M@M: "Qual é o balanço geral da COP-15 em termos de efeitos político-económicos e qual é a avaliação que faz da postura da comitiva do governo brasileiro?"
Daniela de Souza Onça: "Copenhaga foi mais uma conferência que surtirá poucos efeitos práticos de redução das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera, mas muitos efeitos práticos de criação de impostos à escala local e de imposição de novos hábitos de consumo. A conferência teve muito mais a finalidade de prover bases teóricas para a legitimação de novas políticas impostas ao cidadão comum, do que a de estabelecer uma regulação global das emissões e estabelecer tratados entre os governos. É um facto que ninguém ali estava preocupado em 'salvar o planeta', mesmo que isso fosse possível; estavam interessados em receber financiamentos, vender os seus produtos e legitimar as políticas que de há muito querem implementar, pouco lhes importando se o planeta está a aquecer ou não e, em caso afirmativo, qual seria a causa desse aquecimento. No caso brasileiro, acredito que o maior interesse esteja relacionado com o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. Acredita-se que o etanol emite menos dióxido de carbono que a gasolina na sua queima, além de não o adicionar à atmosfera, pois o gás emitido é usado para crescimento de novas plantações de cana. Nisto estão envolvidos certos interesses, em busca de expansão, como os sectores: do açúcar e do álcool, das novas tecnologias dos automóveis, das pesquisas científicas e por aí adiante. Com possibilidades tão promissoras, por que é que o Brasil se oporia à hipótese do aquecimento global antropogénico? A delegação brasileira lutou muito, em Copenhaga, contra a proposta de os países emergentes não receberem financiamento dos países ricos, procurando manter o país como um candidato muito interessante a receber fundos dos chamados 'Mecanismos de Desenvolvimento Limpo', mas no final até se ofereceu para contribuir para o 'Fundo Global do Clima'! Realmente, o ‘slogan’ do governo federal 'Brasil, um país de todos' está a ser levado muito a sério: vamos carregar todo o mundo nas nossas costas."
Geraldo Luís Lino: "Começo pela segunda parte da pergunta: a delegação brasileira reflectiu bem o espírito de piquenique em que decorreu a conferência - mais de 700 pessoas! Foi de longe a maior delegação, aliás, como já tinha acontecido em Bali, há dois anos, quando a delegação brasileira foi maior que a dos anfitriões indonésios. Quanto à actuação, ela ficou dentro do que se anunciava sobre a declarada pretensão de 'liderar' o mundo nas negociações climáticas, com base no estabelecimento das metas de redução de emissões com aqueles números esdrúxulos, com casas decimais, saídos das fórmulas de algum tecnocrata climático convocado à pressa pelo governo. Mas a atitude brasileira não difere muito da da maioria dos demais países, houve muita retórica para se ganhar tempo até as próximas negociações. O festival em Copenhaga acabou como muitos previam, com uma mera declaração de boas intenções, que reflecte em grande medida os conflitos de interesses que promovem a agenda 'alarmista' e os golpes de realidade proporcionados pelo agravamento da crise económico-financeira (cuja fase pior ainda está para vir), os custos altíssimos das medidas idealizadas para reduzir as emissões de dióxido de carbono, a inexistência de alternativas economicamente viáveis aos combustíveis fósseis e, até mesmo, uma percepção cada vez maior, do público em geral, sobre os exageros dos cenários alarmistas apresentados pelos 'alarmistas'. Percepção que factos como o escândalo "ClimateGate" tendem a aprofundar."
Luiz Carlos Molion: "A COP-15 foi, como era esperado, um verdadeiro fracasso! Não houve discussões científicas nem troca de ideias sobre como tratar as questões ambientais e as desigualdades sociais. Ficou muito claro, ao longo da discussão, que os interesses eram apenas financeiros - quem vai entrar com o dinheiro e quem vai levá-lo e de que forma - em especial da parte dos países africanos e insulares. E muitos políticos dos países desenvolvidos, como Barack Obama ou Gordon Brown, devem ter percebido que não exercem liderança alguma. É impossível conseguir-se um "acordo" entre 192 países sem que haja uma liderança firme e um propósito convincente. A delegação brasileira adoptou o discurso dos países desenvolvidos e, nos últimos instantes, tentou, em conjunto com África do Sul, a China, os Estados Unidos e a Índia, produzir um documento que foi amplamente rejeitado. Nesse "acordo", seria aceitável manter um aumento de temperatura de até 2 °C, mas não se estabeleceram metas de redução de emissões, para atingir essa marca, nem sequer para os países desenvolvidos. De onde tiraram eles este número: 2 °C? De modelos climáticos, que são rudimentares, não reproduzem o clima actual e, portanto, não prestam para se fazerem projecções futuras. Ou seja, os resultados de modelos climáticos, baseados em cenários de concentração de CO2 fictícios, são inúteis, uma verdadeira perda de tempo e dinheiro. Falam como se o Planeta Terra fosse um electrodoméstico, por exemplo um aparelho de ar condicionado, equipado com um termóstato ajustável à temperatura seleccionada pelo homem. Basta analisar a variação da temperatura e da concentração de CO2 ao longo do tempo para se concluir que o CO2 não controla o clima, e qualquer redução que viesse a ser acordada, 30% ou 50%, não influenciaria a marcha do clima. Outra proposta, de se destinar 30 biliões de dólares, por ano, até 2012, para que os países pobres se adaptassem às 'alterações climáticas' e de 100 biliões de dólares, tampouco teve ou terá apoio."
