sábado, 22 de agosto de 2009

O alter-ego do “inginheiro”

Carolina Patrocínio, a jovem modelo e apresentadora da SIC, é a mandatária do PS para a juventude. Há dias, num programa da RTP que o vídeo abaixo documenta, disse: “Odeio perder. Prefiro fazer batota, a perder. Gosto de dar nas vistas (no bom sentido). Gosto que reparem. Gosto de ser notada, não gosto de passar despercebida.” E mais adiante: “Odeio os caroços das frutas. Só como cerejas quando a minha empregada tira os caroços para mim. Não como fruta se tiver que descascar. E uvas sem grainha.” São afirmações, ainda que ridículas, desvalorizáveis pela "infantilidade" dos 22 anos da Carolina e pelos mimos que a família (abastada) não parece ter sabido dosear. O que é curioso nesta “estória” é que, com declarações deste tipo, Carolina Patrocínio passa de si, a imagem que temos do “artista” de Vilar de Maçada. Acidentalmente, ou não, o “inginheiro” acaba de descobrir o seu alter-ego.

Apache, Agosto de 2009

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A pedagogia da DGS

“A tão negligenciada literatura de casa de banho acaba de obter o significativo patrocínio do Estado. O recente panfleto que a Direcção-Geral de Saúde espalhou por todas as casas de banho públicas do País é, antes de tudo, inquietante - como toda a boa literatura deve ser. Intitulado "Como lavar as mãos?", o texto começa por ser magistral no modo como manipula a arrogância do leitor para, em primeiro lugar, provocar o riso. Um riso que depressa se torna amargo: em poucos segundos, o mesmo leitor que intimamente escarneceu da intenção de quem se propunha ensinar-lhe insignificâncias é tomado pelo assombro de verificar que nunca, em toda a vida, teve as mãos verdadeiramente lavadas. O panfleto apresenta um plano de lavagem das mãos em 12 (doze) passos, incluindo manobras de esterilização com as quais o cidadão médio jamais terá sonhado. Não haja dúvidas: estamos perante um compêndio da higiene manual e digital, uma bíblia da desinfecção do carpo e metacarpo. Este detalhado e rigoroso guia não deixa nem uma falangeta por purificar. Mas - e isto é que é terrível -, ao mesmo tempo que o faz, esfrega-nos na cara a nossa imundície passada e presente. Ao primeiro passo da boa lavagem de mãos é atribuído, misteriosamente, o número zero: "Molhe as mãos com água." Trata-se, é claro, de um momento propedêutico em relação à lavagem propriamente dita, mas não deixa de ser surpreendente que a Direcção-Geral de Saúde não lhe reconheça dignidade suficiente para lhe atribuir um número natural. O passo número um vem então a ser o seguinte: "Aplique sabão para cobrir todas as superfícies das mãos." É aqui que começa a vergonha. Quem sempre ensaboou não deixará de sentir a humilhação de nunca ter aplicado sabão. A instrução encontra na linguística um cruel elemento diferenciador do grau de asseio: quem sabe lavar-se aplica sabão; os porcos ensaboam-se. Porcos esses que, como é óbvio, olham pela primeira vez para as mãos como extremidades dotadas de uma pluralidade de superfícies. No passo número dois ("Esfregue as palmas das mãos, uma na outra", recomendação acompanhada de um desenho em que duas mãos se esfregam em movimentos circulares contrários ao movimento dos ponteiros do relógio), quem sempre esfregou no sentido inverso, como é o meu caso, sente que desperdiçou uma vida inteira de higiene pessoal. Os passos seguintes fazem o mesmo, embora em menor grau: em terceiro lugar há que "esfregar a palma da mão direita no dorso da esquerda, com os dedos entrelaçados, e vice-versa"; o quarto passo apela a que se esfregue "palma com palma com os dedos entrelaçados"; e o quinto passo aconselha uma fricção da "parte de trás dos dedos nas palmas opostas com os dedos entrelaçados". Bem ou mal, com os dedos mais ou menos entrelaçados, estes passos descrevem esfregas que estão ao alcance da imaginação de qualquer pessoa. A partir daqui, o caso piora de novo. O passo seis determina que se "esfregue o polegar esquerdo em sentido rotativo, entrelaçado na palma direita e vice-versa", em movimentos semelhantes aos que se fazem quando se acelera numa motorizada, e o passo sete recomenda que se "esfregue rotativamente para trás e para a frente os dedos da mão direita na palma da mão esquerda e vice-versa". O cuidado posto nestes preceitos amesquinha quem até aqui se limitava a esfregar as mãos uma na outra, descurando, por exemplo, o papel que os dedos devem desempenhar, e logo rotativamente, na higiene. Enxaguar as mãos é o passo oito. Secar as mãos com toalhete descartável, o passo nove. Mas o passo dez volta a revelar que o processo é complexo: "Utilize o toalhete para fechar a torneira, se esta for de comando manual." A torneira deve, por isso, continuar a correr durante todo o passo nove, provavelmente para prevenir eventuais emergências de enxaguamento, sendo fechada apenas no passo dez. O décimo primeiro passo é o mais interessante: "Agora as suas mãos estão limpas e seguras." A contemplação da limpeza e segurança das mãos constitui, portanto, um passo autónomo neste processo de lavagem manual. No fim da lavagem, falta apenas, com as mãos impecavelmente limpas (e seguras), sair da casa de banho abrindo a porta em que toda a gente mexeu. E, creio, voltar atrás para repetir o processo.”
Ricardo Araújo Pereira, na “Visão”, de ontem (20 de Agosto)

