quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

"Estes Natais sinistros..."

"Já ninguém se recorda de Deus no Natal. Há tanto barulho de cornetas, tantos fogos de artifício, tantas grinaldas coloridas, tantos perus inocentes degolados e tantas angústias de dinheiro pelos gastos que ultrapassam a nossa real possibilidade, que me pergunto, se a alguém resta um instante para perceber que tamanho alvoroço é para celebrar o aniversário de uma criança que nasceu há 2000 anos numa miserável estrebaria, a pouca distância do local onde havia nascido, uns mil anos antes, o rei David. Novecentos e cinquenta e quatro milhões de cristãos crêem que essa criança é Deus encarnado, mas muitos celebram-no como se na realidade não o cressem. Celebram-no além disso muitos milhões que nele nunca creram, mas agrada-lhes a farra e ainda muitos outros que estão dispostos a virar o mundo do avesso para que ninguém continue a acreditar nele. Seria interessante averiguar quantos deles crêem também, do fundo da sua alma, que o Natal de agora é uma festa abominável, mas não se atrevem a dizê-lo por um preconceito que já não é religioso mas social.
O mais grave de tudo é o desastre cultural que estes Natais pervertidos estão a causar na América Latina. Antes, quando só tínhamos costumes herdados da Espanha, os presépios domésticos eram prodígios de imaginação familiar. O menino Deus era maior que a vaca, as casinhas empoleiradas nas colinas eram menores que a virgem; mas ninguém dava atenção a estes anacronismos: a paisagem de Belém era completada com um comboio de corda, com um pato de pelúcia, maior do que um leão, nadando no espelho de uma sala; ou com um agente de trânsito a dirigir um rebanho de ovelhas numa esquina de Jerusalém. Acima de tudo punha-se uma estrela de papel dourado com uma lâmpada no centro e, um raio de seda amarela, para indicar aos Reis Magos o caminho da salvação. O resultado era bem mais feio, mas parecia-se connosco, sendo portanto melhor do que tantos quadros primitivos mal copiados do aduaneiro Rousseau.
A mistificação começou com o costume de que os brinquedos não fossem trazidos pelos Reis Magos – como sucede, com toda a razão, em Espanha – e sim pelo menino Deus. Nós, crianças, deitávamo-nos mais cedo para que as prendas não demorassem, e éramos felizes ouvindo as mentiras poéticas dos adultos. Eu não tinha mais do que cinco anos quando alguém em minha casa decidiu que já era tempo de revelar-me a verdade. Foi uma desilusão, não só porque eu acreditava mesmo que era o menino Deus que trazia os brinquedos, mas também porque queria continuar a acreditar. Aliás, seguindo a lógica de um adulto, pensei então que os outros mistérios católicos também eram inventados pelos pais para entreter as crianças, e fiquei-me no limbo. Naquele dia – como diziam os mestres jesuítas na escola primária – perdi a inocência, pois descobri que nem sequer as crianças eram trazidas de Paris pelas cegonhas, o que é algo que, ainda assim, gostaria de continuar a acreditar para pensar mais no amor e menos na pílula.
Tudo isto mudou nos últimos trinta anos, mediante uma operação comercial de proporções mundiais que é ao mesmo tempo uma devastadora agressão cultural. O Deus menino foi destronado pelo “Santa Claus” dos “gringos” e dos ingleses, que é o mesmo Pai Natal dos franceses, de quem todos conhecemos demasiado. Chegou-nos com tudo: desde o trenó puxado por renas, ao abeto carregado de brinquedos sob uma fantástica tempestade de neve. Na realidade, este usurpador com nariz de taberneiro não é outro senão o bom São Nicolau, um santo a quem quero muito, por ser da devoção do meu avô coronel, mas que nada tem a ver com o Natal, e muito menos com a "Bela Noite" tropical da América Latina. Segundo a lenda nórdica, São Nicolau ressuscitou várias crianças em idade escolar, que um urso havia despedaçado na neve e, por isso, proclamaram-no patrono das crianças. Mas a sua festa celebra-se a 6 de Dezembro e não a 25. A lenda tornou-se institucional nas províncias germânicas do Norte em finais do século XVIII, conjuntamente com a árvore dos brinquedos, e há pouco mais de cem anos, o costume estendeu-se à Grã-Bretanha e à França. A seguir passou para os Estados Unidos, e estes exportaram-no para a América Latina, com toda uma cultura de contrabando: a neve artificial, as velas coloridas, o peru recheado e estes quinze dias de consumismo frenético ao qual muito poucos se atrevem a escapar. Contudo, talvez o mais sinistro destes Natais de consumo seja a estética miserável que trouxeram consigo: esses postais de natal indigentes, esses cordões de luzinhas de cores, esses sininhos de vidro, esses penduricalhos nas janelas e nas varandas, essas canções de atrasados mentais que são os cânticos traduzidos do inglês; e outra tanta estupidez gloriosa para a qual não valia sequer a pena ter inventado a electricidade.
Tudo isto, em torno da festa mais espantosa do ano. Uma noite infernal em que as crianças não podem dormir com a casa cheia de bêbados que se enganam na porta à procura de sítio para desaguar, ou a perseguir a esposa de outro enquanto este dorme na sala. Mentira: não é uma noite de paz e amor, antes o contrário. É a ocasião solene de toda aquela gente que não queremos. A oportunidade providencial de cumprir os adiados compromissos indesejáveis: o convite ao pobre cego que mais ninguém convida, à prima Isabel que ficou viúva há quinze anos, à avó paralítica que ninguém se atreve a mostrar em público. É a alegria por decreto, o carinho por lástima, o momento de presentear porque nos presenteiam, e de chorar em público sem ter de dar explicações. É a hora dos convidados beberem tudo o que sobrou do Natal anterior: o creme de menta, o licor de chocolate, o vinho de banana. Não é raro, antes sucede amiúde, a festa terminar aos tiros. Também não será raro, que as crianças – ao verem tantas atrocidades – acabem por acreditar que o menino Jesus não nasceu em Belém, mas sim nos Estados Unidos."
(escrito na Noite de Natal de 2006 por Gabriel García Márquez)
Uma visão diferente de um Natal longínquo e talvez tão próximo.
[Tradução minha] Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Eu é que sou o índio…

A partir de Março de 2007, os índios “Seminole” da Florida, serão donos dos “Hard Rock Café” e da maior colecção de objectos ligados à história do “Rock and Roll”. A única tribo índia americana que nunca fez a paz com o governo federal, comprou a multinacional aos actuais proprietários britânicos, por 770 milhões de euros. Ao todo, são 124 cafés, quatro hotéis, dois casinos e uma sala de espectáculos, espalhados por mais de quarenta países, incluindo Portugal. Os “Seminole” são pouco mais de três mil e tal como a maioria das tribos índias dos Estados Unidos, vivem actualmente confinados a uma reserva. Tal como as outras populações nativas têm a principal fonte de receitas nas milionárias concessões de exploração de casinos. Com a compra dos “Hard Rock Café”, os “Seminole” prevêem que o volume dos seus negócios cresça 480 milhões de dólares, por ano.
Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Fechado para cansaço do pessoal

Por motivos profissionais não tenho actualizado o blog, voltarei a fazê-lo no início da próxima semana. Obrigado pela visita!

sábado, 9 de dezembro de 2006

Política à Portuguesa...

Um tal José Esteves, veio há dias, em entrevista à revista “Focus” dizer que fez “a bomba que foi colocada no avião que caiu em Camarate”. Na sua versão dos acontecimentos, havia sido combinada com Adelino Amaro da Costa, uma simulação de atentado a Soares Carneiro, com o objectivo de provocar um volte face nas eleições que decorreriam daí a dois dias. Mas alguém alterou a bomba provocando o desastre fatal. Acrescenta que foram os americanos que aumentaram a potência do engenho, fazendo descontrolar e cair o avião, matando os seus sete ocupantes. Em causa estaria a denúncia que Sá Carneiro e Amaro da Costa iriam apresentar na ONU de uma cabala que visava a eleição de Ronald Reagan. Segundo disse, quando o avião recolhesse o trem seria puxado um fio, fazendo com que um tudo contendo ácido sulfúrico caísse sobre uma mistura de clorato de potássio e açúcar, provocando o incêndio que assustaria Soares Carneiro, o suposto passageiro que afinal não viajou. Mas… Se o Amaro da Costa sabia de tudo, porque não se aconselhou com alguém da sua segurança? Ninguém sabia que o clorato de potássio é um explosivo usado em pirotecnia? Para fazer muita fumaça, o açúcar e o ácido sulfúrico chegavam perfeitamente. Alteraram a bomba?... Deve ter sido um “troca tintas” qualquer que misturou ácido nítrico ao ácido sulfúrico, depois a Snu passou na farmácia e comprou glicerina para pôr nas frieiras só que com os solavancos do avião, deixou-a cair em cima do pacote… do açúcar e… Nem o Eanes nem o Reagan perderam as eleições…
“C´um catano!!!”
Apache, Dezembro de 2006

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Ao desafio...