Ricardo Augusto Felício: "Em primeiro lugar, devemos chamar a atenção para um facto simples: o dióxido de carbono não controla o clima, muito menos os outros gases, ditos com 'efeito de estufa', que se apresentam em proporções insignificantes. Se todas as emissões naturais destes gases no planeta não significam nada, imaginemos a ínfima parte da ínfima parte, ou seja, a que os humanos libertam. Estas emissões simplesmente não contam, não servem para nada e não podem fazer nada! Adoptar políticas públicas, mundiais, norteadas por este argumento, tanto a nível económico, como social ou ambiental é simplesmente ridículo e fantasioso. Criou-se um monstro que não existe para assustar toda a população da Terra para mascarar a verdadeira intenção: adoptar um controlo, por parte de uma organização mundial, sobre todos os recursos naturais e energéticos.
No que se refere à COP-15, eu fico chocado com a forma como os países gastam dinheiros públicos com esta falácia. São 15 anos de reuniões baseadas na mentira das emissões de gases com 'efeito de estufa'. Isto sem contar com as inúmeras reuniões, quase semanais, que se realizam por esse mundo fora. Os 'investigadores' e os políticos vão viajando e gastando o dinheiro dos seus países a fingir que estão a resolver um problema que nem sequer existe. Nestas reuniões, acontecem negociatas mundiais de favores trocados, em detrimento das populações dos países, principalmente os mais pobres (e isto inclui o Brasil). O importante da COP-15 é que se tornou evidente que eles estavam a tentar criar um mecanismo de leis internacionais para legitimarem sanções económicas, políticas e militares contra os países que não adoptassem o documento. Mesmo para os que o adoptassem, haveria então compromissos internacionais que permitiriam, por exemplo, verificações de 'inspectores' da ONU (como se os gases com efeito de estufa fossem urânio) para observarem o cumprimento do tratado. Tal plano ficou demonstrado e foi anunciado pelos próprios repórteres, ignorantes em assuntos de clima, da Rede Globo, no final da conferência. Infelizmente, não sei se o povo que assiste aos telejornais desta emissora conseguiu entender o plano. De qualquer modo, também ficou evidente que os políticos brasileiros, de todos os quadrantes, mostraram do que são feitos (fica aqui a conclusão do leitor). Estavam furiosos, na reunião, pois precisavam legitimar os seus imbecis planos sobre as mudanças climáticas, adoptados apressadamente antes da reunião. Criaram um monte de restrições e impostos, aqui no Brasil, e agora não têm forma de os justificar. Começaram com a ladainha de que 'o povo paulista já faz a sua contribuição para o planeta', mas esqueceram-se da escala. Se isto interferisse realmente, seria mais uma vez, uma insignificância. Por outras palavras, se o mundo não quer, por que é que o paulista ou o brasileiro têm que o fazer? Somos 'voluntários' ou imbecis? Pior ainda foram as declarações ridículas de criação de um fundo internacional. Querem tirar o nosso dinheiro para mandar para os países pobres da África? Outras estratégias ridículas anunciadas foram os desvios das verbas destinadas às emergências, em casos de derramamentos, da Petrobras, para o controlo de incêndios. Querem pegar neste dinheiro e investi-lo num gigantesco esquema para combater incêndios florestais, com aviões, camiões e equipas treinadas. Por este plano já vemos como eles não entendem de nada. Nem sequer tem noção da dimensão de um incêndio florestal de proporções gigantescas. Além disso, vemos novamente como os políticos trabalham: no paliativo, ou seja, depois de estar a arder.
Outra coisa interessante a comunicar, foram as notícias de certos portais da Internet, como o UOL, o Yahoo, o G1 (Globo), etc. Enquanto os portais brasileiros davam mensagens quase horárias sobre a COP-15, os similares internacionais, tanto europeus como norte-americanos, mal colocavam uma linha, muito discreta, sobre o assunto. Então, pergunta-se: para quem é que devemos espalhar este medo e esta preocupação?
Em suma, tudo isto não serviu para outra coisa senão demonstrar como os nossos políticos são incompetentes e inúteis. Eles deveriam ir lá e dizer 'basta' a esta historinha ridícula. O Brasil tem a sua soberania e deveria fazer o que fosse preciso para o bem-estar da sua população, mas não foi isto que fizeram. Os representantes africanos e árabes mostraram-se muito mais corajosos e competentes, inclusive afirmando que o alegado aquecimento é uma falácia. Foi hilariante ver os repórteres globais afirmarem que a Terra vai aquecer 2 °C em 10 anos (entre 2010 e 2020) debaixo de fabulosas tempestades de neve, em níveis record! Isto que os tais repórteres afirmaram nunca aconteceu e não acontecerá. Se em 15 anos as cimeiras climáticas não viram subir a temperatura da Terra, será na próxima década que isso vai acontecer? Nós, climatologistas de verdade, só não nos estamos a rir desta palhaçada devido à sua enorme gravidade."
Apache, Maio de 2011