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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Vai um mergulho, nas águas das Maldivas?

[Imagem de parte do exterior do “Anatara Resort & Spa”, hotel de 5 estrelas situado numa ilha privada do sul das Maldivas.]
As Maldivas (ocupadas pelos portugueses, durante cerca de 15 anos, na segunda metade do século XVI) são um arquipélago de mais de mil pequenas ilhas, de clima tropical húmido, situadas em pleno Oceano Índico, a sudoeste do Sri Lanka (4º Norte; 73º Este), com uma população estimada em cerca de 400 mil habitantes. Apesar das excelentes condições para a prática da agricultura e dos quase 500 mil visitantes por ano, as Maldivas importam a maior parte dos alimentos e apresentam um Produto Interno Bruto per capita típico de um país do 3º mundo (cerca de 4400 dólares por ano (aproximadamente 1/5 do nacional [Fonte:CIA]). No passado sábado, o “Público” anunciava que o governo das Maldivas reuniu debaixo de água para alertar para as alterações climáticas. Este tipo de reuniões parece-me bastante útil porque permite que durante as mesmas, enquanto se discutem os assuntos agendados, se aproveite para capturar o almoço. E como as ilhas se situam numa zona onde (de acordo com os dados dos marégrafos) o nível do mar não se tem alterado nos últimos anos, não parece haver inconvenientes na repetição das mesmas. Já se o território se situasse numa região em que o nível do mar estivesse a descer, passava a haver uma boa desculpa para os atrasos às reuniões do executivo, a dificuldade em encontrar o local.

[Imagem construída a partir de dados da Universidade do Havai. A vermelho e a laranja, as regiões onde o nível do mar tem vindo a subir nos últimos anos, a amarelo, as regiões sem alterações e a verde, os locais onde o nível do mar tem descido.]

Apache, Outubro de 2009

sábado, 3 de outubro de 2009

H1N1´s há muitos…

Na Circular n.º 33/DSPCD, datada de 8 de Setembro de 2009, assinada por Francisco George, Director-Geral da Saúde, dirigida a “todos os médicos e enfermeiros”, lê-se: “A vacina contra a gripe sazonal não confere protecção contra o vírus da gripe A pandémica” [H1N1]. Mais abaixo, a mesma circular informa: “A OMS recomenda que, para a época de Inverno de 2009-2010 no Hemisfério Norte, as vacinas trivalentes contra a gripe, tenham a seguinte composição: Uma estirpe viral A (H1N1) idêntica a A/Brisbane/59/2007; Uma estirpe viral A (H3N2) idêntica a A/ Brisbane /10/2007; E uma estirpe viral B idêntica a B/Brisbane/60/2008.” [De facto, as 7 vacinas contra a gripe sazonal, postas à venda em Portugal, contêm todas esta composição]
Numa página portuguesa da farmacêutica “Roche” [consultada hoje, às 2:24] lê-se: “Dos 2 tipos de vírus clinicamente relevantes [A e B, pois os vírus do tipo C não provocam “doença clinicamente relevante”], o tipo A é o que sofre alterações mais profundas, motivo pelo que está frequentemente associado a epidemias e a pandemias de gripe. Em contraste, o vírus tipo B pode sofrer pequenas alterações antigénicas, contribuindo apenas para as epidemias de gripe.”
Vamos lá tentar perceber… A vacina da “gripe sazonal” protege contra 3 vírus, dois do tipo A, o H1N1e o H3N2 e, um do tipo B, mas não protege contra o vírus da “gripe A” (aqui designada pandémica) H1N1. O H1N1 da “gripe sazonal” é diferente do H1N1 da “gripe A”? Partindo do pressuposto que a resposta só pode ser, sim [em alternativa, o Dr. Francisco George tem muito que contar], então, trata-se de uma mutação (suponho que significativa), mantendo-se o nome do vírus. Mas, diz a Roche, os vírus do tipo A sofrem “alterações mais profundas” enquanto os do tipo B sofrem “pequenas alterações”. Então, porque é que está a ser vendida para 2009/2010 uma vacina com vírus (inactivados) do tipo B de 2008, e do tipo A de 2007? Não seria mais lógico substituir os H1N1 de 2007 pelos H1N1 de 2009? E já agora, se a cada mutação corresponde um vírus substancialmente diferente, sabendo nós que (só) os vírus do tipo A são 144 (numerados de H1 a H16 e de N1 a N9), considerando múltiplas mutações ao longo dos anos, teremos, provavelmente, em circulação, várias centenas (quiçá milhares) de vírus substancialmente diferentes. Então, para que queremos nós duas vacinas (a da “gripe sazonal” e a da gripe “pandémica”) que no conjunto protegem contra 4 dos alegados "milhares de tipos” de vírus existentes? Se um infecciologista, perdido na navegação, aportar aqui ao acampamento, agradece-se (antecipadamente) o esclarecimento das dúvidas.
Apache, Outubro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ANQ – Por cada milhão queimado, um analfabeto certificado!