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Dos políticos que temos

Estas declarações têm mais de um ano, mas em vésperas de campanha eleitoral é bom recordarmos que habitualmente só mudam as moscas.
“Os que têm surgido vêm apenas para ganhar eleições, promover-se e repartir vantagens pelos amigos e pelos arrivistas de sempre; usam sem escrúpulos sofismas que só retardam a compreensão das coisas e dificultam a aplicação das decisões essenciais. Montam circos atraentes para impressionar, acenam com «facilidades» que não existem e prometem um «amanhã» que nunca chegará. Servem-se e servem outros.”
Medina Carreira, no Público de 13/06/2008
Apache, Agosto de 2009

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Espelho meu, espelho meu… Há alguém mais bronco do que eu?

A dado momento da acção de propaganda que intentou junto de alguns escritores de blogues, no passado dia 27 de Julho, a que já me referi (por outra razão) anteriormente, José Sócrates afirmou: “O que eu queria dizer é que nós fomos o governo que menos fez”. Detectado o erro, o José emendou para: “que melhor fez”. Para a frase ficar correcta, faltou-lhe acrescentar: actuámos como uma verdadeira bactéria decompositora; de Portugal, muito pouco resta.

Apache, Agosto de 2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O bobo de serviço

Comentando a acção, do passado dia 10, levada a cabo pela ala monárquica do “31 da Armada”, Duarte Moral, um dos assessores de António Costa (o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, eleito em 2007, por 10,8% dos eleitores lisboetas) afirmou: "É tradição da monarquia ter uns bobos de serviço”. Tem razão, Duarte Moral, a diferença é que à época os bobos não governavam nem assessoravam.
Apache, Agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Gente fina é outra coisa

O jornalista João Cristóvão Baptista escreve no “24 Horas” que o Primeiro-Ministro passou duas semanas de férias numa suíte do hotel de luxo ”Insotel Punta Prima”, na ilha espanhola de Menorca (Arquipélago das Baleares), acompanhado dos filhos e de um segurança, depois de em Junho após a derrota nas “Europeias” ter descansado uns dias no “Sheraton Pine Cliffs”, em Albufeira. Ao que consta, a suíte onde Sócrates ficou alojado, custa a módica quantia de 990 euros por noite (em regime de meia-pensão). Preço a condizer com um dos pratos preferidos do governante luso, uma caldeirada de lagosta do restaurante “Jagardo”, a 100 euros a dose. O ponto interessante desta história é tentarmos perceber como é que alguém que ganha pouco mais de 5500 euros ilíquidos (não considerando as despesas de representação), consegue gastar mais de 15 mil (mais de 4 meses de ordenado líquido), numas férias de 15 dias.
Apache, Agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PSP publicita a “causa monárquica”