Em resposta ao desafio da Morgana...
1 - ALTURA: 1,85 m (para mais informações sobre medidas é favor fazer o pedido depois de indicar as suas...)
2 - QUE SAPATOS ESTÁS A USAR? Agora? Só peúgas (para dar ar às pantufas...)
3 - MEDO? Talvez da solidão?!
4 - OBJECTIVOS A ALCANÇAR: Ser feliz.
5 - FRASE QUE MAIS USAS NO MESSENGER? Não vou muitas vezes ao messenger, talvez "Olá, tudo bem?"
6 - MELHOR PARTE DO CORPO? Espero que seja a de dentro que a de fora não me parece grande coisa.
7 - PALAVRÕES? Muitos, quando jogo futebol, fora isso, raramente.
8 - LADO DA CAMA? O de cima, definitivamente. Em baixo não tenho cobertores.
9 - TOMAS BANHO TODOS OS DIAS? Pelo menos uma vez!
10 - GOSTAS DE TOALHAS QUENTES? Disseste toalhas ou mulheres? Nunca experimentei toalhas quentes, acho que ía detestar...
11 - URSINHOS DE PELÚCIA? Até aos 11 ou 12 anos, depois de fazer a cama punha um urso sentado nela, agora é roupa suja que às vezes fica por lá. (Os ursos acho que estão todos entre São Bento e o Terreiro do Paço.)
12 - ACREDITAS EM TI MESMO? Tem dias...
13 - DÁS-TE BEM COM OS TEUS PAIS? Também tem dias...
14 - GOSTAS DE TEMPESTADES? Detesto! A não ser que esteja bastante calor, aí tolero-as.
15 - DESPORTO? Se gosto? Muito! Se pratico? Menos do que preciso. De momento jogo futsal, futebol e futebol de praia, no total 3 ou 4 vezes por semana.
16 - PASSATEMPOS E HOBBIES? Além do futebol e de ir para a praia, conversar com os amigos, ir ao cinema e ouvir música...
17 - FOBIAS E MANIAS? Se excluirmos a mania de responder a este tipo de inquéritos, não me lembro de nenhuma.
18 - QUANTAS VEZES O TEU NOME JÁ APARECEU NOS JORNAIS? Em jornais regionais, algumas, talvez uma dúzia delas. Em jornais nacionais, acho que nenhuma.
19 - CICATRIZES NO CORPO? Agora está frio para andar à procura delas, sei lá, na barriga, num dedo da mão, num joelho, num braço, num sobrolho, no queixo, várias nas canelas e talvez mais alguma que agora não me lembro...
20- DE QUE TE ARREPENDES DE TER FEITO? Só me arrependo de coisas que não faço.
21 - COR FAVORITA? Azul!
22 - UM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVESTES E GOSTAVAS DE IR? Tantos! Todas as praias onde não estive e algumas grandes cidades, como Barcelona, Paris, Rio de Janeiro, Praga, Moscovo, Buenos Aires, Sidney, etc.
23 - MANHÃS OU NOITES? Tardes e noites!
24 - O QUE TENS NOS BOLSOS? Quando estou em casa, nada (é o caso). Fora dela, as chaves do carro.
25 - QUE FARIAS SE FOSSES PRIMEIRO-MINISTRO? Tanta coisa que certamente não me deixariam ficar por lá muito tempo...
26 - SE GANHASSES O EUROMILHÕES QUE FARIAS AO DINHEIRO? Comprava uma casa com piscina, junto à praia, investia e ajudava os amigos. Mas não é fácil ganhar porque raramente jogo.
27 - SE TE CAÍSSE NAS MÃOS A LÂMPADA DE ALADINO O QUE FARIAS? QUE DESEJOS PEDIRIAS? A descoberta da cura para todas as doenças. Mais inteligência para os humanos. São três? Pode ser uma gaja boa e inteligente... Eh, eh, esta é dificil até para o génio da lâmpada...
28 - SE O MUNDO ACABASSE HOJE ÀS 23h59m QUE FARIAS ATÉ LÁ? Ainda bem que ainda faltam umas 23 horas... Mandava uns quantos à frente, não era nada justo irem todos ao mesmo tempo!
29 - SE TIVESSES UM FILHO SEM SABER COMO, SEM RAZÃO NENHUMA, QUE FARIAS? Perguntava à mãe como é que tinha arranjado a matéria prima, sem eu saber... É suposto desafiar alguém? Pode ser a Redonda e o Lusitana Paixão!
Apache, Dezembro de 2006

terça-feira, 28 de novembro de 2006

As “verdades” do desgoverno do Zé…

Alguém devia lembrar os papagaios do costume que uma mentira repetida muitas vezes continua a ser uma mentira. Nos últimos meses tem-se repetido vezes sem conta que Portugal tem funcionários públicos a mais, há mesmo um “estudo” realizado por um cábula qualquer, daqueles a quem faltam competência ao nível do cálculo matemático, que concluiu pela necessidade de redução do número de funcionários públicos em 200 mil. Para que não restem dúvidas, aqui ficam os números do EUROSTAT…

Percentagem de funcionários públicos em comparação com a população activa Suécia – 33,3% Dinamarca – 30,4% Bélgica – 28,8% Reúno Unido – 27,4% Finlândia 26,4% Holanda – 25,9% França – 24,6% Alemanha – 24,0% Hungria – 22,0% Eslováquia – 21,4% Áustria – 20,9% Grécia – 20,6% Irlanda – 20,6% Polónia – 19,8% Itália – 19,2% República Checa – 19,2% Portugal - 17,9%

Actualmente, Portugal é o 3º país da UE com menor número de funcionários públicos. Se o número actual, cerca de 752 mil fosse reduzido em 200 mil, estes passariam a ser 13,1% dos activos. O país da União Europeia com menor percentagem é o Luxemburgo com 16%.

Apache, Novembro de 2006

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

A propósito de conspirações…

“Parece claro que existe um plano conducente à supressão de Portugal do conjunto dos Estados soberanos europeus. Pobres em recursos naturais e confinados a uma linha junto ao mar, com um único vizinho terrestre muito maior, foi ao mar que cedo fomos procurar meios que viabilizassem e assegurassem a nossa sobrevivência. Encerrado esse ciclo de quinhentos anos, tornava-se necessário que a república que nos calhou em "sorte" apontasse ou viabilizasse soluções alternativas. Em lugar de um novo desígnio, meteram-nos na União Europeia, com o inerente cortejo de subsídios, que apenas serviram para exibir algumas ostentações de novo-riquismo saloio. Enquanto outros países investiram na educação, por cá a aposta parece ter sido na total falta dela, com especial incidência no Português e na História, dois importantes factores de identidade, que apresentam hoje danos irreparáveis, pois parece difícil para as novas gerações passarem informação que nunca receberam. Supunha-se ser função do Estado assegurar, com as receitas cobradas, os serviços públicos mínimos que, por menos rentáveis, não são prestados pelas empresas privadas, que permitissem dar a toda a população o direito à saúde, ao ensino, à justiça e à cultura, em todo o território. Com a prevalência de critérios economicistas sobre o interesse do povo, o que vemos é o Estado a encerrar tudo o que não é rentável, contribuindo para agravar inexoravelmente a trágica desertificação de zonas de já difícil fixação, por ausência de vias de comunicação e de actividades geradoras de emprego. Porque as zonas mais sacrificadas ficam próximas da fronteira, eis que os terrenos agrícolas são comprados por espanhóis, com mais apoios do seu país e as mães da raia são forçadas a ter os seus filhos no país vizinho. Com impostos insuportavelmente mais elevados e salários muito inferiores, até o consumo de combustível, porque mais barato, contribui para o PIB do país vizinho. As nossas obras públicas, como o TGV, estão na sua grande maioria, condicionadas pelos interesses espanhóis. Enquanto isso, grandes empresas e bancos vão passando, através da bolsa e sem ruído para as suas mãos, boa parte do capital das (poucas) competitivas empresas nacionais, bem como os nossos melhores quadros técnicos, parte deles a trabalharem para grandes empresas espanholas. As nossas indústrias, sem adequada e prévia preparação, vão soçobrando à competição asiática originada pela globalização, da qual não temos dimensão nem recursos para tirarmos partido. Na cultura, os escritores portugueses recebem prémios Cervantes ou Príncipe das Astúrias, aprende-se castelhano no Instituto Cervantes, lê-se na "Hola" todo o social dos vizinhos, enquanto eles promovem visitas da sua Família Real às suas e nossas antigas possessões ultramarinas, instalam os seus institutos culturais e as suas empresas, enfim, fazem pela vida… A dúvida é se os senhores guardiães da república são apenas ceguinhos, estão distraídos ou são cúmplices. Venha o diabo e escolha!”
Extraído de um texto intitulado “Cegueira ou cumplicidade” escrito por Dom Vasco Teles da Gama para o “Diário Digital”

terça-feira, 14 de novembro de 2006

"Externalização"