A Agência Nacional para a Qualificação (ANQ) foi criada para promover, coordenar e acompanhar a implementação do programa “Novas Oportunidades”. Em apenas um ano, a ANQ, Instituto Público tutelado pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e pelo Ministério da Educação, “torrou” mais de 8 milhões e 700 mil euros, em ajustes directos, a maior parte dos quais (cerca de sete milhões e meio), em acções de marketing e publicidade (tais como: criação de filmes publicitários; impressão de folhetos, produção de pastas, sacos etc.; concepção desenvolvimento e tradução do ‘site’; participação em eventos…). Note-se que a verba mencionada, não inclui (obviamente) os elevados gastos com: os vencimentos dos funcionários da agência; os formadores; as despesas de funcionamento, quer dos serviços centrais do instituto, quer dos Centros Novas Oportunidades; etc. A título de exemplo do esbanjamento incontrolado de dinheiros públicos, veja-se a encomenda ao ex-ministro da educação, Roberto Carneiro (da Universidade Católica), de uma avaliação externa do “Novas Oportunidades”, que custou 297 900 euros (60 mil contos). Quase simultaneamente a outro (encomendado à ESE de Coimbra) sobre o impacto do aumento das qualificações dos adultos no sucesso escolar das crianças, no valor de 199 500 euros (40 mil contos). [Para confirmar todas as verbas gastas pela ANQ em ajustes directos, basta entrar na base de dados dos ajustes directos, digitar o NIF da entidade adjudicante – 508208327 – e clicar em pesquisar.] Com a iniciativa, “Novas Oportunidades”, sem acrescentar conhecimentos significativos aos formados, o estado gasta anualmente largas centenas de milhões de euros, para passar certificados de habilitações, a quem, na generalidade, não possui conhecimentos ou competências que o justifiquem minimamente.
Apache, Setembro de 2009

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Há jornalistas e jornalistas… (obviamente!)

Em texto anterior, tinha criticado o silêncio cúmplice da Ordem dos Médicos, que contrariamente aos seus homólogos espanhóis, permitem que governantes e comunicação social propaguem um alarmismo absolutamente injustificável em torno do vírus H1N1 (agora, vulgarmente designado de gripe A). Também a ausência de espírito crítico (nesta como noutras matérias) por parte da generalidade da comunicação social, tem sido por mim lamentada. É, por isso, de elementar justiça, destacar a excelente reportagem que a TVI apresentou no “Jornal Nacional” do passado dia 7, que levanta parte do véu alarmista que esconde importantes interesses económicos. Valorize-se também as declarações (honestas, ainda que muito defensivas) do Dr. Fernando Maltês, Director do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral. Já agora, aproveito para agradecer ao Diogo, do blogue “Um homem das cidades” o ‘post’ que permitiu o surripio deste vídeo.

Apache, Setembro de 2009

domingo, 6 de setembro de 2009

Gripe A: a epidemia do medo

“Está-se a criar um alarme e uma angústia exagerada em torno da gripe A, diz o Conselho Geral de Colégios Médicos de Espanha (OMC), citado pelo jornal “El País”. O seu presidente, Juan José Rodríguez Sendín, foi mesmo mais longe e, numa conferência de imprensa, disse que a Espanha está imersa numa epidemia de medo provocada por uma doença fantasma. O presidente da OMC não descarta a hipótese de existirem interesses económicos e políticos por trás da pandemia, porque o ênfase que se colocou numa doença tão comum como a gripe não se deve a razões sanitárias. Diz o médico que “10 a 12% dos espanhóis são hipocondríacos” e em Espanha, a fantasia e a novela são muito comuns. Afirmou também que os dados disponíveis mostram que o H1N1 se tem revelado menos severo, causando menos e mais leves complicações e uma taxa de mortalidade muito inferior à da gripe sazonal. A OMC havia já referido que em todo o Hemisfério Sul, ao fim de 4 meses de contabilização e, a menos de um mês do final do Inverno, o H1N1 fez 1 796 mortos, quando, só em Espanha, a gripe mata entre 1 500 a 3 000 pessoas por ano. Curiosamente, em Portugal, onde a propaganda em torno do H1N1 não é menor, a Ordem dos Médicos permanece muda e queda à verborreia ‘ad nauseam’ de dois dos seus membros (a pediatra, Ana Jorge e o médico interno, Francisco George), ou será que sou eu que tenho andado distraído?
Apache, Setembro de 2009

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Houve uma redução para metade, do insucesso escolar?