De acordo com as notícias divulgadas nas edições ‘online’ de vários jornais, três autores do blogue “31 da Armada” (Rodrigo Moita de Deus, Henrique Burnay e Nuno Miguel Guedes) dirigiram-se, cerca das 17 horas, à Câmara Municipal de Lisboa para trocarem a bandeira municipal pela bandeira monárquica, tendo dois deles sido interrogados pela PSP, segundo informação da sua Direcção-Nacional. Rodrigo Moita de Deus, porta-voz do movimento, foi constituído arguido. Convém recordar os distraídos, que quando (há dois anos) um grupo de arruaceiros (Verde Eufémia), de QI inversamente proporcional à intensidade do odor corporal, destruíram 51 hectares de milho, no Algarve, a GNR assistiu impávida e serena à cena. Convém também recordar que quando Luís Filipe Scolari era seleccionador nacional, várias pessoas, em dia de jogo da selecção portuguesa, passeavam na rua, vestindo a bandeira (da república) em total desrespeito pelo símbolo nacional. Ainda hoje, circulando pelo país, se vêem inúmeras bandeiras nacionais sujas e rasgadas, ondulando ao vento, sem que tal ultraje incomode os agentes policiais. Recordo ainda (uma vez mais), que a 10 de Agosto passado, 4 elementos do “31 da armada” arrearam a bandeira municipal e substituíram-na pela bandeira monárquica, num gesto simbólico de sentido contrário àquele que há 99 anos implantou a república à revelia da esmagadora maioria do povo. Não acredito que os dirigentes da PSP sejam suficientemente estúpidos para “angariarem” mais alguns presos políticos, a um regime que se diz democrático, pelo que, suponho ser objectivo da PSP aumentar a “visibilidade” do blogue “31 da Armada” e contribuir para publicitar a “causa monárquica”.
Apache, Agosto de 2009

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Baxter patenteou vacina “contra” o H1N1, em 2007

Segundo noticia a “Visão”, a gigante farmacêutica, Baxter, que está a produzir a vacina para a gripe causada pelo vírus H1N1, registou em 2007 a patente da dita. Já tinha referido que o H1N1, inicialmente chamado de “gripe suína” e depois rebaptizado (de forma pouco correcta) “gripe A” é (ao que parece) o mesmo vírus da “gripe espanhola”, que entre 1918 e 1920 terá morto mais de 40 milhões de pessoas. É portanto admissível que a Baxter tenha decidido produzir, preventivamente, vacina contra o dito. O que não deixa de ser uma estranha coincidência é tê-lo feito tão proximamente ao aumento da actividade do vírus e, estar agora a prepara-se para comercializar esta vacina, separadamente do “cocktail” que constitui anualmente a “vacina da gripe”, com consequentes vantagens económicas para a companhia e prejuízos para o utilizador.
“Yo no creo en brujas, pero…”
Apache, Agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Foi há 64 anos

“De súbito, um deslumbrante clarão cor-de-rosa-pálido surgiu no céu, acompanhado de um tremor extraordinário, seguido, quase imediatamente, por uma vaga de calor sufocante e um vento que varria tudo o que encontrava no seu caminho. Em poucos segundos, milhares de pessoas que se encontravam nas ruas e nos jardins do centro ficaram queimadas. Muitas morreram imediatamente devido ao calor sufocante. Outras torciam-se no chão, gritando de dor, queimadas de morte. Tudo o que estava de pé na zona da deflagração - muros, casas, fábricas e outros edifícios - ficou arrasado; os seus destroços, em turbilhão, foram projectados a grande altura. Os comboios foram arrancados dos carris como se fossem brinquedos. Os cavalos, os cães e o gado sofreram a mesma sorte que os humanos. Nem sequer a vegetação foi poupada. Milhares de árvores desapareceram nas chamas, os campos de arroz perderam a verdura, a erva ardeu no solo como palha seca. Para lá da zona de morte total, em que nada ficou vivo, as casas desmoronaram-se num turbilhão de vigamentos, de tijolos e barrotes. Até cinco quilómetros do centro da explosão, as casas construídas de materiais leves ficaram arrasadas como castelos de cartas. Os que se encontravam dentro delas morreram ou ficaram gravemente feridos. Os que, por milagre, conseguiram fugir ficaram cercados por uma cortina de chamas. E as raras pessoas que conseguiram abrigar-se morreram, de uma maneira geral, vinte a trinta dias mais tarde, devido à acção retardada dos impiedosos raios gama... À noite, o fogo começou a diminuir, e de madrugada extinguiu-se. Nada mais havia para arder. Hiroxima deixara de existir.”
Relato de um sobrevivente anónimo
A 6 de Agosto de 1945 um B-29 Superfortress, da força aérea norte-americana (Enola Gay), largou sobre a cidade japonesa de Hiroxima, uma bomba contendo 60 kg de urânio-235. Três dias depois, avião idêntico (Bockscar) largou sobre Nagasáqui outra bomba, desta vez, 6,4 kg de plutónio-239. Cerca de 120 mil pessoas morreram instantaneamente e muitos milhares nos dias seguintes. Mais de 90% eram civis. Um dos maiores crimes de guerra da história recente da humanidade, continua por julgar.
Apache, Agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bandeira monárquica içada na Câmara Municipal de Lisboa