“Alguém sabe o que significa a palavra externalização? Trata-se de uma palavra que não vem em nenhum dicionário, mas que se pode encontrar no Diário da República…”
A pergunta foi colocada na Sic Notícias, no passado dia 9/11/2006, pelo jornalista Mário Crespo e, ao que parece continua sem resposta. Entretanto o Google apresenta 47 400 páginas com a palavra. Seria interessante saber quem ganha com tão rápida propagação do disparate.
Cheira-me a nova versão da Terminologia Linguistica para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), ou pivete similar!
Apache, Novembro de 2006

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Ai a matemática, a matemática…

Cumpriu-se hoje o primeiro de dois dias de greve da Função Pública. É habitual, os números da adesão à greve, apresentados pelos sindicatos e pelo governo serem divergentes, mas hoje, de tão extremada, essa divergência tornou-se hilariante. Os sindicatos falam de uma adesão da ordem dos 80%, enquanto o governo contrapõe uns míseros 11,74%. Apetece-me pedir aos nossos governantes que sejam um pouquinho exagerados e admitam que a adesão foi de cerca de 12%. É que assim têm ambos razão. Sim, sim, ambos têm razão em relação aos números, 12 = 80. Para os mais cépticos aqui vai a demonstração matemática…
(Talvez seja melhor irem buscar uma calculadora, antes de continuarem a ler…)
-960 = -960. Certo? E -960 = 144-1104. Mas também é verdade que -960 = 6400-7360. Concordam?
Ora em matemática, duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si, portanto: 144 - 1104 = 6400 - 7360 Decompondo estes números em factores, ficamos com: 12*12 – 2*12*46 = 80*80 – 2*80*46 (* é o sinal de multiplicação) Ainda estão a acompanhar?! A cada lado da equação vamos agora somar 2116. Porquê? Porque me apetece! Temos então: 12*12 – 2*12*46 + 2116 = 80*80 – 2*80*46 + 2116 Agora reparem que 2116 = 46*46 Então podemos escrever: 12*12 – 2*12*46 + 46*46 = 80*80 -2*80*46 + 46*46 Em cada lado da equação temos agora o quadrado de uma diferença. Lembram-se? (a-b)^2 = a^2 – 2*a*b + b^2 (^2 significa ao quadrado) Então: (12 - 46)^2 = (80 - 46)^2 Eliminando os quadrados em ambos os lados da equação, ficamos com… 12 - 46 = 80 - 46 E passando o 46 para o lado esquerdo, obtemos: 12 – 46 + 46 = 80, ou seja: 12 = 80 Será que acabo de ganhar um cargo no governo ou no sindicato? Humm... Acho que “eles” não lêem este blog!... P.S. Com um raciocínio semelhante (ligeiramente falacioso) acho que consigo demonstrar que quaisquer números inteiros são iguais. Eh, eh... Agora vou tomar as gotas!
Apache, Novembro de 2006

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Fim do 1º Episódio...

O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e dois dos seus colaboradores mais próximos, o ex-presidente do Tribunal Revolucionário Iraquiano, Awad Ahmed al Bandar, e o meio-irmão de Saddam, Burzan Ibrahim, ex-chefe dos Serviços Secretos, foram condenados à morte por enforcamento, por crimes de guerra, neste domingo, pelo Circo a que dão o nome de Tribunal Superior Penal do Iraque. Na página de abertura do Portal “Sapo” foi colocada a votação, a pergunta “Concorda com a aplicação da Pena de Morte”, não neste caso particular, mas em termos genéricos, pelo menos foi assim que a entendi. Pasmem-se os resultados… Dos quase 17 mil votos registados, 49% afirmou “Sim”! Eu sei que neste tipo de sondagens, alguém sem mais nada para fazer pode efectuar múltiplas votações, por isso estes resultados têm um valor relativo, ainda assim, apetece-me, mais uma vez, citar Albert Einstein: “Só conheço duas coisas infinitas, o Universo e a estupidez humana e, quanto à primeira, não tenho a certeza!”
Apache, Novembro de 2006

Finalmente de acordo...

Na conferência de imprensa, no final da XVI Cimeira Ibero Americana, o Sr. José Sousa afirmou que “em matéria de visão humanista e respeito pelo Direitos Humanos, não encontro melhor exemplo do que os Estados Unidos.” Finalmente encontro um assunto em que eu e o Sr. Sousa estamos de acordo, basta pensarmos em Guantánamo ou Abu Ghraib e de facto não restam dúvidas: em matéria de direitos humanos os Estados Unidos são um exemplo a não seguir, claro!

Apache, Novembro de 2006

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

O Choque... (tecnológico)

Há alguns dias atrás, o Correio da Manhã noticiava que no Orçamento do Estado para 2006 está prevista uma verba de 219 090 Euros para despesas de telemóvel do gabinete do Sr. Primeiro Ministro.
Tentando justificar o injustificável, um responsável governamental que o jornal não identifica terá argumentado o seguinte… “O telemóvel é um instrumento de trabalho fundamental para o primeiro-ministro, ele está sempre em contacto com o seu gabinete e com os próprios ministros. Logo que há alguma coisa, liga directamente para os ministros, durante a semana ou ao fim-de-semana.” Muito bem, proponho então, agora, que façamos um pequeno exercício, recorrendo a uma vulgar calculadora. Ora, o Sr. José Sousa está sempre em contacto com os membros do seu governo. Sempre, excepto quando está a dormir ou com a boca cheia (de comida, claro!). Portanto, admitindo que o Sr. Sousa dorme 8 horas por dia e precisa de uma hora para se alimentar, restam-lhe 15 horas, que multiplicadas por 60 minutos e por 365 dias do ano (que o Sr. José é dedicado e nas férias também trabalha), dá 350 400 minutos. Partindo do pressuposto que o Sr. PM tem um tarifário banal nos telemóveis do seu gabinete, (porque os há mais baratos) tipo, Pack PME da Vodafone, a 0,14 cêntimos por minuto para todas as redes, então o Sr. José Silva gasta num ano, 45 990 Euros. Resta então para os restantes membros do seu gabinete a verba de 219 090 – 45 990 = 173 100 Euros. Acontece que os funcionários públicos do gabinete do Sr. Primeiro Ministro trabalham no máximo 224 dias por ano, descontados os fins-de-semana, os feriados e os dias de férias, o que multiplicado por 7 horas de trabalho diário, com 60 minutos cada, dá 94 080 minutos de trabalho por ano. Os 173 100 euros disponíveis para telemóvel a 0,14 cêntimos por minuto, permitem falar 1 236 428 minutos e 34 segundos, como cada funcionário trabalha 94 080 minutos por ano, esta verba corresponde a 13 funcionários. (E ainda ficamos com 1 874,40 Euros para umas chamaditas de valor acrescentado… para ligar para aquela prima afastada que é Checa.)
Resumindo, o Sr. (continuemos a chamar-lhe, apesar de outros nomes nos povoarem o espírito) José Sousa quer convencer-nos que além de falar ao telemóvel durante 15 horas por dia, 365 dias por ano, no seu gabinete existem permanentemente 13 funcionários cuja única tarefa atribuída é falarem ao telemóvel, ininterruptamente, desde o primeiro ao último minuto do dia de trabalho, todos os dias do ano…
P.S. Alguém me sabe dizer qual é a verba prevista no Orçamento do Estado para 2006, para o gabinete do Sr. Primeiro Ministro, para pastilhas contra a rouquidão?
Apache, Novembro de 2006

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Talvez, assim...