De acordo com o jornal “Público”, a ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou ontem que os resultados escolares do ano lectivo 2008/2009 revelam uma "redução para metade do abandono e insucesso escolar" nos últimos anos. A diminuição do abandono não é surpresa para ninguém, desde que, através de alteração legislativa (Estatuto do Aluno) e inclusive de instruções ilegais (nomeadamente as da DGIDC), o Ministério da Educação manipulou ardilosamente o conceito de falta injustificada, reduzindo o número de reprovações por ultrapassagem do limite de faltas. Quanto à questão da redução do insucesso, para podermos aferir da veracidade das suas afirmações, impõe-se que explique o que entende por “insucesso”. E já agora, se o incómodo não for muito, esclareça também o que (para si) significa “metade” (por via das dúvidas…) Abaixo, apresentam-se dois gráficos com a evolução (dados oficiais), nos quatro anos de tutela do actual governo, das percentagens de reprovações, e das médias, das quatro disciplinas com mais alunos a exame (Matemática A, Português, Biologia e Geologia e Física e Química A). Recordo que (à excepção do de Português) estes exames são feitos com consulta de formulário e com o uso de máquinas de calcular gráficas e programáveis, para as quais os alunos copiam cadernos e livros.
[Cliquem nas imagens para ampliar]
Apache, Agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Espelho meu, espelho meu… Há alguém mais bronco do que eu?

A dado momento da acção de propaganda que intentou junto de alguns escritores de blogues, no passado dia 27 de Julho, a que já me referi (por outra razão) anteriormente, José Sócrates afirmou: “O que eu queria dizer é que nós fomos o governo que menos fez”. Detectado o erro, o José emendou para: “que melhor fez”. Para a frase ficar correcta, faltou-lhe acrescentar: actuámos como uma verdadeira bactéria decompositora; de Portugal, muito pouco resta.

Apache, Agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PSP publicita a “causa monárquica”

De acordo com as notícias divulgadas nas edições ‘online’ de vários jornais, três autores do blogue “31 da Armada” (Rodrigo Moita de Deus, Henrique Burnay e Nuno Miguel Guedes) dirigiram-se, cerca das 17 horas, à Câmara Municipal de Lisboa para trocarem a bandeira municipal pela bandeira monárquica, tendo dois deles sido interrogados pela PSP, segundo informação da sua Direcção-Nacional. Rodrigo Moita de Deus, porta-voz do movimento, foi constituído arguido. Convém recordar os distraídos, que quando (há dois anos) um grupo de arruaceiros (Verde Eufémia), de QI inversamente proporcional à intensidade do odor corporal, destruíram 51 hectares de milho, no Algarve, a GNR assistiu impávida e serena à cena. Convém também recordar que quando Luís Filipe Scolari era seleccionador nacional, várias pessoas, em dia de jogo da selecção portuguesa, passeavam na rua, vestindo a bandeira (da república) em total desrespeito pelo símbolo nacional. Ainda hoje, circulando pelo país, se vêem inúmeras bandeiras nacionais sujas e rasgadas, ondulando ao vento, sem que tal ultraje incomode os agentes policiais. Recordo ainda (uma vez mais), que a 10 de Agosto passado, 4 elementos do “31 da armada” arrearam a bandeira municipal e substituíram-na pela bandeira monárquica, num gesto simbólico de sentido contrário àquele que há 99 anos implantou a república à revelia da esmagadora maioria do povo. Não acredito que os dirigentes da PSP sejam suficientemente estúpidos para “angariarem” mais alguns presos políticos, a um regime que se diz democrático, pelo que, suponho ser objectivo da PSP aumentar a “visibilidade” do blogue “31 da Armada” e contribuir para publicitar a “causa monárquica”.
Apache, Agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bandeira monárquica içada na Câmara Municipal de Lisboa

[A Câmara Municipal de Lisboa, na manhã de ontem]
Durante a noite e grande parte da manhã de ontem, 10 de Agosto de 2009, a bandeira monárquica substituiu a bandeira do Município, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
A medida, concretizada pela “ala monárquica” do blogue do “31 da Armada” (ao que consta outras se seguirão) peca, quanto a mim, pelo ridículo do capacete usado pelo protagonista (Darth Vader). Em acções simbólicas, passo a redundância, os símbolos contam.

Apache, Agosto de 2009

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espelho meu, espelho meu… Há alguém mais mentiroso do que eu?