[A Câmara Municipal de Lisboa, na manhã de ontem]
Durante a noite e grande parte da manhã de ontem, 10 de Agosto de 2009, a bandeira monárquica substituiu a bandeira do Município, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa.
A medida, concretizada pela “ala monárquica” do blogue do “31 da Armada” (ao que consta outras se seguirão) peca, quanto a mim, pelo ridículo do capacete usado pelo protagonista (Darth Vader). Em acções simbólicas, passo a redundância, os símbolos contam.

Apache, Agosto de 2009

Ministério da Igualdade (entre Homens e animais?)

Aqui ao lado (na vizinha Espanha), o Ministério da Igualdade, liderado por Bibiana Aído, distribuiu um guia, destinado a crianças e adolescentes dos 9 aos 17 anos, que faz parecer a nova lei da educação sexual da nossa Assembleia da República, escrita por puritanos. O guia foi distribuído numa altura em que o governo socialista prepara alterações à lei do aborto para permitir que a partir dos 13 anos, as adolescentes possam abortar sem conhecimento dos pais. No Guia de Saúde VIII, do Ministério da Igualdade, a propósito de sexualidade, lê-se: “vive, investiga, descobre, aprende.” Mais adiante… “Não há uma idade ou um momento determinado para partilharmos a nossa sexualidade. [Não?] Não imponhas isso a ti própria nem permitas que to imponham. A decisão é tua.” Sob a “bandeira” da liberdade, acrescentam: “Tu és dona dos teus sentimentos, do teu corpo, do teu prazer e da tua vida.” Destinasse-se o prospecto a adolescentes e pensar-se-ia que estávamos perante um texto de “deseducação sexual”. No entanto, considerando que se destina também a crianças de 9 anos, quem autorizou a sua distribuição parece não distinguir os humanos dos animais irracionais. A ser assim, não se percebe porque permitem os espanhóis que alguém mentalmente doente exerça o cargo de ministra.
Apache, Agosto de 2009

sábado, 8 de agosto de 2009

Lei da “valorização da sexualidade”…

A Lei nº 60/2009, de 6 de Agosto, “estabelece o regime de aplicação da educação sexual em meio escolar.” Futuramente, aquando da regulamentação da dita (tarefa que deverá competir ao Governo, no prazo de 60 dias) saberemos se esta “aplicação da educação sexual em meio escolar” será uma aplicação prática, com direito a grelha de registo de observações, ou uma aplicação teórica, com direito a testes e (eventualmente) a exame nacional. No artigo 2º da citada lei, pode ler-se: “Constituem finalidades da educação sexual: a) A valorização da sexualidade e afectividade entre as pessoas no desenvolvimento individual, respeitando o pluralismo das concepções existentes na sociedade portuguesa;” “Valorizar a sexualidade”? Haverá lugar à atribuição de uma classificação? E médias nacionais? “Pluralismo de concepções”? Preciso de formação… “b) O desenvolvimento de competências nos jovens…” Hum… Para testar e “valorizar” “competências” tem (mesmo) de haver avaliação prática. “c) A melhoria dos relacionamentos afectivo-sexuais dos jovens;” Só entre os jovens? Protesto. Isto é descriminação com base na idade. “(…) h) A promoção da igualdade entre os sexos;” “Igualdade entre os sexos”? Não quereriam dizer, igualdade entre pessoas de sexo diferente? Não? Retiro o protesto anterior e a necessidade de formação. Fica só para os “jovens” e não se fala mais nisso.
O legislador prossegue depois, grafando em letra de lei mais alguns fetiches, como: o “projecto de educação sexual da turma” (artigo 7º); a criação em cada escola, da “equipa interdisciplinar da educação sexual” com o respectivo “professor-coordenador” (artigo 8º); culminando com a pérola do número 1 do artigo 11º, onde se institui o dever de estudantes e encarregados de educação terem um papel activo na concretização das finalidades da lei.
E pronto, para já é isto. Para um sexo mais educado e mais valorizado, com competências mais desenvolvidas, é favor aguardar a publicação da regulamentação da lei supra.
Apache, Agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Listas? Quais listas?

