domingo, 10 de maio de 2009

Abril de 2009 (em Portugal) foi o mais frio dos últimos 23 anos

Em comunicado publicado no seu ‘site’, datado de 6 de Maio, o Instituto de Meteorologia anunciou que no passado mês de Abril, a média das temperaturas mínimas registadas em Portugal Continental foi de 6,6 ºC. Este valor é 1,5 ºC mais baixo que a média de 1971-2000 e corresponde ao valor mais baixo, registado no continente, num mês de Abril, desde 1986 (que é o valor mais baixo de sempre). Descontando o ano de 1986, para encontrarmos um Abril tão frio, temos de recuar a 1932. Também a média das temperaturas máximas do passado mês se situou abaixo (neste caso 0,6 ºC) da média de referência, 1971-2000. Note-se que não considero particularmente relevantes estes, ou quaisquer outros valores de temperatura, oficialmente divulgados, uma vez que nunca vêm acompanhados das respectivas margens de erro, não tendo assim relevância científica. Recordo que, naquele que muitos consideram ser o ano mais quente das últimas décadas, 1998, foi feita uma enorme publicitação das temperaturas oficiais, que se situaram (a nível global) cerca de 0,7 ºC acima da média, sem nunca se ter referido que a margem de erro dos termómetros onde foram lidas era, no mínimo (também em termos médios) de 2 ºC. [Mas disto falarei futuramente.] Numa época em que muitos fãs do aquecimento global antropogénico tomam conta das mais altas instituições meteorológicas (e não só), não deixa de ser louvável a divulgação destes dados, que mostram que raramente o mundo real coincide com as previsões dos modelos computorizados, programados para fornecer os valores que dão jeito ao poder político e económico estabelecido.
Apache, Maio de 2009

sábado, 9 de maio de 2009

O Príncipe dos Papagaios

Ao que parece, há sensivelmente um ano, o Príncipe de Gales (herdeiro da coroa britânica) disse que tínhamos apenas 18 meses para parar as alterações climáticas. Aparentemente, poucos lhe deram ouvidos e o bom príncipe vem agora dizer que o prazo foi dilatado (?) (supostamente dos seis que restavam) para 99 meses.
Longe vão os tempos em que os príncipes possuíam os mais elevados padrões de educação e evitavam pronunciar-se sobre assuntos que desconheciam. Hoje, até os príncipes se dão ao luxo de fazer figuras ridículas, não se coibindo de propagar as mais descaradas mentiras. Este último discurso, proferido em Itália, mais não é que uma repetição da conversa da treta de Al Gore, suportada nos delírios pseudocientíficos da equipa de James Hansen (da NASA). Num arrazoado de discutível gosto, Carlos fala de história, de futebol, de turismo, de arte, de ciência… Em todos estes temas denota um populismo e uma vulgaridade de discurso típica de pessoas de baixo nível educativo. A certo momento afirma: “- climate change. Yes, it exists – I wish it didn’t, but it does”. Pois… Eu também gostava que fosse Verão o ano inteiro mas desde pequenino que percebi que existem estações do ano, com consequentes alterações climatéricas e, que mesmo de um dia para o outro (às vezes de uma hora para outra) o clima pode sofrer alterações, não é algo constante mas mutável. O príncipe continua: “I fear that any of the difficulties we face today [refere-se à crise económica] will be as nothing when the full horror of global warming unfolds”. Não sabia que gostava tanto de férias na neve. Só isso explica que considere que o “aquecimento global” (a existir) seria um horror. Prossegue com a frase mais interessante: “Fossil fuels, which have captured and stored carbon dioxide for millions of years (…)”. Esta frase é uma espécie de 2 em 1. “Os combustíveis fósseis” [expressão que o ocidente usa para se referir ao petróleo carvão e gás natural] “que capturaram e armazenaram dióxido de carbono durante milhões de anos” [teoria Russa inicialmente proposta por Dimitri Mendeleev que considera que o petróleo não tem origem biológica mas formou-se a partir do dióxido de carbono atmosférico que se depositou nos solos aquando do arrefecimento acentuado do planeta nos milénios após a sua formação]. A frase é, portanto, uma espécie de dois em um imiscível, (uma mistura das duas teorias de formação do petróleo (carvão e gás natural)) água e azeite na cabeça oca do herdeiro inglês. Continua com os chavões habituais: “CO2 is, of course, a greenhouse gas”. Por comparação com que outras substâncias? “Today carbon dioxide levels are at their highest for 800 000 years”. Não lê o meu blogue. Que desilusão. Pode sempre alegar que não é o único… “They now estimate that sea levels could rise by over a metre this century” [Refere-se aos “cientistas” que não conhecem o príncípio de Arquímedes]. Terão descoberto a Preia-mar? Podia prosseguir mas não acho necessário continuar a “bater no ceguinho”. Na questão das alterações climáticas, o discurso não é mais que uma repetição acrítica das mentiras convenientes de Gore. Ao fazê-lo, o herdeiro da coroa britânica deixa evidentes as suas credenciais de Príncipe… dos Papagaios.
Apache, Maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