Como é do domínio público, o Primeiro-Ministro reuniu na passada segunda-feira (27 de Julho), por volta das 17:30, na cantina da LX Factory (em Lisboa) com 20 escritores de blogues. Quem quisesse participar, inscrevia-se previamente e esperava pela selecção, que, como é óbvio, escolheria maioritariamente gente próxima do Partido Socialista [como exemplo os blogues: “Jugular”, onde escreve a namorada do senhor José Sousa; “Simplex” blogue de apoio à campanha socialista, “País Relativo”, etc.] e meia dúzia de críticos moderados (com uma ou outra excepção), para dar a tradicional ideia de pluralidade, à “coisa”. Dos vários assuntos abordados, o vídeo abaixo, da autoria do professor Maurício Brito [publicado no blogue “A Educação do Meu Umbigo” (de Paulo Guinote)], destaca a pergunta do participante Tiago Moreira Ramalho, do blogue “O Afilhado”, sobre o número de professores avaliados em 2008, apresentado pela Secretaria de Estado da Administração Pública; assunto abordado por mim, no ‘post’ anterior. Atente-se, nas afirmações do senhor José Sousa: “Eu não tenho a certeza deste número, mas se não for este é parecido.” Refere-se aos 160 174 funcionários do Ministério da Educação, alegadamente avaliados em 2008 (86,5% do total), quando, na melhor das hipóteses, foram avaliados 48 571 (27,74% do total). “Estes números estão fresquinhos.” Como os números apresentados se referem a 2008, deduzo que tenham sido conservados no gelo. “Esta avaliação é a primeira vez que se faz. É a primeira, não tem antecedente histórico.” Falha grave de memória. A avaliação de professores foi suspensa por este Governo, em finais de Agosto de 2005, aquando do congelamento da progressão na carreira. Antes, a avaliação docente decorria desde 1998, ao abrigo do Decreto Regulamentar nº 11/98, de 15 de Maio, que substituiu o anterior diploma que regia a dita avaliação, o Decreto Regulamentar nº 14/92, de 4 de Julho. Destaco também o facto de, aos 2 minutos e 24 segundos (do vídeo), quando o senhor Sousa se apresentava algo atrapalhado, o participante, Hugo Santos Mendes [que curiosamente não consta da lista de participantes previamente fornecida, que escreve nos já citados blogues: “Simplex” e “País Relativo”], assessor da senhora Ministra da Educação, se levantar do lugar e segredar algo ao Primeiro-Ministro. A partir desse momento mágico, o senhor Sousa numa volta de 180º face ao que havia dito, afirma: “Eu não sei responder a esses números. Não sei de que é que está a falar.” Mais comentários, para quê?

Apache, Julho de 2009

sábado, 25 de julho de 2009

Mentiroso? Talvez não…

Amiúde, baseadas em determinado facto, outras vezes sustentadas em meras previsões (muitas destas, derivadas de modelos matemáticos sem qualquer ligação ao mundo real), há cada vez mais estatísticas para todos os gostos, principalmente, quando do “universo” em análise se selecciona cuidadosamente a “amostra” que dá jeito às conclusões previamente encomendadas. Atente-se nesta notícia do “Exame Expresso” publicada online ontem: “No total, segundo os números avançados pelo Ministério das Finanças e Administração Pública, foram avaliados mais de 300 mil funcionários dos cerca de 345 mil que trabalham na administração central” [referem-se ao ano de 2008]. O que será que se entende por “administração central”? De acordo com a Base de Dados da Administração Pública (BDAP), do dito ministério, divulgada em Setembro de 2006, o número de funcionários públicos, em Portugal, é o seguinte: Administração Directa do Estado: 363 287; Administração Indirecta do Estado: 199 287; Administração Autárquica: 130 650; Região Autónoma da Madeira: 19 956; Região Autónoma dos Açores: 18 784; Órgãos de Soberania: 13 436. Ora, a notícia refere que desta estatística foram excluídas [por os respectivos funcionários não terem sido avaliados nesse ano] “as autarquias e os governos regionais”, e mais não diz. Excluindo, portanto, estes, os restantes funcionários são mais de 576 mil (e esta base de dados não está completa porque os valores são de Setembro de 2006 mas o prazo para a introdução de dados, na mesma, só terminou a 15 de Janeiro de 2007). Insisto na pergunta, a quais destes mais de 576 mil funcionários é que o Senhor Secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, estará a chamar “administração central"? Mais adiante lê-se: “Justiça, Finanças e Ambiente foram alguns dos ministérios mais bem comportados com taxas de avaliação acima dos 90%. Pelo contrário, Saúde ou Educação estiveram entre os piores desempenhos, ainda que acima dos 80%.” O Ministério da Educação (ME) avaliou, em 2008, 80% dos funcionários? Recorro de novo à BDAP para constatar que o ME tem 175 119 funcionários (valor apurado por defeito, pela razão supra mencionada) e que destes (de acordo com a mesma fonte) 138 548 são docentes. Segundo dados (provavelmente inflacionados) divulgados pelo ME, a 30 de Setembro de 2008, nesse ano, foram avaliados cerca de 12 mil professores. Admitindo que foram avaliados todos os funcionários não docentes, isto corresponde a 48 571 avaliações, ou seja, 27,74% dos funcionários. Note-se que não estou a chamar mentiroso, ao Senhor Secretário de Estado, uma vez que pode haver outra justificação para a gritante incorrecção dos dados que apresentou, pode, o Excelentíssimo Senhor, não fazer a mínima ideia de como se calcula uma percentagem.
Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sai um Plano de Apoio a Matemática…