Se escutasses no vento as palavras que não te direi... Se bebesses no meu rosto as lágrimas que ainda não chorei... Saberias de mim, aquilo que nem eu sei... Sonharias para mim, os sonhos que em sonhos te dei!...
Escrito para o "Limite de compreensão" da Morgana - Apache, Outubro de 2006

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Auto-entrevista

O Ministério da Educação pagou a divulgação, no passado dia 14, nas páginas centrais de alguns jornais, sob a forma de publicidade, de uma "auto-entrevista" sobre o Estatuto da Carreira Docente que terá custado milhares de euros ao erário público. Este tipo de propaganda é: 1. Ilegítimo, na medida em que se gastam milhares de euros dos contribuintes para propaganda política, enquanto se cortam verbas às escolas e se suprimem direitos, tempo de serviço e expectativas salariais aos docentes, alegadamente por razões de contenção orçamental. Além disso, é inaceitável que o Governo gaste dinheiro em espaços publicitários para divulgar textos que se enquadram, apenas, na mais vil campanha alguma vez movida em Portugal contra os docentes portugueses. 2. Enganoso, porque os alegados esclarecimentos, prestados sob a forma de respostas, estão eivados de demagogia, de mentiras e de omissões graves. É mentira, por exemplo, que os docentes progridam na carreira pelo mero passar do tempo; também não é verdade que a transição da actual carreira para a que é proposta não se traduzisse em perdas salariais que atingiriam as centenas de milhares de euros; omite-se, por exemplo, que um docente, se adoecer dez dias num ano perderá dois anos de carreira. Mas estas são apenas três de entre as muitas fugas à verdade que constam no texto publicitário do Ministério da Educação. No entanto, este anúncio que os contribuintes terão de pagar à Ministra, Maria de Lurdes Rodrigues, acaba por ter a virtude de confirmar que: o ME não olha a meios para atingir os seus objectivos; nas questões essenciais, o ME não se moveu, um mínimo que fosse, desde o início do processo de revisão; o ME continua a tentar impor uma carreira com duas categorias; vagas para acesso aos escalões de topo, que deixariam a esmagadora maioria dos docentes a meio da carreira, independentemente do seu mérito; quotas para a atribuição das classificações mais elevadas, que seriam a negação do próprio regime de avaliação do desempenho; um exame, sem qualquer sentido pedagógico, para ingresso na carreira; menções qualitativas positivas que se traduziriam em perdas de anos de serviço; entre outras propostas manifestamente negativas. Perante esta publicidade, a Plataforma Sindical de Professores manifesta o seu mais veemente repúdio por esta iniciativa de propaganda e exige do Governo que torne públicos os seus custos para que os contribuintes saibam qual o destino que é dado aos seus impostos. Repudiam, ainda, a tentativa de enganar e manipular a opinião pública, pois, ao contrário do que afirma no seu texto, o ME não pretende valorizar o trabalho dos professores, mas, apenas, poupar dinheiro à sua custa. Contra a mentira, contra a difamação, contra a desonestidade negocial, Greve Nacional nos dias 17 e 18 de Outubro.
Assinado pela totalidade das organizações sindicais representativas da classe docente… (FENPROF, FNE, SPLIU, SNPL, SEPLEU, FENEI, ASPL, PRÓ-ORDEM, FEPECI, SIPPEB, SIPE, USPROF, SINPROFE, SNPES)

domingo, 8 de outubro de 2006

Imaginem...

Foi recentemente divulgado um "estudo" da OCDE intitulado "Education at a Glance 2006" com vários dados estatísticos referentes à educação, nos países que fazem parte da organização. Os dados estão disponíveis em www.ocde.org e referem-se aos anos de 2003 e 2004. Agora começa o vosso exercício de "pura" imaginação... Imaginem que Portugal ocupa o último lugar em nº de anos em que os alunos frequentam a escola... Imaginem também que para a comunicação social, este assunto não é relevante... Imaginem que em Portugal se gastam em média 4 875 Euros por aluno, por ano, o que representa o 23º lugar entre os países analisados... Imaginem que o governo, fortemente preocupado com o estado da educação e os baixos níveis de literacia dos nossos cidadãos pretende (apesar disso) reduzir significativamente os gastos com a educação nos próximos anos, tal como afirmou ontem o primeiro-ministro... Imaginem uma vez mais que para a comunicação social, este assunto também não é relevante... Imaginem que há, no entanto no sector da educação, algo deveras importante para a comunicação social portuguesa, com honras de destaque nos principais jornais... Passo a citar a "Lusa"... "Os professores portugueses são dos que menos recebem no início da profissão, mas integram o grupo dos mais bem pagos quando atingem o topo da carreira segundo um estudo da OCDE." O relatório tem dezenas de páginas que no seu conjunto traçam uma imagem negra da educação em Portugal e o interesse reduz-se a uma mísera tabela. Aqui fica então parte dessa tabela...

Talvez tenham notado alguma diferença entre o que se escreve na imprensa e o que se lê no "estudo" da OCDE?! E porque este é um assunto que “a tantos” apaixona, imaginem ainda que alguém pega numa tabela de vencimentos ilíquidos dos professores do quadro (de 2004, ano a que reportam os dados) e multiplica o valor por 14 (nº de meses de vencimento) convertendo o resultado obtido (em Euros) para US dólares (à taxa de câmbio de 1 Euro = 1,25 dólares). Chega então aos seguintes valores…

“Ligeiramente” diferentes dos apresentados pela OCDE. Para o exercício ficar completo, imaginem agora que nada disto é imaginação, porque factos são factos, por mais que alguns se esforcem por os distorcer!

Apache, Outubro de 2006

domingo, 1 de outubro de 2006

"Fado Perdição" - Cristina Branco

[O velhinho "fado perdição" que tantos interpretaram, mais que pela música, vale pelo poema e (aqui) por uma das mais belas vozes da nova geração de fadistas.]
“Este amor não é um rio, tem a vastidão do mar… E a dança verde das ondas soluça no meu olhar. Tentei escrever as palavras nunca ditas entre nós… Mas pairam sobre o silêncio nas margens da nossa voz. Tentei esquecer os teus olhos, porque não sabem ler os meus… Mas neles cresce a alvorada que amanhece a Terra e os Céus. Tentei esquecer o teu nome, arrancá-lo ao pensamento… Mas regressa a cada instante entrelaçado no vento. Tentei ver a minha imagem mas foi a tua que vi no meu espelho… porque trago os olhos rasos de ti. Este amor não é um rio, tem abismos como o mar… E o manto negro das ondas cobre-me de negro o olhar. Este amor não é um rio… Tem a vastidão do mar…” Fado Perdição – Cristina Branco

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

Acaso...

Apache, Setembro de 2006

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Boca-a-boca

O Ministro da Saúde anunciou há dias, a intenção de aplicar taxas moderadoras a internamentos e cirurgias. No início do ano, Correia de Campos justificou mais um aumento das taxas moderadoras como uma medida reguladora da frequência aos centros de saúde, servindo para desencorajar o recurso a estes, sempre que tal não se justificasse. Ora acontece que um internamento ou uma cirurgia não são decididos pelo “alegado” paciente, por mais hipocondríaco que seja, antes pelo seu médico assistente. Logo, uma decisão deste tipo, além de injusta e profundamente desumana, enferma da ausência de lógica que na opinião do Sr. Ministro teve por base a criação das ditas taxas moderadoras. Entretanto, um porta-voz do Ministério veio posteriormente a público dizer que “era só uma ideia”. Não é a primeira vez que destacados membros deste governo atiram “bocas” e depois ficam à espera da reacção do público. Já em publicação anterior tinha tido a oportunidade de elogiar a coragem deste governo, é agora o momento de elogiar, com inteira justiça, outra grande virtude, a inovação, materializada nesta reinvenção do acto governativo, através da governação boca-a-boca!
Apache, Setembro de 2006

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Jogo logo existo!

"Se dissermos dadas as dificuldades de contra-argumentação que alguém é louco, então eu preferiria ser louco a ser sábio... Gosto dos homens que mergulham. Qualquer peixe pode nadar perto da superfície, mas é preciso ser-se um grande cetáceo para descer nas profundezas... Os mergulhadores do pensamento voltaram à superfície com os olhos raiados de sangue desde o princípio do mundo. Reconhecemos com facilidade que há perigo nos exercícios físicos extremos, mas o pensamento é também um exercício extremo e executado em ar rarefeito. A partir do momento em que pensamos, enfrentamos necessariamente uma linha onde se jogam a vida e a morte, a razão e a loucura, e esta linha arrasta-nos. Só podemos pensar, aceitando este jogo de feiticeira, que não estamos forçosamente condenados a perder, pois ele só faz sentido se não estivermos forçosamente condenados à loucura e à morte."