Noutros acampamentos
“Depois de tanto derrame sobre listas de deputados, o realismo manda que se diga que as mesmas não interessam para nada. O Parlamento é, de longe, o órgão eleito mais desprestigiado do regime. São os próprios deputados - pelas suas renúncias, pelas suas faltas, pelo seu desprezo pela função, pela manifesta ignorância - os primeiros a não dar o exemplo. Salvo raras excepções, um deputado português é alguém escolhido pelo respectivo líder partidário para se sentar ou levantar quando o líder o mandar sentar ou levantar. Muitos passam pela legislatura sem abrir a boca, sem uma intervenção escrita, sem um propósito declarado, sem, em suma, cabeça. São colocados neste ou naquele círculo eleitoral, não porque tenham algo a ver com o mesmo, mas porque o líder e o partido assim o entendem. (…) A 27 de Setembro ninguém vai querer saber de cabeças, de corpos ou de rabos de listas para nada. O Parlamento transformou-se num monumento que o regime ergueu à insignificância.”
João Gonçalves do blogue “Portugal dos pequeninos"

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Espelho meu, espelho meu… Há alguém mais mentiroso do que eu?

Como é do domínio público, o Primeiro-Ministro reuniu na passada segunda-feira (27 de Julho), por volta das 17:30, na cantina da LX Factory (em Lisboa) com 20 escritores de blogues. Quem quisesse participar, inscrevia-se previamente e esperava pela selecção, que, como é óbvio, escolheria maioritariamente gente próxima do Partido Socialista [como exemplo os blogues: “Jugular”, onde escreve a namorada do senhor José Sousa; “Simplex” blogue de apoio à campanha socialista, “País Relativo”, etc.] e meia dúzia de críticos moderados (com uma ou outra excepção), para dar a tradicional ideia de pluralidade, à “coisa”. Dos vários assuntos abordados, o vídeo abaixo, da autoria do professor Maurício Brito [publicado no blogue “A Educação do Meu Umbigo” (de Paulo Guinote)], destaca a pergunta do participante Tiago Moreira Ramalho, do blogue “O Afilhado”, sobre o número de professores avaliados em 2008, apresentado pela Secretaria de Estado da Administração Pública; assunto abordado por mim, no ‘post’ anterior. Atente-se, nas afirmações do senhor José Sousa: “Eu não tenho a certeza deste número, mas se não for este é parecido.” Refere-se aos 160 174 funcionários do Ministério da Educação, alegadamente avaliados em 2008 (86,5% do total), quando, na melhor das hipóteses, foram avaliados 48 571 (27,74% do total). “Estes números estão fresquinhos.” Como os números apresentados se referem a 2008, deduzo que tenham sido conservados no gelo. “Esta avaliação é a primeira vez que se faz. É a primeira, não tem antecedente histórico.” Falha grave de memória. A avaliação de professores foi suspensa por este Governo, em finais de Agosto de 2005, aquando do congelamento da progressão na carreira. Antes, a avaliação docente decorria desde 1998, ao abrigo do Decreto Regulamentar nº 11/98, de 15 de Maio, que substituiu o anterior diploma que regia a dita avaliação, o Decreto Regulamentar nº 14/92, de 4 de Julho. Destaco também o facto de, aos 2 minutos e 24 segundos (do vídeo), quando o senhor Sousa se apresentava algo atrapalhado, o participante, Hugo Santos Mendes [que curiosamente não consta da lista de participantes previamente fornecida, que escreve nos já citados blogues: “Simplex” e “País Relativo”], assessor da senhora Ministra da Educação, se levantar do lugar e segredar algo ao Primeiro-Ministro. A partir desse momento mágico, o senhor Sousa numa volta de 180º face ao que havia dito, afirma: “Eu não sei responder a esses números. Não sei de que é que está a falar.” Mais comentários, para quê?