É preciso um Ministério pela Educação – Nuno Crato

Há pouco menos de um mês, mais exactamente a 16 de Abril, numa iniciativa do PSD, realizou-se em Aveiro uma conferência intitulada “Educação: pela exigência, o mérito e o direito de escolha”, onde interveio o Professor Universitário Nuno Crato. Numa intervenção bastante aplaudida, o docente expôs, como é seu hábito, de forma clara, os principais problemas por que passa a educação em Portugal e apontou soluções, de forma clara e simples. Pessoalmente, aparte uma ou outra discordância (nomeadamente no que se refere à avaliação de professores, que neste contexto se afigura questão menor), acho que o essencial foi dito (e contrariamente ao que a limpidez de linguagem possa induzir, foi-o de forma bastante suave). Em ano de eleições, se o futuro governo quiser, efectivamente, (sem demagogias) fazer algo pela educação em Portugal (provavelmente, não quererá), antes que seja demasiado tarde, ouça. P.S. O professor Nuno Crato (que se saiba) não é filiado no PSD.

Apache, Maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

“Sem eira nem beira” – Xutos & Pontapés e Dona Rosete

Do disco lançado faz hoje precisamente um mês, comemorativo dos 30 anos de carreira dos “Xutos & Pontapés”, esta é a música de que mais se fala.

“Anda tudo do avesso

Nesta rua que atravesso

Dão milhões a quem os tem

Aos outros um passou-bem.

Não consigo perceber

Quem é que nos quer tramar

Enganar

Despedir

E ainda se ficam a rir.

Eu quero acreditar

Que esta merda vai mudar

E espero vir a ter

Uma vida bem melhor.

Mas se eu nada fizer

Isto nunca vai mudar

Conseguir

Encontrar

Mais força para lutar...

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a comer.

É difícil ser honesto

É difícil de engolir

Quem não tem nada vai preso

Quem tem muito fica a rir.

Ainda espero ver alguém

Assumir que já andou

A roubar

A enganar

o povo que acreditou.

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar

Conseguir encontrar mais força para lutar

Mais força para lutar...

Senhor engenheiro

Dê-me um pouco de atenção

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver

Quem anda na roubalheira

E quem me anda a foder

Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão

Mas eu sou um homem honesto

Só errei na profissão.”

Uma outra versão, em jeito de resposta de um tal senhor “inginheiro”, na voz da Dona Rosete [Maria Ruef na TSF a 20 de Abril de 2009]

“Senhores Pontapés

Dêem-me um pouco de atenção

Que quem se mete comigo

Anda na conspiração

Eu processo a malta dos blogues

E directores de jornais

Têm toda a liberdade

Mas de mim não falam mais!