Melville

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Solução do "Para Pensar"

Apache, Setembro de 2006

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Pedro e Inês

Enquanto esperava, Pedro afastou a imponente colcha vermelha, que cobria uma generosa cama de madeira de cerejeira. Ao sentar-se na berma da cama, observou uma velha telefonia que repousava tranquila sobre a mesa-de-cabeceira, instintivamente esticou o braço para a ligar mas… Olhou então em volta, quase inspeccionando o quarto que o rodeava, e que se revelava relativamente pequeno, quando comparado com a cama que ocupava uma posição central, encostada a uma das paredes, deixando apenas em redor, uma estreita faixa de chão. Ao fundo, a porta dava acesso a um pequeno corredor com mais duas portas, a de entrada e a da casa de banho, de onde Pedro esperava ansiosamente ver sair Inês. Vestindo modestamente as paredes, encontravam-se dois quadros, um, colocado na parede lateral representava o exuberante «Carnaval de Veneza», o outro, colocado (talvez ironicamente) por cima da cama, exibia uma enigmática escada em caracol, coberta por uma passadeira vermelha, com um imponente corrimão em madeira luxuosamente talhada, intitulado «Ascensão e Queda». Numa discreta prateleira contígua, um único livro desperta de imediato a curiosidade dos amantes da literatura «Crime e Castigo» de Dostoievski. Pedro levantou-se e começou a folhear o livro como se o não conhecesse, mas acabou por levantar os olhos em direcção à pequena janela da restante parede do quarto. Pousou o livro e dirigiu-se para ela, pensando que talvez fosse possível avistar dali a praia, mas a desilusão foi imediata… Claro, a praia ficava do outro lado e o aluguer desses quartos devia ser bem mais caro. Observou por instantes o cinzento do céu e a fraca luminosidade daquela quente e abafada tarde de início de Julho. Cortando este misto de frustração e nostalgia, baixou sofregamente a persiana, deixando o quarto completamente escuro. Descalçou os sapatos, despiu a t-shirt e deitou-se sobre a cama, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça, que pousou numa almofada rosada. Acedeu os dois pequenos candeeiros de parede, deixando o quarto com uma luminosidade romanticamente discreta. Voltou a olhar de relance o velho rádio que permanecia mudo, enquanto ao longe o mar cantarolava uma suave melodia de enternecer… Inês saía finalmente do banho. Trazia o corpo envolto numa toalha branca, que realçava o tom dourado da sua pele e os longos cabelos ainda molhados. Enquanto caminhava para ele, sorria, Pedro hesitava entre desejar a eternização daquele momento ou arrancar avidamente a toalha que escondia o corpo perfeito de Inês. Ela leu-lhe o pensamento. Ao chegar junto da cama, deixou cair a toalha e atirou-se sobre ele. Os dois abraçaram-se e beijaram-se sofregamente, o corpo dela cheirava a morangos, para Pedro, o tempo tinha de facto parado naquela tarde, enquanto os Anjos tocavam “Strawberry Fields Forever”. Breves instantes depois, o suor escorria do corpo de ambos, como se o fogo do desejo jorrasse líquido por cada um dos seus poros. O suor e a saliva de Inês não eram salgados, sabiam a leite e a mel e Pedro bebia-os como se fossem o elixir da vida… Era já noite alta, o tempo, fora daquele quarto prosseguia a sua marcha cruel, ambos tinham de se separar e retornar às suas vidinhas vulgares. Inês levanta-se e veste-se lentamente, enquanto Pedro a observa… Pedro salta da cama e abraça Inês uma última vez, como se esse abraço perpetuasse a indomável paixão que irónica ou tragicamente se associa sempre aos amores impossíveis, de agora, como de antes, destes, como de outro Pedro e de outra Inês, uma paixão imortal, escrita com lágrimas de sangue exalando o sublime perfume da morte!...
Escrito para o "Simply Red" da Morgana - Apache, Julho de 2006

sábado, 2 de setembro de 2006

United 93

Há dias, deu-me na cabeça e fui ver o voo 93 (título em português), um filme baseado no que alegadamente se terá passado no Boeing 757-200 da United Airlines que às 10 horas (locais) do dia 11 de Setembro de 2001 caiu na Pensilvânia. Dois motivos podem levar um comum mortal ao cinema para ver este tipo de filme, ainda por cima conhecendo o final, ou se gosta do patriotismo exagerado com que, normalmente, Hollywood enfeita este tipo de películas, ou se espera que ele seja mais uma acha para a fogueira das múltiplas teorias da conspiração que teimosamente a Casa Branca tanto insiste em alimentar. Como sabia que o realizador é Inglês, Paul Greengrass, de seu nome, e um amigo, que já tinha visto o filme, me tinha dito que este nada continha, de nacionalismo exacerbado, as minhas expectativas eram de que se tratasse de mais uma versão dos acontecimentos, tipo, Fahrenheit 9/11 (filme que, diga-se em abono da verdade, também me desiludiu um pouco). Entrei no cinema já sobre a hora da sessão e para meu espanto, verifico que a sala não tem mais de 30 pessoas. É certo que se trata de uma sessão à meia-noite mas o filme só estreou há 15 dias. A acção desenrola-se quase toda em 2 cenários: uma sala de um centro de operações de coordenação de todo o tráfego aéreo dos E.U.A. e o avião. As excepções a estas regras são algumas cenas rodadas nas salas de controlo de alguns aeroportos. A primeira desilusão surge quando me parece (apesar de não perceber nada de aviões) que o avião usado no filme não é um Boeing 757-200, mas um avião bastante mais pequeno e antigo. Ou se pretendeu conter os custos de produção, ou o objectivo era dar a ideia (falsa) que o avião estava mais cheio, recorde-se que oficialmente estariam 38 passageiros a bordo (incluindo os terroristas) e o avião dispõe de 228 lugares, (o que corresponde a menos de 17% de ocupação). Mas a grande desilusão acontece quando nos apercebemos que o filme não é mais que uma compilação das gravações que foram divulgadas como sendo as tidas pelos controladores aéreos, bem como, os alegados telefonemas dos passageiros do voo, nos momentos que antecederam o trágico final de viagem. Pareceria um documentário, não fosse o facto de ser baseado em factos “irreais”, pincelado aqui e ali por algumas cenas ficcionadas, passadas a bordo, umas de um dramatismo gratuito, outras de um ridículo hilariante. Não vou entrar em pormenores, para não estragar mais a surpresa de alguém que pretenda ver o filme. Para os que ainda não viram, fica apenas a sugestão… Não levem grandes expectativas, o filme é banal, não traz nenhuma “luz” à obscura versão oficial dos acontecimentos deste dia (pois é neutro em relação a ela) nem contribui em nada para esclarecer a verdade dos factos. Aspecto mais positivo – Põe a nu a total inoperância dos responsáveis pela segurança interna dos E.U.A., nomeadamente a NORAD, que permitiram o êxito da “operação”. Aspecto mais negativo – O comportamento dos terroristas durante o sequestro do avião. Traça deles um retrato psicológico de profundos idiotas, completamente incapazes de levar a cabo uma acção deste tipo.
Apache, Setembro de 2006

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

O mínimo que lhes podemos chamar é… jeitosas!

Acho que é tempo de animar um pouco este blogue e, para o fazer, nada melhor que publicar umas fotos de “gajas boas”! Desta vez trata-se de meninas já retiradas da “passerelle”, mas futuramente talvez coloque fotografias de outras ainda no activo. Aproveito para deixar um beijinho para a amiga que mas enviou!

Apache, Agosto de 2006

domingo, 20 de agosto de 2006

"Ganda Tourada"

(Durante uma corrida de touros na Malagueta Arena, em Málaga… Os “artistas” são: o toureiro espanhol, Salvador Cortés e o Rojo.)

O que me apetecia era perguntar aos dois se acham bem estarem a fazer esta “figura” na frente de 30 mil pessoas, mas… como o Rojo “non habla castellano”, fico-me por uma perguntita ingénua para o Salvador… Como é que te conseguiste pôr nessa posição, pá?

Apache, Agosto de 2006

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Para pensar...