Apache, Julho de 2009

domingo, 26 de julho de 2009

"Tonight" - Reamonn

"She never took the train alone she hated being on her own She always took me by the hands and say she needs me She never wanted love to fail she always hoped that it was real She’d look me in the eyes and say believe me And then the night becomes the day and there’s nothing left to say If there’s nothing left to say then something’s wrong Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild And as the hands would turn with time she’d always say that she was my mine She’d turn and lend a smile to say that she’s gone But in a whisper she’d arrive and dance into my life Like a music melody like a lover's song Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild Through the darkest night comes the brightest light And the light that shines is deep inside It’s who you are Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful, beautiful Oh tonight you killed me with your smile so beautiful and wild so beautiful and wild So beautiful and wild"
Tonight - Reamonn

sábado, 25 de julho de 2009

Mentiroso? Talvez não…

Amiúde, baseadas em determinado facto, outras vezes sustentadas em meras previsões (muitas destas, derivadas de modelos matemáticos sem qualquer ligação ao mundo real), há cada vez mais estatísticas para todos os gostos, principalmente, quando do “universo” em análise se selecciona cuidadosamente a “amostra” que dá jeito às conclusões previamente encomendadas. Atente-se nesta notícia do “Exame Expresso” publicada online ontem: “No total, segundo os números avançados pelo Ministério das Finanças e Administração Pública, foram avaliados mais de 300 mil funcionários dos cerca de 345 mil que trabalham na administração central” [referem-se ao ano de 2008]. O que será que se entende por “administração central”? De acordo com a Base de Dados da Administração Pública (BDAP), do dito ministério, divulgada em Setembro de 2006, o número de funcionários públicos, em Portugal, é o seguinte: Administração Directa do Estado: 363 287; Administração Indirecta do Estado: 199 287; Administração Autárquica: 130 650; Região Autónoma da Madeira: 19 956; Região Autónoma dos Açores: 18 784; Órgãos de Soberania: 13 436. Ora, a notícia refere que desta estatística foram excluídas [por os respectivos funcionários não terem sido avaliados nesse ano] “as autarquias e os governos regionais”, e mais não diz. Excluindo, portanto, estes, os restantes funcionários são mais de 576 mil (e esta base de dados não está completa porque os valores são de Setembro de 2006 mas o prazo para a introdução de dados, na mesma, só terminou a 15 de Janeiro de 2007). Insisto na pergunta, a quais destes mais de 576 mil funcionários é que o Senhor Secretário de Estado da Administração Pública, Gonçalo Castilho dos Santos, estará a chamar “administração central"? Mais adiante lê-se: “Justiça, Finanças e Ambiente foram alguns dos ministérios mais bem comportados com taxas de avaliação acima dos 90%. Pelo contrário, Saúde ou Educação estiveram entre os piores desempenhos, ainda que acima dos 80%.” O Ministério da Educação (ME) avaliou, em 2008, 80% dos funcionários? Recorro de novo à BDAP para constatar que o ME tem 175 119 funcionários (valor apurado por defeito, pela razão supra mencionada) e que destes (de acordo com a mesma fonte) 138 548 são docentes. Segundo dados (provavelmente inflacionados) divulgados pelo ME, a 30 de Setembro de 2008, nesse ano, foram avaliados cerca de 12 mil professores. Admitindo que foram avaliados todos os funcionários não docentes, isto corresponde a 48 571 avaliações, ou seja, 27,74% dos funcionários. Note-se que não estou a chamar mentiroso, ao Senhor Secretário de Estado, uma vez que pode haver outra justificação para a gritante incorrecção dos dados que apresentou, pode, o Excelentíssimo Senhor, não fazer a mínima ideia de como se calcula uma percentagem.
Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Afinal, para que serve a escola?”

