotético suborno de Domingos Névoa estava ferido de irregularidade, e por isso não podia aspirar a receber o nobre título de suborno. O que se passou foi, no fundo, uma ilegalidade ilegal. O que, surpreendentemente, é legal. Significa isto que, em Portugal, há que ser especialmente talentoso para corromper. Não é corrupto quem quer. É preciso saber fazer as coisas bem feitas e seguir a tramitação apropriada. Não é acto que se pratique à balda, caso contrário o tribunal rejeita as pretensões do candidato. «Tenha paciência», dizem os juízes. «Tente outra vez. Isto não é corrupção que se apresente.»”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” de hoje

terça-feira, 27 de abril de 2010

“Fundo perdido”

“Até 2013, velhinhos, reformados em geral, jovens com menos de 25 anos e criaturas com "dificuldades sociais, financeiras ou pessoais" dos países membros da UE verão as suas férias subsidiadas em 30%. A ideia nasceu no cerebelo do comissário europeu da Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani, sob o argumento de que "viajar é um direito". Inês de Medeiros não diria melhor. Enquanto a mesquinhez de alguns burocratas recomenda restrição e poupança, a Europa ainda dispõe de visionários empenhados em inventar novos direitos. E o direito a passear pelo continente, que o nosso Governo se apressou a aplaudir, é um mero exemplo. Em breve talvez cada cidadão da UE venha a usufruir, mesmo que a 30%, do direito às trufas, ao Lexus, às cirurgias plásticas e às top-models de 18 anos, produtos que carecem de democratização e não deviam. Perante o génio do sr. Tajani, que quer levar "os europeus do Norte a conhecer as ofertas culturais do Sul e vice-versa" (na época baixa), os mesquinhos preocupam-se com quem paga as viagens. Eu prefiro alegrar-me com quem as recebe. É preciso um coração de pedra para não nos comovermos face à concretização iminente do velho sonho de cada português: visitar a Escandinávia. Temos milhares de cidadãos necessitados que passaram as vidas a amealhar setenta por cento das despesas inerentes a oito dias em Helsínquia. E milhares de idosos ansiosos pelos benefícios à moral e à artrite que só uma estadia na Dinamarca em pleno Novembro permite. Uma única dúvida. Imagino o que a Comissão Europeia entende por gente com dificuldades financeiras. Não imagino o que entende por gente com dificuldades "sociais" ou "pessoais". Psicopatas? Inadaptados? Meros malucos? Provavelmente não, já que esses trabalham quase todos em Bruxelas e Estrasburgo e estarão fartos de viagens.”
Alberto Gonçalves, no Diário de Notícias do passado dia 19 de Abril

sábado, 24 de abril de 2010

O homem sem memória

Mário Soares, na coluna de opinião semanal no Diário de Notícias dá um empurrãozinho aos fantasistas climáticos. Escreve o ex-dirigente Socialista: “A natureza, nos diferentes lugares da Terra, tem-nos trazido, sucessivamente, tsunamis, ciclones, maremotos, inundações, ventos ciclópicos, tremores de terra e, agora, erupções de vulcões, na distante Islândia, que paralisaram os aeroportos da Europa do Norte, e não só. Um espectáculo triste e nunca visto.” Nunca visto? Suponho que Mário Soares queira dizer que nunca observou fenómenos climáticos nem geológicos ao vivo, apenas pela comunicação social. Quem diria, para alguém tão viajado. Ou será que se lhe apagou a memória e esqueceu os milhares e milhares de fenómenos deste tipo, que nos últimos dez mil anos ficaram tristemente gravados na história da humanidade. Prossegue: “Para aqueles que já vivem há mais de oito décadas, como eu, e nunca viveram nem tiveram conhecimento de nada semelhante…” Ah… estamos perante uma declaração de absoluta ignorância. Só em erupções vulcânicas há mais de 4 mil relatos históricos, alguns, tristemente célebres pelos milhares de vítimas que causaram. Continua: “A ganância dos homens é capaz de prosseguir, em defesa dos seus interesses imediatos, sem sequer afectar as suas boas consciências, se as tiverem...” Finalmente uma frase com senso. Isto, caso fosse dirigida àqueles que em busca do lucro fácil, não olham a meios para atingir os fins e inventaram, primeiro o “aquecimento global”, agora as “alterações climáticas”, para sacar aos mesmos de sempre mais alguns milhares de milhões em impostos e taxas que sustentem a sua ganância desmedida e que, com total falta de ética e de sentido humanitário, tentam por todos os meios impedir o desenvolvimento económico e o bem-estar da larga maioria dos seus semelhantes. Remata: “Acredito que, no próximo encontro internacional ecológico, a verdade científica seja reposta e as grandes potências sejam obrigadas a respeitar as regras que visam limitar radicalmente o aquecimento global.” Saberá Soares que limitar radicalmente o aquecimento global é das coisas mais fáceis deste mundo, bastando para tanto, despedir os aldrabões da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia e do Instituto Goddard de Estudos Espaciais, e dissolver o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas? Sem falsificadores de dados de temperatura e inventores de teorias estapafúrdias que violem as leis científicas e não têm cabimento no mundo real, não há “aquecimento global”. Simples, não?
Apache, Abril de 2010