Imaginem:
Cinco casas de diferentes cores; Em cada casa mora uma pessoa de uma diferente nacionalidade; Estes 5 proprietários bebem diferentes bebidas, fumam diferentes tipos de cigarros e têm um animal de estimação diferente; Nenhuma destas pessoas vive na mesma casa, é da mesma nacionalidade, tem o mesmo animal de estimação, fuma o mesmo cigarro ou bebe a mesma bebida!
********************************************************************************************* Dicas:
O Inglês vive na casa vermelha; O Sueco tem cachorros como animais de estimação; O Dinamarquês bebe Chá; A casa verde fica do lado esquerdo da casa branca; O homem que vive na casa verde bebe café; O homem que fuma Pall Mall cria pássaros; O homem que vive na casa amarela fuma Dunhill; O homem que vive na casa do meio bebe leite; O Norueguês vive na primeira casa; O homem que fuma Blends vive ao lado do que tem gatos; O homem que cria cavalos vive ao lado do que fuma Dunhill; O homem que fuma BlueMaster bebe cerveja; O Alemão fuma Prince; O Norueguês vive ao lado da casa azul; O homem que fuma Blends é vizinho do que bebe água. ******************************************************************************************** Questão: Qual deles tem peixes como animais de estimação?
Apache, Agosto de 2006

domingo, 6 de agosto de 2006

Sinais dos Tempos?... (2)

[Beirute, Capital do Líbano, início da manhã, 5 de Agosto de 2006... ] "Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz. Pergunto aos rios que levam tantos sonhos à flor das águas e os rios não me sossegam, levam sonhos, deixam mágoas. Levam sonhos, deixam mágoas, ai rios do meu país... minha pátria à flor das águas, para onde vais? Ninguém diz. Se o verde trevo desfolhas, pede notícias e diz ao trevo de quatro folhas, que morro por meu país. Pergunto à gente que passa, porque vai de olhos no chão? Silêncio... é tudo o que tem quem vive na servidão. Vi florir os verdes ramos, direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos, vi sempre os ombros curvados. E o vento não me diz nada, ninguém diz nada de novo. Vi minha pátria pregada nos braços em cruz, do povo. Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar, como quem ama a viagem, mas tem sempre de ficar. Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas), vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas). Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome. Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome. E o vento não me diz nada, só o silêncio persiste. Vi minha pátria parada, à beira de um rio triste. Ninguém diz nada de novo, se notícias vou pedindo. Nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo, liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles para quem eu escrevo. Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça, há sempre alguém que semeia, canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não!"
Trova do vento que passa - Manuel Alegre

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Importam-se de repetir?... (2)

José Sócrates, primeiro ministro… “O que melhor mostra que o Governo está a governar bem é, a existência de "tantas greves e de tantas manifestações.” (Tal e qual como no Estado Novo… A malta barafustava porque os gajos eram todos bons!) Francisco José Viegas, escritor e jornalista, a propósito da “crise” no Médio Oriente… “Um contingente de meninas idiotas e genericamente ignorantes, que assina peças de “internacional” nas nossas televisões, não se tem cansado de falar na “agressão israelita” e apenas por pudor, acredito, não tem valorizado os “heróis do Hezbollah”. Infelizmente, nem a ignorância paga imposto nem o seu atrevimento costuma ser punido.” (Eu posso voluntariar-me para dar tautau em algumas…)
Apache, Julho de 2006

quarta-feira, 12 de julho de 2006

"Cinderela" - Carlos Paião

"Eles são duas crianças a viver esperanças, a saber sorrir.
Ela tem cabelos louros, ele tem tesouros para repartir.
Numa outra brincadeira passam mesmo à beira sempre sem falar.
Uns olhares envergonhados e são namorados sem ninguém pensar.
Foram juntos, outro dia, como por magia, no autocarro, em pé.
Ele lá lhe disse, a medo: «O meu nome é Pedro e o teu qual é?»
Ela corou um pouquinho e respondeu baixinho: «Sou a Cinderela».
Quando a noite o envolveu ele adormeceu e sonhou com ela...
Então,
bate, bate, coração,
louco, louco, de ilusão.
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
vai dar jeito p'ra viver,
o teu primeiro amor.
Cinderela das histórias, a avivar memórias, a deixar mistério…
Já o fez andar na lua, no meio da rua e a chover a sério.
Ela, quando lá o viu, encharcado e frio, quase o abraçou.
Com a cara assim molhada ninguém deu por nada, ele até chorou...
Então,
bate, bate, coração,
louco, louco, de ilusão.
A idade assim não tem valor.
Crescer,
vai dar tempo p'ra aprender,
vai dar jeito p'ra viver,
o teu primeiro amor.
E agora, nos recreios, dão os seus passeios, fazem muitos planos.
E dividem a merenda, tal como uma prenda que se dá nos anos.
E, num desses momentos, houve sentimentos a falar por si.
Ele pegou na mão dela: "Sabes Cinderela, eu gosto de ti..."
Carlos Paião - Cinderela

sábado, 8 de julho de 2006

Blatter, de novo o centro das atenções…

Não é que… pediu mesmo! Todos sabemos que as arbitragens deste mundial de futebol têm sido polémicas. De facto os donos do apito (e das bandeirinhas) estiveram longe de exibições irrepreensíveis, mas... hoje em dia, todas as equipas perdem por culpa do árbitro, raramente alguém reconhece os seus próprios erros. Poque há uns dias, também eu o havia criticado, é justo que hoje destaque alguém que, sendo o homem mais poderoso do futebol mundial teve a “humildade” (ou será que outros interesses mais altos se levantaram?) de reconhecer o seu erro. No final do mais polémico jogo deste “Alemanha – 2006”, o Portugal – Holanda, o presidente da FIFA, o Suíço, Joseph Blatter, criticou o árbitro da partida, Valentin Ivanov. Nos dias seguintes, primeiro a Federação Russa de Futebol, depois a imprensa mundial (com destaque para russos, norte americanos, ingleses, franceses e alemães) criticara duramente as palavras de Blatter. No “New York Times” escrevia-se: “Antes tivesse sido o Russo, o culpado do mais feio, aberrante, cínico e depravado jogo de uma fase final de um mundial de futebol” e acrescentava “cartão vermelho para as declarações de Blatter”. “O Sovietskiy Sport” desafiava o suíço, nestes termos, “ Aponta quais os cartões mal mostrados por Ivanov ou pede desculpa”. E não é que pediu mesmo… Na passada Terça-Feira, 4 de Julho, dia de aniversário de Ivanov, Joseph Blatter, em conferência de imprensa proferiu as seguintes declarações: “Peço desculpa ao árbitro russo Valentin Ivanov por ter dito que este merecia um cartão amarelo pela sua actuação na partida entre Portugal e a Holanda, dos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo, foi um jogo muito difícil para ele, devido ao comportamento dos jogadores de ambas as equipas, preocupados com tudo excepto jogar futebol. Lamento o que aconteceu e a declaração que fiz sobre ele, no final do jogo. Os jogadores mereceram todos os cartões exibidos e o cartão amarelo que eu dei a Ivanov, merecem-no as duas equipas.” Será que foi reconhecimento do erro e, se assim foi, aplica-se a máxima “quem confessa o pecado não merece castigo”? Será que o facto de Blatter se preparar para se recandidatar a um novo mandato na FIFA e a pressão que sobre ele foi exercida pela imprensa, nada teve a ver com esta reviravolta? Polémico como sempre, vai continuar a ser o centro das atenções… Até quando? P.S. Bem me parecia que o cartão que ele queria dar a Ivanov era de parabéns pelo aniversário! Eh, eh, eh!
Apache, Julho de 2006

segunda-feira, 3 de julho de 2006

Este ainda é pior que eu...

O jornal “New York Times” publica hoje um comentário ao Mundial de futebol em que critica a “falta de ideias” da equipa portuguesa nos jogos que tem disputado neste mundial, principalmente no último jogo frente à selecção inglesa. Dificilmente se arranjaria um título menos abonatório para o artigo… Portugal in Semifinals in Spite of Itself Escreve-se em subtítulo… “Depois das caras novas, das esperanças, e das grandes esperanças africanas, há um «outsider» ainda vivo…" O comentário, datado de um de Julho, de Gelsenkirchen e assinado pelo jornalista desportivo George Vecsey, critica duramente a actuação de Portugal durante o mundial, dando especial ênfase ao jogo dos quartos-de-final, apontando “a gritante falta de ideias da equipa, principalmente no jogo em que defrontou os ingleses, onde apesar de ter mais um jogador em campo durante uma hora, nada fez para tentar ganhar.” Diz George Vecsey, “Portugal, a nação que há 40 anos, Eusébio levou às meias-finais, está de volta do modo mais precário que seria possível imaginar.” “É difícil pensar-se em Portugal como um intruso, mas pelo que até agora demonstrou e pelo que jogam os colossos que o acompanham é-o certamente!” Acrescenta ainda que “o sistema de desempate por penalties coloca todos em pé de igualdade, recompensando equipas como Portugal, que nenhuma iniciativa mostra durante a maior parte do tempo de jogo.” "Num torneio dominado pela qualidade imposta pelos grandes do futebol mundial, todos os danados da mó de baixo, se podem agarrar a Portugal como o Santo Patrono dos Pequenos.”
Apache, Julho de 2006
P.S.