“É minha convicção profunda que o próximo responsável pelas políticas educativas tem, obrigatoriamente, de assumir as intervenções que enumerei no último artigo se quiser recuperar a confiança dos professores e travar a degradação do sistema de ensino. Aquele elenco de medidas é politicamente incontornável e instrumento primeiro de uma reconstrução imperiosa. Mas deve ser complementado com uma acção segura de envolvimento da sociedade, num debate social sobre a missão da escola de massas e sobre o significado e pertinência de alguns conceitos que a condicionam definitivamente. Quando reflicto sobre o tema e avalio os estragos dos últimos anos, perece-me evidente que a falta de densidade cultural de quem governou a Educação nacional reduziu a zero o valor intrínseco do conhecimento. Como se a vida se limitasse a utilidades imediatas e a competências instrumentais. Como se nos bancos das escolas se sentassem robôs em vez de pessoas. Afinal, para que serve a escola? Definitivamente, para colocar um determinado acervo de conhecimento ao alcance dos alunos e assim cooperar num processo educacional mais vasto, que a extravasa. O valor instrumental que esse conhecimento possa vir a representar em contexto de vida social deve ser consequência, que não objectivo determinante a que tudo se subjugue. E toda a acção educativa deve ser norteada por esta filosofia, se quisermos seres autónomos, capazes de perceberem o mundo que os rodeia. À ideologia pedagógica que se apoderou do Ministério da Educação juntou-se, nos últimos 4 anos, uma teologia de resultados e uma manipulação estatística que dilaceraram o valor intrínseco do conhecimento, empobrecendo drasticamente a qualidade da escola de massas. A sobrevalorização dos processos por referência ao conhecimento, ditada por uma falsa doutrina de sucesso a qualquer preço, criou mesmo mecanismos perversos de discriminação social. Refiro-me à ideia peregrina de diminuir a exigência do conhecimento a adquirir por determinados grupos, social e economicamente desfavorecidos, assumindo como corolário dessa debilidade uma capacidade intelectual menor desses grupos. Querem mais maquiavélica forma de eternizar as diferenças? Esta desvalorização do valor do conhecimento, porque prejudica os resultados que os responsáveis querem exibir, explica também o aviltamento de certas disciplinas científicas, estruturantes de uma sólida formação humana. Falo da Filosofia, da Matemática, da Literatura, da História e da Geografia, por exemplo. Boa parte da seriedade de conteúdos doutros tempos foi preterida por listas de competências pós-modernas ou por actividades educativas sem substrato cognitivo. Mais uma vez, o resultado é evidente: os pais mais cultos e mais ricos ensinam ou pagam a quem ensine o que a escola não trata; os outros permanecem escravos da rua e da televisão. Este estado de coisas evidencia um erro clamoroso das políticas educativas dos últimos tempos: quando decidiram baixar o nível de exigência cognitiva, acreditando que lograriam assim motivar os culturalmente mais débeis, tão-só generalizaram a mediocridade. Parece óbvio que o caminho passa pela coragem de retomar conteúdos cognitivos nucleares, cujo valor intrínseco seja aceite por via de um debate social que o demonstre. Mas, aqui chegados, dizer que devemos voltar à prevalência dos conteúdos cognitivos centrais e à consagração do valor intrínseco do conhecimento não nos levará além de um simples enunciado de intenções, que só ganhará credibilidade quando concretizado em medidas. Sem as esgotar, que o espaço mais não permite, destaco três, que reputo como prioritárias: 1- Consagrar a autoformação dos professores, assistida por estruturas competentes de supervisão e superação de dificuldades científicas. Não há outro caminho. Tutelar e centralizar a formação contínua seria mais da mesma ineficácia. 2- Retomar a cooperação entre professores, que a competição artificial de uma avaliação do desempenho sem sentido nem ética destruiu. Neste quadro se filia outro erro monumental perpetrado pelo poder, qual seja o de ter conduzido à reforma antecipada, nos últimos anos, qualquer coisa como oito mil docentes dos mais qualificados e experientes, dilapidando gratuitamente, sem visão de futuro e de modo irresponsável, a cooperação intelectual e pedagógica intergeracional, por meio da qual os detentores de maior formação e competência didáctica iam enquadrando e formando em serviço os mais jovens e inexperientes. 3- Expurgar os programas escolares de orientações didácticas e metodológicas sem sentido, que desorientam e castram a autonomia científica e pedagógica dos docentes e reduzem ao ridículo a solidez cognitiva das disciplinas. Este será um trabalho de anos que, pacientemente, irá reconstruindo a consistência e a maturidade de um corpo docente responsável.”
Santana Castilho, Professor do Ensino Superior, no Público de ontem (21 de Julho de 2009)

terça-feira, 21 de julho de 2009

A história repete-se?