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Deve haver uma forma de taxar o gajo…

Milhões de toneladas de vapor de água, dióxido de carbono, dióxido de enxofre e cinzas, além de muitas outras substâncias, são diariamente lançadas para a atmosfera pelos mais de quinhentos vulcões activos do planeta. Nos últimos dias (talvez pelo elevado número de voos cancelados), o Eyjafjalla, um vulcão situado num dos mais pequenos glaciares da Islândia (o Eyjafjallajoekull) ganhou tal destaque na comunicação social, que ofuscou todos os outros, mostrando quão ilógico (e efémero) é o mediatismo, nos nossos tempos.

Apache, Abril de 2010

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Notícias fresquinhas do "aquecimento global" (2)

De acordo com um relatório do Instituto de Meteorologia (IM), datado de 7 de Abril, o mês de Março de 2010 foi, em Portugal continental, o (Março) mais frio dos últimos 24 anos. Quinze dias antes (a 24 de Março) o jornal inglês “Daily Mail” citava Alexander Frolov, director do Rosgidromet (o equivalente russo ao nosso IM), que afirmava que a parte europeia da Rússia registou, em 2009-2010, o Inverno mais frio dos últimos 30 anos. E que, apesar de ainda não terem sido analisados todos os dados disponíveis, na Sibéria, este pode ter sido o Inverno mais frio desde que há registos (os últimos 110 anos). A temperatura média da Sibéria ocidental foi, no Inverno que agora findou, de -23,2 ºC. Arkady Tishkov um destacado meteorologista russo afirma que “a Sibéria e na generalidade o planeta estão a arrefecer.” Entretanto, hoje (14 de Abril), quarta semana de Primavera no Hemisfério Norte e quarta semana de Outono no Hemisfério Sul, as temperaturas continuam, em muitos locais, a lembrar o Inverno. Summit, no coração da Gronelândia registou -41,1 ºC, Oymyakon, na Sibéria (que no passado dia 20 de Janeiro havia registado -57,4 ºC) registou -32,7 ºC, Eureka, no Canadá, ficou-se pelos -31,4 ºC. Na Antárctica, na estação americana de Amundsen-Scott (em pleno Pólo Sul) os termómetros desciam aos -73,1 ºC. Sendo que, neste continente, em seis estações meteorológicas foram medidas temperaturas inferiores a 70 ºC negativos.
Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 9 de abril de 2010

“A utopia plausível”

“Gostei das posições da Confap, que garante representar os encarregados de educação, às alterações do estatuto do aluno. Se este espanca com regularidade os colegas, a Confap é contra a sua suspensão preventiva e, sobretudo, contra a "devolução" (sic) do fedelho a casa, mesmo que apenas por uns dias. Se o aluno excede o limite de faltas injustificadas, a Confap é contra a respectiva reprovação. No fundo, a Confap luta pela utopia de inúmeros pais contemporâneos: um Estado que lhes guarde as crianças sem as traumatizar com exigências. Após quinze ou vinte anos, o Estado devolveria as crianças intactas (física e mentalmente) à procedência, munidas de um diploma e aptas para o subsídio de desemprego, o rendimento mínimo ou um cargo associativo, de acordo com a inclinação de cada uma. É uma das utopias mais alcançáveis que conheço. Só falta as escolas fornecerem dormidas de modo a evitar que, também de noite, as crianças partilhem o tecto com os pais que tanto as amam.”
Alberto Gonçalves, no “Diário de Notícias” de 19 de Março

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar? (2)

“A PT sempre apostou na portugalidade. Sempre apostou na portugalização dos conteúdos.” [Zeinal Bava, administrador-executivo da Portugal Telecom perante a Comissão de Ética, Sociedade e Cultura da Assembleia da República.] Constata-se (ao ver e ouvir, este e o vídeo do texto anterior) que a PT nunca apostou no fornecimento atempado das gotas… e o que se vê e ouve é este… “frituére”.

Apache, Abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O que é que os administradores da PT andam a tomar?

Há dias, Francisco Louça dizia que o ex-administrador da Portugal Telecom (PT), Rui Pedro Soares, ganhava 8 vezes mais que o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Muita gente deve ter ficado chocada com tal injustiça, afinal, quando Obama abre a torneira da parvoíce parece não ficar aquém do nosso “fraquinho no discernimento”. De facto, não se entende, Obama costuma gozar com 300 milhões de americanos, enquanto que o mais bem pago sócio do Futebol Clube do Porto, se fica por pouco mais de dez milhões e meio de portugueses, ainda que, com a insolência (é certo) de o fazer, por via indirecta, na cara dos deputados da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República. Mesmo assim, e admitindo que um Português valha por uns dez americanos, não me parece que se justifique a discrepância. Para quem ainda não viu, fica o vídeo de parte da intervenção de Rui Pedro Soares.

Apache, Abril de 2010