Aqui vai a foto para o teu açúcareiro, Morgana...

domingo, 2 de julho de 2006

Egoísmo

Que me importa
amor
que seja dia
ou que seja noite iluminada.
Que me importa
amor
que seja a chuva
ou um novelo de paz a madrugada.
Que me importa
amor
que seja o vento
ou a flor, o fogo mais aceso
Que me importa
amor
que seja a raiva.
Que me importa
amor
que seja o medo.
Maria Teresa Horta

sexta-feira, 30 de junho de 2006

A natureza (por vezes) espectacular

Noite de São Pedro, o céu de Zurique é iluminado por uma trovoada tão espectacular quanto inesperada.
Ao centro da imagem está precisamente a igreja de S. Pedro, à sua esquerda, a de Fraumuenster e mais à esquerda, em destaque, Predigerkirche.
Apache, Junho de 2006

terça-feira, 27 de junho de 2006

Mais um que nos diverte...

Logo após o término do jogo dos oitavos de final do “Alemanha – 2006”, entre as equipas da Holanda e de Portugal, o dirigente máximo da FIFA, Joseph Blatter veio a público criticar a arbitragem nestes termos…
“Acho que a arbitragem mereceu um cartão. Ivanov mostrou 16 amarelos e quatro vermelhos, impedindo o que teria sido um excelente espectáculo de futebol. Ele não entrou no espírito do jogo. Com as suas intervenções pouco justificadas, não esteve à altura dos jogadores. O jogo foi um combate muito intenso entre duas equipas que queriam jogar ao ataque, mas que não foram ajudadas pelo árbitro”.
“Acho que a arbitragem mereceu um cartão.” Calma, o Ivanov só faz anos daqui a uma semana, tens tempo de lhe dar os parabéns!
“Ivanov mostrou 16 amarelos e quatro vermelhos, impedindo o que teria sido um excelente espectáculo de futebol.” Queres dizer, um excelente espectáculo de luta-livre!
“Ele não entrou no espírito do jogo.” Bem observado. Deve ter sido o único em campo (além dos árbitros auxiliares) que não agrediu ninguém!
“Não esteve à altura dos jogadores.” Tens de reconhecer que não era fácil atingir um nível tão baixo!
“ O jogo foi um combate muito intenso entre duas equipas que queriam jogar ao ataque, mas que não foram ajudadas pelo árbitro”. Ora aqui está, este árbitro não ajudou nada o combate! Sugiro que o próximo jogo de Portugal, frente à Inglaterra seja arbitrado pelo Mike Tyson!
Já agora, aproveito para deixar alguns conselhos…
Ó Zézito, o Sr. Valentin Ivanov tem quase 45 anos, é árbitro internacional há 7 anos e é considerado um dos melhores da actualidade. Além disso, é teu empregado, mesmo que se pudesse considerar menos feliz a sua actuação neste jogo, competia-te vir a público defendê-lo, não crucificá-lo. As tuas declarações são tão ridículas, quanto infundadas. Apenas explicáveis pelo teu ódio visceral à Federação Russa de Futebol, desde que aquele organismo esteve na origem das investigações que decorrem há mais de dois anos, por fortes suspeitas de corrupção que pesam sobre ti e sobre outros destacados dirigentes da FIFA. O teu tempo acabou, está na hora de calçares as pantufas e te sentares no sofá da mansão paga pelos subornos da ISL!
Ó menino Ronaldo, um homem chora quando perde um familiar, um amigo, uma namorada, até um simples jogo de futebol. Mas um homem jamais chora por uma dor física, mesmo que seja só para as “pitas” verem. Há figuras que não se devem fazer, por mais que os “maricas” estejam na moda!
Ó vovô Iscolári, sê vai pidir a despenalização do Deco “por uma questão di Fair Play”? Péde também a penalização do Figo e do Nuno Valente, pela mesma razão, tá!
Ainda um pequeno comentário ao jogo…
Por uma questão de “Fair Play” não festejei a vitória de Portugal, tenho vergonha na cara! Eu gosto mesmo, é de futebol!!!
P.S. Soube-se entretanto de fonte segura que a Al-Qaeda pretende comprar milhares de cópias do vídeo do jogo para ser usado nos treinos dos operacionais.
Apache, Junho de 2006

sexta-feira, 23 de junho de 2006

Por A + B

Aqui está então uma pequena demostração de como o Ministério da Educação fez "desaparecer" mais de 1500 vagas do Concurso de Professores, só nos Quadros de Zona Pedagógica.
O exemplo apresentado, refere-se apenas a um dos 33 grupos de recrutamento.
Os dados aqui apresentados foram recolhidos no "site" da DGRHE em:

Apache, Junho de 2006

quinta-feira, 15 de junho de 2006

A jóia de pechisbeque!...

No passado dia 2 de Junho, o Ministério da Educação publicou no “site” da Direcção Geral de Recursos Humanos da Educação (DGRHE), as listas de colocações do concurso para educadores e professores do 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básico e secundário referentes a 2005/2006. No dia seguinte, o Primeiro-ministro congratulou-se publicamente com a forma como decorreu o concurso, afirmando que foi o mais rápido de sempre, decorrendo sem os erros dos últimos anos. Idênticas declarações foram sistematicamente repetidas pela titular da pasta da educação. A entidade responsável pelo concurso, a já citada DGRHE foi distinguida com uma Menção Honrosa do Prémio Fernandes Costa, atribuído anualmente pelo Instituto de Informática do Ministério das Finanças e da Administração Pública, e seleccionada para a final da 4ª edição do prémio Deloitte – Diário Económico “Boas Práticas no Sector Público”, na Categoria II, com o projecto “Concurso de Docentes 2005/2006”.
Acontece porém que, só nos Quadros de Zona Pedagógica, uma das vertentes do concurso, desapareceram mais de 1500 vagas! Existem também denúncias do desaparecimento de vagas nos Quadro de Escola, em número ainda por determinar. O concurso efectua-se por recuperação automática de vagas, isto é, se um docente sair de um determinado quadro (de escola ou de zona) para outro e a vaga não tiver sido declarada negativa no aviso de abertura, é colocado outro docente no lugar deixado vago, ora neste concurso, apenas uma pequena parte das vagas deixadas quando os docentes saíram de um quadro foram efectivamente ocupadas por outros, tendo milhares delas desaparecido misteriosamente. Será esta ilegalidade erro da actual empresa de informática que concretizou o projecto?! Terá resultado de decisão política da tutela?! Ninguém o sabe, tem a palavra a Inspecção-Geral de Educação e, se necessário, os Tribunais Administrativos. Caso se trate de mais um erro informático, fica a pergunta, quantos mais haverá? Se tal resultou de uma decisão política, estamos perante a maior e mais grosseira ilegalidade cometida pelo Ministério da Educação em todos os concursos públicos. Uma ilegalidade que impediu milhares de docentes dos quadros, de melhorarem a sua situação, aproximando-se da residência e, muitos contratados de acederem aos quadros. É impossível dizer quantos são os lesados, mas tratando-se do desaparecimento de mais de mil e quinhentas vagas e, tendo em conta o "efeito dominó", poderão ter sido afectados dezenas de milhar de docentes.
Apache, Junho de 2006

sábado, 10 de junho de 2006

"A cantiga do campo" - Madredeus

[Os, há época, ainda novinhos "Madredeus", ao vivo]

Porque andas tu mal comigo ó minha doce trigueira, quem me dera ser o trigo que andando pisas na eira. Quando entre as demais raparigas vais cantando entre as searas, eu choro ao ouvir-te as cantigas que cantas nas manhãs claras. Por isso nada me medra, ando curvado e sombrio, quem me dera ser a pedra em que tu lavas no rio. E falam com tristes vozes do teu amor singular, aquela casa onde coses com varanda para o mar. Por isso nada me medra, ando curvado e sombrio, quem me dera ser a pedra em que tu lavas no rio!"
A cantiga do campo - Gomes Leal

domingo, 4 de junho de 2006

Da dignidade de uns à prepotência de "outros"...