A “Lusa” fez circular ao início da tarde de hoje, uma notícia (não assinada) que revela bem o tipo de jornalismo acrítico e subserviente aos interesses políticos, tão em voga na comunicação social portuguesa. Lê-se, na notícia veicula pela “Lusa, entretanto difundida por vários órgãos de comunicação social, que segundo um relatório da Comissão Europeia, divulgado hoje, “os professores portugueses em final da carreira são os mais bem pagos da União Europeia atendendo ao nível de vida do país”. Acrescentando: “se o salário bruto de um professor português no início da sua carreira é de 97,3 por cento do PIB per capita (indicador do nível de vida de um país), essa percentagem aumenta para 282,5 por cento no final dos seus anos de trabalho, de longe o valor mais elevado dos países analisados.”
Ponto 1 – Quem escreve a notícia, ou é muito distraído, ou não sabe que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país não é um “indicador do nível de vida”, mas um dos vários indicadores sobre os quais é possível teorizar sobre o estado da economia. A título de exemplo, nas Bermudas, cujo PIB per capita é superior a 70 mil dólares (o 4º maior do mundo) mais de 3 vezes o português e 50% acima do norte-americano, cerca de 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza, tal qual em Portugal.
Ponto 2 – Os números divulgados, referentes a Portugal, estão errados. Claro que o erro, provavelmente não é do autor da notícia mas sim dos autores do relatório. No entanto, tratando-se de números públicos, facilmente verificáveis através da internet (por exemplo), só a avidez pelo sensacionalismo pode justificar a falta de contraditório ao arrazoado debitado de Bruxelas.
Ponto 3 – Não é referido na notícia, se os valores apresentados são líquidos ou brutos e isso altera significativamente as possíveis conclusões dos leitores.
Ponto 4 – A comparação de vencimentos entre as várias profissões, num mesmo país, ou em função do custo de vida, entre países, faz bem mais sentido que a comparação destes com o PIB. Tal comparação torna-se, em muitos casos, ridícula. Atente-se, a título de exemplo, ao PIB per capita de Lisboa, cerca de 36 mil euros, e ao de Viana do Castelo, cerca de 10 400 €. Fará sentido, um professor de Lisboa, com idênticas habilitações e idêntico tempo de serviço, ganhar três vezes e meia mais que um docente em Viana do Castelo?
É por demais evidente, que se quer fazer passar a ideia, anteriormente repetida ‘ad nauseum’ pelos dirigentes do Ministério da Educação que os professores portugueses são bastante bem pagos, por comparação com os seus congéneres da União Europeia. Tal não corresponde à verdade. A generalidade dos professores portugueses aufere salários líquidos bem abaixo da média europeia, nem outra coisa seria de esperar, pois o mesmo acontece com a generalidade das profissões. Apenas no topo da carreira, os vencimentos ultrapassam ligeiramente a média europeia, no entanto, esse topo de carreira é atingido, na generalidade, com mais anos de serviço.
Em jeito de correcção aos valores apresentados na notícia (e alegadamente no relatório de Bruxelas) deixo os números de 2008 (neste ano, o PIB nacional per capita foi de 15 641,65 € - Fonte INE):
Vencimentos ilíquidos:
Escalão mais baixo (contratados) – índice 89 – 786,52 €/mês – 11 011,28 €/ano – 70,4% do PIB
Escalão mais alto – índice 340 – 3 004,68 €/mês – 42 065,52 €/ano – 268,9% do PIB
Vencimentos líquidos:
Mais baixo (solteiro s/ filhos) – 648,88 €/mês – 9 084,32 €/ano – 58,1% do PIB
Mais alto (casado 4 ou + filhos) – 2 208,44 €/mês – 30 918,16 €/ano – 197,7% do PIB
Alguém quer comparar com outras profissões de formação académica superior, em Portugal ou noutro país da União Europeia?
Apache, Julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Valter Lemos e a “stand up comedy” (2)

Foram afixadas hoje as pautas da 1ª fase dos Exames Nacionais do Ensino Secundário. Na conferência de imprensa, promovida pelo Ministério da Educação (ME), para apresentação dos resultados, o Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, afirmou: “Os resultados da 1.ª fase dos exames do Ensino Secundário evidenciam uma tendência de estabilidade dos resultados, numa época de exames que tem sido exemplar, com provas de elevada qualidade, adequadas e, até ao momento, sem falhas.” Em primeiro lugar, acho que devemos agradecer a esta equipa do ME, pelo facto de os “resultados evidenciarem estabilidade dos resultados”. Em segundo lugar, devemos estar gratos ao GAVE (organismo do ME responsável pela elaboração dos exames pelas provas “de elevada qualidade e até ao momento sem falhas”, produzidas. Isto, apesar dos vários erros, perdão, apesar dos vários lapsos, gafes e perdas de rigor científico, das provas (“de elevada qualidade”) emanadas daquele “Gabinete”, nomeadamente o exame de Física e Química A (código 715), por sinal, uma prova, uma vez mais, excessivamente fácil, com consulta de formulário e de inúmeras páginas dos cadernos e dos livros que os alunos colocam nas calculadoras gráficas programáveis permitidas pelo ME, que ainda assim, se mantém de há longos anos a esta parte, a pior média a nível nacional (8,4 valores, este ano), e a disciplina com maior percentagem de reprovações (24% em 2009). Quem gostar de humor negro, pode ler aqui o texto integral das declarações do Secretário de Estado, e ver aqui, as médias nacionais dos exames da 1ª fase, dos quatro últimos anos.
Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sondagens e indignações