Senhores Pontapés

Dêem-me um pouco de amor

Processei o Zé Manel Fernandes

O Tavares e um professor

Processo sem eira nem beira

Eu conheço a lei de cor

Dizem que há lá saldos bons

Mas não volto ao Fripóre!”

Apache, Maio de 2009

sábado, 2 de maio de 2009

Flexibilidade e adaptabilidade

Apache, Maio de 2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Da “gripe dos porcos”...

É curioso o facto de o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças dos Estados Unidos (CDC) chamar “new influenza virus of swine origin” (novo vírus da gripe de origem suína) ao H1N1, o vírus (do tipo A) que entre 1918 e 1920 poderá ter morto mais de 40 milhões de pessoas, tendo à época ficado conhecido por “gripe espanhola”. Talvez o CDC, tal como a Organização Mundial de Saúde (OMS) tenham problemas com a História, é habitual hoje em dia. Convém no entanto, que os hipotéticos leitores não refresquem a memória dos dirigentes destes organismos, caso contrário, a propaganda alarmista que eles têm levado a cabo nos últmos dias (ainda hoje a OMS aumentou para 5, numa escala que vai até 6 o nível de alerta) acabará por destronar as novelas na competição pelo horário nobre das televisões portuguesas, o que, apesar da duvidosa qualidade das primeiras não parece augurar vantagens na sua substituição pela segunda. Recorde-se que ainda recentemente (com várias repetições nos últimos anos) o CDC e a OMS fizeram uma campanha alarmista à escala mundial, em volta do H5N1 (conhecido por “gripe das aves”) que vitimou cerca de duas centenas e meia de pessoas a nível mundial. Campanha incompreensível se considerarmos que o próprio CDC escreve agora que o “H5N1 virus does not usually infect people” (vírus H5N1 normalmente não infecta pessoas). De há uma semana para cá, por influência destes dois organismos com grandes responsabilidades em matéria de saúde pública, a “gripe dos porcos” é constantemente badalada na comunicação social. Segundo o CDC, nos Estados Unidos estão confirmados 91 casos, dos quais resultou a morte de um paciente (ao que consta, uma criança transferida de urgência por um hospital mexicano). Para termos uma ideia da dimensão do problema, refira-se que a gripe, em todas as suas variantes, mata 36 mil pessoas por ano, nos Estados Unidos. Diariamente são hospitalizadas cerca de 550 pessoas, acabando 98 delas por falecer. Não creio que haja números credíveis sobre o número de vítimas da gripe em todo o mundo, mas considerando o nível de desenvolvimento de alguns países e o facto de a malária (doença geograficamente restrita) matar mais de 1 milhão de pessoas, por extrapolação, não é crível que a gripe faça menos de 2 milhões de vítimas por ano, pelo que, para já, a “gripe dos porcos” é uma não notícia.
Apache, Abril de 2009

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sem papas na língua (2)

“A experiência dos últimos 20 anos mostra-nos que o grande objectivo dos partidos é terem acesso aos nossos dinheiros públicos, para arranjarem empregos a amigos, negociantes, empresários e a outros que normalmente andam ligados ao dinheiro do orçamento.”
[Henrique Medina Carreira, em entrevista à TVI, a 24 de Abril de 2009]

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Do consenso em volta de teorias “científicas” em voga

Experimentem perguntar às pessoas vossas conhecidas (preferencialmente com formação universitária na área das ciências) se acreditam na teoria do Big-Bang (da formação do Universo). Às mesmas pessoas, perguntem depois, se acreditam na existência de antimatéria e de energia negra. Maioritariamente (falo por experiência própria) responder-vos-ão sim, à primeira questão e não, à segunda. A teoria do Big Bang defendida por reputados astrónomos afirma que (pelo menos) 74% do Universo é composto por energia negra e 22% por antimatéria (ou matéria negra).
Apache, Abril de 2009

sábado, 25 de abril de 2009

Freeport – A TVI vai abrindo a “caixa”

No “Jornal Nacional” de ontem, a TVI divulgou mais um pouco do conteúdo do DVD onde Charles Smith fala do Freeport. A reportagem refere que a polícia inglesa seguiu o rasto das “luvas” do licenciamento.