Ao colega Braga Maia, Presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas Inês de Castro (Coimbra) e à equipa que lidera, apresento público apreço e solidariedade, pela coragem e dignidade profissionais que os levaram à demissão em bloco da Direcção Executiva do Agrupamento, na sequência da apresentação pelo Ministério da Educação da proposta de alteração do Estatuto da Carreira Docente e das infames ofensas públicas que a Sr.ª ministra dirigiu aos docentes. A Direcção Executiva representa o Ministério da Educação junto da Comunidade Educativa. Pergunto, quem, sendo digno profissional na área da educação pode estar disponível para representar a prepotência, a difamação, a mentira, o insulto, a manipulação? Ainda que por cobardia, mais ninguém demonstre igual nobreza de atitude, aos colegas demissionários, em meu nome e no de muitos colegas com quem tenho contactado, agradeço orgulhosamente… Obrigado colegas, por esta lição de dignidade! Quanto à tão badalada proposta de alteração do ECD, não merece o meu comentário! Aos sindicatos pseudo-representativos da classe, que alegadamente negoceiam a proposta, deixo uma modesta opinião… O respeito e a dignidade dos professores não são negociáveis! A todos os colegas, deixo uma pergunta… Quantas mais afrontas estamos dispostos a tolerar, até que da indignação se faça acção? À Sr.ª ministra, não digo, mas apetecia-me dizer... A demência é tratável, não tolerável!
Apache, Junho de 2006

terça-feira, 30 de maio de 2006

Ideias e idiotas

O Parlamento Europeu está a equacionar a hipótese de cobrar um imposto pelo envio de e-mails e mensagens de texto (SMS) como modo de angariar mais fundos para financiamento futuro. A proposta foi lançada por Alain Lamassoure, um eurodeputado francês do grupo Popular Europeu e será agora analisada por um grupo de trabalho criado para o efeito.
Sugiro que se cobre um imposto de cada vez que alguém respire... Então, com uma ideia tão original, não tenho direito a um lugarzinho como eurodeputado?
Apache, Maio de 2006

sábado, 27 de maio de 2006

Porque não oiço no ar – Hélder Moutinho

Eu sei que a Primavera já chegou, aliás, já cheira a Verão aqui em Lisboa, prevêem-se para hoje 34º, mas hoje… hoje apetece-me que o Inverno seja quando o homem quiser. É estranho, eu sei, eu não gosto do Inverno, mas… Talvez, laivos de saudade… Porquê?
“Porque não oiço no ar a tua voz Entre brumas e segredos escondidos E descubro que o silêncio entre nós São mil versos de mil cantos escondidos. Porque não vejo no azul-escuro da noite Nas estrelas esse brilho que é o teu E procuro a madrugada que me acoite Num poema que não escrevo mas é meu. Olho o vento que se estende no caminho E ensaia a tua dança de voar És gaivota que só chega a fazer ninho Quando o tempo te dá tempo para amar. Mas também se perde o tempo que se tem Para gastar só quando chega a Primavera Veste um fato de saudade amor e vem Que é Inverno, mas eu estou à tua espera.” Porque não oiço no ar – Hélder Moutinho

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Quero, posso, Despacho…

Desta vez, a poderosa arma de desconstrução maciça, o Despacho, está na posse de comuns mortais, desprestigiados professores que procuram desesperadamente o seu lugarejo na história, pelo menos na história heróica do seu bairro. Há alguns meses atrás, numa Escola Básica do 2º e 3º Ciclos, da área metropolitana de Lisboa, o Conselho Executivo emitiu um comunicado aos alunos, do qual extraí a seguinte passagem: “ (…) Os alunos não poderão trazer bolas para o espaço escolar, uma vez que estão a partir de hoje proibidos todos os jogos com bolas, neste estabelecimento de ensino, exceptuam-se, obviamente, as aulas de Educação Física, estão igualmente proibidas as correrias desenfreadas dentro do recinto escolar (…)” Confesso que ao ler este comunicado não consegui evitar um largo sorriso, enquanto pensava cá para mim – Como é possível esperar que alunos de uma faixa etária entre os 10 e os 16 anos cumpram uma ordem destas? Afinal quem estava enganado era eu! Inicialmente houve alguma contestação e uma ou outra violação da regra, mas com o surgir das primeiras sansões disciplinares rapidamente se alcançou o objectivo. Hoje, alguns meses após a medida, apenas uma ou outra bola de papel é vista a rolar no asfalto da escola, timidamente pontapeada por adolescentes que se deslocam a passo atrás dela, para não chamarem à atenção de alguns professores e auxiliares de acção educativa que os possam denunciar, ante o olhar cúmplice de outros (nos quais me incluo) que protegem os “prevaricadores”. Mas não se pense que este é caso único, o ridículo tem mais adeptos…. O texto que se segue, datado de 13 de Fevereiro de 2006, é da autoria do Presidente do Conselho Executivo de uma Escola Secundária do norte do país, destina-se a alunos entre os 12 e os 20 anos e, é de uma candura semântica e voluptuosidade de pontuação digna do Diácono Remédios… “Com a Primavera surge uma temperatura amena, uma luminosidade intensa, despertam as plantas, folhas e florzinhas, os insectos, as formigas, as abelhinhas, toda a natureza se alegra. Neste contexto natural, nos jovens e adolescentes despertam também amizades, amores e paixões que os levam a comportamentos teatrais, hollyoodescos, alguns de pura alegria da juventude mas outros, por excessivos, ultrapassam os limites do decoro. Por tudo isto aconselho todos os alunos atingidos pelo Cupido, sofrendo de paixão fulminante que, por respeito por si próprio, pelo outro, e por todos nós que evitem ultrapassar a fronteira do pudor e do decoro, mesmo do Regulamento Interno. Peço a todos Brads Pitts e Angelinas Jolies que evitem manifestações de amor demasiado cinematográficos, perante as multidões, comportamentos só aceitáveis, na paz do Senhor.”
De que havemos de sorrir? Da forma do texto, do seu conteúdo, dos "atropelos" à Língua? O importante é mesmo sorrir, afinal é Primavera! Ah... e, atenção ao decoro, as bolas ficam em casa!...
Apache, Maio de 2006

domingo, 14 de maio de 2006

Força de Homem

"A força de um homem não se mede…
Pela largura dos seus ombros, mas pelos braços que o rodeiam;
Pelo tom profundo da sua voz, mas pela delicadeza das palavras que sussurra;
Pelo número de amigos que tem, mas por quão amigo deles consegue ser;
Pelo número de pessoas que o respeitam, mas pelo respeito que tem pelos outros;
Pelo número de mulheres que amou, mas pela intensidade com que ama uma mulher;
Pela dureza com que bate, mas pela delicadeza com que toca."
Maxine Chong

segunda-feira, 8 de maio de 2006

"Please Forgive Me" - Bryan Adams

"It still feels like our first night together
It feels like the first kiss and it's gettin' better baby
No one can better this
I'm still holdin' on, you're still the one
The first time our eyes met - it's the same feeling I get
Only feels much stronger - I wanna love you longer
You still turn the fire on…
So if you're feelin' lonely…don't
You're the only one I'd ever want
I only wanna make it good
So if I love ya a little more than I should
Please forgive me - I know not what I do
Please forgive me - I can't stop loving you
Don't deny me - this pain I'm going through
Please forgive me - if I need ya like I do
Please believe me - every word I say is true
Please forgive me - I can't stop loving you
Still feels like our best time are together
Feels like the first touch
We're still gettin' closer baby
Can't get close enough
I'm still holdin' on - you're still number one
I remember the smell of your skin
I remember everything
I remember all your moves - I remember you ya
I remember the night - ya know I still do
So if you're feelin' lonely…don't
You're the only one I'd ever want
I only wanna make it good
So if I love ya a little more than I should
Please forgive me - I know not what I do
Please forgive me - I can't stop loving you
Don't deny me - this pain I'm going through
Please forgive me - if I need ya like I do
Please believe me - every word I say is true
Please forgive me - I can't stop loving you
One thing I'm sure of - is the way we make love
The one thing I depend on
Is for us to stay strong
With every word and every breath I'm prayin'
That's why I'm sayin'…
Please forgive me - I know not what I do
Please forgive me - I can't stop loving you
Don't deny me - this pain I'm going through
Please forgive me - if I can´t stop loving you
Baby believe me - every word I say is true
Please forgive me - I can't stop loving you
Never leave me - I don´t know what I do
Please forgive me - I can´t stop loving you
Can´t stop loving you"
Bryan Adams - Please Forgive Me

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Metade...

Metade de mim é fogo, metade de mim é chama. Metade de mim tem fome, metade de ti, reclama! Metade de ti é água. Metade de mim, desvario. Metade de mim tem sede de navegar no teu rio. Metade de mim juntou mas a razão quer separar. Metade de mim odeia a metade que te quer amar. Metade de mim é guerra, metade de mim, trovão. Metade de mim combate a força oculta da paixão. Metade de mim é vulcão, sombra negra de morte. Metade de mim é ilusão desfeita pelos ventos da sorte. Metade de mim é vazio, metade, nada contém... Metade de mim és tu, a outra metade, ninguém!
Apache, Maio de 2006