Anda meio mundo indignado com os resultados das sondagens. Das cinco elaboradas na semana que antecedeu o acto eleitoral para o parlamento europeu, quatro davam a vitória ao PS, tendo todas elas falhado por excesso, as previsões de votos no partido no Governo. Por sua vez, todas elas previram uma votação no CDS-PP bem abaixo dos resultados obtidos nas urnas. Paulo Portas (líder do CDS-PP), talvez o mais indignado de todos, vai fazer queixinhas ao Presidente da República. Confesso que não percebo a ideia. Saberá Portas que Cavaco Silva foi professor de Economia, não de Estatística, muito menos de Sociologia? Não seria melhor, o CDS encomendar uma sondagem e se não gostar do resultado apresentar queixa na DECO (defesa do consumidor)? Mas a indignação do CDS-PP vai mais longe e o partido promete apresentar um projecto de lei que impeça a divulgação de sondagens durante a campanha eleitoral. Pedro Mota Soares, porta-voz da comissão política do partido afirmou que “as sondagens estão a desvirtuar o sistema democrático e político em Portugal”. Acho que há aqui algum exagero, há muitos anos a esta parte que a democracia se tem revelado como a arte de manipulação da opinião pública e, os estudos estatísticos cedo se mostraram parte importante dessa manipulação. Salvo honrosas excepções, quem encomenda um estudo (por vezes de forma evidente, outras um pouco mais dissimulada) encomenda determinadas conclusões do mesmo. As sondagens são estudos de opinião idênticos a muitos outros. Ninguém paga e autoriza a publicação de uma sondagem que lhe seja manifestamente desfavorável. Aliás, são conhecidas as simpatias políticas da maior parte dos responsáveis pelas empresas de sondagens. Quanto à ideia de antecipar a divulgação das sondagens para antes da campanha, não me parece de grande utilidade. Quanto mais longe das eleições se efectuarem as sondagens, maior será a manipulação das mesmas, porque os seus autores mais facilmente se desculparão com a mudança de opinião do eleitorado no decurso da campanha. Se as sondagens não fossem politicamente manipuláveis, para que se encomendariam cinco, a outras tantas empresas, em tão curto intervalo de tempo?
Apache, Junho de 2009

sábado, 16 de maio de 2009

O caixeiro-viajante (2)

O “Público” da passada quarta-feira noticiou que nos primeiros três meses de 2009, a JP Sá Couto (a empresa que monta e distribui o portátil “Magalhães”) vendeu 212 mil computadores portáteis, o que equivale a mais 206 mil que em igual período do ano anterior. Estes números correspondem a uma aumento de vendas de mais de 3 300%. Quem pensava que Sócrates era a personificação do olhar das Górgonas, desengane-se, porque ele encontrou finalmente a sua vocação, é seguramente um dos caixeiros-viajantes mais bem sucedidos do momento. O mamífero até é capaz de vender frigoríficos a esquimós.
Apache, Maio de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