Apache, Abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Caso Freeport – Reacção e Contra-reacção

Na entrevista concedida esta semana à RTP, Sócrates entrevistado por Judite de Sousa e José Alberto Carvalho reage ao “caso Freeport” atacando o “Jornal Nacional da TVI. A contra-resposta da estação privada surgiu pela voz do director-geral, José Eduardo Moniz.

Apache, Abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Charles Smith diz que Sócrates é corrupto (2)

Há dias a TVI voltou a passar (desta vez a cores) o DVD em que Charles Smith se refere a Sócrates como “corrupto” associando-o a ilegalidades relacionadas com o licenciamento do “Freeport” de Alcochete. Para quem não teve a oportunidade de ver o “Jornal Nacional” desse dia, aqui fica a reportagem.

Apache, Abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Prostituição (intelectual) de luxo

“É conferida permissão genérica de condução de viaturas oficiais afectas à Secretaria-Geral do Ministério da Educação ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva” [nº 1 do Despacho 9809/2009, de 9 de Abril]. “É atribuído ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, um subsídio mensal de residência no montante de € 941,25 (…)” [nº 1 do Despacho 9810/2009, de 9 de Abril]. Alexandre Ventura, além destas mordomias, aufere o vencimento correspondente a professor auxiliar na Universidade de Aveiro (a tempo parcial), que acumula com o de presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP) (cargo com igual remuneração que o de Director-Geral), além de assinar relatórios mais que duvidosos validadores das políticas do ME, como este a que me referi a 27 e a 29 de Janeiro passado. O CCAP reuniu 7 vezes desde a sua constituição, pelo que o seu presidente se desloca a Lisboa (no âmbito destas funções), em média, não mais que uma vez por mês. O “artista” (segundo o “Correio da Manhã”) já em 2007 havia acumulado com a docência, funções de Subdirector-Geral da Educação e várias participações em eventos relacionados com a presidência portuguesa da União Europeia.
Apache, Abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

Em Peso da Régua, a novela continua

Em texto que publiquei a 28 de Fevereiro de 2009-04-19 contei (de forma resumida) as peripécias que até àquela data haviam envolvido as eleições para o órgão de gestão da Escola Secundária Doutor João de Araújo Correia, em Peso da Régua. Entretanto houve novos desenvolvimentos e a novela parece longe do fim. No passado dia 27 de Março foi finalmente cumprida a sentença do Supremo Tribunal Administrativo, com a realização (ainda ao abrigo do (agora já revogado) Decreto-Lei nº 115-A/98, de 4 de Maio) das eleições para o Conselho Executivo (CE) daquele estabelecimento de ensino. A lista que havia desencadeado a contestação foi a mais votada mas ficou longe da maioria absoluta dos votos entrados nas urnas, condição necessária, de acordo com nº 2 do artigo 20º do supra citado diploma, para ser considerada eleita. Assim, em cumprimento do prescrito no nº 3 do mesmo artigo, realizou-se nova eleição a 27 de Março, tendo a mesma lista saído vencedora. A 31 de Março, tomaram (finalmente) posse os elementos eleitos. No entanto, já antes, a 18 de Março, o Conselho Geral Transitório (órgão entretanto eleito ao abrigo do novo diploma de gestão escolar (Decreto-Lei nº 75/2008, de 22 de Abril)) havia publicado em Diário da República (DR) o Aviso (5720/2009) de Abertura do concurso para recrutamento do director. Na passada sexta-feira (18 de Abril) o Conselho Geral Transitório (CGT) fez publicar em DR mais dois avisos: um (8366-A/2009) que declarava sem efeito o anterior e outro, (8366-B/2009) que reabre a partir da próxima segunda-feira (20 de Abril) procedimento que visa o recrutamento do director que substituirá o CE eleito há apenas três semanas. Com este acto, o CGT violou o disposto na alínea c) do nº 1 do artigo 61º e, no nº 2 do artigo 63º, ambos, do Decreto-Lei nº 75/2008. Respondendo a mais este atropelo ao legalmente instituído, o CE interpôs (no mesmo dia) no Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela, uma Providência Cautelar que visa suspender a eficácia do acto do CGT.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pluralismo ideológico