“O Árctico parece estar a aquecer. Relatos de pescadores, caçadores e exploradores da região de Spitzbergen e também do Árctico Oriental, apontam todos para alterações radicais nas condições climáticas e para temperaturas tão elevadas que nunca antes haviam sido relatadas naquela área da superfície terrestre.” A 10 de Outubro de 1922, por George Nicolas Ifft, cônsul americano em Bergen, Noruega, em relatório ao Departamento de Estado em Washington D.C. [Tradução minha]
Apache, Julho de 2009

domingo, 19 de julho de 2009

"This is the life" - Amy MacDonald

Uma letra fraquinha, mas uma música que fica no ouvido.

Apache, Julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Sai um Plano de Apoio a Matemática…

A “Lusa” fez circular ao início da tarde de hoje, uma notícia (não assinada) que revela bem o tipo de jornalismo acrítico e subserviente aos interesses políticos, tão em voga na comunicação social portuguesa. Lê-se, na notícia veicula pela “Lusa, entretanto difundida por vários órgãos de comunicação social, que segundo um relatório da Comissão Europeia, divulgado hoje, “os professores portugueses em final da carreira são os mais bem pagos da União Europeia atendendo ao nível de vida do país”. Acrescentando: “se o salário bruto de um professor português no início da sua carreira é de 97,3 por cento do PIB per capita (indicador do nível de vida de um país), essa percentagem aumenta para 282,5 por cento no final dos seus anos de trabalho, de longe o valor mais elevado dos países analisados.”
Ponto 1 – Quem escreve a notícia, ou é muito distraído, ou não sabe que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país não é um “indicador do nível de vida”, mas um dos vários indicadores sobre os quais é possível teorizar sobre o estado da economia. A título de exemplo, nas Bermudas, cujo PIB per capita é superior a 70 mil dólares (o 4º maior do mundo) mais de 3 vezes o português e 50% acima do norte-americano, cerca de 20% da população vive abaixo do limiar da pobreza, tal qual em Portugal.
Ponto 2 – Os números divulgados, referentes a Portugal, estão errados. Claro que o erro, provavelmente não é do autor da notícia mas sim dos autores do relatório. No entanto, tratando-se de números públicos, facilmente verificáveis através da internet (por exemplo), só a avidez pelo sensacionalismo pode justificar a falta de contraditório ao arrazoado debitado de Bruxelas.
Ponto 3 – Não é referido na notícia, se os valores apresentados são líquidos ou brutos e isso altera significativamente as possíveis conclusões dos leitores.
Ponto 4 – A comparação de vencimentos entre as várias profissões, num mesmo país, ou em função do custo de vida, entre países, faz bem mais sentido que a comparação destes com o PIB. Tal comparação torna-se, em muitos casos, ridícula. Atente-se, a título de exemplo, ao PIB per capita de Lisboa, cerca de 36 mil euros, e ao de Viana do Castelo, cerca de 10 400 €. Fará sentido, um professor de Lisboa, com idênticas habilitações e idêntico tempo de serviço, ganhar três vezes e meia mais que um docente em Viana do Castelo?
É por demais evidente, que se quer fazer passar a ideia, anteriormente repetida ‘ad nauseum’ pelos dirigentes do Ministério da Educação que os professores portugueses são bastante bem pagos, por comparação com os seus congéneres da União Europeia. Tal não corresponde à verdade. A generalidade dos professores portugueses aufere salários líquidos bem abaixo da média europeia, nem outra coisa seria de esperar, pois o mesmo acontece com a generalidade das profissões. Apenas no topo da carreira, os vencimentos ultrapassam ligeiramente a média europeia, no entanto, esse topo de carreira é atingido, na generalidade, com mais anos de serviço.
Em jeito de correcção aos valores apresentados na notícia (e alegadamente no relatório de Bruxelas) deixo os números de 2008 (neste ano, o PIB nacional per capita foi de 15 641,65 € - Fonte INE):
Vencimentos ilíquidos:
Escalão mais baixo (contratados) – índice 89 – 786,52 €/mês – 11 011,28 €/ano – 70,4% do PIB
Escalão mais alto – índice 340 – 3 004,68 €/mês – 42 065,52 €/ano – 268,9% do PIB
Vencimentos líquidos:
Mais baixo (solteiro s/ filhos) – 648,88 €/mês – 9 084,32 €/ano – 58,1% do PIB
Mais alto (casado 4 ou + filhos) – 2 208,44 €/mês – 30 918,16 €/ano – 197,7% do PIB
Alguém quer comparar com outras profissões de formação académica superior, em Portugal ou noutro país da União Europeia?
Apache, Julho de 2009