O Príncipe dos Papagaios

Ao que parece, há sensivelmente um ano, o Príncipe de Gales (herdeiro da coroa britânica) disse que tínhamos apenas 18 meses para parar as alterações climáticas. Aparentemente, poucos lhe deram ouvidos e o bom príncipe vem agora dizer que o prazo foi dilatado (?) (supostamente dos seis que restavam) para 99 meses.
Longe vão os tempos em que os príncipes possuíam os mais elevados padrões de educação e evitavam pronunciar-se sobre assuntos que desconheciam. Hoje, até os príncipes se dão ao luxo de fazer figuras ridículas, não se coibindo de propagar as mais descaradas mentiras. Este último discurso, proferido em Itália, mais não é que uma repetição da conversa da treta de Al Gore, suportada nos delírios pseudocientíficos da equipa de James Hansen (da NASA). Num arrazoado de discutível gosto, Carlos fala de história, de futebol, de turismo, de arte, de ciência… Em todos estes temas denota um populismo e uma vulgaridade de discurso típica de pessoas de baixo nível educativo. A certo momento afirma: “- climate change. Yes, it exists – I wish it didn’t, but it does”. Pois… Eu também gostava que fosse Verão o ano inteiro mas desde pequenino que percebi que existem estações do ano, com consequentes alterações climatéricas e, que mesmo de um dia para o outro (às vezes de uma hora para outra) o clima pode sofrer alterações, não é algo constante mas mutável. O príncipe continua: “I fear that any of the difficulties we face today [refere-se à crise económica] will be as nothing when the full horror of global warming unfolds”. Não sabia que gostava tanto de férias na neve. Só isso explica que considere que o “aquecimento global” (a existir) seria um horror. Prossegue com a frase mais interessante: “Fossil fuels, which have captured and stored carbon dioxide for millions of years (…)”. Esta frase é uma espécie de 2 em 1. “Os combustíveis fósseis” [expressão que o ocidente usa para se referir ao petróleo carvão e gás natural] “que capturaram e armazenaram dióxido de carbono durante milhões de anos” [teoria Russa inicialmente proposta por Dimitri Mendeleev que considera que o petróleo não tem origem biológica mas formou-se a partir do dióxido de carbono atmosférico que se depositou nos solos aquando do arrefecimento acentuado do planeta nos milénios após a sua formação]. A frase é, portanto, uma espécie de dois em um imiscível, (uma mistura das duas teorias de formação do petróleo (carvão e gás natural)) água e azeite na cabeça oca do herdeiro inglês. Continua com os chavões habituais: “CO2 is, of course, a greenhouse gas”. Por comparação com que outras substâncias? “Today carbon dioxide levels are at their highest for 800 000 years”. Não lê o meu blogue. Que desilusão. Pode sempre alegar que não é o único… “They now estimate that sea levels could rise by over a metre this century” [Refere-se aos “cientistas” que não conhecem o príncípio de Arquímedes]. Terão descoberto a Preia-mar? Podia prosseguir mas não acho necessário continuar a “bater no ceguinho”. Na questão das alterações climáticas, o discurso não é mais que uma repetição acrítica das mentiras convenientes de Gore. Ao fazê-lo, o herdeiro da coroa britânica deixa evidentes as suas credenciais de Príncipe… dos Papagaios.
Apache, Maio de 2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Da “gripe dos porcos”...

É curioso o facto de o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC) chamar “new influenza virus of swine origin” (novo vírus da gripe de origem suína) ao H1N1, o vírus (do tipo A) que entre 1918 e 1920 poderá ter morto mais de 40 milhões de pessoas, tendo à época ficado conhecido por “gripe espanhola”. Talvez o CDC, tal como a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenham problemas com a História, é habitual hoje em dia. Convém no entanto, que os hipotéticos leitores não refresquem a memória dos dirigentes destes organismos, caso contrário, a propaganda alarmista que eles têm levado a cabo nos últmos dias (ainda hoje a OMS aumentou para 5, numa escala que vai até 6 o nível de alerta) acabará por destronar as novelas na competição pelo horário nobre das televisões portuguesas, o que, apesar da duvidosa qualidade das primeiras não parece augurar vantagens na sua substituição pela segunda. Recorde-se que ainda recentemente (com várias repetições nos últimos anos) o CDC e a OMS fizeram uma campanha alarmista à escala mundial, em volta do H5N1 (conhecido por “gripe das aves”) que vitimou cerca de duas centenas e meia de pessoas a nível mundial. Campanha incompreensível se considerarmos que o próprio CDC escreve agora que o “H5N1 virus does not usually infect people” (vírus H5N1 normalmente não infecta pessoas). De há uma semana para cá, por influência destes dois organismos com grandes responsabilidades em matéria de saúde pública, a “gripe dos porcos” é constantemente badalada na comunicação social. Segundo o CDC, nos Estados Unidos estão confirmados 91 casos, dos quais resultou a morte de um paciente (ao que consta, uma criança transferida de urgência por um hospital mexicano). Para termos uma ideia da dimensão do problema, refira-se que a gripe, em todas as suas variantes, mata 36 mil pessoas por ano, nos Estados Unidos. Diariamente são hospitalizadas cerca de 550 pessoas, acabando 98 delas por falecer. Não creio que haja números credíveis sobre o número de vítimas da gripe em todo o mundo, mas considerando o nível de desenvolvimento de alguns países e o facto de a malária (doença geograficamente restrita) matar mais de 1 milhão de pessoas, por extrapolação, não é crível que a gripe faça menos de 2 milhões de vítimas por ano, pelo que, para já, a “gripe dos porcos” é uma não notícia.
Apache, Abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Do consenso em volta de teorias “científicas” em voga

Experimentem perguntar às pessoas vossas conhecidas (preferencialmente com formação universitária na área das ciências) se acreditam na teoria do Big-Bang (da formação do Universo). Às mesmas pessoas, perguntem depois, se acreditam na existência de antimatéria e de energia negra. Maioritariamente (falo por experiência própria) responder-vos-ão sim, à primeira questão e não, à segunda. A teoria do Big Bang defendida por reputados astrónomos afirma que (pelo menos) 74% do Universo é composto por energia negra e 22% por antimatéria (ou matéria negra).
Apache, Abril de 2009

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Do estudo independente da OCDE…