“(…) José Sócrates, primeira figura do partido socialista, considera que Durão Barroso fez um bom trabalho e deve manter-se no cargo. Vital Moreira, primeiro nome na lista do PS para as eleições europeias, acha que Durão Barroso deve sair. Sócrates quer um presidente da nossa raça (para usar uma expressão cara ao Presidente da República), Vital Moreira quer um da sua cor. Certos leitores poderão perguntar: como pode um partido apresentar-se a eleições manifestando simultaneamente uma determinada intenção e a intenção rigorosamente inversa? Censuro a perfídia destes leitores. Desconhecem aquilo a que os cientistas políticos chamam um ‘catch-all party’: um partido político que, com o objectivo de captar o maior número possível de eleitores, renuncia a qualquer ideologia. A originalidade do PS está neste pormenor engenhoso: o partido socialista não rejeita quaisquer ideologias, antes as subscreve a todas (com excepção, talvez, da socialista). O cidadão deseja que Barroso continue? Vote no PS, que tudo fará para o apoiar. Pretende ver Barroso fora da Comissão? Vote no PS, que eles também não querem lá esse bandido. Considera que Barroso deve presidir à Comissão Europeia apenas às segundas, quartas e sextas, cedendo o lugar a, digamos, uma peça de fruta às terças, quintas e sábados? Vote no PS, que há-de haver alguém lá dentro que defende essa orientação. A bem dizer, tanto Sócrates como Vital Moreira sustentam posições compreensíveis: se Durão Barroso sair da Comissão Europeia, Sócrates sabe que, em lugar de ficar obrigado a criar 150 000 empregos, terá de arranjar 150 001, para ocupar mais um desempregado; Vital Moreira não esquece que Durão Barroso mudou do PCTP-MRPP para o PSD e, na qualidade de militante do PCP que passou para o lado do PS, não apreciará vira-casacas. (…)”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão” de ontem (16/04/2009)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Obviamente, desnaturalizava-a

Em comentário a declarações de Cavaco Silva, a Ministra da Educação afirmou ontem: "Não é normal ter maus resultados a Matemática. Normal é ter bons resultados como às outras disciplinas.” Quais outras disciplinas, senhora ministra? Esqueceu-se certamente daquela milagrosa prova de exame do ano passado, onde a média do exame nacional (1ª chamada; alunos internos) foi de 14 valores?! Relembro-lhe outras médias dos exames nacionais: Geografia A, 11,4; História A, 11,0; Biologia e Geologia, 10,8; Inglês, 10,7; Geometria Descritiva A, 10,5; Português, 10,4; Física e Química A, 9,6. Mas não se pense que a santa oferta do GAVE (em 2008) teve apenas na Matemática a sua expressão, pois em 2007, a média nacional a Matemática havia sido de 10,6 valores, bem acima das médias de: História A, 9,4; Biologia e Geologia, 9,1; e Física e Química A, 7,4. Aliás, a Física e Química A, disciplina que lecciono há vários anos, aposto que, com o actual programa e com as aulas de 90 e de 135 minutos, se os alunos fossem proibidos de usar as calculadoras gráficas (e programáveis) onde colocam em memória o conteúdo de dezenas de páginas de livros e cadernos, nenhum exame digno desse nome obteria uma média nacional acima de 5 valores. Ainda a propósito dos maus resultados a Matemática, prossegue Lurdes Rodrigues: “Este processo de desnaturalização dos maus resultados tem de envolver todos, até os meios de comunicação, até as telenovelas, até os anúncios.” Disse desnaturalização? Segundo o "Dicionário Priberam da Língua Portuguesa’', “desnaturalização” é o acto ou efeito de desnaturalizar. Quanto a “desnaturalizar”, significa privar da nacionalidade; riscar do rol dos cidadãos (de um Estado). Será impressão minha, ou por esta altura, muitos professores deste país, se pudessem, à Senhora Ministra da Educação, obviamente, desnaturalizavam-na!
Apache, Abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Da inútil disciplina à meritória iniciativa…