Ou, os homens e os ratos
No ‘site’ oficial do Partido Socialista, lia-se ontem (27 de Janeiro de 2008) em título: "Relatório da OCDE elogia política de Educação do Governo PS”. Hoje, no parlamento, o Primeiro-Ministro, José Sócrates afirmou: “Eu nunca disse que o relatório é da OCDE. É um estudo de peritos internacionais independentes”. Facto: Um dos “peritos internacionais independentes” que assina o “estudo” é Alexandre Ventura, professor de Ciências da Educação da Universidade de Aveiro, nomeado recentemente por Lurdes Rodrigues para presidir ao Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), órgão criado pelo Ministério da Educação (ME) com a finalidade de simular credibilidade ao seu modelo de avaliação docente. Alexandre Ventura é, há muito, um ‘boy’ do PS que usou dados fornecidos pelo ME e entrevistas a outros ‘boys’, para escrever um relatório de credibilidade nula, onde nenhuma conclusão é fundamentada em qualquer relação de causa-efeito e onde as sugestões apresentadas mais não são que antecipações de medidas que o ME pretende implementar proximamente. O estudo independente da OCDE, não é um estudo, não é da OCDE e não é independente!
Apache, Janeiro de 2009

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Taras e Manias

Ou, como os autores lhe chamaram, “Politicas de valorização do primeiro ciclo do ensino básico em Portugal”
Um relatório pago e editado pelo Ministério da Educação (ME), tornado hoje público, concluiu, com base em dados fornecidos pelo próprio ME, que todo o lixo por eles produzido nos últimos 4 anos é lixo de excelente qualidade. Que surpresa, não estava nada à espera. O Relatório baseia-se nos dados fornecidos pelo Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação do ME (GEPE) e em “reuniões” nas quais foram ouvidos 58 intervenientes no processo educativo, onde se incluíram 10 coordenadores de escola, sendo estes (da lista apresentada) os elementos entrevistados que mais próximo estão de uma sala de aula. Na página do ME, lê-se que o “estudo corresponde a uma avaliação intermédia, realizada durante a fase de implementação das reformas”, por uma equipa liderada por Peter Matthews (a qual inclui Alexandre Ventura, o oportunista que agora preside ao CCAP), de acordo com a metodologia usada pela OCDE. Destaca-se mais adiante que “as medidas desenvolvidas para a reorganização do 1.º ciclo já estão a produzir resultados”, conclusão que deixa clara a credibilidade do relatório. Medidas ainda em fase de implementação já produzem resultados mensuráveis, proporcionando “melhorias efectivas nos resultados educativos.” Melhor só na cochinchina. Acrescenta o ME que, apesar de serem cópias de “boas práticas de outros países (…) estão a atrair um crescente interesse a nível internacional.” Por outras palavras, já existia algo semelhante numa qualquer república das bananas, mas o facto de um país da União Europeia amochar perante o culto da parvoeira institucionalizada, está a transformar-nos num 'case study'.
Quanto aos principais resultados e às recomendações…
“A decisão de encerrar as escolas do 1.º ciclo de pequena dimensão é considerada positiva pelos autores do estudo, que consideram os benefícios de apostar em melhores instalações e enquadramento social em escolas maiores superiores às desvantagens associadas às viagens realizadas pelas crianças.” Os autores do relatório esqueceram-se de ter em conta inúmeros casos em que as crianças foram transferidas para escolas mais distantes da residência e com piores instalações.
“Os resultados no 1.º ciclo estão a melhorar e os alunos têm acesso a um currículo de mais qualidade.” Conclusão baseada nas ridículas provas de aferição que o ME tem levado a cabo no 1º Ciclo? Ou ainda melhor, conclusão sem fundamento?
“A alteração das regras de gestão das escolas, designadamente no que respeita à eleição do director, é encarada de forma positiva, na medida em que permite uma escolha baseada no mérito profissional dos candidatos.” Quando tínhamos um Presidente do Conselho Executivo eleito por toda a escola, o seu mérito profissional não era considerado, mas agora que temos um Director (na maioria dos casos, a mesma pessoa) eleito por 'meia dúzia' de iluminados, o seu mérito passou a ser valorizado.
“Apesar de reconhecer que a avaliação interna das escolas tem registado progressos significativos, o relatório recomenda a re-introdução [o erro de grafia é da responsabilidade do ME] da observação de aulas por parte dos inspectores.” Está tudo a decorrer optimamente, mas ainda seria melhor se, os inspectores, esses professores exemplares que há muitos anos trocaram as salas de aula pelos corredores da IGE, forem às escolas explicar como se deve dar uma aula. E finalmente, a tradicional cereja: “O relatório recomenda a eliminação da retenção no 1.º ciclo e a definição de critérios para «boas aulas».” Noto uma certa incongruência no discurso… Deixando de haver retenções, deduz-se (pelo tipo de raciocínio (sem ofensa) do ME) que todas as aulas são excelentes, pelo que o empenho na produção de receitas deve ser reencaminhado para outros níveis de ensino.
Apache, Janeiro de 2009