Integrado na disciplina de Área de Projecto, um grupo de alunas da Turma D do 12º ano, da Escola Secundária de Estarreja realizou, no passado dia 20 de Março, na Casa da Cultura de Estarreja, um debate sobre o tema ”As Alterações Climáticas”. O debate, para o qual foi convidado (tendo no entanto recusado o convite) o Professor Universitário, Filipe Duarte Santos, contou com a participação do Engenheiro Rui Gonçalo Moura (do blogue “Mitos Climáticos”), do Ambientalista Miguel Oliveira e Silva, do Professor José Castanheira (do Departamento de Física da Universidade de Aveiro) e do Professor Rui Mateus (Biólogo), da Escola Secundária de Estarreja (que fez as honras da casa). Na plateia, além de outros docentes daquele estabelecimento de ensino, encontravam-se vários representantes da comunidade local. Uma iniciativa louvável que certamente contribuiu para que cada um dos presentes vá gradualmente construindo a sua opinião sobre o tema, em alternativa à interiorização acrítica da ridícula doutrina oficial.
Apache, Abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

Feliz Páscoa!

“Acredito no Deus que fez os homens mas não no deus que os homens fizeram.” [Alphonse Karr] “Deus constrói o seu templo no coração dos homens sobre as ruínas das igrejas e das religiões.” [Ralph Emerson] “Deus é a lei e o legislador do Universo.” [Albert Einstein]

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." [Jesus Cristo]

sábado, 11 de abril de 2009

Transparências... (2)

Mais uma dose de ajustes directos à portuguesa… 5-02-2009; Adjudicante – Direcção-Geral de Infra-Estruturas e Equipamentos; Adjudicado – Companhia Portuguesa de Computadores, Informática e Sistemas SA; Objecto – Renovação do licenciamento de software Microsoft; Montante – 9 986 794,93 euros. Quase dois milhões de contos em software? E o índio sou eu?... 27-11-2008; Adjudicante – Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação; Adjudicado – Apoio XXI, Lda; Objecto – Tradução de documento técnico e tradução consecutiva em acções de formação do Magalhães; Montante – 25 300 euros. Sendo o Magalhães um computador português (Sócrates dixit) esta tradução foi para a língua falada pela Margarida Moreira? 18-12-2008; Adjudicante – Câmara Municipal de Amarante; Adjudicado – Figueras Portugal; Objecto – 126 cadeiras; Montante – 61 903,80 euros. 18-12-2008; Adjudicante – Câmara Municipal de Amarante; Adjudicado – Figueras Portugal; Objecto – 126 cadeiras; Montante – 61 903,80 euros. Não. Não creio que seja engano. Quando os tipos da Câmara de Amarante se aperceberam que as cadeiras custavam a módica quantia de 491 euros e 30 cêntimos cada, correram a comprar mais 126, não fosse a promoção acabar. 31-10-2008; Adjudicante – Águas do Douro e Paiva; Adjudicado – Sumo Publicidade Lda; Objecto – Campanha de sensibilização para o consumo humano de água da torneira; Montante – 199 900 euros. Curioso como uma empresa chamada “Sumo” pode lucrar quando alguém mete água.
Uma empresa pública gasta 40 mil contos em publicidade a água da torneira, não tardará outra, a esbanjar em campanhas de gestão sustentada de recursos hídricos. Pagar-se-á alguma coisa para mandar estes tipos dar banho ao cão?
E já que se fala em publicidade, na paixão do menino Manuel Pinho, o “Allgarve”, só o “Turismo de Portugal IP” gastou em menos de um mês 375 300€, de um total de mais de 4 milhões 250 mil euros, gastos, em pouco mais de seis meses, por aquele instituto público, em ajustes directos.
Apache, Abril de 2009

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Que fique claro que eu nunca disse o que disse

“Acabámos com o anterior conceito de falta justificada ou injustificada. Há faltas! Não foi submetido à avaliação contínua? É submetido a avaliação extraordinária. A exigência é muito maior.”
Maria de Lurdes Rodrigues, ao “Diário de Notícias”, em 30 de Outubro de 2007
“Das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória. (…) Da prova de recuperação realizada na sequência das três semanas de faltas justificadas não pode decorrer a retenção, exclusão ou qualquer outra penalização para o aluno.”
Maria de Lurdes Rodrigues, em Despacho de 16 de Novembro de 2008 [a incumprir o disposto no artigo 22º da Lei nº 3/2008, de 18 de Janeiro]
Apache, Abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Transparências...

Agora, a moda é bisbilhotar o ‘site’ “Transparência na Administração Pública”, local onde se enumeram todos os ajustes directos dos organismos do Estado. Entre tantas transparências, como é habitual, há sempre uma ou outra, interessante… 11-12-2008; Adjudicante – Estado Maior do Exército; Adjudicado – Lovinil Lda; Objecto – Reparações Gerais na cozinha do Hospital Militar Principal; Montante – 149 790 euros. Depois de concluída uma obra de 30 mil contos, na cozinha, espero que a sopinha do rancho melhore consideravelmente. 30-12-2008; Adjudicante – Câmara Municipal de Vila do Bispo; Adjudicado – Augusto Sobral Cid; Objecto – Execução de uma obra escultórica alusiva ao Infante Dom Henrique; Montante – 121 800 euros. 31-12-2008; Adjudicante – Câmara Municipal de Vila do Bispo; Adjudicado – Augusto Sobral Cid; Objecto – Execução de uma obra escultórica alusiva ao Infante Dom Henrique; Montante – 121 800 euros. O Infante Dom Henrique tinha um irmão gémeo? 26-01-2009; Adjudicante – Câmara Municipal da Amadora; Adjudicado – Engitetra, Construções Lda; Objecto – Construção da sede da Associação dos Amigos da Damaia; Montante – 119 767, 39 euros. 09-03-2009; Adjudicante – Câmara Municipal da Amadora; Adjudicado – Engitetra, Construções Lda; Objecto – Construção da sede da Associação dos Amigos da Damaia; Montante – 119 767, 39 euros. Gosto de saber que a Damaia tem tantos amigos. A ideia destas associações deve ter sido dos (sacanas) dos Infantes… 27-11-008; Adjudicante – Secretaria Regional do Plano e Finanças (Madeira); Adjudicado – Christie Manson e Woods Ltd; Objecto – Arrematação da obra de arte “The Honourable East India Company´s ship Dunira passing Funchal Bay on the Island of Madeira” da autoria do pintor inglês Thomas ButtersWorth datado de 1830; Montante – 80 584, 77 euros. 19-02-209; Adjudicante – Direcção Geral das Artes; Adjudicado – Associação Zé dos Bois; Objecto – Produção da obra a apresentar na inauguração da 53ª Bienal de Veneza; Montante – 80 000 euros. Hum… Estou com os tipos das finanças, por mais quinhentos e tal euros prefiro o pintor inglês do século XIX, por um lado, a obra do tipo tem um título que, só por si, vale a diferença e, por outro lado, “Zé dos Bois”… não sei… P.S. Quando for grande quero ir trabalhar para a “Vortal – Comércio Electrónico, Consultadoria e Multimédia SA”, empresa que em 7 meses vendeu ao Estado plataformas electrónicas de contratação para o sector público, no valor de mais de um milhão de euros.
(continua...)
Apache, Abril de 2009